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Contêiners utilizados para o resfriamento e/ou transporte do sêmen de equídeos

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Fatores a serem considerados no processo de resfriamento, transporte e utilização do

2.1.1.12. Contêiners utilizados para o resfriamento e/ou transporte do sêmen de equídeos

de equídeos

O resfriamento do sêmen equídeo pode ser realizado em sistemas de refrigeramento ativo ou passivo. O primeiro apresenta decréscimo da temperatura padronizado e não sofre influência da temperatura ambiente; entretanto, sua aplicabilidade econômica e prática é limitada para as condições de campo (Davies-Morel, 1999; Valle et al., 1999). Para o resfriamento e transporte do sêmen equino, unidades de resfriamento do tipo

contêiner foram desenvolvidas. Dentre eles destacam-se o Equitainer (Douglas-Hamilton et al., 1984), Celle e Sarsted (Hueck, 1990), Especial (Palhares, 1997) e Celle modificado (Valle, 1997). Apesar da praticidade de propiciarem o resfriamento do sêmen enquanto o mesmo é transportado, a maioria destes contêiners deve retornar ao remetente devido ao seu alto custo (Jasko et al., 1992a). Um dos contêiners mais utilizados no mundo para o transporte de sêmen equino é o desenvolvido por Douglas-Hamilton et al. (1984), denominado Equitainer™. Este sistema é dotado de um volume termicamente isolado, onde um bloco refrigerador à temperatura de 0ºC resfria a amostra removendo seu calor por condução, a uma taxa controlada. Um recipiente condutor interno proporciona um ambiente isotérmico, no qual a amostra seminal é armazenada, em sacos plásticos estéreis. Este sistema promove então uma taxa de resfriamento inicial de - 0,3ºC/min., atingido uma temperatura final entre 4 e 6ºC, em torno de 10h após o fechamento do contêiner, sendo esta temperatura mantida por até 36h.

Avaliando o comportamento da motilidade espermática do sêmen armazenado no Equitainer™, Douglas-Hamilton et al. (1984) registraram valores médios de 76% entre 10 e 13h de armazenamento, 64% entre 14 e 24h e de 59% entre 24 e 36h. Deve-se ressaltar que foram utilizados apenas três reprodutores para a obtenção destas médias. Uma das desvantagens desse sistema é que o volume de sêmen é armazenado em recipiente único sem individualização das doses inseminantes. No teste de fertilidade, o sêmen armazenado no Equitainer™ e utilizado entre 6 e 12h após a coleta resultou em 90% de concepção; similar ao observado para o sêmen utilizado entre 12 e 24h após a coleta (93%). Ao final de três ciclos, a taxa de concepção obtida com sêmen armazenado por até 24h foi de 91% (Douglas-Hamilton et al., 1984).

Nos Estados Unidos, contêiners alternativos ao Equitainer™, de menor custo foram

desenvolvidos, dentre eles o ExpectaFoal™, constituído de um recipiente isolado para o acondicionamento do sêmen, blocos de gelo, uma caixa de isopor revestida por uma tampa de papelão; e o Equine Express™, adaptado de um sistema desenvolvido para o transporte de sêmen humano, originalmente sueco, que consiste em seringas utilizadas para o acondicionamento do sêmen diluído, uma caixa de isopor e um bloco de gelo único. Katila et al. (1997) avaliaram o comportamento in vitro do sêmen equino acondicionado nestes três sistemas comerciais para o resfriamento e transporte do sêmen: Equitainer™, ExpectaFoal™ e Equine Express™. Para tal utilizaram quatro ejaculados de três garanhões, diluídos em diluidor de leite em pó desnatado – glicose a uma concentração de 25 x 106 espermatozóides/mL e armazenados por 24h. O intervalo entre o início do resfriamento até que a temperatura da amostra excedesse 10°C, já durante a fase de reaquecimento, foi de 27,5; 33,5 e 53h, para o Expecta-Foal,™ Equine Express™ e Equitainer™, respectivamente, indicando superioridade do último contêiner, por manter o sêmen à temperatura inferior à 10ºC por mais tempo. Entretanto, após 24h de armazenamento, os valores médios de motilidade total e progressiva, não diferiram (p>0,05) entre os três contêiners.

