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5.3. CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS DE COMBINATÓRIA DOS PROFESSORES

5.3.3. Conhecimentos Pedagógicos de Combinatória e o Ensino nos Diferentes Níveis

5.3.3.2. IDEIAS DE PRÁTICAS PARA A SUPERAÇÃO DE DIFICULDADES EVIDENCIADAS

5.3.3.2.1. Cópia ou reprodução de possibilidades

Apresentamos os comentários dos professores em relação aos alunos que evidenciam nas suas estratégias de resolução alguma dificuldade. Vejamos os comentários dos professores sobre o Aluno A, em relação a reprodução de possibilidades na Figura 22.

5. Para representantes de turma da sala de aula se candidataram 3 pessoas (Joana, Mario

e Vitória). De quantas maneiras diferentes poderão ser escolhidos o representante e o vice- representante?

ALUNO A

Reprodução de possibilidades

Os professores PAI2 e PAF2 não observaram a repetição de possibilidades do Aluno A. Os demais professores observaram a repetição, mas apenas PAF1 e PEM1 propõem sugestões. O professor PAF1 recomendou o procedimento a seguir:

PAF1: Tentar perguntar a ele como foi que ele fez. Porque foi que ele repetiu. Se

ele tinha esquecido aquele outro. Porque no final ele achou as possibilidades todas. Só que ai se a gente for contar isso ai ele tem possibilidades repetidas e tem uma que está em excesso que é o MV e VM que ele colocou mais de uma vez. Eu iria tentar fazer isso aqui pelo diagrama de flechas.

Logo, procurou, a partir do diálogo com aluno, possibilitar reflexão e a explicação do próprio sobre o processo adotado, o que pode permitir a discussão e socialização de diferentes estratégias em sala. No entanto, ele não mencionou essa prática. Indicou outra estratégia, o diagrama de flechas.

Percebemos, entretanto, que apesar de ser possível responder utilizando essa estratégia e auxiliar na sistematização da estratégia de listagem, algumas considerações em relação à estrutura do problema de arranjo têm que ser evidenciada.

Vale salientar que o Problema 5(Am) é um problema de arranjo. Este significado se diferencia em ordenar o conjunto inicial (Joana, Mario e Vitória) em pares ordenados, compostos pelos subconjuntos de cardinalidade igual a 2, nos quais o primeiro nome pode ser o representante e o segundo o vice. A diferença entre o produto cartesiano e o arranjo se encontra ainda na solução dos problemas, a seguir analisamos um problema cujo significado é produto cartesiano:

Exemplo: Maria tem 3 saias (uma azul, uma preta e uma verde) e 2 blusas (nas cores amarela, e vermelha). Quantos trajes diferentes ela pode formar combinando todas as saias com todas as blusas?

Neste caso notamos a presença de dois conjuntos: um conjunto de saias, outro de blusas, podemos então utilizar o que PAF1 chamou de diagrama de flechas.

Azul Preta Verde

Amarela

Vermelha

Conjunto de Saias Conjunto de Blusas

Observamos que a solução é também pares ordenados, compostos pelo produto cartesiano de dois conjuntos, mas que a mudança de posição entre seus elementos não formam um novo elemento saia azul e blusa vermelha é a mesma possibilidade de blusa vermelha e saia azul, o que não ocorre no problema de arranjo.

O problema de arranjo indica a seleção dos elementos de um mesmo conjunto, em subconjuntos ordenados, ou seja, dado o conjunto inicial de alunos da sala (Joana, Mario e Vitória) devemos quantificar os pares ordenados (representante, vice-representante) que podemos identificar. O diagrama de flechas sugere a utilização de dois conjuntos nos quais serão distribuídos os elementos entre eles, e não a seleção de subconjuntos ordenados. Uma estratégia de resolução mais natural utilizaria o diagrama de árvores, ou a árvore de possibilidades, conforme a Figura 24.

Constatamos que apesar de ter inicialmente diferenciado os tipos de problemas combinatórios, ou seja, ter conhecimento dos problemas combinatórios o professor sugeriu uma estratégia que pode confundir ou não os alunos nessa diferenciação.

Vejamos agora a sugestão do professor PEM1:

PEM1: Aparentemente ele esta diferenciando... na verdade tem resposta que

está se repetindo, não sei se fosse algum equívoco dele... Ele repetiu. Não sei se o aluno se confundiu, não teve a preocupação de retomar para vê se realmente não tem uma resposta igual a outra. Ele aparentemente foi só listando, ele listou sem observar se a resposta que ele colocou não foi algo que ele tinha escrito anteriormente. Ele compreendeu que de 3 pessoas ele escolhe 2, ele entendeu isso. Ele tentou fazer a exaustão de todas as possibilidades. O comando básico ele entendeu, porque se você tem 3 pessoas pra escolher 2 então sempre tem uma que vai ficar de fora.

Opções para representante Opções para vice-representante

JOANA MARIO VITÓRIA MARIO VITÓRIA JOANA VITÓRIA JOANA MARIO

O cuidado para retomar ao final da listagem pode auxiliar o aluno no processo de sistematização. Essa estratégia de revisar a solução de um problema é defendida por muitos pesquisadores, em especial, Batanero et al (1996) quando explicita no currículo29 de Matemática da Espanha, as atitudes necessárias ao bloco de Número e operações. Dentre elas destaca ―disposição favorável a revisão e melhora do resultado de qualquer contagem‖ (BATANERO et al, 1996, p.81).

Contrapondo-se a essa atitude, para o professor PAI2, está o aluno, quando adota a postura que descreveu:

PAI2: ...O aluno tem a mania de querer terminar logo as coisas. Não tem esse

cuidado de retomar o que foi feito.

Observamos que os professores trouxeram propostas diferentes para a dificuldade de reprodução de possibilidades. PAF1 enfatizou a mudança da estratégia de listagem e PEM1 escolheu a retomada da resolução ao fim do trabalho. Entretanto, devemos levar em consideração os diferentes significados de problemas combinatórios para não proporcionarmos estratégias que gerem equívocos nos alunos. Ressaltamos, ainda, que mesmo professores com formação específica para o ensino de Combinatória podem não levar em consideração nas suas propostas os significados dos problemas combinatórios.