• Nenhum resultado encontrado

3.5 HIPÓTESES DA PESQUISA

3.5.1 Características estruturais e processuais de rede: Governança de Rede

Nessas características estão incluídos: modelo de governança, os mecanismos formais e informais de governança. (TURRINI, et al., 2010).

Para Provan e Kenis (2008, p. 231), a forma de governança é um elemento de extrema importância para a gestão da rede, pois “envolve o uso de instituições e estruturas de autoridade e colaboração para alocar recursos, coordenar e controlar ações conjuntas em toda a rede”. Das três formas principais de governança identificadas por esses autores, conforme já detalhadas em seções anteriores, o modelo de governança pela OAR é o que mais se relaciona com a efetividade da rede, principalmente em redes grandes e complexas que requerem altos níveis de coordenação (PROVAN; KENIS (2008). Neste caso, os gestores da OAR centralizam as decisões e são responsáveis por organizar e gerenciar as relações internas e externas. A governança neste modelo é mais profissionalizada e a rede, geralmente, quando o adota está no estágio evolutivo de maturidade ou em transição do desenvolvimento para a maturidade (POPP et al., 2013). Por outro lado, a governança compartilhada é considerada mais efetiva em redes pequenas e ambientes simples, em que as interações são mais informais e flexíveis (CRISTOFOLI; MARKOVIC, 2016). Fatores como o tamanho da rede, os graus de confiança entre os membros, número de participantes, existência de consenso de metas e necessidade de competências de nível de rede, influenciam na escolha da forma de governança mais apropriada para a sua realidade (PROVAN; KENIS, 2008; POPP et al., 2013).

Como nos modelos expostos existem prós e contras, há uma tendência das redes adotarem o modelo híbrido, apresentando características tanto da governança compartilhada

como da OAR ou da governança como administração líder (POPP et al., 2013). O papel da gestão de rede é fundamental para um modelo de governança ser eficaz, especialmente no que diz respeito ao tratamento de tensões inerentes a cada formato (PROVAN; KENIS, 2008).

Apesar de vários autores estabelecerem claramente uma ligação entre o modelo de governança OAR e a efetividade da rede, por desempenhar uma função facilitadora na organização das atividades, a exemplo de Provan; Kenis (2008) e Popp et al. (2013), bem como não ter sido evidenciado, até o momento, nenhum trabalho que tenha testado a relação entre a forma híbrida e a efetividade de rede, nesta tese será considerada a hipótese desta última relação ser positiva, uma vez que esse modelo está sendo aplicado em várias redes de tamanhos distintos e agrega características positivas da governança compartilhada (flexibilidade e interação entre os integrantes das redes) e a OAR (organização e controle das diretrizes). Daí a primeira hipótese:

H1a: O modelo híbrido de governança (compartilhado e OAR) está positivamente relacionado com a efetividade da rede como um todo.

Os mecanismos formais de governança (centralização, formalização, especialização, coordenação, incentivos e controles) são utilizados para sustentar a interação das partes interessadas da rede. Vários estudos indicam a presença da relação entre esses mecanismos e a efetividade da rede (GRANDORI; SODA, 1995; ALBERS, 2005, 2010; CRISTOFOLI; MARKOVIC, 2016; WEGNER; DURAYSKI; VERSCHOORE FILHO, 2017). Cristofoli e Markovic (2016) mostram que a abordagem hierárquica clássica quanto à coordenação e controle se sustenta em um ambiente de rede e é considerado um elemento-chave que promove o seu sucesso. Dessa forma, atividades relacionadas à organização de reuniões, à definição de agendas e o estabelecimento de procedimentos e instrumentos legais (contratos, estatutos, códigos de conduta) influenciam o desempenho de toda a rede. Por isso, propomos como segunda hipótese:

H1b: Os mecanismos formais de governança estão positivamente relacionados com a efetividade da rede como um todo.

Os mecanismos relacionais de governança referem-se às normas, regras, acordos e sanções que emergem da interação social existente na rede interorganizacional. Relações que são baseadas em confiança e reciprocidade permitem acessar maior nível de informação que dificilmente seria conseguido por outras formas de relacionamentos (BRAND, 2013). Para Poppo e Zenger (2002) tanto a confiança como a reputação são pilares da governança relacional

que ajudam a reduzir oportunidade de condutas oportunistas, proporcionando incentivos em função do atingimento dos objetivos da rede.

Vários autores ressaltam que a confiança na rede tem sido descrita como fator de grande relevância para uma colaboração bem-sucedida e que líderes e gestores desempenham um papel importante na construção da confiança dentro de uma rede (CHEN, 2008; PROVAN; KENIS, 2008; MCGUIRE; SILVIA, 2009; MILWARD et al., 2010).

Para Chen (2008), quando há na rede uma relação sólida baseada na confiança, pode reduzir os custos da ação coletiva em colaboração e, assim, aumentar a probabilidade de resultados colaborativos positivos. A confiança em uma rede também é baseada em uma expectativa de reciprocidade. A qualidade das relações tem sido geralmente aceita como um indicador de confiança, pois, à medida que, uma organização declara que a qualidade de sua relação com outra organização é de moderada a alta, então há evidências de confiança (MILWARD et al., 2010).

Na literatura sobre a teoria organizacional, as organizações podem trabalhar juntas por vários anos para desenvolver verdadeiras relações de confiança (PROVAN et all., 2011). Assim, embora as organizações estejam dispostas a se conectar a novos parceiros, esses novos relacionamentos, inicialmente, serão testados e não profundos; neste caso, a confiança demorará mais para se desenvolver. Nesse contexto, Popp et. al. (2013) explicam que a confiança é construída através de um loop cíclico, ou seja, ela leva um tempo para se desenvolver. Além disso, ela cresce à medida que a colaboração tem algum sucesso. Esses autores mostram que o processo de construção de confiança é criticamente importante, mas necessita de atenção contínua às mudanças na estrutura, nos membros e nos objetivos.

Gulati, Lavie e Madhavan falam sobre confiança em relação à receptividade. Sobre isso eles afirmam:

a confiança interorganizacional define a extensão em que uma organização e seus parceiros podem confiar um no outro para cumprir obrigações, se comportar de maneira previsível, negociar e agir de boa-fé. A confiança interpessoal complementa a confiança interorganizacional, mas é distinta dela (2011, p. 216).

A presença de confiança pode influenciar a receptividade de um membro da rede no tocante à troca de recursos ou conhecimento. Além disso, estudos mostram que as relações recíprocas baseadas na confiança são um componente necessário da responsabilização informal nas redes (POPP et al., 2013).

Diante dos argumentos apresentados, pressupõe-se que existe uma relação positiva entre os mecanismos relacionais de governança e a efetividade de rede. O argumento é testado com a seguinte hipótese de pesquisa:

H1c: Os mecanismos relacionais de governança estão positivamente relacionados com a efetividade da rede como um todo.

3.5.2 Características funcionais de rede: Práticas Gerenciais e Comportamentos de