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Adotamos, neste estudo, a abordagem qualitativa, que dá ênfase à descrição, à indução, à teoria fundamentada e ao estudo das percepções pessoais (BOGDAN; BIKLEN, 1994).

Para Minayo (2011, p. 21), a pesquisa qualitativa procura responder a indagações bem particulares, pois “trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes”. Segundo a autora, esses fenômenos tipicamente humanos fazem parte da realidade social, pois os sujeitos, além de agirem sobre a realidade, são capazes de pensar a respeitodo que fazem e de interpretar suas ações a partir do contexto social no qual estão inseridos, com suas vivências e partilha com os outros indivíduos. Quanto aos objetivos, é descritiva, uma vez que pretende descrever os fatos e fenômenos da realidade pesquisada (TRIVIÑOS, 2015).

Nessa perspectiva, desenvolvemos uma pesquisa bibliográfica, a partir de material já elaborado e constituído principalmente de livros e artigos científicos (GIL, 2014), e documental, pois, por permitir realizar alguns tipos de reconstrução, o documento escrito compõe uma fonte extremamente preciosa para o pesquisador das ciências sociais (CELLARD, 2014).

A pesquisa documental, para Ludke e André (1986, p.38), “[...] pode se constituir numa técnica valiosa de abordagem de dados qualitativos, seja complementando as informações obtidas por outras técnicas, seja desvelando aspectos novos de um tema ou problema”. A utilização de documentos contribui para completar as informações recebidas de outras fontes, bem como para comparar os dados obtidos.

Para a realização de nossa pesquisa, elegemos os seguintes documentos do curso de Pedagogia das universidades pesquisadas: Projetos Pedagógicos do Curso, Ementários, Estruturas curriculares, Planos de Ensino das disciplinas Literatura e Língua Portuguesa, Ementas de Educação Infantil, Alfabetização e Letramento e disciplinas voltadas para o ensino de Linguagens, Leitura e produção de textos.

No tratamento dos documentos, utilizamos elementos da Análise de conteúdo, conforme a delineou Bardin (2011). Essa modalidade de abordagem “é sempre de ordem semântica” (BARDIN, 2011, p. 134), em que, a partir da organização e sistematização dos dados, no caso desta tese, sob forma quantitativa, por meio de números, percentagens, quadros e gráficos, é possível construir indicadores semânticos, portanto, qualitativos sobre o objeto em estudo. Elegemos, assim, como indicadores da inserção da literatura no curso de licenciatura em Pedagogia, as diferentes nomenclaturas que nomeiam as disciplinas que se referem à área de literatura, como: Literatura infantil, Literatura infantojuvenil, Teoria e prática de literatura, Educação e literatura, Literatura e infância, Literatura infantil e educação da criança, Língua e literatura, Educação literária na escola e na biblioteca, Leitura literária na escola, Metodologia do ensino de literatura, Pedagogia e literatura infantil e expressões afins, bem como as unidades didáticas que se apresentam nos programas dos cursos de Letras e que também são oferecidas aos cursos de Pedagogia. Um indicador distinto, considerado sobre a inserção da literatura nos cursos de Pedagogia, que compõe o corpus da pesquisa é a frequência da oferta, seja ela de natureza obrigatória, seja optativa ou eletiva. Nessa mesma lógica, outro indicador é a carga horária destinada à disciplina nos cursos de Pedagogia, visto que o tempo de acesso do graduando à disciplina implica também a qualidade de sua formação.

Entendemos que o registro da presença da disciplina de Literatura nos cursos de licenciatura em Pedagogia, nos documentos que utilizamos para a construção de

dados, é um indicador fundamental do reconhecimento institucional, do ponto de vista de sua consolidação em espaço legal; acadêmico, do ponto de vista de sua existência como saber científico; e formativo, do ponto de vista do reconhecimento de sua relevância na formação do pedagogo.

Utilizamos a internet como suporte técnico para a construção dos dados. De acordo com Mendes (2009), a solicitação de documentos em pesquisas online pode ser vantajosa, porque o acesso aos participantes é maior e múltiplos locais podem estar envolvidos. Em nosso caso, dada a abrangência da pesquisa, seria inviável realizá-la sem o auxílio da internet. No primeiro momento, fizemos uma busca dos Projetos Pedagógicos, das Ementas e das Estruturas Curriculares dos cursos de Pedagogia das universidades pesquisadas a fim de realizarmos um levantamento das disciplinas de literatura ofertadas no curso de graduação em Pedagogia. Em seguida, enviamos e-mail (conforme endereço no site) para a secretaria e/ou coordenação dos cursos de Pedagogia, requerendo os documentos disponibilizados pela maioria das universidades, eprocedemos à análise destes e diagnosticamos a necessidade de informações complementares para validar nossas análises.

Como fontes complementares na construção dos dados, foram incluídas as informações fornecidas pelos colaboradores por meio de mensagens eletrônicas a respeito de aspectos que os documentos deixavam lacunas ou dúvidas. Para facilitar a descrição, a análise e a leitura, passamos a denominar, de maneira homogênea, de disciplina de Literatura as diferentes ofertas relativas à área de literatura do curso de Pedagogia.

