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3 METODOLOGIA

3.2 Sobre a metodologia

3.2.3 Campo organizacional da pesquisa

O conceito de campo organizacional é central para a análise institucional (VIEIRA e CARVALHO, 2003). Sua delimitação não nos traz, por si só, benefícios, uma vez que campos existem somente na medida em que são institucionalmente definidos, pois não são simplesmente constructos agregativos dos investigadores. Campos são importantes para os participantes e incluem organizações especializadas que limitam, regulam, organizam e

14 O conflito de interesses acontece nas organizações e entre as organizações que compõem o campo

organizacional, uma vez que a eleição de uma prática implica em recursos, de diversas naturezas, despendidos, o que acarreta disputa entre fatores técnicos e institucionais, e também implica a construção de arranjos estruturais, que em si carregam poder. Assim, a institucionalização da prática social não se dá simplesmente por vontade de alguns atores, mas no embate de forças, servindo às relações de poder.

representam ao nível do próprio campo15 (DiMAGGIO e POWELL, 1991; DiMAGGIO, 1991).

Para alguns autores, o campo pode ser definido a partir de um problema compartilhado por uma rede de organizações que interagem (LECA e DEMIL, 2001 apud VIEIRA e CARVALHO, 2003). Com base nestas definições, entendemos que existe um campo organizacional que pode ser denominado Campo das Organizações Bancárias – onde o contexto de formação, os interesses, os valores e os problemas são compartilhados, existindo uma mesma linguagem e códigos próprios, conscientes ou inconscientemente definidos. Existe, então, uma estrutura simbólico-normativa que identifica os atores e consubstancia o Campo16.

Os atores do Campo das Organizações Bancárias são também mediados e regulados por específicos atores, que também o compõem, como é o caso do Banco Central do Brasil (Bacen), por um lado, e da Febraban, por outro, como exemplos, o que lhe dá maior conectividade e propicia maior equivalência estrutural.

Deve ser ressaltado que à época da elaboração e defesa do projeto de pesquisa, em 2003/2004, o campo objeto do estudo era denominado Campo Financeiro, com a equivocada idéia de que em um mesmo campo poderiam estar inseridas todas as instituições que compõem o chamado Sistema Financeiro Nacional (SFN). No projeto de pesquisa era salientado que o estudo recairia sobre o segmento bancário, o que já refletia uma vaga suposição de que, no mínimo, organizações de outras naturezas, que não a bancária, deveriam ter/dar um tratamento diferenciado ao fenômeno sob estudo, por suas características específicas – ao longo da pesquisa isso foi evidenciado, levando-nos à conclusão de que o SFN contempla organizações com histórias, valores e interesses diversos, portanto, pertencentes a diferentes campos.

15 DiMaggio e Powell (1983) apresentam quatro indicadores de estruturação de campos organizacionais, que são:

um aumento no grau de interação entre as organizações no campo; emergência de estruturas de dominação e de padrões de coalização claramente definidos; um aumento no volume de informação com que as organizações em um campo devem lidar; o desenvolvimento de uma consciência mútua, entre os participantes de um grupo de organizações, sobre o fato de que estão envolvidos em um empreendimento comum. O Campo das Organizações Bancárias é reconhecidamente bastante estruturado, tendo em vista os indicadores apresentados por DiMaggio e Powell (1983). No capítulo 5 estes indicadores podem, em alguma medida, serem evidenciados.

16 Apesar de tratarmos do conceito de campo organizacional, algumas vezes, ao longo dos capítulos seguintes,

principalmente nas falas dos entrevistados, aparece o termo “setor” bancário, que é mantido, uma vez que o conjunto dos bancos é assim designado pelos atores envolvidos.

Como já adiantado, no Brasil, o Campo das Organizações Bancárias insere-se no chamado SFN, que aglomera as instituições financeiras que funcionam no País, conforme Figura 8. De acordo com a Lei 4.595, ainda vigente, consideram-se instituições financeiras as pessoas jurídicas públicas ou privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, a intermediação ou a aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros (BRASIL, 1964).

