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C ADEIRAS E E SCOLAS DE P RIMEIRAS L ETRAS

3.5 C RIAÇÃO DE C ADEIRAS E E SCOLAS DE P RIMEIRAS L ETRAS :

Em 1822, Martim Francisco de Ribeiro de Andrada, secretário do conselho de

sua Majestade o Imperador, Ministro e Secretário de Estado e Negócios da Fazenda, Presidente

do Tesouro Público, estabeleceu, em diversas vilas e povoações da província do Ceará, novas

Cadeiras de Primeiras Letras permitindo a continuação das cadeiras que já se achavam criadas

antes da proclamação da independência. Contudo, evoca a sua suspensão, assim que a

Assembléia Geral Legislativa forneça uma legislação própria para a instrução do Império227.

Demonstrando a expectativa com relação à criação de leis para a regulamentação do ensino no

Brasil, foram fornecidas às províncias a criação de novas cadeiras, o que marcaram as primeiras

atividades educativas e o relacionamento do poder central com as diversas localidades.

227

BRASIL. Império.Decisão de Governo de 25 de outubro de 1822. N. 127. Sobre a criação de cadeiras de primeiras letras e latinidade em diversas vilas e povoações da província do Ceará. Coleção das Decisões do Governo

A dissolução da Assembléia em 1823, pelo decreto de 13 de novembro deste

mesmo ano, excluiu o primeiro Conselho de Estado formado entre os anos de 1822 e 1823 e

demarcou o atraso de uma legislação que fundamentasse o interesse de estabelecer a

sistematização do ensino em todas as localidades do Império. Tal fato permitiu que se

continuasse exercendo o comando de tais cadeiras de ensino, as pessoas que se achassem no

direito de serem providas nestas atividades pelo decreto de 1816 que legitimava as atuações de

“mestres” sem um exame prévio de suas capacidades.228

E mesmo sem uma lei que regulamentasse os quadros da instrução em todo o

Estado, Decisões em favor da instrução continuaram a ser implementadas tanto na corte quanto

nas demais localidades do Brasil. José Bonifácio de Andrada e Silva mandou pela Secretaria de

Estado e Negócios do Império, que estabelecesse na Corte uma aula de ensino mútuo, e que

participasse desta resolução o conselheiro Inspetor Geral dos estabelecimentos Literários

conferindo a Nicolau Diniz José Reynaud a faculdade para a atuação no Rio de Janeiro.229

O relacionamento do governo central se estendia a moradores de Vilas que

mandavam pedidos, através de requerimentos formais, de criação de cadeiras de ensino onde

residiam. A João José Gomes Oliveira, morador da vila de São João da Barra, foi concedido uma

cadeira de Primeiras Letras, cujos ministros e conselheiros de Estado, Manoel Correa Fernandes,

José Caetano Pinto, Bernardo José da Cunha Gusmão e Vasconcelos e José da Silva Lisboa,

228

José Honório Rodrigues explica que José Bonifácio, com a rubrica de D. Pedro ainda regente, criou o conselho de Procuradores Gerais das províncias do Brasil, cujo objetivo era formar um Conselho de Estado e ter um centro comum representativo de todas as províncias que mantivesse a unidade política do Reino. Durante os meses, entre os anos de 1822 e 1823 funcionou o primeiro conselho de procuradores que foi sendo constituído a medida que a adesão provincial elegia seu representante. Com a dissolução da assembléia em 1823, formou-se o segundo conselho de Estado que manteve a constituição de 1824. RODRIGUES, José Honório. Conselho de Procuradores Gerais das Províncias do Brasil, 1822-1823. Centro Gráfico Federal: Brasília, DF. 1973.

