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ESCOLA CEFAPRO

RES PROFES SORES NOS ALU

2.1 O CAMINHO PERCORRIDO

As pesquisas de natureza qualitativa têm sido utilizadas por vários pesquisadores, como Lüdke e André (1986), Godoy (1995), Neves (1996). Entre eles, destacamos as contribuições de Godoy (1995, p. 60) que caracteriza a pesquisa qualitativa da seguinte forma: acontece tendo o ambiente natural como fonte de coleta de dados; tem caráter descritivo; apresenta a descrição e a análise dos dados em uma síntese narrativa; busca a compreensão dos fenômenos com base na perspectiva dos participantes e utiliza o enfoque indutivo para análise dos dados.

Tendo por base a importância da pesquisa qualitativa na produção de conhecimento científico e considerando a realidade por nós vivenciada, procedemos, nesta tese, a um estudo de caso de natureza descritivo-explicativa, considerando a pesquisa bibliográfica e a pesquisa de campo. Para Lüdke e André (1986, p. 98), um estudo de caso apresenta três etapas em seu desenvolvimento: a primeira etapa, a exploratória, é o momento em que se define o objeto da pesquisa, os sujeitos envolvidos e as questões que serão abordadas; a segunda, a coleta de dados, é a etapa em que o pesquisador aplica os instrumentos da pesquisa no contexto em que os sujeitos estão inseridos e a terceira etapa refere-se à análise sistemática dos dados.

Segundo os autores, essas três etapas “se interpolam em vários momentos, sugerindo apenas um movimento constante no confronto teoria-empiria” (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 23), portanto, não constituem necessariamente uma sequência, podendo haver sobreposição entre elas, o que se deve ao fato de o pesquisador ter

43 a liberdade de reorganizar sua pesquisa em virtude dos resultados que vão se configurando a cada etapa desenvolvida.

Apesar de esta pesquisa ter caráter qualitativo, não descartamos os instrumentos quantitativos, como o questionário, pois, consideramos, assim como Godoy (1995, p. 62), que os pesquisadores podem distinguir pesquisas de cunho quantitativo daquelas de cunho qualitativo, mas as diferenças de abordagem não apresentam relação de oposição, uma vez que os dados gerados por instrumentos quantitativos auxiliam na análise dos dados gerados por instrumentos qualitativos. Assim, embora nossa abordagem seja qualitativa, utilizamos instrumentos quantitativos, que contribuem para a análise dos dados coletados ou gerados durante a pesquisa de campo.

A adequação do método e dos procedimentos de análise aos objetivos da pesquisa é essencial para que o pesquisador consiga responder aos questionamentos. Nem sempre um único método ou procedimento é suficiente para abranger toda a complexidade do estudo, razão pela qual articular diferentes instrumentos de geração e de coleta de dados pode oferecer ao pesquisador a oportunidade de lançar diferentes olhares sobre o mesmo objeto. Tendo esse princípio como norteador, optamos por utilizar diferentes instrumentos para a coleta e geração de dados, em três momentos distintos.

Em um primeiro momento, analisamos a documentação referente à elaboração dos cursos oferecidos para formar o docente no trabalho com as TIC; observamos o uso das TIC em contexto digital nas aulas de Língua Portuguesa; procedemos à tomada de notas e registramos, em um caderno de campo, as atividades desenvolvidas pelas professoras. Nossas impressões sobre as aulas foram registradas apenas após a observação das atividades desenvolvidas pelas educadoras, já que, enquanto estivemos presente nas aulas, preocupamo-nos unicamente em registrar as propostas de atividades desenvolvidas com o uso das TIC nas aulas de Língua Portuguesa, tanto naquelas em que o laptop do Projeto UCA foi usado, quanto naquelas que ocorreram no laboratório de informática.

