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EXECUTIVO

Todos os Decretos até o ano de 1825 são emanados pelo poder executivo,

devido às implicações políticas que corresponderam com o fechamento da Assembléia em 1823.

Somente em 1826, com a abertura da Assembléia geral Legislativa, os Decretos, as Leis e as

Decisões de Governo, passaram a corresponder aos Atos do Poder Executivo e aos Atos do Poder Legislativo. De acordo com a constituição de 1824, o Imperador era o chefe do poder executivo,

e o exercia através de seus ministros. Ministros foram nomeados e demitidos de acordo com a

vontade do Imperador, de acordo com as atribuições do poder moderador.

Aos atos do poder Executivo correspondiam as Decisões de Governo e os

Decretos. Aos Atos do Poder Legislativo correspondiam Decretos, Leis, Cartas de Leis e Cartas Imperiais. Deste modo, passamos a observar os Decretos emanados do Poder Executivo, desde 1822 a 1831.

273

Artigo 8º. Só serão admitidos à oposição e examinado os cidadãos que estiverem no gozo dos seus direitos civis e políticos, sem nota na sua regularidade e conduta.

274

BRASIL. Império. Em 10 de dezembro de 1830. N. 222. Declara que os menores de 25 anos não podem ser nomeados professores de primeiras letras. In: Coleção das Decisões do Império do Brasil de 1830. Rio de Janeiro: tipografia Nacional: 1876. P. 166.

Ao que tudo indica, os Decretos são muito parecidos com as resoluções das

Decisões de Governo em sua forma. Não sabemos, no entanto, quais seriam as diferenças protocolares entre estes dois, pois notamos que os mesmos autores das Decisões, também

assinam os Decretos, sendo estes ministros do Estado sobre a vigência de “Sua Majestade o

Imperador” que criam cadeiras de Primeiras Letras, regulamentam os ordenados dos mestres e

avisam quanto à idade dos mestres de primeiras Letras.

Quadro 9. Cadeiras de Primeiras Letras – Atos do Poder Executivo: Atos do Poder Executivo 1822 1823 1824 1825 1826 1827 1828 1829 1830 1831 Total Decretos, Cartas e Alvarás 111 91 98 90 43 35 64 70 61 8 671 Primeiras Letras - 2 - 2 - 1 6 4 5 - 20 Total - 2,19% - 2,2% - 2,8% 9,37 % 5,71% 8,19% - 2,98%

Fonte: Coleção das Decisões do Governo do Império do Brasil (1822-1831). ** - Até a abdicação do imperador em 7 de abril de 1831.

No total temos 671 decretos promulgados entre os anos de 1822 e 1831 até a

data da abdicação de D. Pedro I, e destes, correspondem sobre as cadeiras de Primeiras Letras 20

decretos. Entre os anos de 1823 e 1825, as determinações iniciam suas justificativas fazendo uma

apresentação do assunto a ser resolvido. Não começam pela intitulação do Imperador e a fala é do

soberano. E sem uma fórmula certa para que se principiem, começam pela exposição que levou

ao seu sancionamento:275

“Convido promover a instrução em uma classe tão distinta dos meus súditos, qual corporação militar, a achando-se geralmente recebido pelo método de Ensino Mútuo,

275

SERPA, ÉLIO & FLORES, Maria Bernadete Ramos Flores. Catálogo de Documentos Avulsos manuscritos referentes à Capital de santa Catarina – 1717-1827.Santa Catarina: UFSC, 2000.

pela facilidade e precisão com que desenvolve o espírito e o prepara para a aquisição de novas e mais transcendentes idéias” (...) 276

“Tomando em consideração a necessidade de criar três cadeiras de Primeiras Letras na província da Bahia, uma na freguesia de Nossa Senhora do O’de Paripe, outra na de São Sebastião, termo de Vila de São Francisco da Barra de Sergipe do conde e outra na de São Domingos de Saubará, termo da Vila de Santo Amaro, pelo aumento considerável da população de cada uma; e conformando –Me com o parecer do Visconde de Queluz, do Meu conselho de Estado e Presidente da Província requerida” (...)277

A partir de 1827, as apresentações dos Decretos tornam-se mais formais:

“Considerando de urgente necessidade de criação de uma cadeira de Primeiras Letras e Gramática Latina na Vila de São Pedro de Cantagalo”278

“Considerando urgente necessidade a criação de uma Cadeira de Primeiras Letras na freguesia de São João da Barra, termo da Vila de São João de Macaé” (...)279

“Considerando de urgente necessidade a criação de uma cadeira de Primeiras Letras na Vila Rezende” (...)280

“Considerando de urgente necessidade criar uma Cadeira de Primeiras Letras no Arraial de Santa Rita, província do Rio de Janeiro” (...)281

“Considerando de urgente necessidade a criação de uma Cadeira de Primeiras Letras para meninas nesta corte” (...)282

Também temos as apresentações dos Decretos que resolvem os ordenados dos

mestres de Primeiras Letras, cujas apresentações sempre estão direcionadas aos professores

públicos que requerem aumentos em seus ordenados:

276

BRASIL. Decreto de 24 de fevereiro de 1823. Eleva a 240$000 o ordenado de um professor de primeiras letras da corte. In: Coleção das Leis do Império do Brasil. Parte II. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional , 1887. P. 39.