Recorremos, então, ao que Mendes (2009, p. 6) denomina de entrevistas não padronizadas:

São menos estruturadas e, no ambiente online, podem ser feitas com indivíduos por emails ou chats, em conversas em tempo real. Dividem-se em semiestruturadas (que são relativamente formalizadas e se parecem mais com “conversas” entre participantes iguais) e não estruturadas ou indepth (que enfatizam as experiências subjetivas do indivíduo).

Mantivemos contatos por e-mail com coordenadores dos cursos de Pedagogia e Letras, secretários dos cursos de Pedagogia e professores que se dispuseram a colaborar com nossa pesquisa, disponibilizando informações e documentos. Enviamos, por e-mail, carta com pedido de adesão à pesquisa,

solicitando informações iniciais para todas as instituições, e Termo de Consentimento livre e esclarecido para os professores, visto que Mann e Stewart (apud MENDES, 2009) esclarecem que, por mais que não haja ainda uma legislação que dê conta integralmente da internet, é dever do pesquisador levar em consideração alguns pressupostos éticos, e por e-mail, como, por exemplo, a obtenção do consentimento do participante da pesquisa.

Considerando a dificuldade de contato com algumas universidades e a incompletude de alguns dados, utilizamos telefone, whatsapp e Facebooka fim de viabilizar as informações.

Para a realização de nossa investigação, selecionamos 27 (vinte e sete) universidades federais, localizadas, prioritariamente, nas capitais do país, por agregarem geralmente os campi centrais, com exceção da Universidade Federal de Sergipe (UFS), localizada na cidade de São Cristóvão/SE, e da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), localizada na cidade de Guarulhos/SP, por serem esses os locais dos cursos de Pedagogia. A escolha pelas universidades federais se deu devido ao fato de estas se destacarem na produção do conhecimento, na pesquisa e na extensão, bem como por funcionarem como laboratórios de programas do governo federal e serem responsáveis pela execução desses programas junto à educação básica. Essas instituições possivelmente possuem maior contato com professores e escolas de educação básica, podendo diagnosticar as principais demandas existentes na formação de professores e nas escolas. Nessas instituições, também se concentra o maior número de cursos de pós- graduação e, consequentemente, o maior número de pesquisas científicas que venham a apontar as necessidades educacionais do país. No quadro abaixo, apresentamos as universidades que compõem o corpus de nossa pesquisa:

Quadro 2 – Universidades pesquisadas e sua localização

Universidade Localidade

01 Universidade Federal de Alagoas – UFAL Maceió – AL 02 Universidade Federal da Bahia – UFBA Salvador – BA 03 Universidade Federal do Ceará – UFC Fortaleza – CE 04 Universidade Federal do Maranhão – UFMA São Luís – MA 05 Universidade Federal da Paraíba – UFPB João Pessoa – PB 06 Universidade Federal de Pernambuco – UFPE Recife – PE 07 Universidade Federal do Piauí – UFPI Teresina – PI

08 Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Natal – RN 09 Universidade Federal de Sergipe – UFS São Cristóvão – SE 10 Universidade Federal do Acre – UFAC Rio Branco – AC 11 Universidade Federal do Amazonas – UFAM Manaus – AM 12 Universidade Federal do Amapá – UNIFAP Macapá – AP 13 Universidade Federal de Rondônia – UNIR Porto Velho – RO 14 Universidade Federal de Roraima – UFRR Boa Vista – RR 15 Universidade Federal do Pará – UFPA Belém – PA 16 Universidade Federal do Tocantins – UFT Palmas – TO 17 Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT Cuiabá – MT 18 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS Campo Grande – MS 19 Universidade Federal de Goiás – UFG Goiânia – GO 20 Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ Rio de Janeiro – RJ 21 Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP Guarulhos – SP 22 Universidade Federal do Espírito Santo – UFES Vitória – ES 23 Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG Belo Horizonte – MG 24 U Universidade Federal do Paraná – UFPR Curitiba – PR

25 Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS Porto Alegre – RS 26 Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC Florianópolis – SC

27 Universidade de Brasília – UnB Brasília – DF

Fonte: Saldanha, 2016. Elaborado pela autora para fins de pesquisa.

No tocante aos sujeitos da pesquisa, contamos com a colaboração de dezoito professores, que se disponibilizaram a participar e a esclarecer algumas dúvidas por nós levantadas viae-mail.

Propusemo-nos a preservar a identidade desses participantes. Para tanto, utilizamos nomes fictícios de personagens de obras literárias que fizeram parte de nossas leituras. Identificamos apenasa universidade e o departamento de origem desses professores:

Quadro 3 – Professores colaboradores da pesquisa

Sujeito Universidade Departamento

01 Aurélia UFBA DL

02 Bentinho UNIFESP DE

03 Capitu UNIFESP DE

04 Cintra UFS DE

05 Diadorim UFMG FAE

06 Eugênio UFES DTEPE – DE

07 Emma Bovary UFES DLCE – DE

08 Eunice UFAC DE

09 Escobar UNIFESP DE

10 Fabiano UFAL DE

11 Iracema UFMG FAE

12 Macabéa UFPR FE 13 Martim UFMA DL 14 Olívia UFES DL 15 Raquel UFRJ DE 16 Rebeca UFG FE 17 Riobaldo UFMA DE

18 Sinha Vitória UFPE FE

Fonte: Saldanha, 2016. Elaborado pela autora para fins de pesquisa.