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TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA ESCOLA PÚBLICA

ESCOLA CEFAPRO

1.2 TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA ESCOLA PÚBLICA

O uso de computadores na educação brasileira teve suas primeiras iniciativas, de acordo com Moraes (1997) concretizadas na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Entre elas, a primeira instituição a utilizar essa tecnologia em atividades acadêmicas como objeto de estudo e pesquisa foi a UFRJ, por meio do Departamento de Cálculo Científico, que deu origem ao Núcleo de Computação Eletrônica (NCE).

35 Durante a década de 1970, vários foram os avanços no que concerne ao uso do computador na educação. Em 1973, o NTE e o Centro Latino-Americano de Tecnologia Educacional (NUTES/CLATES) fizeram uso da informática como tecnologia educacional voltada para a avaliação de alunos, utilizando-a para o desenvolvimento de simulações. No mesmo ano, surgiram na UFRGS as primeiras iniciativas de uso de terminais de teletipo e display por alunos do curso de Física. Em 1975, pesquisadores do Instituto de Matemática, Estatística e Ciências da Computação da UNICAMP escreveram o documento Introdução de Computadores nas Escolas de 2º Grau e, em 1977, implementaram um projeto de informática na escola envolvendo mestrandos e crianças de escolas públicas.

Ainda no final da década de 1970 e início da década de 1980, de acordo com Moraes (1997), novas experiências surgiram na UFRGS apoiadas na teoria de Jean Piaget. Essas novas propostas foram desenvolvidas inicialmente com crianças da escola pública que apresentavam dificuldades de aprendizagem de leitura, escrita e cálculo, como forma de promover a autonomia delas no processo de aprendizagem. A partir da década de 1980, ações envolvendo informática na educação foram intensificadas e, em 1982, foi divulgado pelo MEC o documento Subsídios para a Implantação do Programa Nacional de Informática na Educação, que discorria sobre a necessidade de as iniciativas nacionais não estarem centradas diretamente nas secretarias de educação, mas sim nas universidades, tendo em vista a construção de conhecimentos técnico-científicos para, depois, discuti-los com a comunidade nacional.

No mesmo ano, aconteceu em Brasília o I Seminário Nacional de Informática na Educação, promovido pelo MEC e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que envolveu especialistas nacionais e internacionais diretamente ligados ao processo educacional. Nesse seminário, definiu-se que o computador deveria ser visto como ferramenta auxiliar do processo ensino e aprendizagem. Em 1982, ocorreu em Salvador o II Seminário Nacional de Informática Educativa, que visava à coleta de subsídios para a criação de centros-

36 piloto de formação de professores em todo o país de forma a possibilitar o uso da informática na educação.

Para efetivação da proposta desses centros-piloto, o documento produzido durante o II Seminário recomendava a criação de uma comissão oficial, sob gestão do MEC, e de uma comissão executiva para exercer a função mediadora entre a comissão oficial, a comunidade acadêmica, os centros-piloto e demais instituições de ensino e pesquisa interessadas.

Em outubro de 1984, foram firmados os primeiros convênios entre as universidades federais do Rio Grande do Sul, de Pernambuco, de Minas Gerais, do Rio de Janeiro, bem como UNICAMP e FUNTEVÊ/MEC, para dar início às atividades de implantação dos centros-piloto.

A efetivação dos programas de centros-piloto ocorreu a partir de 1986 com o lançamento do 1º Concurso Nacional de Software Educativo e com a oferta de cursos de especialização em informática na educação, destinados a professores das diversas secretarias estaduais de educação e de escolas técnicas federais. Na sequência dessas ações, foi criado o Programa Nacional de Informática Educativa (PRONINFE), efetivado em outubro de 1989, com a finalidade de desenvolver a informática educativa no Brasil utilizando projetos e atividades apoiados em fundamentação pedagógica sempre atualizada.

Na década de 1990, foi lançado o Programa Nacional de Informática na Educação (PROINFO) que, de acordo com Moraes (1997), tinha objetivos explícitos de melhorar a qualidade do processo de ensino e aprendizagem, possibilitar a criação de uma nova organização dos ambientes escolares mediante incorporação adequada das novas tecnologias da informação pelas escolas, propiciar uma educação voltada para o desenvolvimento científico e tecnológico e educar para a cidadania global em uma sociedade tecnologicamente desenvolvida, em que a informação desempenharia um papel cada vez mais estratégico. Para efetivação desses objetivos, os projetos elaborados pelas secretarias estaduais deveriam

37 seguir um roteiro aprovado pelo Conselho de Educação (CONSED) e deveriam ser encaminhados ao MEC para serem submetidos à análise.