277

BRASIL. Decreto de 1 de março de 1823. Cria uma escola de primeiras letras, pelo método de ensino mútuo, para instrução das corporações militares. IN: Op. Cit. P. 41.

278

Decreto de 12 de dezembro de 1827. Cria uma cadeira de primeiras letras e gramática latina na vila de Cantagalo, Província do Rio de Janeiro. Coleção das Leia do Império do Brasil de 1827. parte Segunda. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1878. P. 75.

279

BRASIL. Império. Decreto de 25 de junho de 1828. Cria uma cadeira de primeiras letras na freguesia de São João da Barra, da província do Rio de Janeiro. IN: Coleção das Leis do Império do Brasil de 1828. Parte Segunda. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1878. P. 111.

280

BRASIL. Império. Decreto de 22 de julho de 1828. Cria uma cadeira de primeiras letras na vila de Resende, da província do Rio de Janeiro. In: Coleção das Leis do Império do Brasil de 1828. Parte Segunda. Rio de Janeiro: tipografia Nacional, 1878. P.117.

281

Ibidem.

282

BRASIL. Decreto de 9 de março de 1829. Cria uma cadeira de primeiras letras para meninas nesta corte. In:

“Atendendo ao que me representou Felizardo Joaquim da Silva Morais” (...)283 “Atendendo ao que Me apresentou Luis Antônio Silva”(...)284

Remetendo-se à assembléia Geral Legislativa, para a aprovação de Cadeiras de

Primeiras Letras em Santa Catarina, apresenta:

“Hei por bem sancionar e Mandar que se execute a Resolução seguinte” (...)285

E avisando sobre a idade que devem ter os providos em cadeiras de primeiras

Letras, inicia o decreto dizendo:

Ilustre Exc. Sr. Sendo presente a Sua Majestade o Imperador o ofício de V. Ex. de 6 de novembro de 1829, pedindo se lhe declarem se devem ser providos nas cadeiras de Primeiras Letras os candidatos que, posto satisfação aos requisitos marcados na lei de 15 de outubro de 1827, não contam contudo a idade de 25 anos.286

Após a apresentação do assunto e a quem foi deliberado o Decreto, temos o

sancionamento das localidades para o estabelecimento das Cadeiras e os ordenados

correspondentes aos mestres que serão providos:

“Hei por bem que o ordenado que de 150$000, se aumente a quantia de 90$000, para que d’ ora em diante fique percebendo há 240$000 anuais. A mesa do desembargo do Paço o tenha assim atendido e lhe mande passar os despachos necessários. Paço em 24 de fevereiro de 1823, Segundo da Independência e do Império. José Bonifácio Andrada. Com a Rubrica de Sua Majestade o Imperador”287

“Hei por bem mandar criar nesta corte uma escola de Primeiras Letras, na qual se ensinará pelo Método de Ensino Mútuo, sendo em benefício não somente dos militares do Exército, mas de Todas as classes dos seus súditos que queiram aproveitar-se de Tão vantajoso estabelecimento. João Vieira de Carvalho, do Meu Conselho de Estado, ministro e Secretário dos Negócios da Guerra, o tenha assim entendido e faça expedir as

283

BRASIL. Fazenda. Decreto de 21 de novembro de 1828. Eleva a 500$000 o ordenado do Professor público de primeiras letras da freguesia da Candelária desta cidade. In. Op. Cit. P. 164.

284

BRASIL. Fazenda. Decreto de 6 de dezembro de 1828. Eleva a 500$000 o ordenado de um professor publico de primeiras letras nesta corte. In: Op. Cit. P. 164.

285

Brasil. Decreto de 10 de julho de 1830. Aprovando algumas cadeiras de primeiras Letras em Santa Catarina. P. 36. In: Op. Cit. p. 36.

286

Aviso de 10 de dezembro de 1830.

287

Brasil. Decreto de 24 de fevereiro de 1823. Eleva o ordenado de um professor de Primeiras Letras da Corte. In:

ordens necessárias. Paço, 1 de março de 1823. João Vieira de Carvalho, com a rubrica de Sua Majestade o Imperador”.288

“Hei por bem criar as sobreditas cadeiras, precedendo concurso para aproveitamento delas e vencendo os seus professores o ordenado estabelecido aos que regem iguais cadeiras na mesma província. A mesa do desembargo do Paço o tenha assim entendido, e faça executar os despachos necessários. Paço em 11 de novembro de 1825. Barão de Valença, Com a rubrica de Sua Majestade o Imperador”289

A partir de 1827, as deliberações para a criação de Cadeiras de Primeiras Letras ficam

asseguradas na conformidade da Lei de 15 de outubro de 1827:

“Hei por bem na conformidade da Carta de Lei de 15 de outubro de 1827 do corrente ano, criar a referida cadeira com o ordenado de 300$000 pagos pelo Tesouro público. Pedro Araújo Lima, Ministro e Secretário de Estado dos negócios do império, o tenha assim entendido e faça executar com os despachos necessários. Palácio do Rio de Janeiro em 12 de dezembro de 1827. Pedro Araújo Lima. Com rubrica de Sua Majestade o Imperador.”290

“Hei por bem na conformidade da carta de Lei de 15 de outubro de 1827 do corrente ano, criar a referida Cadeira com o ordenado de 200$000 pagos pelo Tesouro Público. José Clemente Pereira do Meu Conselho, Ministro e Secretário dos Negócios do Império o tenha assim entendido e faça executar com os despachos necessários. José Clemente Pereira. Com a rubrica de sua Majestade o Imperador” 291

O decreto de 10 de julho de 1830 tem as deliberações em forma de artigos de

lei, sancionando a criação de cadeiras e a substituição de professores no caso da falta destes nos

estabelecimentos de ensino:

288

Brasil. Decreto de 1 de março de 1823. Cria uma escola de Primeiras Letras pelo método de ensino mutuo para instrução das Corporações militares. In: Op. Cit. P. 41

289

Brasil. Decreto de 11 de novembro de 1825. Cria três Cadeiras de Primeiras Letras na província da Bahia. In:

Coleção de Decretos, Cartas Imperiais e Alvarás do Império do Brasil de 1825. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional,

1885. P. 88

290

Brasil. Decreto de 12 de dezembro de 1827. Cria uma cadeira de primeiras letras e de gramática latina na vila de Cantagalo, província do Rio de Janeiro. In: Coleção das leis do Império do Brasil de 1827. parte Segunda. Rio de Janeiro: Tipografia Nacional, 1878. P. 75.

291

Brasil. Decreto de 25 de junho de 1828. Cria uma cadeira de primeiras letras na freguesia de são João da Barra, província do Rio de Janeiro. In: Coleção das Leis do Império do Brasil de 1828. Parte segunda. Rio de Janeiro: Tipografia Nacional, 1878. P. 111.

Artigo 1º. Fica aprovada a Criaçào de duas cadeiras de Primeiras Letras na cidade do desterro (...) Uma para o ensino de meninos outra para o ensino de meninas com o ordenado anual de 260$000 (mil réis).

Artigo 2º. Fica também aprovado a criação de cadeiras de Primeiras Letras, para o ensino de meninos nas Vilas seguintes: uma na Laguna, outra na Lajes; e a última na de São Francisco, cada uma delas com o ordenado anual de 260$000. (mil réis)

Artigo 3º. Na falta de professores com os conhecimentos exigidos no parágrafo 6º da lei de 15 de outubro de 1827, serão interinamente providos na forma das leis anteriores com o ordenado de 180$000 até que os mesmos ou outros concorrentes se habilitem com os referidos conhecimentos.

O Visconde de Alcântara, do Meu conselho, Ministro e secretário dos negócios do Império, o tenha assim entendido, e expeça os ordenados necessários. Com a rubrica de Sua majestade o Imperador. Visconde de Alcântara. Paço a 10 de julho de 1830.

E para os decretos que deliberam sobre os ordenados dos professores de

Primeiras Letras, seguem as determinações no formato do decreto de 21 de novembro de 1828:

Hei por bem que o ordenado anual de 240$000 que se percebe como professor público de primeiras Letras na freguesia da candelária desta cidade, seja elevado á quantia de 500$000 anuais, que lhe serão pagos pela respectiva folha do tesouro público. Por Miguel Calmon du Pin e Almeida, do Meu Conselho, Ministro e secretário de estados dos Negócios da fazenda e Presidente do mesmo tesouro, o tenha assim entendido e faça executar com os despachos necessários. Paço a 21 de novembro de 1828. Miguel Calmon du Pin e Almeida. Coma rubrica de Sua majestade o Imperador.292

A determinação que resolve as dúvidas para a idade dos professores de

Primeiras Letras manda:

Manda o mesmo augusto senhor declarar a Vossa Ex. que a combinação da expressa disposição do Artigo 8º da citada lei de 1º 9º e 1º e 93 da constituição dissolve a dúvida ponderada excluindo da oposição e exame os cidadãos brasileiros menores daquela idade, por não estarem no gozo perfeito de seus direitos políticos. Com a rubrica de Sua Majestade o Imperador. José Antônio Silva Maia. Visconde da Praia Grande. Paço em 19 de dezembro de 1830.

292

Brasil. Decreto de 21 de novembro de 1828. Eleva a 500&000 o ordenado do professor público de Primeiras letra da freguesia da Candelária desta cidade. In: op. cit., p. 164.

No final de cada Decreto, tem-se a assinatura do encarregado dos Negócios

Imperiais, de acordo com a função que executa dentro do governo, ao qual são expedidas as

ordens Imperiais regidas por D. Pedro I, que os efetua mediante seus conselheiros.