44 A organização do registro de nossas impressões em um momento reflexivo posterior à observação foi necessária para que pudéssemos destacar pontos importantes observados durante o planejamento e o desenvolvimento das aulas sem prejuízo para o registro das observações. O item 2.3.1 deste capítulo é dedicado a esse procedimento.

Em seguida, elaboramos um questionário com 21 perguntas, sendo 19 questões fechadas sobre formação inicial e continuada das educadoras, sobre informações profissionais, como turmas e carga horária de trabalho, e sobre uso pessoal e profissional das TIC. As outras 2 questões, que faltam para completar as 21 questões propostas, são abertas, versando sobre os cursos de formação continuada frequentados pelas professoras e a transposição didática das orientações realizadas nesses cursos para suas atividades pedagógicas.

Após concluída a elaboração desse instrumento, solicitamos às professoras que o respondessem. Todos os questionários respondidos foram devolvidos à pesquisadora e a sistematização desse instrumento nos ajudou a traçar o perfil de formação, bem como o perfil profissional e de uso das TIC pelas docentes de Língua Portuguesa. Abordamos esse instrumento na seção 2.3.2.

Por último, realizamos uma entrevista semiestruturada com as quatro professoras de Língua Portuguesa das duas escolas selecionadas como lócus de pesquisa e com uma formadora de professores do CEFAPRO-MT. Todas as entrevistas foram gravadas e transcritas. Nosso objetivo com esse instrumento foi verificar as vozes das professoras e o que a Rede Estadual de Educação, representada pela voz da formadora do CEFAPRO, espera de seus educadores em relação ao uso das TIC no processo de ensino e aprendizagem e, para além do esperado, o que lhes é oferecido como formação continuada para concretização do perfil desejado. A entrevista com a formadora do CEFAPRO nos forneceu material para complementar algumas lacunas deixadas pelas outras educadoras em suas entrevistas sobre o processo de formação continuada, uso das TIC e implementação do Projeto UCA nas escolas. No item 2.3.3, fornecemos mais detalhes a respeito desse instrumento.

45 Esses procedimentos foram selecionados para responder às seguintes perguntas de pesquisa, apresentadas anteriormente na Introdução deste trabalho:

1. quais são os desafios formativos, pedagógicos e institucionais encontrados pelos professores de Língua Portuguesa na utilização das tecnologias educacionais no processo de ensino e aprendizagem?

2. quais são as possibilidades de trabalho pedagógico com a tecnologia disponibilizada pelo Projeto UCA nas aulas de Língua Portuguesa?

3. como pode o docente de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental ser formado para atuar em contextos digitais?

Procurando estabelecer com clareza a relação entre essas perguntas de pesquisa e os procedimentos selecionados para respondê-las, elaboramos o Quadro 2:

Quadro 2 − Perguntas de pesquisa, vozes ouvidas, objetivos, instrumentos e procedimentos PERGUNTAS DE

PESQUISA

VOZES

OUVIDAS OBJETIVOS PROCEDIMENTOS E INTRUMENTOS

Quais são os desafios encontrados pelos professores de LP para a utilização das tecnologias educacionais no processo de ensino e aprendizagem? Quais são as possibilidades de trabalho efetivo com a tecnologia disponibilizada pelo Projeto UCA nas aulas de Língua Portuguesa?

PRO

FESSO

R

Identificar os desafios enfrentados pelos educadores de Língua Portuguesa de escolas contempladas pelo Projeto UCA em Mato Grosso

Analisar o discurso dos professores de Língua Portuguesa que atuam em duas escolas do Projeto UCA a fim de verificar o processo de formação continuada para o uso das TIC nas aulas de Língua Portuguesa

Discutir a eficácia do processo de formação continuada desenvolvido pelas instituições formadoras responsáveis pela formação de professores da rede pública em Mato Grosso

Verificar as possibilidades de trabalho com a tecnologia disponibilizada pela escola nas aulas de Língua Portuguesa

