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Características geográfica, populacional, econômica e social

7.1 O MUNICÍPIO DE CURITIBA

7.1.1 Características geográfica, populacional, econômica e social

Curitiba é um município localizado na região leste do Estado do Paraná, região sul do Brasil. É a capital e o maior município do Estado com 1,75% da população paranaense. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Economia (IBGE) apud IPARDES (2008) toda a população do município, 1.587.315 pessoas (com estimativa de 1.797.408 pessoas para o ano de 2007) é considerada como moradora da zona urbana, pois na análise sobre as atividades econômicas se reconheceu que uma pequena parte da população vivia da produção de atividades em zonas rurais, mas, segundo os critérios do IBGE, suas moradias foram consideradas como zonas urbanas. Portanto, essa pequena parte da população foi descaracterizada como população rural.

O Índice de Desenvolvimento Humano do Município (IDH-M) no ano 2000 foi de 0,856 IDH-M, considerado o mais alto do Estado do Paraná. No Brasil, o município com o IDH-M mais alto no ano 2000 foi o município de São Caetano-SP com índice de 0,919. O crescimento do IDH-M em Curitiba no período de 1991 a 2000 teve a maior contribuição da área da educação, com o crescimento de 41,3% no período, seguida da renda, 30,8% e longevidade com o crescimento de 27,9% (Programa das Nações Unidas (PNUD) – Brasil, 2003).

Na análise do desenvolvimento social e econômico municipal o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES, 2008) refere esperança de vida ao nascer de 71,57 anos, taxa de alfabetização de adultos 96,63% e renda per capita de R$ 619,82 em Curitiba. Porém, o estudo mostrou que houve aumento de concentração de renda identificado pelo coeficiente de Gini4, que passou de 0,55 em 1991 para 0,59 em 2000.

4 O coeficiente é utilizado por economistas para verificar a concentração em distribuição de

renda e o seu cálculo é baseado na curva de Lorenz. A curva é representada pela distribuição de renda no eixo x e a distribuição da população de acordo com os níveis de renda correspondente no eixo y. Quanto mais próximo de zero for o coeficiente menor é a concentração de renda, e quanto mais próximo de um maior é a concentração de renda (Barata, 2006).

Portanto, nos dados referidos os valores do coeficiente no período mostrou a tendência de concentração de renda.

Curitiba é considerado o município sede da região metropolitana, que agrega em território contínuo 12 municípios segundo a área definida pela Lei Federal n.o 14/73. A região metropolitana de Curitiba é composta pelos municípios: Almirante Tamandaré, Araucária, Campina Grande do Sul, Campo Largo, Campo Magro, Colombo, Fazenda Rio Grande, Pinhais, Piraquara, Quatro Barras e São José dos Pinhais.

Para o IPARDES, a região metropolitana de Curitiba foi ampliada segundo critérios econômicos e sociais estabelecidos por estudos sobre o Estado do Paraná. Com a ampliação do território a região metropolitana passou a ser denominada mesorregião metropolitana. A mudança foi reconhecida pelas Leis estaduais n.os 11.027/94, 11.096/95, 12.125/98, 13.512/02, que incluíram os municípios que hoje compõem uma aglomeração metropolitana. Na mudança foram incorporados à mesorregião os seguintes municípios: Adrianópolis, Agudos do Sul, Cerro Azul, Doutor Ulysses, Quitandinha, Lapa, Tijucas do Sul e Tunas do Paraná. Entre estes alguns pertencem ao Vale do Ribeira, região de divisa entre os estados do Paraná e São Paulo que se destaca no contexto nacional por suas condições econômica e social precárias. A justificativa apontada para a inclusão dos municípios na mesorregião metropolitana foi para que os mesmos recebessem linhas programáticas de órgãos dos governos federal e estaduais (São Paulo e Paraná) no sentido de estimular o desenvolvimento social e econômico e melhorar a qualidade de vida da população local. Nesta ampliação foram incluídos também municípios do litoral paranaense, conforme demonstrado no mapa da Figura 2, a seguir (IPARDES, 2004a).

Figura 2 - Representação da composição e localização geográfica da mesorregião metropolitana de Curitiba

no estado do Paraná

Fonte: IPARDES (2004a, p.7)

No desenvolvimento econômico recente do Paraná houve processo de intensa modernização na base produtiva concentrada em alguns municípios sede de polos regionais. Nas regiões, assim como nos próprios municípios, pode ser observada significativa disparidade na distribuição da população e desigualdade social. A ocorrência deste fenômeno foi atribuída à inserção da população na produção e, consequentemente, pela sua reprodução social que agregou nos territórios menores grupos populacionais homogêneos e, ao mesmo tempo com diversidades entre si, evidenciando a desigualdade social nos espaços urbanos (IPARDES, 2004a).

