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CALDAS DE MONCHIQUE: O PATRIMÓNIO HISTÓRICO-ARTÍSTICO NA VALORIZAÇÃO DO DESTINO

O Património Histórico-Artístico das Caldas de Monchique na valorização do destino

5. CALDAS DE MONCHIQUE: O PATRIMÓNIO HISTÓRICO-ARTÍSTICO NA VALORIZAÇÃO DO DESTINO

TURÍSTICO

Com base no levantamento e estudo realizados do património histórico-artístico das Caldas de Monchique, a nossa proposta assenta em diferentes acções para a sua dinamização. Antes de mais, é fundamental acondicionar devidamente os objetos móveis, salvaguardando o seu estado de conservação, para que depois possam ser inventariados de forma sistemática, com recurso a uma base de dados com campos normalizados.

Além das obras de arte, também os equipamentos termais existentes no antigo balneário provisório (aparelhos de tratamentos respiratórios, duche de jato, banheiras, entre outros instrumentos) fazem parte da narrativa histórica do lugar, porquanto a função termal foi determinante para a ocupação humana destas termas, dando origem ao seu património, quer tecnológico, quer artístico. A musealização deste balneário será um pretexto para a preservação da estrutura arquitetónica e do recheio patrimonial que alberga: os equipamentos termais de meados do século XX, os vestígios romanos, o acervo de azulejos barrocos e o espólio documental da estância balnear, que se encontram em risco nas atuais condições de acondicionamento. O arquivo documental deverá ser igualmente alvo de um processo de sistematização, organizando-o e agilizando a sua consulta. Por seu turno, a Capela necessita atualmente de uma intervenção de conservação e restauro12, ao

nível da cobertura, da estrutura arquitectónica e do altar de talha dourada, antes de poder ser alvo de visitas.

A informação produzida no estudo acerca do património arquitetónico e artístico das termas algarvias sob a forma de uma monografia poderá ser utilizada como guião de conteúdos expositivos, quer para atividades de sensibilização patrimonial junto da comunidade local, quer para eventos de animação turística, ou como recurso textual no contexto da inventariação e musealização dos objectos já referidos.

Pretende-se ainda, em termos práticos, levar a cabo uma programação cultural contínua, que permita atrair turistas às Caldas de Monchique, de forma a atenuar os efeitos da sazonalidade neste destino turístico. Através da visita a um centro interpretativo/ museu e à Capela, de exposições temporárias nos salões do antigo Casino, da realização de visitas guiadas pelo património e de eventos de artes performativas, conferências, 12 “Capela das Caldas: um património em risco”, Jornal de Monchique, 27/02/2015, p.9.

entre outras atividades neste âmbito, aumentar-se-á a sua atratividade ao longo do ano, funcionando como alternativa ou complemento da oferta termal e hoteleira existente.

As parcerias com organismos públicos – no caso da Entidade Regional de Turismo do Algarve e da Direção Regional de Cultura do Algarve – e com o tecido empresarial local irão contribuir para o desenvolvimento sustentável do concelho, de forma integrada e com benefícios para todos os envolvidos, com a consequente divulgação, responsabilidade social e aumento do volume de negócio, associados a um projeto de Touring Cultural e Paisagístico para a dinamização do conjunto patrimonial termal.

Esta estratégia visa, acima de tudo, a salvaguarda do património das Caldas de Monchique, tornando-o acessível ao público, através da abertura de edifícios habitualmente encerrados e de um núcleo museológico. Aqui será possível fruir os objectos artísticos e arqueológicos, os equipamentos termais, o papel das individualidades históricas, ou o património paisagístico (recursos naturais e ocupação humana), numa perspetiva didáctica de sensibilização patrimonial.

Pretende-se, desta forma, criar um projecto-piloto no Algarve – diferenciador à escala regional –, composto por um produto turístico diversificado, integrando Saúde e Bem Estar e Touring Cultural e Paisagístico de forma complementar. Canalizando não só os clientes dos alojamentos, mas cativando também os passantes para a programação cultural, o objetivo será o de valorizar o destino turístico e potencializar os seus recursos, respeitando a capacidade de carga, evitando, portanto, a massificação.

Com motivos para visitar as Caldas de Monchique e ali despender tempo nas actividades culturais, o turista poderá optar ainda por utilizar as infraestruturas termais, de restauração, comércio e alojamento existentes. As contrapartidas obtidas pela capitalização dos recursos patrimoniais poderão, assim, ter reflexos socioeconómicos benéficos no combate à sazonalidade e à interioridade, reforçando o papel estratégico das Caldas de Monchique no turismo algarvio.

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Os primeiros Operadores Turísticos no Algarve