Os trabalhos realizados à procura do contêiner ideal têm sido associados à obtenção da melhor forma de envasamento do sêmen. Assim, tem-se buscado o envasamento em frascos ou bolsas plásticas, que permitam a eliminação de todo o ar presente, a fim de se diminuir a aeração e a agitação do sêmen durante o transporte (Silva Filho, 1994). O contêiner ideal deve atender às seguintes exigências: 1) apresentar um isolamento completo do meio exterior; 2) obter uma taxa lenta de resfriamento; 3) manter a temperatura após estabilização (4-8°C), durante o maior período possível, 4) proteger o sêmen contra atrito; 5) possuir uma estrutura forte para permitir segurança durante o transporte e 6)

ser simples, de baixo custo, leve e de fácil manuseio (Palhares, 1997).

Baseando-se nesses princípios, vários experimentos foram realizados no Brasil, dentro de uma linha de pesquisa, visando-se o aprimoramento dos contêineres (Palhares, 1987; Palhares, 1988; Silva Filho et al., 1991; Silva Filho, 1994; Carvalho, 1994; Ribeiro Filho, 1996; Valle, 1997).

Um recipiente de transporte e resfriamento do sêmen equino baseado no contêiner ―Celle‖ descrito por Hueck (1990) foi proposto por Ribeiro Filho (1996). Este sistema consistia basicamente de um orifício maior central, onde era inserido o componente refrigerador (um copo de cobre contendo gelo reciclável previamente armazenado em congelador por 48 horas), e quatro orifícios concêntricos ao orifício central no qual eram inseridos tubos com capacidade de 14mL, destinados a armazenar as doses inseminantes.

Palhares (1997) realizou experimentos in vitro e in vivo para determinar a taxa de resfriamento, viabilidade e fertilidade do sêmen equino, diluído em diluidor de leite desnatado-glicose, resfriado em um contêiner especialmente projetado para o transporte. O contêiner proposto é composto por seis orifícios laterais, onde eram inseridos os tubos de vidro contendo as doses inseminantes, e um orifício central, de diâmetro maior onde era inserido o bloco refrigerador. O orifício central comunica-se com os laterais, dispostos de forma concêntrica, por 14 orifícios de 0,7 cm de diâmetro. Este contêiner possibilitou taxas de resfriamento rápidas (-0,48°C/min.) entre 37 - 18°C, taxas lentas (-0,07°C/min.) entre 18- 8°C e lentas (-0,01°C/min.) entre 8 e 5,6°C. A temperatura no interior do contêiner se manteve estável por 24h. A temperatura ambiente não influenciou a temperatura no interior do contêiner até a sua abertura. A fertilidade média foi de 75,44%, sendo o tempo médio de armazenamento de 9,40 ± 2,68 horas.

Outra modificação do contêiner ―Celle‖ foi proposta por Valle (1997), sendo o mesmo utilizado para o resfriamento e transporte do sêmen equino, quando obteve-se taxas de concepção por ciclo e total de 52,03% e 77%, respectivamente. As taxas de resfriamento obtidas com este sistema foram de - 0,07°C/min. entre 37 e 19°C; -0,03°C/min. entre 19 e 9°C, sendo que a temperatura se estabilizava entre 9-10°C, às 3,5h após o início do resfriamento.

A individualização das doses inseminantes é importante para a funcionalidade adequada de um contêiner, possibilitando maior praticidade no momento da inseminação, quando permite a retirada de apenas uma ou mais doses, mantendo as demais sob refrigeração. Os modelos Celle (Hueck, 1990), Especial (Palhares, 1997), Celle modificado (Valle, 1997) e Sarsted (Van der Holst, 1984) permitem a individualização das doses inseminantes. Entretanto, nos modelos Equitainer (Douglas-Hamilton et al., 1984), MSP-1 (Palhares, 1988) e MSP-2 (Silva Filho, 1991; Carvalho, 1994; Lima, 1995) o sêmen é acondicionado em um compartimento único, sem divisão prévia das doses inseminantes.

No sistema proposto por Palhares (1997), utilizam-se tubos estreitos com capacidade de 22 mL. Assim, a disposição das doses no interior do contêiner permite o transporte de 12 doses inseminantes de 10 mL (duas doses por tubo) e ainda, uma dose de segurança, distribuída no espaço remanescente dos seis tubos (2 mL/tubo).

Os contêners utilizados até o momento para o resfriamento e transporte do sêmen asinino foram o Equitainer™ e o especial. Para o sêmen asinino armazenado no sistema proposto por Douglas-Hamilton et al. (1984) por até 24h, taxas de concepção de 76,5% foram obtidas (Boeta e Quintero, 2000). Utilizando o contêiner proposto por Palhares (1997) para o armazenamento e transporte do sêmen de jumentos, Rossi (2008) obteve taxas de concepção por ciclo de 49,74%, para o

sêmen armazenado por até 12h após sua coleta.

2.1.2. Fatores inerentes às fêmeas