O PROINFO Integrado foi consolidado somente em 2007 com a publicação do Decreto nº 6.300, de 12 de dezembro de 2007, com vistas a promover o uso pedagógico das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) na rede pública de educação básica. Entre os objetivos elencados no documento, destacamos, a seguir, aqueles presentes no Art. 1º, os quais versam sobre a utilização das TIC para aprimorar o processo de ensino e aprendizagem nas escolas brasileiras e sobre a capacitação de agentes formativos visando ao letramento digital nas escolas:

I - promover o uso pedagógico das tecnologias de informação e comunicação nas escolas de educação básica das redes públicas de ensino urbanas e rurais;

II - fomentar a melhoria do processo de ensino e aprendizagem com o uso das tecnologias de informação e comunicação;

III - promover a capacitação dos agentes educacionais envolvidos nas ações do Programa. (Art. 1º - Decreto nº 6300, de 12/12/2007)

Em atendimento ao Decreto nº 6300 que oficializou o PROINFO, aos poucos, os governos federal, estadual e municipal intensificaram o processo de implementação das TIC nas escolas públicas não só por intermédio da oferta de laboratórios de informática nas unidades escolares como também por meio da formação de professores para o trabalho com as tecnologias no processo de ensino e aprendizagem dos alunos visando à inclusão digital de todos os envolvidos.

Em Mato Grosso, o processo de implantação da informática nas escolas públicas iniciou-se na década de 1980 por meio de iniciativas do governo federal que viabilizaram o Projeto Educação e Computador (EDUCOM), cujo objetivo era formar educadores que pudessem pensar em ações pedagógicas para utilização da informática nas escolas públicas.

No âmbito do EDUCOM, criaram-se os Centros de Informática Educativa, que passariam a cuidar da disseminação da informática nas escolas públicas. Esses centros tinham por finalidade dar oportunidade de acesso à informática e estimular a

38 pesquisa e a reflexão crítica sobre o uso do computador na educação tanto acerca da formação docente quanto das atividades pedagógicas.

No decorrer de suas atividades, a partir de 2001, esses Centros atenderam aos professores que atuavam em escolas de Mato Grosso, ensinando-os a usar aplicativos como processadores de textos, planilhas eletrônicas e banco de dados, visando ao desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem de conteúdos programáticos com o apoio de softwares e aplicativos nos laboratórios das escolas públicas. Como já afirmamos, esse processo crescente de informatização das escolas contribuiu para evidenciar a necessidade de elaboração de estratégias de utilização da tecnologia como um instrumento auxiliar do processo pedagógico. Em 2007, foi implantado o projeto Um Computador por Aluno (UCA), cujo início efetivo nas escolas de Mato Grosso ocorreu apenas em 2009. A SEDUC-MT, por meio da Coordenadoria de Formação em Tecnologia Educacional e em parceria com o MEC, decidiu iniciar um projeto-piloto em nove escolas públicas, cinco estaduais e quatro municipais.

Desde a implantação do projeto nas primeiras escolas-piloto do Brasil, em 2007, a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), assim como a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), vêm atuando como formadoras de multiplicadores do UCA. De acordo com o relatório da escola-piloto Escola Estadual Dom Alano Marine Du Noday, de Palmas (TO), publicado em 2010, a PUC-SP desenvolveu com os gestores da escola, multiplicadores do NTE e profissionais da SEDUC-TO, entre 2007 e 2008, o Curso de Extensão Formação de Multiplicadores, com 160 h, na modalidade a distância, usando o ambiente virtual E-proinfo do MEC. Nos anos seguintes, foi mantido o trabalho de formação da PUC-SP em escolas contempladas com o projeto UCA.

Em Mato Grosso não foi diferente: assim como em outras unidades de ensino, para que os objetivos educacionais fossem alcançados, além da estrutura física, como rede elétrica e local para carregar os laptops educacionais, o processo de formação

39 continuada dos professores e gestores das escolas mato-grossenses também era uma necessidade evidente. Para suprir essa lacuna formativa, organizou-se o curso para atendimento ao Projeto UCA, tendo como IES global3 a PUC-SP e como IES local4 a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que, juntamente com a SEDUC e o CEFAPRO, ficaram responsáveis pela formação dos profissionais das unidades escolares contempladas pelo Projeto.

Entre as escolas estaduais e municipais de Mato Grosso, nove foram contempladas com o projeto piloto do UCA-MT, conforme detalhado no Quadro 1.

Quadro 1 – Escolas participantes do Projeto UCA-MT

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