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A B Figura 32 Localização do município de Viçosa-MG, na Zona da Mata Mineira

4. Materiais e Métodos

4.3. Entre o campo e a cidade

No primeiro nível de análise constituído pela diferença entre o campo e a cidade, optou-se por mensurar ao longo de um segmento de pontos, pois grande parte da área rural do município apresenta uma grande homogeneidade entorno da área urbana, como pode ser visto na Figura 34 da página 120, que demonstra o uso da terra no município, predominantemente, de pastagens. Em razão disso, não se julgou necessário mensurar a temperatura e a umidade relativa do ar em outras localidades. O critério de escolha do itinerário se pautou na procura de um caminho que abrangesse uma variedade de densidades de construção e uso distintos (Tabela 15).

Com base nesta prioridade, o percurso recaiu sobre o eixo Paula Cândido– Porto Firme. O ponto de partida, localizado na divisa do município de Viçosa e Paula Cândido, nas proximidades da propriedade do sítio dos Vitarelli (área de nascente do rio São Bartolomeu, vale este que sofre uma forte pressão da expansão da mancha urbana da cidade com a presença de casas de veraneio, que são alugadas para festas de finais de semana) ao longo da rodovia MG–280 em direção ao Celeiro do Forró, na rodovia MG– 356, que dá acesso ao município de Porto Firme.

O percurso contempla 17 pontos de medidas em 22km a uma velocidade de 50km.h-1 em um tempo máximo de 60 minutos (Figura 50). Os horários de medida foram divididos em dois momentos: o primeiro, de acordo com os horários padrões de leitura de estações climáticas (7:00; 13:00 e 20:00 horas), com a utilização de um termohigrômetro digital (Minipa–Modelo MT 241), acoplado a um sistema de tubos de PVC interligados (Figuras 51) instalado em um veículo (Figura 52) durante os dias de inverno (21/8/2008 e 27/8/2008) e verão (27/2/2009, 1/3/2009, 2/3/2009, 3/3/2009); e o segundo, durante a madrugada, iniciando as medidas logo após o pôr–do–sol até cerca das 4:00 horas da madrugada do dia seguinte, com base nos mesmos procedimentos de coleta.

Termohigrômetro digital de leitura direta

(MINIPA-MT214). T100 x 50 para encanamento de água envolvido com papel alumínio.

Reduções de encanamento d´agua utilizados para realizar a feitura do receptáculo termohigrométrico da esquerda para direita: Redução 50 x 40 ;

Rosca de ¾ e Redução de 11/4 x 40

Figura 51. Partes do equipamento utilizado juntamente com o termohigrômetro digital Foto: Edson Soares Fialho, obtida em Viçosa no dia 9 de abril de 2008.

Figura 52. Veículo equipado para a realização das medidas de campo. Foto: Edson Soares Fialho, obtida em Viçosa no dia 13 de maio de 2009.

Tabela 15. Caracterização dos pontos de coleta do transeto campo–cidade

Ponto Caracterização Fotos

1. Sítio Vitareli.

Localizado, na MG 280 próximo ao sítio da família Vitarelli, localizado próximo a divisa com Paula Cândido, e distante cerca de 10 km da cidade, apresenta resquícios de vegetação de mata secundária, situada nos topos das colinas, entremeadas por pastagens de gramíneas, predominante na paisagem.

Altitude: 800 metros.

2. Córrego do engenho.

Próximo a um conjunto de casa de sitiantes, onde poucos vivem da atividade agrícola, muito embora apresente ainda um aspecto de vila rural. A população residente é em grande maioria composta de funcionários públicos. A vegetação no alto dos morros ainda é conservada, mas as áreas de pasto predominam as vertentes ao redor, preocupa por se tratar de uma área de nascente de rios.

Altitude: 742 metros.

3. Palmital.

A paisagem se mantém a mesma, porém há uma maior concentração de chácaras e sítios de estudantes ou professores universitários, que buscam nesta localidade uma maior tranqüilidade. A vegetação apresenta uma maior densidade, constituindo-se mais exuberante, e alcançando em alguns trechos a rodovia.

Altitude: 703 metros.

4. E. M. Almiro Paraíso.

Paraíso dista cerca de 5 km da área central e por conta disto, apresenta uma maior densidade de construção (sítios de veraneio e residência de camponeses) ao redor da Escola municipal. Neste trecho a mata é mais pujante, em razão da existência de uma área de proteção sob a responsabilidade da UFV, denominada de Mata do Paraíso. Altitude: 690 metros.

5. Laboratório de Papel e Celulose

(LPC).

Localiza-se próximo a entrada do portão 2 da UFV. É cercada por um fragmento de mata, envolvendo esta localidade, que também dá acesso aos condomínios fechados próximos a UFV. Do lado direito da rodovia, se localiza uma represa ao longo do curso do rio São Bartolomeu, administrado pela companhia municipal de abastecimento água e saneamento (SAAE) da cidade. Altitude: 670 metros. 6. Espaço aberto de eventos da UFV.

Localiza-se no topo de morro sem vegetação (responsável pelo assoreamento do lago da UFV). Neste ponto se localiza o novo centro de convenções da UFV, em fase de finalização. Este ponto se localiza bem na faixa de transição entre uma área com baixa ocupação a alguns metros do Tiro de Guerra do Exército brasileiro, porta de entrada da cidade.