229

BRASIL. Império. Decisão de Governo de 29 de janeiro de 1823. N. 11. Permite o estabelecimento de uma aula de ensino mútuo nesta corte. Coleção das Decisões de governo do Império do Brasil de 1823. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1887. p. 7.

deliberaram sob a mesa do Desembargo do Paço, com o reconhecimento de “Sua Majestade o

Imperador”, pela necessidade de instrução na mesma vila.230

O Presidente de província da Bahia juntamente com o padre Manoel José de

Oliveira Sampaio, vigário na freguesia de São Felipe, requereram, junto ao governo, a criação de

uma Cadeira de Primeiras Letras, cuja concessão foi auferida mediante o provimento da Diretoria

de Estudos da mesma província. Esta resolução foi aprovada através do mandato especial dos

ministros e conselheiros Henrique Anastácio Novais, José Caetano de Andrada Pinto, José da

Silva Lisboa e Dr. Antônio José de Miranda. 231

Estevão Ribeiro Rezende, então Secretário do Estado e Ministro dos Negócios

do Império, pela autoridade concedida, se referiu à D. Pedro I pela preocupação existente com a

instrução da mocidade “por sua influência sobre os costumes e conseqüentemente sobre as

prosperidades e glórias dos Estados”, e abrangência desta atividade no Brasil, com o objetivo de

melhorarem ou aumentarem os meios de instrução segundo as necessidades de cada localidade.

Pediu-se então, a cada presidente de província, que remetesse uma relação de todas as cadeiras de

primeiras letras e demais disciplinas, com anotações sobre os lugares a que se achavam instruídas

e outros que merecem devida atenção. 232

Ao reconhecimento da importância de escolas para os “benefícios aos

habitantes das diversas localidades” pela “Sua Majestade o Imperador”, mandou promover em

todas as províncias a introdução e o estabelecimento de escolas públicas de Primeiras Letras pelo

230

BRASIL. Provisão da mesa do desembargo do Paço de 24 de abril de 1824. N. 95. Cria uma cadeira de primeiras letras na vila de S. João da Barra. Coleção das Decisões do Governo do Império do Brasil de 1824. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1886. P. 70.

231

BRASIL. Provisão da Mesa do Desembargo do Passo de 6 de novembro de 1824. N. 233. Cria uma cadeira de primeiras letras na freguesia de São Felipe, termo de Maragogipe, Província da Bahia. Coleção das Decisões de

Governo do Império do Brasil de 1824. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional. P. 164. 232

BRASIL. Decisão de Governo de. N. 49. Pede informações sobre a instrução publica nas províncias. Coleção das

Método Lancasteriano. Este método que já estava implantado em “todas as nações civilizadas”

foi inserido no Brasil com o objetivo de se imprimir na mocidade os primeiros conhecimentos233.

Ficou a cargo da Secretaria de Estado e Negócios do Império promover o quanto for possível em

todas as províncias do Estado Nacional.234

Em louvor à atuação do Presidente da Província de São Paulo, pelo

estabelecimento de aulas públicas de Primeiras Letras, através do método Lancaster, na capital e

na vila de Santos, Estevão Ribeiro Rezende, prometeu generalizar para as outras vilas da

província, na forma de Imperiais Ordens logo que se ofereçam professores. Assim, mandou, pela

Secretaria de Estado e Negócios do Império, o reconhecimento pelo zelo do bem público, do

palácio do Rio de Janeiro.235

A Provisão da mesa do Desembargo do Passo de 19 de dezembro de 1825 criou

duas cadeiras de Primeiras Letras e uma de Gramática Latina na Vila Rezende. E aos professores

que atuariam como mestres de ensino legitimou os ordenados iguais de outras cadeiras

estabelecidas nas demais províncias, através dos ministros, conselheiros e desembargadores do

Paço, José Caetano de Andrade Pinto a fez escrever, Dr. Antônio José de Miranda e José Albano

Fragoso.236

Com relação aos militares, operários do arsenal de guerra e corpos de

Guarnição da Corte, encontram-se demais resoluções que conferem a intenção de instruir e

233

Estevão Ribeiro de Rezende, Ministro do 3º gabinete do Ministério do Império. NOGUEIRA & FIRMO. Op. Cit. P.625.

