Introdução à Parte II: Exploração e os Meios Políticos
B. Preempção da Terra nas Sociedades Coloniais
No Novo Mundo, assim como no Velho, conforto ou independência demais por parte das classes trabalhadoras poderia ser um grande inconveniente para "a nação" ou para "o povo" (cujas entidades, presumivelmente, não incluíam os hilotas que de fato produziam as coisas consumidas pela "nação" ou pelo "povo"). A resposta do capitalista (com o poder do estado "às suas costas"), nas colônias assim como no Velho Mundo, foi (como Marx coloca) " tirar de seu caminho, pela força, os modos de produção e apropriação baseados no trabalho independente do produtor"52.
As sociedades coloniais tiveram sempre uma desvantagem, do ponto de vista das classes dominantes: a disponibilidade generalizada de terra barata. Adam Smith observou que nas colônias Norte Americanas, onde terras acessíveis estavam prontamente disponíveis, o preço do trabalho era muito alto porque o trabalhador médio preferia a independência ao emprego: " nem os grandes salários, nem a fácil subsistência que aquele país proporciona aos artífices podem subornálos a trabalhar para outras pessoas em vez de para si mesmos"53.
inaceitavelmente fraca da classe empregadora nas colônias onde o trabalho autônomo com sua própria propriedade estava prontamente disponível. O trabalho era escasso mesmo a altos salários.54
Nas colônias, os trabalhadores para contratar são escassos. As escassez de trabalhadores para contratar é a reclamação universal das colônias. É a causa primeira tanto dos altos salários, que deixam o trabalhador colonial à vontade, quanto dos salários exorbitantes que às vezes molestam o capitalista.55
Onde a terra é barata e todos os homens são livres, onde todos a quem assim lhes apetece podem obter um pedaço de terra para si mesmos, não apenas o trabalho é muito caro, no que diz respeito à parte do trabalhador no produto, mas a dificuldade é obter o trabalho combinado a qualquer preço.
Este ambiente também prevenia a concentração de riqueza, conforme Wakefield comentou: " Poucos, mesmo aqueles cujas vidas são incomumente longas, conseguem acumular grandes massas de riqueza "56. Como resultado, as elites coloniais solicitaram à
pátriamãe trabalho importado e restrições sobre a terra para colonização. De acordo com o discípulo de Wakefield, Herman Merivale, havia um " desejo urgente de trabalhadores mais baratos e mais subservientesde uma classe a quem o capitalista pudesse ditar os termos, em vez têlos ditados a si por eles"57.
Defrontado com esta situação, o capitalista poderia recorrer a um de dois expedientes. Um deles era o uso de trabalho escravo e presidiário, o qual examinaremos em maior detalhe numa seção posterior. O outro era a preempção da propriedade sobre a terra pelo regime colonial. A preempção política da terra foi acompanhada por uma negação de acesso a apropriadores comunstanto colocandose o preço da terra fora de seu alcance quanto excluindoos completamente. Wakefield sugeriu que, uma vez que "[b] em no início de uma colônia toda a terra necessariamente pertence ao governo ou está sob sua jurisdição ", o governo poderia remediar a escassez de trabalho assalariado barato controlando o acesso à terra.58
Ao mesmo tempo que excluía as classes trabalhadoras da terra virgem, o estado nas sociedades coloniais concedia grandes extensões de terra para as classes privilegiadas: para especuladores de terra, companhias de mineração e madeireiras, plantadoras, ferrovias, etc. As concessões de terra nos Estados Unidos colonial estavam em uma escala comparável àquela de William após a Conquista. Cadwallader Colden, ao classificar a população em seu State of the Province of New York (1765), colocou " os Proprietários de Grandes Extensões de Terra ", de 100.000 até mais de um milhão de acres, no ápice da pirâmide social. De acordo com James Truslow Adams, em Provincial Society, 16901763 (1927), ao Capt. John Evens, um favorito do Governador Fletcher de Nova Iorque, foi concedida " uma área de extensão indeterminada entre trezentos e cinquenta e seiscentos mil acres... ". Embora mais tarde lhe tenha sido oferecido £10.000 por esta terra, sua quitação anual era de apenas vinte xelins (isto é, £1). O Governador
Bellmont mais tarde alegou que quase três quartos da terra disponível haviam sido concedidos a trinta pessoas durante o mandato de Fletcher. Lord Courney, governador de 170208, igualmente expediu grandes concessões, frequentemente chegando às centenas de milhares de acres, mas preferia dálas a companhias de especuladores de terra. Na Nova Inglaterra, em contrapartida, Adams escreveu que o padrão anterior de concessões de terra a colonos para o estabelecimento de povoados levou a padrões mais igualitários de propriedade de terra. Infelizmente este padrão foi mais tarde suplantado pelas concessões em larga escala de terra para especuladores, para venda posterior a colonos, tanto como indivíduos quanto como companhias.59
Tal grilagem de terras foi central para a história Americana desde o princípio, como Albert Jay Nock apontou: " ...desde o tempo do primeiro assentamento colonial até os dias de hoje, os Estados Unidos têm sido considerado um campo praticamente ilimitado para a especulação nos valores de locação"60.
Se nosso desenvolvimento geográfico tivesse sido determinado de uma maneira natural, pelas demandas de uso em vez das demandas de especulação [isto é, apropriada individualmente através do trabalho, como Lockeanos, Georgistas e mutualistas concordam ser justo] , nossa fronteira ocidental ainda não estaria nem perto do Rio Mississippi. Rhode Island é o membro da União mais altamente populado, ainda assim podese dirigir de um fim dela ao outro em uma de suas estradas "diametrais", e dificilmente ver um sinal de ocupação humana.61
Uma causa da Revolução Americana foi a " tentativa... de limitar o exercício dos meios políticos no que dizia respeito aos valores de locação " por parte da GrãBretanha (a saber, a proibição, em 1763, dos assentamentos a oeste da bacia do Atlântico). Isto prevenia a preempção da terra por especuladores em conluio com o estado. 62 Os livros de história convencionais, claro,
retrataram isso como uma ofensa principalmente contra o apropriador individual, em vez de contra as grandes companhias de terra. Muitas das principais figuras no final do período colonial e começo do período republicano eram proeminentes investidores destas companhias de terra: por exemplo, Washington nas Companhias de Ohio, Mississippi e Potomac; Patrick Henry na Companhia Yazoo ; Benjamin Franklin na Companhia Valdalia, etc.63
Para que ninguém tire a conclusão de que a prática de se limitar o acesso da população a terra foi uma prática apenas do Império Inglês emperucado de Warren Hastings e Lord NorthNT24, deveríamos ter em mente que ela foi seguida no "novo" Império também:
A percepção da mesma verdade [declarada por Wakefield] tem, em tempos mais recentes, levado administradores coloniais em certas partes da África a reduzir as reservas tribais nativas e impôr a taxação sobre os nativos que permanecem na reserva, com o objetivo de manter a oferta de trabalho para o empregador branco.64