Uma possível estrutura do SFN envolve dois subsistemas, o normativo e o de intermediação financeira, segundo Assaf Neto (2001). O subsistema normativo é constituído por instituições que estabelecem, de alguma forma, diretrizes de atuação das instituições financeiras operativas e controle do mercado. É o responsável pelo funcionamento do mercado financeiro e de suas instituições, fiscalizando e regulamentando suas atividades por meio principalmente do Conselho Monetário Nacional (CMN) e do Bacen.

As instituições componentes do subsistema de intermediação são classificadas em: bancárias – bancos comerciais, múltiplos e Caixa Econômica Federal (CEF) – e não-bancárias – sociedades corretoras, bancos de investimento, bancos de desenvolvimento, sociedades financeiras, sociedades de arrendamento mercantil etc –, de acordo com a capacidade que apresentam de emitir moeda; instituições auxiliares do mercado; e instituições definidas como não financeiras, porém integrantes do mercado financeiro (ASSAF NETO, 2001).

Segundo Assaf Neto (2001), por meio do SFN viabiliza-se a relação entre agentes carentes de recursos para investimento e agentes capazes de gerar poupança e, conseqüentemente, em condições de financiar o crescimento da economia. Para o autor, o SFN pode ser entendido como um conjunto de instituições financeiras e instrumentos financeiros que visam, em última instância, transferir recursos dos agentes econômicos – pessoas, empresas, governos, superavitários para os deficitários. Além da Lei 4.595 – Lei de Reforma Bancária –, o SFN está estruturado e regulado também pela Lei 4.728, de 14.07.1965 – Lei do Mercado de Capitais – e, mais recentemente, em 1988, pela lei de criação dos Bancos Múltiplos.

Figura 8. Composição do Sistema Financeiro Nacional Fonte: Bacen (2003).

O recorte do campo em estudo foi feito buscando incluir os atores que são regulados pelo Bacen, além de outros que não constam da Figura 8. Como já dito sobre campos organizacionais, o recorte do pesquisador é arbitrário, mas deve conter os atores sociais que detém recursos de poder para jogar em função do capital em disputa no campo.

Além do CMN, do Bacen e das organizações que aparecem no Figura 8 com o símbolo , fazem parte do Campo: o Ministério da Fazenda (MF), sindicatos ligados aos atores, e as Associações, tais como: Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF); Febraban; Associação Brasileira de Bancos (ABBC); Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid); Associação Nacional das Distribuidoras de Valores (Adeval); Associação Nacional das Corretoras de Valores, Câmbio e Mercadorias (Ancor); Associação de Bancos no Estado do Rio de Janeiro (Aberj), por exemplo, entre outras associações estaduais.

Estão efetivamente fora do Campo, e da análise, portanto, as Cooperativas de Crédito e as Administradoras de Consórcio, uma vez que, embora sob jurisdição do Bacen, o que faria com que compusessem o Campo das Organizações Bancárias, da forma definida, estas organizações apresentam história e características peculiares em relação às organizações do Campo definido.

O foco de análise do estudo será o subsistema de intermediação do Campo, uma vez que aí se concentram as organizações bancárias stricto sensu. Embora entendamos que todas as organizações de um campo participem, em alguma medida, da institucionalização da prática social neste campo, a escolha dá-se por julgarmos que é no subsistema de intermediação, que contempla as organizações empresariais por excelência do Campo, que toma forma a prática social, uma vez que elas detêm poder e possuem interesses que viabilizam sua institucionalização.

O foco de análise do trabalho poderia ter recaído sobre outros atores, além do subsistema de intermediação – como os do subsistema normativo e os sindicatos trabalhistas, por exemplo – que também evidenciariam a dinâmica de institucionalização da prática no Campo, sob outro

prisma. Todavia, estas análises requeririam estudos diferentes deste17. A Figura 9 permite-nos visualizar um exemplo de outras abordagens possíveis18, para diferentes atores do Campo sob análise.

Figura 9. Cartaz afixado na entrada de agência bancária no bairro de Botafogo Fonte: Foto tirada pela pesquisadora. Rio de Janeiro: setembro, 2004.

