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Capítulo Três: Preferência Temporal e a Teoria do Valor‐Trabalho 

 

No último capítulo, nos referimos a uma crítica marginalista válida à Teoria do Trabalho:        sua carência de um mecanismo explícito. Mas há outra contribuição válida dos marginalistas,        ou mais especificamente dos Austríacos, que deve ser levada em conta por qualquer Teoria do        Trabalho moderna, se é para ter alguma reivindicação de relevância. Essa contribuição é a        teoria da preferência temporal. 

 

O princípio da preferência temporal foi afirmado primeiro por Eugen von Böhm­Bawerk.        Após uma pesquisa histórica meticulosa das teorias passadas dos juros­­não apenas as teorias        de "produtividade" e "abstinência" dos economistas políticos clássicos mais recentes (ou        economista políticos vulgares, como Marx diria), mas também as teorias de exploração de        Rodbertus, Marx e os outros socialistas­­ele expôs sua própria explicação: 

 

O empréstimo é a troca real de bens presentes por bens futuros​                      ... [B]ens presentes      invariavelmente possuem um valor maior do que bens futuros do mesmo número e tipo,                            e portanto uma determinada soma de bens presentes só pode, por via de regra, ser                              comprada por uma soma maior de bens futuros. ​               Este ágio são os juros​        . Não é um        equivalente separado para um uso separado e durável dos bens emprestados, pois isso                          é inconcebível; é uma parte equivalente da soma emprestada, mantida separada por                        razões práticas. A substituição do capital + os juros constituem o equivalente completo.​

 

Isso era, ele argumentava, incompatível com a teoria do valor­trabalho: "​      Executada  logicamente, isso ​     [a teoria do trabalho] não poderia deixar qualquer margem para o fenômeno                      dos juros​"​2​

 

Esse é um lugar tão bom quanto qualquer outro, antes de irmos às questões mais        centrais da relação da preferência temporal com nossa teoria do trabalho desenvolvida nesse        livro, para examinar um outro lado da questão: a medida em que a preferência temporal é        mutuamente exclusiva com outras defesas dos juros e do lucro, como os Austríacos alegaram.        Böhm­Bawerk, claro, enfatizou tanto a singularidade de sua contribuição quanto a inadequação        das tentativas anteriores de se justificar os juros. Ele foi especialmente desconsiderado com a        teoria de abstinência de Senior, apontando que Lasalle estava certo em argumentar 

 

que a existência e a grandeza dos juros de maneira alguma correspondem                        invariavelmente à existência e grandeza de um "sacrifício de abstinência". Os juros, em                          casos excepcionais, são recebidos onde não houve nenhum sacrifício individual de                      abstinência. Juros altos são frequentemente conseguidos onde o sacrifício da                    abstinência é muito insignificante­­como no caso do milionário de Lasalle­­e os "juros                        baixos" são frequentemente conseguidos onde o sacrifício implicado pela abstinência é                      muito grande. O soberano​      a arduamente economizado que o empregado doméstico põe              na caixa econômica rende, absoluta e relativamente, menos juros do que os milhares                         

facilmente dispensados que o milionário põe a frutificar em debênture e fundos                        hipotecários. Esses fenômenos se ajustam mal numa teoria que explica os juros bem                          universalmente como um "salário da abstinência"...​3 

 

Em resposta à ideia de que a abstinência do consumo era uma "sacrifício" positivo que        merecia compensação por si mesmo, Böhm­Bawerk propôs este caso: 

 

Eu trabalho por um dia inteiro na plantação de arvores frutíferas na expectativa de que                              elas darão frutos para mim em dez anos. Na noite seguinte vem uma tempestade e                              destrói completamente toda a plantação. Quão grande é o sacrifício que eu fiz... em                            vão? Eu acho que todos dirão­­um dia de trabalho perdido e nada mais. E agora eu                                ponho a questão, o meu sacrifício é de qualquer maneira maior que a tempestade não                              venha, e que as árvores, sem qualquer esforço adicional de minha parte, deem frutos                            em dez anos? Se eu faço o trabalho de um dia e tenho que esperar dez anos para                                    ganhar um rendimento dele, eu sacrifico mais do se eu faço o trabalho de um dia, e, por                                    motivo da tempestade destruidora, devo esperar toda eternidade por seu rendimento?​4 

 

