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Características físicas do sêmen fracionado in natura e a fresco diluído de jumentos

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.2.1.1. Características físicas do sêmen fracionado in natura e a fresco diluído de jumentos

jumentos.

No Experimento II foram realizadas 28 coletas de cinco jumentos da raça Pêga, durante a estação reprodutiva, estando os dados referentes ao número de montas por ejaculado, características físicas do sêmen e número de doses inseminantes produzidas por

ejaculado dos jumentos apresentados na Tabela 17.

Verifica-se na Tabela 17, que em todos os parâmetros avaliados, foram observadas diferenças (p<0,05) entre os reprodutores. Em equinos, Mann et al. (1963) e Pickett et al. (1970) descreveram variações significativas nos parâmetros físicos do sêmen entre indivíduos, bem como entre ejaculados de um mesmo indivíduo. Também Rossi (2008) observou grande variação individual entre jumentos da raça Pêga, quanto às diferentes características seminais avaliadas, tais como concentração espermática, concentração de espermatozóides móveis, número total de espermatozóides por ejaculado e número total de espermatozóides móveis por ejaculado. Em relação ao comportamento sexual dos reprodutores utilizados no presente experimento, observou-se que o número de montas por ejaculado diferiu (p<0,05) entre o jumento 4 e os demais, sendo superior para este reprodutor. Entretanto, deve-se ressaltar a utilização de um pequeno número de ejaculados (dois) deste animal, o que pode ter contribuído para a alta média observada. São escassas, na literatura, publicações que caracterizaram a fração rica em espermatozóides de ejaculados de jumentos. No presente experimento, observou-se que o volume desta porção do ejaculado variou de 8,60 a 35,50 mL, com média de 18,29 mL, sendo inferior ao volume do ejaculado total descrito por Morais et al. (1994b), de 59,88±15,54 mL, e Canisso et al. (2010), de 47,30±28,70 mL, como era de se esperar. Trimeche (1996) observou em jumentos da raça Poitou frações ricas com volumes variando de 6 a 23 mL, variação bem menor que a observada no presente experimento. Para uma fração rica do ejaculado de jumentos, composta pelos dois primeiros jatos do mesmo, Mello (1998) obteve volumes variando entre 9,72 e 47,00 mL. Apesar da fração rica, no presente experimento, incluir o terceiro jato do ejaculado, a variação quanto ao volume desta fração aproxima-se da

descrita por Mello (1998) para os dois primeiros jatos.

Comparando-se esta variável entre os cinco jumentos utilizados como doadores de sêmen, observa-se que o jumento 2 respondeu pela maior média observada, que foi superior (p<0,05) às dos demais jumentos. A segunda maior média para volume foi observada para o jumento 4, que apresentou-se inferior (p<0,05) à do 2 e superior à do jumento 3, embora não diferisse (p>0,05) das apresentadas pelos jumentos 1 e 5, que por sua vez não diferiram entre si. Observou-se, durante a realização deste experimento, que as variações no volume da fração coletada estiveram mais relacionadas ao indivíduo do que ao tempo de estimulação sexual antes da coleta do sêmen.

Em relação à motilidade espermática média total (escala de 0-100%) para o sêmen in natura, o valor médio registrado no presente experimento (86,61±0,89%) para a fração rica foi superior aos descritos por Morais et al. (1994b), Ferreira (1993), Rossi (2008) e Canisso et al. (2010) para o ejaculado total de jumentos da mesma raça. Assim como a motilidade total, o vigor espermático médio dos espermatozóides oriundos da fração rica (4,66±0,10), observado no presente experimento, foi superior ao registrado por Canisso et al. (2010), equiparando-se ao relatado por Morais et al. (1994b), ambos avaliando o ejaculado total.

Comparando-se estas variáveis entre os indivíduos, observa-se que o jumento 5 apresentou valores de motilidade e vigor espermáticos inferiores (p<0,05) aos dos jumentos 1, 2 e 3, diferindo dos valores observados para o jumento 4 apenas quanto à motilidade espermática. Entretanto, após a diluição do sêmen, a motilidade espermática não diferiu (p<0,05) entre os reprodutores avaliados.

Tabela 17. Características físicas do sêmen e número de doses inseminantes produzidas por jumentos da raça Pêga, utilizados no Experimento II.

a,b,c Médias seguidas por letras distintas na linha diferem entre si (p<0,05).

* Menor motilidade observada após a diluição, utilizada para o cálculo da dose inseminante.

Parâmetros Avaliados Jumentos Total 1 2 3 4 5 Nº de ejaculados 8 6 5 2 7 28 Montas/ejac. 1,38± 0,18b 1,00± 0,21b 1,00± 0,23b 3,50± 0,36a 1,57± 0,19b 1,43±0,15 Volume (mL) 14,19± 2,26bc 35,50± 2,61a 8,60± 2,86c 23,50± 4,52b 13,67± 2,42bc 18,29±2,16 Motilidade (%) 89,38± 1,18a 89,17± 1,36a 87,00± 1,49a 87,50± 2,36a 80,71± 1,26b 86,61±0,89 Vigor (0-5) 4,94± 0,12a 4,92± 0,14a 4,80± 0,16a 4,75± 0,25ab 4,00 ± 0,13b 4,66±0,10 Motilidade pós- diluição* (%) 83,75± 1,30 85,00± 1,50 83,00± 1,64 80,00± 2,60 77,86± 1,39 82,14±0,83 Sptz/mL (x106) 888,75± 125,48ab 528,33± 144,90b 1248,00± 158,73a 560,00± 250,97b 618,57± 134,15b 784,64±79,23 Sptz móveis/ mL (x106) 742,50± 103,69 ab 450,42± 119,74b 1033,80± 131,16a 443,00± 207,39b 485,21± 110,85b 646,21±66,05 Sptz total/ ejac. (x106) 12146,88± 1649,11ab 18286,67± 1904,23 a 9579,00± 2085,98b 13010,00± 3298,22ab 7946,57± 1762,97b 12015,57± 1081,38 Nº de sptz móveis/ ejac. (x106) 10145,69± 1393,27ab 15641,33± 1608,81 a 7835,10± 1762,36b 10332,50± 2786,54ab 6216,19± 1489,47b 9941,69± 942,86 Volume de sêmen/ dose 0,58± 0,11 ab 0,92± 0,13ab 0,47± 0,14b 0,92± 0,22ab 1,10± 0,12a 0,79±0,07 Volume de diluidor/ dose 21,42± 0,11 ab 21,08± 0,13ab 21,53± 0,14a 21,09± 0,22ab 20,90± 0,12b 21,21±0,07 Nº de doses/ejac. 25,22± 3,47ab 39,02± 4,00a 19,54± 4,39b 25,84± 6,94ab 15,56± 3,71b 24,79±2,35

A concentração espermática por mL de sêmen do ejaculado total de jumentos da raça Pêga variou de 198,71 x 106 (Rossi, 2008) a 444,11 ± 182,72 x 106 sptz/mL (Morais et al., 1994b). No presente experimento, a concentração espermática da fração espermática rica de reprodutores da mesma raça, variou de 528,33±144,90 a 1248,00±158,73 x 106 sptz/mL, com um valor médio de 784,64±79,23 x 106 sptz/mL, bem superiores às concentrações descritas anteriormente, para o ejaculado total.

Para os dois primeiros jatos do ejaculado de jumentos da raça Pêga, Mello (1998) registrou concentrações espermáticas variando de 246,25±103,07 a 930,05±260,53 x 106 sptz/mL. No presente experimento, para jumentos da mesma raça, observaram-se médias ligeiramente superiores. Talvez a presença do terceiro jato, seja responsável por esta diferença. Entre os cinco indivíduos avaliados, as menores (p<0,05) concentrações espermáticas foram observadas para os jumentos 2, 4 e 5, que diferiram (p<0,05) da maior média registrada, apresentada pelo jumento 3. Por outro lado, a concentração espermática registrada para o jumento 1 não diferiu (p>0,05) das demais médias.

Sendo uma resultante da motilidade e da concentração espermáticas, observou-se que o número de espermatozóides móveis/mL apresentou um comportamento similar ao descrito para o número de espermatozóides por mL de sêmen.

O volume de sêmen e de diluidor necessários para se produzir uma dose inseminante de 22 mL e 400x106 sptz móveis, também diferiu (p<0,05) entre os reprodutores. Assim, o reprodutor 5 exigiu um maior (p<0,05) volume de sêmen/dose inseminante quando comparado ao jumento 3, que exigiu o menor volume, devido à sua alta concentração espermática. Para os demais jumentos (1, 2 e 4) observaram-se valores intermediários, que não diferiram (p>0,05) entre si, nem dos demais (3 e 5). Situação inversa foi observada para o volume de diluidor, uma vez que o

volume da dose inseminante foi fixado em 22 mL.

No presente experimento, o número total de espermatozóides, presentes na fração rica do ejaculado de jumentos da raça Pêga, variou de 7,95 a 18,29 x 109 espermatozóides. Para uma fração rica representada apenas pelos dois primeiros jatos do ejaculado, de jumentos da mesma raça, Mello (1998), registrou número total de espermatozóides de 9,04 a 14,35 x 109 espermatozóides. Assim, o maior número de espermatozóides na fração rica do ejaculado, no presente experimento, deve-se, provavelmente a inclusão do terceiro jato na fração rica do ejaculado.

Vale salientar, aqui, que o número médio total de espermatozóides presentes no ejaculado fracionado, no presente experimento (12,02±1,01x109sptz/mL), foi inferior ao descrito por Morais et al. (1994b). No entanto, apresentou-se similar ao descrito posteriormente por Canisso et al. (2010) para o ejaculado total de jumentos da raça Pêga, demonstrando-se que a fração espermática rica responde por uma alta porcentagem da concentração espermática do ejaculado total dos asininos. Resultado similar foi obtido por Mello (1998), quando a fração rica do ejaculado de jumentos respondeu por 94% do total de espermatozóides do ejaculado, em aproximadamente 57,6% do volume de sêmen.

Desta forma, a coleta fracionada não acarreta grande perda, em relação à coleta total, quanto ao número total de espermatozóides coletados, bem como ao número potencial de fêmeas a serem inseminadas. Assim, fixando- se o número de espermatozóides por dose inseminante em 400x106 sptz móveis, o ejaculado fracionado dos jumentos, utilizados no presente experimento, foi capaz de produzir de 15,56 a 39,02 doses inseminantes, com uma média de 24,79 doses. Quando coletou o ejaculado total de cinco jumentos da ração Pêga, Rossi (2008) relatou uma produção de 5,60 a 27,66 doses inseminantes (400x106 sptz móveis)/ ejaculado. Demonstrou-se, assim, que a sua utilização

não reduziu as vantagens da coleta e diluição do sêmen como ferramenta de maximização da utilização de um reprodutor, quando um ejaculado, mesmo que fracionado, pode ser utilizado para a inseminação de até 24 fêmeas, dentro e/ou fora da propriedade onde se encontra o garanhão (Tabela 17).

4.2.1.2. Características físicas do sêmen