A Figura 9 retrata a entrada de uma agência bancária em período de greve dos bancos no mês de setembro de 2004. Na linha de Boltanski e Chiapello (1999), e como reflexo do discurso da RSE pela própria crítica, e então, um reforço na institucionalização da prática, o cartaz mostra que a RSE está sendo exigida pelos sindicatos dos bancários, associada, neste caso, à questão das condições laborais – portanto, uma evidência da institucionalização da prática. Leva, também, à inferência de que quanto mais profundamente o Campo se inserir no movimento pela RSE, ou seja, quanto mais a prática estiver institucionalizada, mais os bancos serão cobrados por isso.

17 Em 1999 realizamos estudo específico sobre a responsabilidade social de um órgão normativo do Campo, a

saber, o Banco Central do Brasil (VENTURA, 1999).

18 Como exemplo de abordagens utilizadas em estudos sobre institucionalização, Alves (2002) investiga as

razões que impedem a institucionalização do “novo marco legal” do Terceiro Setor no Brasil, em sua tese “Terceiro Setor: o dialogismo polêmico”. A partir do entendimento que a linguagem é um elemento essencial nos processos de construção social da realidade, estudou o discurso do Terceiro Setor, procurando dar maior atenção aos atores que dominam este campo discursivo, quer seja pelo reconhecimento de suas posições de poder, quer seja pela habilidade de influenciar quais assuntos merecem ou não serem debatidos no campo. A aceitação ou rejeição a este discurso condiciona diretamente a institucionalização do marco legal do Terceiro Setor. Assim, Alves (2002) analisa os fatores que contribuíram para que a Lei das Oscips “não pegasse”, voltando-se, por exemplo, para uma análise dos discursos na mídia no processo de institucionalização.

Isto posto, retornando ao foco da análise, embora constituam formalmente o Campo das Organizações Bancárias, no subsistema de intermediação, Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento, Sociedades de Crédito Imobiliário, Companhias Hipotecárias, Associações de Poupança e Empréstimo, Sociedades de Crédito ao Microempreendedor, Sociedades Corretoras de Câmbio, Representações de Instituições Financeiras Estrangeiras e Agentes Autônomos de Investimento não serão objeto de estudo, devido ao fato de que são atores, comparativamente às organizações bancárias, sem poder de influência no Campo, portanto, não relevantes na análise. Além disso, esta decisão se justifica também pelo fato de que, com a inclusão dos conglomerados financeiros, são automaticamente inclusos diversos tipos destas organizações na análise, sob a bandeira de um grande banco.

Assim, visando investigar o fenômeno no Campo, sob o prisma das organizações bancárias, 29 bancos, entre conglomerados financeiros e instituições independentes, foram selecionados – além de associações e outras organizações de dentro e fora do Campo, necessários para entendimento do fenômeno, como se verá no item 3.2.4.

O Quadro 1 relaciona os bancos selecionados para a pesquisa, demonstrando a posição que ocupam no ranking preparado trimestralmente pelo Bacen19, a abrangência em termos de participação no SFN (ativo total, patrimônio líquido, lucro líquido e depósito total), o número de funcionários e o número de agências – o que sinaliza se é um banco de varejo, quando tem muitas agências, ou um banco de atacado, quando tem número reduzido de agências, assim, mais voltado para clientes corporativos e/ou grandes clientes.

19 O Bacen classifica as instituições por ordem decrescente de ativo total deduzido da intermediação (de títulos –

Quadro 1. Bancos pesquisados e sua representatividade no SFN Em R$mil Banco (1) R an ki ng TC (2)