O contexto descrito acima permite refletir sobre o agravamento das questões ambientais no Estado. A ocupação acelerada de territórios urbanos nos últimos anos foi sem preparo mínimo de infraestrutura para atender o número de pessoas que passaram a viver nos locais. Entre as condições de despreparo se destaca a falta de organização para a destinação de esgoto e

de lixos domésticos. Nos espaços rurais, a produção em larga escala de um único produto (monocultura de grãos) levou ao desmatamento, ao uso de agroquímicos e à aplicação de tecnologias para maior produtividade. As consequências desse fenômeno vão além do uso de produtos nocivos à saúde do homem no campo, ou seja, o desmatamento e o uso intenso de agroquímicos também comprometeram os recursos hídricos e o solo utilizado na cultura. O objetivo deste modelo de produção foi atender ao mercado agroexportador, no qual o Paraná tem se destacado no cenário brasileiro nos últimos anos (IPARDES, 2004a).

Desse modo, o desafio de buscar um desenvolvimento socialmente mais equilibrado, evitando a desagregação social, pressupõe a inclusão de amplos segmentos da população, de forma digna, nos processos produtivos e de consumo, bem como o controle e recuperação das condições ambientais. Desses compromissos não estão dispensadas mesmo as regiões mais dinâmicas do Estado, pois, embora concentrem oportunidades econômicas e sociais, essas regiões são também marcadas por acentuada heterogeneidade, a qual, ao conjugar-se à concentração populacional, dá origem a grandes bolsões de miséria. A mesorregião Metropolitana é marcada por esta diferenciação social, possuindo municípios nos dois extremos do quadro social paranaense. Ademais, mesmo municípios melhor situados neste quadro, como Curitiba, de modo particular, apresentam expressivas desigualdades intramunicipais. Sem dúvida, uma gestão pública comprometida em fazer das políticas sociais um instrumento de correção das desigualdades pode trazer efeitos progressivos para a população e para a economia, considerando que ao elevar o patamar de vida da sociedade também são construídas condições para uma inserção mais competitiva. Essa perspectiva representa buscar avanços em políticas que contemplem necessidades dos diferentes segmentos sociais e atenda a especificidades locais, mas pressupõem fundamentalmente que as forças políticas e sociais que definem e realizam as ações governamentais se encontrem alinhadas com os interesses de distribuição da renda e de atendimento à população na direção da maior inclusão, tendo a lucidez de que são fortes os condicionantes para que prevaleça seu caráter excludente (OLIVEIRA, 2001 apud IPARDES, 2004a, p.3).

O desafio para a gestão pública apontado pelo IPARDES (2004a) se deve ao desenvolvimento de uma sociedade que nos últimos anos teve acentuada migração populacional da zona rural para a zona urbana. Como referido anteriormente este fenômeno pode ser percebido nos municípios sedes das regiões do Estado com mais oportunidade de inserção do indivíduo na produção. A origem deste processo de migração foi o modelo de produção agrícola adotado no Estado para atender às demandas do comércio

agroexportador, já mencionado anteriormente, e acentuado pela implantação de indústrias nos territórios das cidades sedes. Curitiba é considerado um dos municípios sedes, no caso da região leste do Estado.

O Paraná é um dos Estados brasileiros com participação significativa na produção de grãos em larga escala para exportação. A produção é retirada do campo por transportes rodoviários e levada ao porto de Paranaguá para ser colocada em navios com o destino dos compradores no comércio internacional. A região portuária do município de Paranaguá pertence à mesorregião metropolitana de Curitiba. Os produtos que são retirados do interior do Estado e de Estados vizinhos, para chegarem ao porto por rodovias, passam por Curitiba ou em rodovias que estão no seu redor.

Na dinâmica da produção e exportação de grãos a população rural e de pequenos municípios são deslocadas na busca de oportunidade de trabalho em indústrias ou serviços que se localizam nos municípios polos. Porém, neste processo de migração as pessoas descobrem uma realidade não muito promissora. Neste caso, a dificuldade de acesso ao trabalho ocorre por vários motivos, entre eles destacam-se o despreparo dos indivíduos para os empregos oferecidos pela baixa escolaridade e por não terem domínio de conhecimentos tecnológicos específicos para atender às exigências das indústrias e dos serviços. Sem perspectiva de inserção nos processos de trabalhos com registro em carteira, remuneração digna e benefícios, os indivíduos são levados a se inserir em trabalhos precários ou subemprego. A possibilidade de moradia passa a ser em locais com custo baixo ou mesmo em situações irregulares. Esta situação pode ser observada em territórios periféricos do próprio município de Curitiba, como também nos municípios da região metropolitana.

