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A B Figura 32 Localização do município de Viçosa-MG, na Zona da Mata Mineira

3.2. Caracterização climática

Quanto à sazonalidade do balanço hídrico, baseado em Thornthwaite (1948), Viçosa apresenta um excedente hídrico entre os meses de novembro a março de 366,3mm. A partir do mês de abril se inicia o período de retirada hídrica, estendendo-se até setembro, o que acarreta uma deficiência hídrica de 54,5mm, um valor não muito elevado se considerarmos o período de 6 meses (abril a setembro), quando os índices mensais de pluviosidade não ultrapassam a 55 mm (setembro).

Neste período, o total pluviométrico acumulado é de 195mm, equivalente a 16,0% do total pluvial anual. Após o mês de setembro, finda a estação seca, a pluviosidade no mês de outubro, ainda que superior a 100mm, muito semelhante aos totais das chuvas da estação de verão, não é suficiente para completar a capacidade de armazenamento de água no campo e a vegetação não tem a oferta plena de água que necessitam.

O clima segundo a classificação de Thornthwaite (Figura 36) demonstra a forte influência da continentalidade, pelo fato de existir duas estações definidas: uma chuvosa e de grandes excedentes de água, e outra marcada pela deficiência hídrica.

Resulta daí seu clima primeiro úmido (B1) com deficiência hídrica de abril a setembro e moderado déficit hídrico de maio a setembro, sobretudo de junho a setembro (w), E, do ponto de vista da eficiência termal, seu clima é do tipo terceiro mesotérmico (B´3), com uma eficiência termal no verão de 33,4% (a`).

No inverno (junho, julho e agosto), a precipitação média mensal é inferior a 25 mm, os dias são geralmente claros, com ventos fracos. As madrugadas e as manhãs são muito frias, acentuadas pela inversão térmica, fenômeno capaz de produzir nevoeiros, em razão do relevo acidentado.

Nos dias quentes de verão, há o desenvolvimento de nuvens de bom tempo (Cumulus e Sratus-Cumulus), porém em alguns dias à tarde, dependendo do aquecimento e da umidade disponível na atmosfera, é possível formar nuvens de mau tempo (Cumulus Nimbus), uma particularidade das estações de primavera e verão (outubro a março), capazes de produzir grandes aguaceiros, em decorrência dos episódios de chuva concentrada.

As precipitações mais fortes ocorrem em dezembro com um total médio de 245 mm. Nesta estação de verão não ocorrem apenas chuvas convectivas, mas, sobretudo chuvas frontais, que embora não tão significativas em razão do seu posicionamento em relação ao sentido de invasão dos sistemas polares (SEREBRENICK, 1962, p. 105) são capazes de produzir grandes prejuízos, como ocorrido em fevereiro de 1948 e janeiro de 2006 (DUTRA, et. al., 2006).

Figura 36. Classificação climática de Thornthwaite para o município de viçosa: B1 w B´3 a`

Fonte: Normais Climatológicas (1961–1990) Elaborado por Edson Soares Fialho (2008).

4.2.1. Dinâmica atmosférica em Minas Gerais.

O Estado de Minas Gerais, tem uma extensão territorial de 588.384km2, ou seja, 7,0% do território brasileiro. Mais da metade das terras das alterosas integram o Planalto Atlântico, com altitudes médias de 700m, abrangendo em sua superfície boa parte das terras altas do Sudeste. Com 93,0% de seu território acima de 300m de altitude, 57,0% acima de 600 m e quase 20,0% situados entre 900 e 1500m de altitude é o Estado mais elevado do Brasil (FERREIRA; NERY, 2002).

O relevo apresenta uma grande variedade morfológica. Embora caracterizado por altas superfícies cristalinas e sedimentares com predomínio de 500 a 1200m, entre estas aparecem amplos vales como o do São Francisco, Jequitinhonha, Doce, Paraíba do Sul, Paranaíba, Grande e Paraná. Sobre estas superfícies ergue-se

numerosas serras onde são comuns os níveis de 1200 a 1800 m como no Espinhaço Mantiqueira e Serra do Mar, cujos pontos culminantes estão acima de 2.700m na Mantiqueira e 2.200m na Serra do Mar.

Este aspecto da topografia favorece as precipitações, uma vez que ela atua no sentido de aumentar a turbulência do ar, notadamente durante a passagem de correntes perturbadas.

Por apresentar uma localização geográfica, que favorece a influência de fenômenos meteorológicos de latitudes médias e tropicais, o clima tropical de transição (ABREU, 1997) se caracteriza por um regime de duas estações bem definidas podem ser identificadas: uma seca (inverno), na qual atuam a Frente Polar Atlântica (FPA) e o anticiclone Subtropical do Atlântico Sul; e outra chuvosa (verão), na qual predominam os sistemas convectivos associados ao aquecimento continental (como pode ser visto na Figura 37) e a Zona de Convergência do Atlântico Sul (VIANELLO; MAIA, 1986; LADEIA, et. al. 1988 e FERREIRA; NERY, 2002).

Segundo Vianello e Maia (1986) o anticiclone do Atlântico Sul marca sua presença sobre Minas Gerais, trazendo ventos predominantes do quadrante norte e leste. Este centro de ação, induz uma circulação norte e a conseqüente invasão do ar tropical quente e úmido no verão. Diferentemente das massas de ar extra– tropicais, que apresentam uma direção sudoeste–nordeste, que favorece a entrada da massa polar. A colisão entre estes sistemas é responsável pelas chuvas intensas durante o verão. Esses eventos pluviais, também podem ser de curta duração, são conhecidos como “chuvas de verão”, e ocorrem geralmente no final da tarde ou início da noite, em função do forte aquecimento diurno, que intensifica a radiação telúrica e, conseqüentemente, as correntes convectivas.

No inverno, o deslocamento do Anticiclone para o continente acaba induzindo o fenômeno da subsidência, responsável pelo céu azul, ausência de chuvas e o favorecimento de condições de concentração de poluentes atmosféricos.

Freqüentemente, no verão, o atrito diferencial mar-continente acaba por originar um pequeno centro de alta sobre o continente, aparentemente desgarrado do Anticiclone do Atlântico Sul.

Estas configurações se alternam com a chegada das frentes frias provenientes do sul, responsáveis por instabilidades e bruscas mudanças do tempo, geralmente acompanhadas de chuvas. As frentes frias são mais freqüentes e intensas no inverno. Uma situação comum, durante o verão, é o semi-

As linhas de instabilidade, relacionadas a núcleos de baixa pressão, são capazes de provocar ascensão do ar quente, causar chuvas e trovoadas e até mesmo tempestades locais severas.

Essas linhas, em suas trajetórias NO–SE, atingem Minas, provocando precipitações. Intensifica-se mais ainda se atravessarem regiões fontes de vapor, tais como áreas líquidas e florestas. No interior destas, o ar encontra-se em convergência dinâmica, sendo capaz de gerar chuvas e trovoadas, às vezes, com granizos e ventos de intensidade moderada. A origem destes fenômenos está ligada ao movimento ondulatório que se verifica na frente polar em contato com o ar quente da zona tropical.

Também a topografia induz o maior desenvolvimento mecânico das linhas, tornando-as mais ativas. Porém, de acordo com Ferreira e Nery (2002) o relevo embora apresente uma relação com a distribuição da precipitação, a mesma, não necessariamente ocorre pela quantidade, mas na distribuição espacial.

Figura 37. Sistemas de circulação atmosférica perturbada na região sudeste. Fonte: Nimer (1989, p. 269).