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1.1 Os fios que conduziram a pesquisa

1.1.1 O Programa BALE

O programa BALE, criado em 2007, surgiu como ação extensionista e caracterizou-se como uma iniciativa do Grupo de Estudos e Pesquisas em Planejamento do Processo Ensino-aprendizagem (GEPPE), do Departamento de Educação da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Campus de Pau dos Ferros-RN. O programa foi idealizado pelas professoras Maria Lúcia Pessoa Sampaio e Renata de Oliveira Mascarenhas. O BALE tem como objetivos principais incentivar e democratizar a leitura, principalmente de textos literários. Segundo suas idealizadoras, ele se constituiu em uma iniciativa de atendimento ao interesse social e coletivo da comunidade de Pau dos Ferros, tendo em vista a carência de bibliotecas nos locais atendidos. A implantação do Programa nessa cidade justificou-se

[...] por ser distante dos grandes centros, desprovida de políticas administrativas eficientes, especialmente no âmbito da cultura e do lazer. Localizada na região do Alto Oeste Potiguar, a referida cidade, segundo o IBGE, disponibiliza para a população apenas uma pequena biblioteca municipal, com escasso acervo e sem envolvimento da comunidade local. Diante dessa realidade acredita- se que o Projeto BALE – Biblioteca Ambulante e Literatura nas Escolas, constitui-se num ponto de partida para democratização da leitura para a comunidade pauferrense (SAMPAIO; MASCARENHAS, 2006, p. 6).

O programa deu início às suas atividades nas comunidades dos bairros São Geraldo e Riacho do Meio, em Pau dos Ferros, propondo-se a difundir o gosto pela leitura de forma lúdica e criativa e proporcionando o acesso das comunidades carentes a textos literários de gêneros diversos.

Imagem 1 – Contação de história no 1º encontro do BALE, em 23.05.2007, no Bairro Riacho de Meio, Pau dos Ferros, RN

Imagem 2 – Roda de leitura no 1º no encontro do BALE no Bairro Riacho do Meio

Fonte: Arquivo BALE (2007).

Imagem 3 – Contação de história no 1º encontro do BALE, em 30.05.2007, no Bairro São Geraldo – Pau dos Ferros, RN

Fonte: Arquivo BALE (2007).

Imagem 4 – Roda de leitura no 1º encontro do BALE no Bairro São Geraldo

Fonte: Arquivo BALE (2007).

O programa, em sua ação extensionista,oportuniza a integração entre universidade e comunidade. Ao estender a leitura aos diversos locais por onde passa, ele cumpre a função social de possibilitar o acesso à diversidade de textos para crianças, jovens e adultos que não dispõem de bibliotecas e acervo suficiente

para efetivar esse contato. Dessa forma, alcança os estudantes de graduação e a comunidade, priorizando as localidades periféricas nos diversos ambientes, como nas escolas, nas praças e nas ruas. Além disso, ele propicia o conhecimento teórico sobre a importância da leitura e a formação de leitores aos membros do projeto que hoje são professores dos cursos de Pedagogia e Letras, aos graduandos em Pedagogia, Letras, Economia e Geografia e a alguns alunos da comunidade.

O BALE, desde 2007, expande práticas exitosas de leituras na região do Alto Oeste Potiguar, conforme está descrito no relatório de sua 9ª edição (SAMPAIO, 2015). O programa se desenvolve por meio de cinco projetos, denominados canteiros, e constantemente está em articulação com outras ações como

o PIBID/DE/CAMEAM: “Mediadores de leitura e de textos em processos de autoformação” (EDITAL No 061/2013), envolvendo escolas/municípios; com o Projeto “Mirins Leitores, Grandes mediadores”. Ancora-se nos pressupostos da mediação e autoformação que se concretiza em cinco Projetos ou “Canteiros”: Formação (Projeto BALE_FORMAÇÃO), Informação (Projeto BALE.Net), Encenação (Projeto BALE_Em cena), Contação (Projeto BALE_Ponto de leitura) e Ficção (Projeto Cine_BALE_Musical) (SAMPAIO, 2015, p. 1).

Em meio às mudanças ocorridas, o Programa BALE (2015) teve como destaque a ampliação de suas ações nas cidades de Portalegre (Convênio entre Prefeitura de Portalegre e UERN, com apoio da SEMED) e São Miguel. Em cada cidade, constituiu-se uma equipe responsável pelas suas respectivas ações, reuniões, encontros e planejamentos, consolidando-se por meio de “canteiros”. Outras atividades foram realizadas em conjunto com o programa, como o estágio curricular no BALE; as oficinas de formação de leitores, envolvendo TICs; a realização do I SELF (Seminário de Estudos Orientados em Linguagem, Formação do Leitor e TICs); a mediação e autoformação em conjunto com a biblioteca João XVIII, com o projeto “Mirins Leitores, grandes mediadores”; bem como a parceria com PIBID/CAPES e o PIBIC Jr. da FAPERN. Além das atividades que realiza, o programa BALE2 disponibiliza um riquíssimo acervo bibliográfico, com livros infantis e adultos de gêneros distintos, sendo determinado pelo Ministério da Cultura (Minc) como “Ponto de Leitura – Edição Machado de Assis”. O Programa possui uma sala

2Informação disponível em: <http://www.programabale.com.br/p/nossa-historia.html>. Acesso em: 7

no CAMEAM/UERN, onde disponibiliza seu acervo para empréstimo, recebe visitas e atende a comunidade. Devido ao pouco espaço, geralmente suas atividades realizadas no campus são transferidas para salas de aula ou auditório.

Imagem 5 – Contação de história na Esc. Maria Luceny na cidade do Encanto-RN

Fonte: Disponível em: <http://www.programabale.com.br>.

Imagem 6 – Encenação de histórias na Comunidade Manoel Deodato, em Pau dos Ferros-RN, out. 2017

Fonte: Disponível em: <http://www.programabale.com.br>.

Imagem 7 – Momento de leitura na Vila Caiçara, munícipio do Paraná-RN, out. 2017

Imagem 8 – Atendimento à comunidade no CAMEAM/UERN, out. 2017

Fonte: Disponível em:<http://www.programabale.com.br>.

O Programa BALE continua desenvolvendo um trabalho de destaque na região de Pau dos Ferros e em cidades circunvizinhas, pois viabiliza o acesso ao texto literário através de contação de histórias e roda de leitura. Contribui também para a formação leitora e como mediadores de leitura dos graduandos membros e voluntários de diferentes cursos que fazem parte do programa, alargando essa formação para a comunidade por meio de oficinas e seminários para professores da educação básica. Essa contribuição do Programa para a formação de leitores e mediadores de leitura também é apontada pelos participantes que fizeram parte de nossa pesquisa de dissertação (SALDANHA, 2013).