Em resposta à teoria similar de "sacrifício" dos juros de Cournelle, Böhm­Bawerk        brincou, "​  pode­se dizer que Cournelle teria quase tanta justificativa, teoricamente falando, se ele                        tivesse pronunciado o trabalho corporal de embolsar os juros, ou de cortar os talões, como                              sendo o fundamento e a base dos juros​"​5​

 

A resposta lógica à crítica de Böhm­Bawerk, do ponto de vista da teoria de "custo real"        de Marshall, é recuar para definir "sacrifício" em termos de "custo de oportunidade". E isso é        exatamente o que Marshall fez, como vimos no capítulo anterior: o "sacrifício" do senhorio e do        capitalista era simplesmente a abstenção em se consumir o que se estava em poder de        consumir. E ao negar esse custo de oportunidade como um sacrifício absoluto no mesmo        sentido que o trabalho, Böhm­Bawerk lançou as bases para a demolição de Dobb da        "abstinência" como um "sacrifício" comparável ao trabalho. 

 

Em todo caso, independente de sua singularidade como um mecanismo subjetivo, a        teoria de preferência temporal de Böhm­Bawerk (que uma quantidade menor agora vale uma        quantidade maior mais tarde) tem, em termos práticos, uma grande semelhança com a        "abstinência" de Nassau Senior e Alfred Marshall. Todas essas teorias equivalem a atribuir uma        qualidade criadora de valor ao tempo: para fazer valer a pena eu me abster de um consumo        presente, eu devo receber uma quantidade maior no futuro. E todas elas são baseadas em        alguma forma de dor ou dificuldade implicada em renunciar o consumo presente em nome do        consumo futuro. Faz mais sentido tratá­las como um grupo de teorias relacionadas do que        como rivais mutualmente exclusivas. 

 

Murray Rothbard, o mais famoso herdeiro recente do manto Austríaco, estava        especialmente inclinado a enevoar a distinção entre a preferência temporal e a "espera": 

Qual foi a contribuição desses donos­de­produtos, ou "capitalistas", ao processo                    produtivo? É essa: a economia e restrição de consumo, em vez de ser feita pelos donos                                da terra e do trabalho, foi feita pelos ​                capitalistas​. Os capitalistas originalmente        economizaram, digamos, 95 onças de ouro que eles poderiam ter então gasto em bens                            de consumo. Eles evitaram de fazê­lo, no entanto, e, em vez disso, ​                       adiantaram o    dinheiro aos donos originais dos fatores. Eles ​             pagaram os último por seus serviços            enquanto eles estavam trabalhando, dessa maneira adiantando a eles o dinheiro antes                        que o produto fosse realmente produzido e vendido aos consumidores. Os capitalistas,                        portanto, fizeram uma contribuição essencial à produção. Eles aliviaram os donos dos                        fatores originais da necessidade de sacrificar bens presentes e esperar por bens                        futuros... 

 

Mesmo se os retornos financeiros e a demanda de consumo forem certos, ​                       os  capitalistas ainda estão fornecendo bens presentes aos donos do trabalho e da terra e                            assim aliviando­os do fardo de esperar até que os bens futuros sejam produzidos e                            finalmente transformados em bens de consumo.​

 

Roger W. Garrison argumentou, a partir de tal evidência, que o conceito de "espera"        como um fator de produção era compatível com a preferência temporal de Mises e Rothbard.   

Nem Mises, nem Rothbard abordaram especificamente a questão da espera como um                        fator de produção, mas pode­se encontrar passagens nos escritos de cada um                        sugerindo que a visão da preferência temporal e a visão de espera­como­um­fator são                          em uma certa medida compatíveis.​

 

Para retornar a nossa linha de discussão principal: tem havido uma grande relutância        entre os Austríacos, de um modo geral, em lidar explicitamente com os papéis comparativos da        preferência temporal e dos fatores institucionais como influências sobre as taxas de juros, ou        com a medida em que a inclinação da preferência temporal pode ser alterada pelos fatores        institucionais. Às vezes, os Austríacos explicitamente negam que fatores institucionais não        tenham qualquer influência sobre os juros. 

 

Por exemplo, Böhm­Bawerk negou que a diferença em valor entre uma dada quantidade        de dinheiro hoje e a mesma quantidade daqui cinco anos seja, "​      como pode­se pensar, um        resultado das instituições sociais que criaram os juros e o fixaram em 5 por cento​                            "​8​. A   

preferência temporal sozinha é a razão para o valor relativamente baixo dos bens em produção        (futuros), comparados com os bens finalizados (presentes): 

 

Isso, e nada mais, é o fundamento da chamada compra "barata" de instrumentos de                            produção, e especialmente de trabalho, que os Socialistas corretamente explicam como                      a fonte do lucro sobre o capital, mas erroneamente interpretam, em termos autênticos,                          como o resultado de um roubo ou exploração das classes trabalhadores pelas classes                          proprietárias.​9 

 

Às vezes, no entanto, Böhm­Bawerk moderava essa postura com a concessão de que        o monopólio e outras formas de exploração poderiam, em certos casos, aumentar a taxa de        lucro às custas do trabalhador. 

 

Agora, claro, as circunstâncias desfavoráveis para os compradores podem ser                    corrigidas pela concorrência ativa entre vendedores... Mas, de vez em quando, algo irá                          suspender a concorrência dos capitalistas, e então aqueles infelizes, quem o destino                        atirou em um mercado local governado pelo monopólio, são entregues à discrição do                          adversário. Daí a usura direta, da qual o emprestador pobre é apenas demasiado                          frequentemente a vítima; e daí os salários baixos forçosamente explorados dos                      trabalhadores... 

 

Não é meu interesse pôr excessos como esses, em que realmente há                        exploração, sob a égide daquela opinião favorável que eu pronunciei acima quanto à                          essência dos juros. Mas, por outro lado, eu devo dizer com toda ênfase, que o que                                podemos estigmatizar como "usura" não consiste na obtenção de um ganho por um                          empréstimo, ou pela compra de trabalho, mas na medida imoderada desse ganho...                        Algum ganho ou lucro sobre o capital haveria se não houvesse compulsão sobre os                            pobres, e nenhuma monopolização da propriedade; e algum ganho deve haver. É                        apenas na grandeza desse ganho em que, em casos particulares, se chega a um                            excesso, que está aberto à critica, e, claro, as próprias condições desiguais de riqueza                            em nossas comunidades modernas nos deixam desagradavelmente perto do perigo da                      exploração e de taxas de juros usurárias.​10 

 

Então aqui Böhm­Bawerk reconheceu, pelo menos em princípio, que fatores institucionais        poderiam afetar as taxas de juros e que a distribuição de riqueza poderia afetar a inclinação da        preferência temporal. 

 

Embora ele fizesse essa concessão em princípio, Böhm­Bawerk na maior parte do        tempo se prendeu a um tratamento ahistórico das verdadeiras origens da distribuição de        riqueza, tomando como dado que as classes proprietárias estivessem numa posição de ter        propriedade excedente para investimento como um resultado de sua frugalidade ou        produtividade passada. Frequentemente ele não abordava a questão absolutamente, mas        simplesmente assumia a distribuição presente da propriedade como seu ponto de partida.   

O que, então, são os capitalistas quanto a comunidade?­­Em uma palavra, eles                        são mercadores que tem bens presentes para vender. Eles são os afortunados                        possessores de um estoque de bens que eles não necessitam para as necessidades                          pessoais do momento Eles trocam seu estoque, portanto, por bens futuros de alguma                          forma ou de outra....​11 

 

presentes à "fortuna". Longe de serem, enquanto uma classe, os recipientes passivos de mera        boa sorte, os capitalistas FIZERAM sua própria sorte. E a história disso, de sua boa fortuna,        está escrita em letras de sangue e fogo. 

 

Condizente com sua modéstia, Böhm­Bawerk recorreu a uma Robinsonade sobre a        acumulação de capital. 

 

Em nossa ciência há três visões em circulação quanto a formação do capital.                          Uma encontra sua origem na Poupança, uma segunda na Produção e uma terceira em                            ambas juntas. Dessas, a terceira goza da maior aceitação e é também a correta.​12 

 

Ele então ilustrou o princípio com o exemplo de um homem solitário poupando o produto de seu        trabalho e vivendo do excedente de comida enquanto ele construía um arco e flechas e outras        ferramentas. Desse cenário de ilha, ele passou à sociedade em geral, descrevendo como uma        nação de dez milhões poupou tantos milhões de seus dez milhões de anos de trabalho        anualmente​13​. Que aqueles adiando o consumo dos proventos de seu trabalho poderiam não                         

ser os mesmos investindo aquelas poupanças, ou colhendo os frutos do investimento, ou que        eles poderiam não ter nenhuma influência na matéria, foi uma questão posta de lado        completamente­­talvez por complicar o quadro desnecessariamente. 

 

As classes trabalhadoras sem propriedade, assim como os capitalistas, apenas        aconteceram de estar ali; talvez, como Topsy, eles "apenas cresceu"​b​

 

Em contraposição a essa oferta de bens presentes fica, como Demanda:­­  1. Um enorme número de assalariados que não podem empregar seu trabalho                      remunerativamente trabalhando por conta própria, e estão portanto, enquanto um corpo,                      inclinados e prontos para vender o produto futuro de seu trabalho por uma quantidade                            consideravelmente menor de bens presentes... 

2. Um número de produtores independentes, eles mesmos trabalhando, que por um                      adiantamento de bens presentes são postos em uma posição de prolongar o processo,                          e assim aumentar a produtividade de seu trabalho pessoal... 

3. Um pequeno número de pessoas que, por conta de desejos pessoais urgentes,                        buscam credito para propósitos de consumo e estão também prontos para pagar um                          ágio pelos bens presentes.​14 

 

Era essa inabilidade do primeiro grupo de empregar seu trabalho remunerativamente        trabalhando por conta própria, Böhm­Bawerk explicava, que os tornava dependentes do        capitalista. Sua falta de recursos para aguentarem até a conclusão dos processos produtivos        de longo prazo era a "única" razão para sua dependência. 

 

...na perda de tempo que está, por via de regra, ligada com o processo capitalista,                              repousa o único fundamento da muito falada e muito lamentada dependência do                        trabalhador sobre o capitalista... É apenas porque os trabalhadores não podem esperar                       

até que o processo completo... entregue seus produtos prontos para o consumo, que                          eles se tornam economicamente dependentes dos capitalistas que já mantêm em sua                        posse o que nós chamamos de "produtos intermediários".​15 

 

Por que os trabalhadores poderiam carecer de propriedade individual e coletiva em seus meios        de produção, ou serem incapazes através de esforço cooperativo de mobilizar seu próprio        "fundo de trabalho" no intervalo de produção, Böhm­Bawerk não disse. Por que os capitalistas        ocorreram de estar em posse de tanta riqueza supérflua, ele igualmente não especulou. Que o        grosso dos recursos produtivos de uma nação deva estar concentrado nas mão de uma        poucas pessoas, em vez de naquelas da maioria trabalhadora, não é de maneira alguma        auto­evidente. O próprio Böhm­Bawerk aceitou isso como completamente banal. Pela causa de        uma situação tão estranha, portanto, teremos que procurar em outro lugar que não em seu        trabalho. 

 

A resposta jaz não na teoria econômica, mas na história. A distribuição existente de        propriedade entre as classes econômicas, sobre a qual Böhm­Bawerk era tão recatado, é o        resultado histórico da violência do Estado. Examinaremos, em um capítulo posterior, o        processo de acumulação primitiva pelo qual a maioria trabalhadora foi forçosamente roubada de        sua propriedade nos meios de produção, transformada em uma classe trabalhadora sem        propriedade, e desde então prevenida pela lei e pelo privilégio de obter acesso irrestrito ao        capital. 

 

Será o bastante para o momento dizer que, embora a preferência temporal sem dúvida        seja universalmente verdadeira mesmo quando a propriedade está uniformemente distribuída,        as presentes sequelas da acumulação primitiva tornam a preferência temporal muito mais        inclinada do que ela seria de outra forma. A preferência temporal não é uma constante. Ela está        enviesada muito mais para o presente para um trabalhador sem acesso independente aos        meios de produção, à subsistência ou à segurança. Mesmo os economistas políticos vulgares        reconheciam que o grau de pobreza entre as classes trabalhadoras determinava seu nível de        salário, e consequentemente o nível de lucro​16​

 

Mas e o restante da preferência temporal que existiria mesmo numa genuína economia        de mercado, sem privilégio legal ao capital, em que os produtores mantivessem seus próprios        meios de produção? Como o princípio da preferência temporal pode ser reconciliado com a        teoria do valor­trabalho? 

 

Mesmo se o trabalho de hoje for trocado pelo trabalho de amanhã com ágio, ainda é uma        troca de trabalho. Maurice Dobb, por exemplo, sugeriu que a preferência temporal poderia se        tratada como uma renda de escassez sobre o trabalho presente. 

 

Equivalia a uma explicação em termos da escassez relativa, ou aplicação limitada, do                          trabalho aplicado a usos particulares­­a saber, na forma de trabalho acumulado                      incorporado em processos técnicos envolvendo um longo "período de produção"; uma                     

escassez que persistia por motivos da miopia da natureza humana. Como um resultado                          desse subdesenvolvimento dos recursos produtivos, a propriedade do capital monetário,                    que na sociedade existente fornecia o único meio pelo qual processos produtivos                        prolongados podiam ser empreendidos, carregavam consigo o poder de extrair uma                      renda dessa escassez. Como um senhorio podia extorquir o preço de uma escassez                          imposta pela natureza objetiva, assim, pareceria, o capitalista poderia extorquir o preço                        de uma escassez da natureza subjetiva do homem.​17 

 

Dobb não fez uma distinção adequada entre a escassez do trabalho presente versus o        futuro que existe naturalmente como um resultado da preferência humana por consumo        presente versus postergação; e a escassez artificial criada por certos monopólios de classe        sobre o acesso aos meios de produção. Mas mesmo assumindo­se uma economia de mercado        baseada em cooperativas de produtores, o ponto é válido. Quando o trabalho se abstém do        consumo presente para acumular seu próprio capital, a preferência temporal é simplesmente        uma forma adicionada de desutilidade do trabalho presente, em oposição ao trabalho futuro. É        apenas outro fator na "pechincha do mercado", pelo qual o produto do trabalho é alocado entre        os trabalhadores. 

 

Numa economia de posse distribuída de propriedade, como teria existido tivesse o livre        mercado sido permitido se desenvolver sem roubo em larga escala, a preferência temporal        afetaria apenas os cálculos dos trabalhadores de seu próprio consumo presente versus seu        próprio consumo futuro. Todo consumo, presente ou futuro, seria o resultado inquestionável do        trabalho. É apenas numa economia capitalista (isto é, estatista) que uma classe proprietária,        com riqueza supérflua muito além de sua habilidade de consumir, pode se manter na ociosidade        emprestando os meios de subsistência para produtores em troca de uma revindicação sobre a        produção futura. 

 

NOTAS 

 

1. Eugen von Böhm­Bawerk, ​       Capital and Interest: A Critical History of Economical Theory​                , trad. William Smart (New          York: Brentanno’s, 1922) 259.  

2. Ibid. 269. 3. Ibid. 277.   4. Ibid. 281.  

5. Ibid. 303.  

6. Murray Rothbard, ​     Man, Economy, and State: A Treatise on Economic Principles (Auburn University, Alabama:                        Ludwig von Mises Institute, 1993) 294­95, 298.  

7. Roger W. Garrison, "Professor Rothbard and the Theory of Interest," in Walter Block e Llewellyn H. Rockwell, Jr.,        eds., ​ Man, Economy and Liberty: Essays in Honor of Murray N. Rothbard (Auburn, Ala.: Auburn University Press,                          1988) 49.  

8. Böhm­Bawerk, ​Capital and Interest​ 346.  

9. Eugen von Böhm­Bawerk, ​       The Positive Theory of Capital​        , trad. William Smart (London and New York: MacMillan        and Co., 1891) 301.  

10. Ibid. 361.   11. Ibid. 358.   12. Ibid. 100.  

13. Ibid. 100­18.   14. Ibid. 330­1.   15. Ibid. 83.  

16. Michael Perelman, ​     Classical Political Economy: Primitive Accumulation and the Social Division of Labor                     

(Totowa, N.J.: Rowman & Allanheld; London: F. Pinter, 1984, c 1983) 18­9.  

17. Maurice Dobb, ​     Political Economy and Capitalism: Some Essays in Economic Tradition​                . 2nd rev. ed. (London:          Routledge & Kegan Paul Ltd, 1940, 1960) 154.  

 

NOTAS DO TRADUTOR

   

[a] A libra em ouro ou Soberano (em inglês, ​       Sovereign​) é uma moeda do Reino Unido, equivalente a uma libra        esterlina. No entanto, é utilizada na prática como reserva de valor a usar no futuro e não como moeda de troca.        Vide: http://pt.wikipedia.org/wiki/Soberano_(moeda_inglesa) 

[b] Topsy é uma personagem do livro “​       Uncle Tom’s Cabin​    ” de Harriet Beecher Stowe. Ela é uma jovem escrava,        que quando perguntada sobre quem a criou, responde “Eu acho que cresci. Não acho que ninguém me fez”. Vide:        http://en.wikipedia.org/wiki/Uncle_Tom's_Cabin#Other_characters