234

BRASIL. Império. Decisão de Governo em 22 de agosto de 1825. N. 182. Manda Promover nas províncias a introdução e o estabelecimento de escolas públicas de primeiras letras pelo método lancasteriano. Coleção das

Decisões de Governo do Império do Brasil de 1825. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1885. 235

BRASIL. Império. Decisão de Governo em 8 de outubro de 1825. N. 232. Sobre o estabelecimento de aulas publicas de primeiras letras pelo método Lancaster na capital e na cidade de Santos, Província de São Paulo.

Coleção das Decisões do Império do Brasil de 1825. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1885. P. 153. 236

BRASIL. Império. Provisão da Mesa do Desembargo do Paço de 19 de dezembro de 1825. N. 283. Cria duas cadeiras de primeiras letras e uma de gramática latina na vila de Rezende. Coleção das Decisões de Governo do

difundir escolas e cadeiras de ensino a todas províncias que possuem e nas que ainda não estão

instruídas pelo Método de Ensino Mútuo. Militares foram instruídos para atuarem nas províncias

formando outros mestres para difusão do ensino em todo o Estado.

Aos operários que necessitavam do ensino de Primeiras Letras no arsenal de

guerra, resolveu o secretário do Estado e Negócios de Guerra junto com a Fazenda dos Arsenais

do Exército, Fábricas e Fundições, instalar cadeiras de ensino para “os operários que necessitam

destes rudimentos”.237 João Vieira de Carvalho238, ministro da Guerra, com o apoio do Major

José dos Santos Oliveira, encarregado da Fazenda dos Arsenais de Guerra, assina a Decisão.

João Gomes da Silveira Mendonça239, Ministro e Secretário dos Negócios de

Guerra resolveu que, todos os militares deveriam ser mandados à corte para serem instruídos pelo

Método de Ensino Mútuo. E aqueles que se achassem habilitados deveriam se empregar como

professores, principalmente, e, com urgência, nas províncias em que não se achassem

estabelecimentos e nem professores. Quando mais de uma pessoa da mesma província estivesse

habilitada a lecionar pelo referido método, estas deveriam ser mandadas para alguma das

províncias onde ainda não havia semelhante estabelecimento.240

A preocupação com a difusão das escolas de ensino e a padronização do

método de ensino a todo o país, está presente nas Decisões de Governo. Exemplares dos

paradigmas dos registros necessários à manutenção das escolas do ensino Mútuo, pela

237

BRASIL. Guerra. Em 25 de novembro de 1822. N. 143. Manda estabelecer uma escola de primeiras letras no Arsenal de Guerra para os operários. IN: Coleção das Decisões de Governo do Império do Brasil de 1822. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1887. p. 109.

238

1º gabinete do ministério da Guerra, ocupou o cargo de 28 de outubro de 1822 a 9 de novembro de 1823. Nogueira & Firmo. Op. Cit. P. 653

239

3º gabinete do ministério da Guerra, ocupou o cargo de 17 de novembro de 1823 a 25 de julho de 1824. Idem. Ibidem.

240

BRASIL. Guerra. Em 11 de junho de 1824. N. 138.Sobre os Militares vindos das províncias para se instruírem no método de ensino mútuo. IN: Coleção das Decisões de governo de 1824. Rio de Janeiro: Imprensa nacional, 1886. P. 97.

determinação de 1826, foram entregues aos professores das escolas que já se achavam

estabelecidas, tanto na corte quanto nas províncias, a fim de executá-los e dimensioná-los a todo

o território nacional.241

Na província de Pernambuco foi resolvido que estabelecesse uma Escola de

Ensino Mútuo, pela Secretaria do Estado e Negócios de Guerra, cujo ministro João Vieira de

Carvalho242 estava à frente de tal órgão, e que fossem agilizadas as providências necessárias,

ficando prevenido que à Junta da Fazenda Pública da Província pela Repartição do Tesouro

público, deveria abonar o professor e as despezas da repartição e de sua manutenção.243

3.6 PROVIMENTOS, ORDENADOS E RELATÓRIOS DAS CADEIRAS DE PRIMEIRAS LETRAS: