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ESCOLA CEFAPRO

ENTREVISTA COM A FORMADORA DO CEFAPRO

4.2 TECENDO RELAÇÕES

145 Na primeira parte deste capítulo, examinamos, ainda que parcialmente, questões relativas ao uso das TIC pelas professoras de Língua Portuguesa, participantes do projeto UCA em Mato Grosso, em suas práticas pedagógicas. Dizemos parcialmente por que nos referimos de forma individual (4.1.1 – Observação/ Anotações de Campos; 4.1.2 – Questionário; 4.1.3 – Entrevista) aos resultados obtidos pelos instrumentos de pesquisa.

Como nosso interesse é verificar e analisar os desafios e as possibilidades do uso da tecnologia como instrumento pedagógico e o modo como deve ser a formação docente para o uso das TIC e do laptop educacional nas aulas, tecemos, a partir de agora, as relações que julgamos adequadas e importantes entre os resultados obtidos por meio da aplicação de diferentes instrumentos de pesquisa (observação seguida de anotações no caderno de campo, questionário e entrevista). Consideramos que é a construção de tais relações que nos permite responder às perguntas desta pesquisa.

Para isso, organizamos a discussão dos dados coletados e gerados durante o desenvolvimento desta tese em 3 etapas:

 pergunta de pesquisa 1 – os desafios (item 4.2.1);  pergunta de pesquisa 2 – as possibilidades (item 4.2.2);

 pergunta de pesquisa 3 – a formação continuada (item 4.2.3).

Essa organização permite-nos tecer discussões pertinentes ao uso das TIC nas aulas de Língua Portuguesa.

4.2.1. Pergunta de Pesquisa 1 – os desafios

 Quais são os desafios formativos, pedagógicos e institucionais encontrados pelos professores de Língua Portuguesa na utilização das TIC no processo de ensino e aprendizagem?

Nossa profissionalização como educadores inicia-se, efetivamente, nos estudos na graduação e continua por toda nossa vida profissional, uma vez que estamos

146 sempre às voltas com constantes mudanças e adequações às necessidades que o exercer da profissão apresenta. Entretanto, desde que nascemos moldamos nossa personalidade, nossas aptidões, nosso caminho. Assim, ao analisarmos as entrevistas com as professoras sobre o uso das TIC, verificamos que somente as Professoras 2 de ambas as Escolas (1 e 2) tiveram contato com tecnologias dessa natureza durante a infância ou juventude. As outras tiveram contato com elas somente no início da vida adulta. A princípio, esse contato poderia facilitar o uso das TIC em atividades de ensino e aprendizagem uma vez que o uso de tais tecnologias já estaria internalizado pela educadora.

Verificamos, todavia, que tal fato não as tornou adeptas do uso de tecnologia na Escola. Elas, que tiveram contato desde a infância com brinquedos e aparelhos tecnológicos, não fizeram do projeto UCA uma proposta de trabalho real, efetivo, em suas atividades de sala de aula.

Em uma importante contraposição a isso, é preciso enfatizar que foi notório que o esforço empreendido pelas Professoras 1 de ambas as escolas contribuiu para que fizessem da tecnologia uma parceira em suas atividades pedagógicas. Os cursos de formação continuada e a experiência de magistério (maturidade profissional) contribuíram para que elas cumprissem o desafio e não se furtassem a usar a tecnologia.

Diante desse resultado, nossa primeira hipótese (os professores que pertencem à Geração X [nascidos entre 1960 e 1980] apresentam mais resistência e dificuldades para lidar com o uso das TIC em suas aulas que os professores pertencentes à Geração Y [nascidos entre 1980 e 2000]), não se sustentou, uma vez que as Professoras 1, pertencentes à Geração X apresentaram um desempenho pedagógico mais satisfatório com as TIC que as Professoras 2, da Geração Y. Por sua vez, nossa segunda hipótese (o processo de formação de professores desenvolvido de forma reflexiva e continuada pode contribuir significativamente para que o educador implemente o uso das TIC em suas aulas) fortaleceu-se. Comprovamos-na ao compararmos a desenvoltura com que as docentes fizeram uso

147 das TIC e do laptop do UCA: ambas participaram de todo o processo de formação continuada enquanto a Professora 2 da Escola 1 (que participou dos cursos sobre o uso das TIC, mas não frequentou o curso do Projeto UCA) teve um desempenho aquém do que tiveram as Professoras 1, mas saiu-se melhor do que a Professora 2 da Escola 2 (que não participou de nenhum dos cursos oferecidos).

Acreditamos que esse desempenho foi possível porque, independentemente de as educadoras terem ou não algum contato prévio com brinquedos ou aparelhos tecnológicos (na infância), os cursos de formação continuada para uso das TIC e do laptop do Projeto UCA contribuíram significativamente para que iniciassem (ou não) o trabalho com as tecnologias em suas aulas.

Concluímos, quanto às três etapas da formação da profissionalização das docentes para o uso da tecnologia na Escola, considerando os pressupostos de Nóvoa (2007), que as Professoras 1 de ambas as Escolas passaram pelas três (etapas):

 Adesão, ao aceitarem os desafios de trabalhos com as TIC e com o laptop do UCA;

 Ação, ao efetivarem propostas pedagógicas para esse fim;

 Autoconsciência, ao refletirem sobre sua prática, reorganizando suas propostas pedagógicas com o uso das TIC e do laptop educacional.

Já as Professoras 2 vivenciam fases diferentes: a Professora 2 da Escola 1 apresenta atitudes que a situam entre a fase da Adesão e a fase da Ação, uma vez que se interessa em ajudar a Professora 1da Escola 1 a organizar as atividades pedagógicas com o uso das TIC ou do laptop do UCA, não demonstrando, dessa maneira, resistência quanto à implementação dos recursos tecnológicos em suas aulas. Em suas respostas ao questionário e à entrevista, ela demonstra interesse em trabalhar com as TIC, porém ainda não apresenta total segurança para o uso do laptop educacional, já que acredita que ainda não conhece todos os recursos disponíveis do equipamento, por não ter participado dos cursos de formação continuada oferecidos pelas instituições.

148 Já a Professora 2 da Escola 2 vivencia a fase da Adesão, pois se propôs a realizar atividades pedagógicas com o uso das TIC e do laptop educacional a pedido da Gestão e dos alunos. Em suas falas, deixou claro que não tem muito interesse em usar tecnologias em suas aulas, mas que faz uso pessoal delas:

 ESCOLA 2