Ativo Total Patrimônio

Líquido Líquido Lucro Depósito Total

Nº de Func. (3) Nº de Agências (3) Banco do Brasil 1 1 239.014.143 14.105.696 1.603.254 115.531.842 106.061 3.783 CEF (I) 2 1 147.786.559 6.663.640 796.057 91.772.694 100.164 2.135 Bradesco 3 3 148.207.637 15.221.289 1.973.854 68.687.387 68.155 3.011 Itau 4 3 123.443.368 16.015.523 3.078.774 42.224.637 48.532 2.205 Unibanco 5 5 72.928.818 8.334.908 724.781 33.992.812 23.488 918 Santander Banespa 6 4 66.548.096 8.485.610 824.580 22.912.874 21.540 1.028 ABN Amro Real 7 4 59.150.578 8.927.989 140.787 32.363.359 28.229 1.111 Safra 8 3 40.841.868 3.635.269 352.631 9.984.685 4.721 86 Hsbc 9 4 34.374.797 2.674.790 331.640 23.062.877 25.968 926 Nossa Caixa (I) 10 2 31.251.866 2.163.340 212.815 22.014.899 14.125 506 Votorantim 11 3 36.586.675 3.283.987 398.348 13.079.040 360 4 Citibank 12 4 21.957.104 2.904.548 -266.113 6.015.969 2.505 53 BankBoston 13 4 21.414.563 2.917.297 -52.889 3.086.317 3.700 60 BNB (I) 14 1 13.167.413 1.340.386 63.897 2.711.629 8.725 181 Banrisul 15 2 12.202.699 1.025.833 190.614 7.731.176 10.978 386 Credit Suisse 16 4 13.570.750 702.864 -27.628 2.383.117 10 2 Alfa 17 3 7.778.449 1.155.837 70.422 2.366.368 849 9 JP Morgan Chase 18 4 6.585.016 1.324.468 62.418 1230503 305 5 Pactual 19 5 8.470.905 613.899 99.824 1.027.781 417 4 BBM 22 3 5.491.641 401.618 46.079 1.300.849 207 6 Rural 23 3 5.335.238 679.053 72.174 3.060.485 2.214 85 Basa (I) 26 1 3.833.959 1.473.513 37.426 730.553 3.840 92 Bancoob (I) 38 3 1.948.260 64.885 4.640 576.828 307 2 WestLb (I) 43 4 1.824.158 314.621 -26.642 16.331 173 1 Sofisa 47 3 1.302.536 257.289 19.079 725.185 224 5 ING 49 4 1.233.616 228.833 -52.483 67.272 172 1 Bansicredi (I) 51 3 2.009.942 82.694 1.509 612.571 155 4 Triângulo (I) 59 3 807.634 150.731 19.472 574.060 279 2 BGN (I) 66 3 594.865 103.995 2.684 435.926 74 3 Total Pesquisado 1.129.663.153 105.254.405 10.702.004 510.280.026 % Pesquisado/SFN 77,87% 71,65% 84,34% 89,19% Total SFN 1.450.625.745 146.903.877 12.689.279 572.124.524

(1) Bancos: Equivalem, para a finalidade, aos conceitos de Conglomerados Bancários (conjunto de instituições financeiras que consolidam seus demonstrativos contábeis) e Instituições Independentes (I).

(2) TC = Tipo de controle: Identifica a origem do controle de capital dos conglomerados bancários ou das instituições independentes: 1 - Público Federal; 2 - Público Estadual; 3 - Privado Nacional; 4 - Privado Controle Estrangeiro; 5 - Privado Participação Estrangeira.

(3) As informações sobre número de funcionários (pessoas que trabalham na instituição, composto por efetivos, contratados, terceirizados, estagiários e outros) e de agências em funcionamento os (quantidade de sede e agências ativas), referem-se exclusivamente às instituições bancárias (não incluindo as instituições não bancárias no caso de conglomerados).

Embora seja possível caracterizar as organizações pesquisadas por tipo de instituição financeira – por exemplo, banco comercial20, banco múltiplo21, banco de investimento22 e banco de desenvolvimento23 –, uma vez que a maior parte das organizações pesquisadas são conglomerados financeiros, portanto, congregam diversos tipos destas instituições financeiras24, além de outras instituições não-financeiras, optamos por caracterizá-las como bancos de varejo ou de atacado – acima de dez agências será considerado banco de varejo. Esta segmentação, como se verá nos capítulos seguintes, será fundamental na análise e conclusões da pesquisa.

No Quadro 2 apresentamos a composição do SFN – para a finalidade, restrito às instituições autorizadas a funcionar pelo Bacen, exceto Administradoras de Consórcios –, buscando evidenciar a representatividade das organizações bancárias selecionadas para a pesquisa.

20 Os bancos comerciais são instituições financeiras privadas ou públicas que têm como objetivo principal

proporcionar suprimento de recursos necessários para financiar, a curto e a médio prazos, o comércio, a indústria, as empresas prestadoras de serviços, as pessoas físicas e terceiros em geral. A captação de depósitos à vista, livremente movimentáveis, é atividade típica do banco comercial, o qual pode também captar depósitos a prazo (BACEN, 2005a).

21 Os bancos múltiplos são instituições financeiras privadas ou públicas que realizam as operações ativas,

passivas e acessórias das diversas instituições financeiras, por intermédio das seguintes carteiras: comercial, de investimento e/ou de desenvolvimento, de crédito imobiliário, de arrendamento mercantil e de crédito, financiamento e investimento. O banco múltiplo deve ser constituído com, no mínimo, duas carteiras, sendo uma delas, obrigatoriamente, comercial ou de investimento, e ser organizado sob a forma de sociedade anônima. As instituições com carteira comercial podem captar depósitos à vista (BACEN, 2005a).

22 Os bancos de investimento são instituições financeiras privadas especializadas em operações de participação

societária de caráter temporário, de financiamento da atividade produtiva para suprimento de capital fixo e de giro e de administração de recursos de terceiros. Não possuem contas correntes e captam recursos via depósitos a prazo, repasses de recursos externos, internos e venda de cotas de fundos de investimento por eles administrados. As principais operações ativas são financiamento de capital de giro e capital fixo, subscrição ou aquisição de títulos e valores mobiliários, depósitos interfinanceiros e repasses de empréstimos externos (BACEN, 2005a).

23Os bancos de desenvolvimento são instituições financeiras controladas pelos governos estaduais, e têm como

objetivo precípuo proporcionar o suprimento oportuno e adequado dos recursos necessários ao financiamento, a médio e a longo prazos, de programas e projetos que visem a promover o desenvolvimento econômico e social do respectivo Estado. As operações passivas são depósitos a prazo, empréstimos externos, emissão ou endosso de cédulas hipotecárias, emissão de cédulas pignoratícias de debêntures e de Títulos de Desenvolvimento Econômico. As operações ativas são empréstimos e financiamentos, dirigidos prioritariamente ao setor privado (BACEN, 2005a).

24 Por vezes, os conglomerados atuam mais fortemente como um tipo específico de instituição financeira, por

exemplo, bancos de investimento. Todavia, após discussões efetuadas com analistas financeiros, optamos por não fazer esta diferenciação, pois poderíamos incorrer em erro na classificação.

Quadro 2. Composição do Sistema Financeiro Nacional, em números.

Fonte: elaborado com base em Bacen (2005a).

Os bancos pesquisados fazem parte do Consolidado Bancário I (CBI). Os bancos que fazem parte do Consolidado Bancário II (CBII) não foram incluídos na pesquisa. Poder-se-ia argumentar a necessidade de inclusão do BNDES25 na pesquisa – por ser o mais relevante do

25 O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), criado em 1952 como autarquia

federal, foi enquadrado como uma empresa pública federal, com personalidade jurídica de direito privado e patrimônio próprio, pela Lei 5.662, de 21 de junho de 1971. O BNDES é um órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e tem como objetivo apoiar empreendimentos que contribuam para o desenvolvimento do país. Suas linhas de apoio contemplam financiamentos de longo prazo e custos competitivos, para o desenvolvimento de projetos de investimentos e para a comercialização de máquinas e equipamentos novos, fabricados no país, bem como para o incremento das exportações brasileiras. Contribui, também, para o fortalecimento da estrutura de capital das empresas privadas e desenvolvimento do mercado de capitais. A BNDESPAR, subsidiária integral, investe em empresas nacionais através da subscrição de ações e

Composição do SFN – 31.12.2004. Ativo total Patrimônio Líquido líquido Lucro Depósito total Total dos bancos pesquisados (29 instituições) 1.129.663.153 105.254.405 10.702.004 510.280.026 77,87% 71,65% 84,34% 89,19% Total CB I (108 instituicões) 1.224.015.699 118.389.085 11.393.976 537.765.610 % de Participação Consolidado Bancário I 84,40% 80,60% 89,80% 94,00%

BNDES 161.872.131 14.114.732 90.481 14.950.791

Total CB II (32 Instituições) 194.526.209 19.246.147 680.569 23.848.860 % de Participação Consolidado Bancário II 13,40% 13,10% 5,40% 4,20% Total CB III (1411 Instituições) 18.496.693 4.179.225 334.230 8.286.914 % de Participação Consolidado Bancario III 1,30% 2,80% 2,60% 1,50% Total C. Não Bancário (331 Instituições) 13.587.144 5.089.420 280.504 2.223.140 % de Participação Consolidado Não Bancário 0,90% 3,50% 2,20% 0,40% Total do Sistema Financeiro Nacional 1.450.625.745 146.903.877 12.689.279 572.124.524

Consolidado Bancário I (CBI) – aglutinado das posições contábeis das instituições bancárias do tipo Conglomerado bancário I e Instituições Independentes I. O Conglomerado Bancário I é um conglomerado em cuja composição se verifica pelo menos uma instituição do tipo Banco Comercial ou Banco Múltiplo com Carteira Comercial. As instituições bancárias independentes I são instituições financeiras do tipo Banco Comercial, Banco Múltiplo com carteira comercial ou Caixa Econômica que não integrem conglomerado. Consolidado Bancário II (CBII) – aglutinado das posições contábeis das instituições bancárias do tipo Conglomerado Bancário II e Instituições Bancárias Independentes II. O Conglomerado Bancário II é um Conglomerado em cuja composição não se verificam instituições do tipo Banco Comercial e Banco Múltiplo com carteira comercial, mas que conta com pelo menos uma instituição do tipo Banco múltiplo sem carteira comercial, Banco de Investimento e Banco de Desenvolvimento. As Instituições Bancárias Independentes II são instituições financeiras do tipo Banco Múltiplo sem Carteira Comercial, Banco de Investimento e Banco de Desenvolvimento, que não integrem conglomerado.

Consolidado Bancário III (CB III) – aglutinado das posições contábeis das Cooperativas de Crédito. Conglomerado Não-Bancário – trata-se de conglomerado de instituições financeiras que não se enquadram nos conceitos de Conglomerado Bancário I ou II.

grupo CB II, como foi destacado no Quadro 2; contudo, entendemos que, por se tratar de um banco de natureza única, este mereceria tratamento específico, que foge aos objetivos da tese.

O Consolidado Bancário III é um aglutinado das posições contábeis das Cooperativas de Crédito que, como já afirmado, não fazem parte do Campo e, então, da pesquisa. O Conglomerado Não-Bancário ficou de fora da pesquisa dada sua pequena participação no SFN.

Contemplamos na seleção das organizações os 20 maiores bancos atuantes no mercado – o 20o banco, em 31.12.2004, é o Banco Santos, que não foi incluído na seleção de organizações pesquisadas por estar sob processo de intervenção/liquidação a partir do segundo semestre de 2004. Além dos 20 maiores, outros bancos/conglomerados foram incluídos na seleção, a fim de obtermos perfis e níveis de inserção no movimento pela RSE diferenciados dos maiores grupos, como foi o caso do Banco Rural e Banco Sofisa e de algumas Instituições Independentes: Banco da Amazônia (Basa), WestLB, Bansicred e Bancoob. Outras organizações pesquisadas, como é o caso dos bancos Triângulo, BGN, BBM e ING, foram incluídas na pesquisa em decorrência de correspondência repassada pela ABBC, como se verá no item 3.2.4, o que contribuiu para essa diferenciação pretendida dos maiores grupos. Ainda, além dos 29 bancos, também foi incluída na análise a Febraban, por ser considerada um ator- chave no movimento.

Outras organizações do Campo foram selecionadas para a pesquisa de campo, contudo, não com o objetivo de tratar de sua própria RSE, mas como fonte de informações sobre o Campo de forma geral, como foi o caso da ABBC, Adeval e o Bacen, este último pertencente ao