Ao estudar a realidade demográfica, socioeconômica e política do Paraná, dos anos 70 aos anos 90, o IPARDES (2004b) encontrou modificações na distribuição da população nas zonas rurais e urbanas. Segundo os dados, a população rural do Estado foi reduzida a menos da metade no período. O Instituto refere que no início do período (1970) o IBGE descreveu a população rural com 4.450.783 pessoas e, no ano 2000 esta passou a ser representada por 1.777.374 pessoas. Esse movimento de migração também foi

percebido no Brasil ao longo do mesmo período. A migração da população rural e do interior dos Estados brasileiros é um fenômeno atribuído às mudanças no modelo de produção em todo o país descrito como a implementação da mecanização no campo e o crescimento de polos industriais em determinadas regiões, entre as quais se encontra o município de Curitiba e municípios da região metropolitana.

[...] a inserção na economia globalizada e a absorção do novo padrão de acumulação baseado na flexibilização produtiva, este caracterizado por mudanças profundas no paradigma tecnológico vigente na fase fordista, aprofundaram e transformaram o nexo entre as dinâmicas urbana (espacial) e econômica. A interconexão global entre os mercados cambiais e financeiros e o aprofundamento da internacionalização produtiva; a reorganização do modelo empresarial e tecnológico, a formação de redes empresariais e a tendência à terceirização trouxeram importantes mudanças nos padrões locacionais. O novo padrão de acumulação, alicerçado em um fluxo contínuo de inovações tecnológicas e demanda de novos serviços, exige que as cidades adaptem sua infraestrutura e seu meio socioprofissional como condição para o desenvolvimento da base material. A presença ou ausência desses requisitos implicará a constituição de pólos dinâmicos da economia globalizada ou a relegará à concentração de atividades de baixa qualificação, realimentando um processo de causação circular, no qual a degradação econômica, social e ambiental é reiterada (Nojima; Moura; Silva, 2004, p.1).

Quanto ao número de domicílios (2.132,60), nos 399 municípios do Estado do Paraná, atendidos com saneamento básico, água tratada e coleta de esgoto, pela Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR) no ano 1999 teve-se que a quase totalidade (2.072,90 domicílios) recebia água tratada, mas nem a metade recebia a coleta de esgoto (794,7 domicílios – representando 38,34% dos domicílios). Mesmo com esses índices, cabe destacar que a situação registrada em 1999 apresentou avanço com relação à situação que se tinha em anos anteriores, na qual a cobertura de esgoto tratado era ainda menor. Quanto ao crescimento na distribuição de energia elétrica nos domicílios urbanos, os dados apresentam que esta é uma situação que avançou na década de 1990, pois o número de domicílios registrados com energia no Estado cresceu 134%. Porém, nos domicílios rurais a situação se manteve praticamente inalterada, ou seja, sem crescimento de domicílios com energia desde anos anteriores. Contraditoriamente ao quadro apresentado, o Estado do Paraná vem aumentando a sua produção

de energia elétrica, assim como o aumento consumo per capita (kwh por habitante), sendo o município de Curitiba aquele que apresenta o maior índice de consumo de energia em domicílios, comércio e serviços e setor industrial (IPARDES, 2004b).

Ao analisar o perfil das famílias pobres no Paraná, com base nos dados do Censo 2000 do IBGE, caracterizando-as segundo classe social e meio, rural ou urbano, sendo classe social compreendida pela renda per capita (até ½ sal mim, de ½ sal mim a 1 sal mínimo e acima de 1 salário mínimo), teve-se como resultados que para famílias de classe social com maior poder aquisitivo (renda per capta acima de 1 salário mínimo) a queda na taxa de natalidade foi mais acentuada, assim como o aumento na expectativa de vida, principalmente para as pessoas que viviam em centros urbanos. Para as famílias de classe social com menor poder aquisitivo (renda per capta abaixo de 1/2 salário mínimo) observou-se menor queda na taxa de natalidade e pouca diferença na expectativa de vida ao longo destes anos principalmente na população moradora da zona rural (IPARDES, 2003). Estudo sobre mudanças na distribuição da população do Paraná, segundo os censos demográficos de 1991 e 2000, verificou discreta queda na taxa de natalidade e aumento significativo de população idosa (de 70 anos e mais) (IPARDES, 2004b).