Observação das aulas de Língua

Portuguesa com o uso das TIC durante o segundo semestre de 2012 e início de 2013

Realização de Notas de campo das aulas observadas, destacando pontos importantes durante o desenvolvimento das aulas

Questionário respondido pelas

professoras de LP selecionadas (4 docentes das 2 escolas estaduais, locus da pesquisa)

Entrevista semiestruturada

desenvolvida com as professoras de LP selecionadas (4 docentes das 2 escolas estaduais, locus da pesquisa)

Como pode o docente de Língua Portuguesa ser formado para atuar em contextos digitais? FOR M ADO R DO CEFAPRO

Analisar e confrontar os discursos do Formador do CEFAPRO e dos professores de Língua Portuguesa que atuam em duas escolas do Projeto UCA a fim de verificar a eficácia dos cursos de formação continuada no processo de ensino e aprendizagem

Entrevista semiestruturada

desenvolvida com uma formadora de professores do CEFAPRO-MT

46 Após os primeiros momentos de coleta5 de dados, por meio de observações e notas

de campo, e de geração de dados6, por meio de questionários e entrevistas,

iniciamos o processo de tabulação das respostas ao questionário, de transcrição das entrevistas e de análise das respostas obtidas por meio de ambos os instrumentos. Os procedimentos aqui citados foram organizados de acordo com o apresentado no Quadro 3, com vistas a verificar o uso das TIC nas aulas de Língua Portuguesa:

Quadro 3 − Organização da análise da pesquisa

Fonte: elaborado pela pesquisadora

No Capítulo 4, apresentamos os dados coletados e gerados, as análises e a discussão dos resultados obtidos por meio da aplicação do instrumento questionário e da realização das entrevistas.

5 A coleta de dados refere-se a levantar dados que se configuram sem intervenção direta do

pesquisador. Por exemplo, a observação de uma aula: essa aula aconteceria mesmo que o pesquisador não estivesse presente (cf. 2.3).

6 A geração de dados refere-se a levantar dados que se configuram com intervenção direta do

pesquisador. Por exemplo, a entrevista: a entrevista só acontece porque o pesquisador faz a intervenção (cf. 2.3).

USO DAS TIC NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA O DISCURSO DO PROFESSOR DESAFIOS À PRÁTICA PEDAGÓGICA POSSIBILIDADES PEDAGÓGICAS COM AS TIC FORMAÇÃO CONTINUADA O DISCURSO DO FORMADOR DESAFIOS À PRÁTICA PEDAGÓGICA POSSIBILIDADES PEDAGÓGICAS COM AS TIC FORMAÇÃO CONTINUADA CONFRONTO ENTRE OS DISCURSOS

47 2.2 ESCOLAS E PROFESSORAS SELECIONADAS PARA A PESQUISA

Nesta seção, discorremos sobre as escolas que se configuraram como lócus de pesquisa. Entre as escolas contempladas com o Projeto UCA, selecionamos duas: Escola Estadual Manoel Gomes, doravante Escola 1, e Escola Estadual Nilce Maria de Guimarães, doravante Escola 2. Justificamos a escolha dessas escolas por serem estaduais e por estarem localizadas em municípios diferentes; por serem atendidas por unidades do CEFAPRO diferentes, porém com oferta dos mesmos cursos de formação continuada para uso das TIC e com Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) 2009 semelhantes, conforme é possível observar no Quadro 4.

Quadro 4 – Dados das escolas selecionadas em 2009/2010 – período de implantação do Projeto UCA em Mato Grosso DADOS GERAIS DAS ESCOLAS

SELECIONADAS – 2009/2010 ESCOLA 1 ESCOLA 2

MUNICÍPIO VÁRZEA GRANDE DIAMANTINO

CICLOS 1º, 2º e 3º

IDEB 2009 – 9º ANO 2.0 3.4

NÚMERO DE ALUNOS EM 2012 204 291

CEFAPRO RESPONSÁVEL CUIABÁ DIAMANTINO