Altitude: 685 metros. 7. Esquina da Rua Gomes Barbosa com Francisco Gouveia.

Área de edificação intensa na cidade. A rua é composta por paralelepípedos e apenas algumas árvores espaçadas de modo irregular entre si e pouco desenvolvida. O fluxo de veículos é intenso ao longo do dia, pois é um dos acessos as 4 pilastras da UFV, numa rua relativamente larga, com predomínio de prédios residenciais altas entremeados de casas e sobrados antigos.

Altitude: 680 metros.

8. Igreja Nossa Senhora de

Fátima.

Intenso grau de urbanização, mas diferentemente da maioria dos bairros, há presença de uma praça, que embora seja arborizada, não é capaz de amenizar o seu entorno imediato. É o local de confluência de ruas muito íngrimes, que favorecem o acúmulo de água durante as chuvas, causando alagamentos das casas próximas. Altitude: 665 metros.

Localiza-se no bairro Cléa Bernardes, um dos mais procurados para o estabelecimento de residência pelos graduandos da UFV. Há uma grande concentração de prédios, acima dos 7 andares, e fica próximo ao centro. Ausência de vegetação. A rua é composta de pedras hexagonais de concreto e registra um intenso fluxo de veículos durante o dia e à noite, em razão das 2 academias existentes. 9. Casa Mendes.

Altitude: 660 metros,

Localizado na periferia do bairro centro, a rua Alberto Pacheco, apresenta um intenso tráfego de veículos e uma pequena praça arborizada de frente a clínica. Grande parte dos edifícios é comercial com mais de 10 andares e casas de alto padrão. A rua embora registre uma boa arborização, a mesma é inócua, em razão do sombreamento dos edifícios à tarde.

10. Clínica Santa Maria.

Altitude: 660 metros.

Localidade situada em ambiente mais aberto, cercado por edificações de baixo patamar, é pouco arborizada e apresenta forte incidência da luz solar. A praça tem uma vegetação de gramínea predominante e a inexistência de árvores adultas de médioe grande porte. O tráfego de veículos é intenso o dia todo e registra engarrafamentos freqüentes nos horários de rush. 11. Praça do Moreira´s (Mário del Guidice) Altitude: 659 metros.

Endereço do Santuário da Santa Rita de Cássia, a praça 9recoberta por pedras portuguesas) é bem arborizada, com presença de indivíduos arbóreos semidecíduos. É a localidade central da cidade. As ruas do entorno são estreitas, o que facilita a ocorrência de congestionamento ao longo de todo o dia. Além disto, a forte concentração da atividade comercial também favorece o elevado tráfego de transeuntes. 12. Praça

Silviano Brandão.

13. Esquina da rua dos Passos com Dro de Brito

Local inicial do processo de ocupação da cidade de Viçosa. As edificações são compostas de casas de sobrados antigos variando entre 2 e 3 pavimentos. A rua é estreita e de elevado tráfego de caminhões, ônibus e carros de passeio, o que lhe dá um aspecto de engarrafamento constante. Até porque liga o centro a periferia da cidade (bairros: Laranjal, Amoras e Vau-Açu). Não há arborização nas calçadas dessa rua.

Altitude: 640 metros.

14. Entrada do Julia Mollá

O bairro Júlia Mola tem características de um condomínio residencial unifamiliar, entre 2 e 3 pavimentos e uma densidade de arborização maior. Do outro lado da rua, apenas casas simples, com 2 pavimentos no máximo. Próxima a E. M. Alice Loureiro, registra picos de transeuntes nos horários de entrada e saída da Escolar.

Altitude: 636 metros.

15. Posto Líder

Localizado nas proximidades das indústrias Pif-Paf, apresenta uma menor densidade de construção, situada entre os bairros menor intensidade de construções (Inácio Martins, Laranjal, Amoras e Barrinha) e maior área vegetada. Apresenta casas pequenas e terrenos baldios.

Altitude: 635 metros.

16. Cemitério da Barrinha

Vegetação arbórea de um lado da rua, localizada dentro do cemitério, Às margens da rodovia Viçosa- Porto Firme, com pequenas construções do outro lado da rua, espaçado entre si. Este bairro foi destinado pela prefeitura a ser o distrito industrial da cidade, embora ainda não tenha atraído um número de empresas capaz de justificar a existência do distrito.

17. Celeiro do Forró.

Localizado às margens da MG–356. Distante 9 km da Praça Silviano Brandão e 4 km d o bairro Barrinha, não apresenta construção ao seu redor, com exceção do Celeiro do Forró, uma construção baixa e rústica. A vegetação ao redor é predominantemente de pastagens, apresentando apenas alguns resquícios de mata nos topos de morro em um vale estreito.

Altitude: 612 metros.

, Organizado por Edson Soares Fialho, (2008).

O segundo momento se refere às medidas noturnas. A escolha em se fazer registros, logo após o pôr–do–sol até a madrugada do dia seguinte, fundamenta-se na necessidade de se verificar qual é verdadeiramente o horário de maior intensidade da ilha de calor noturna.

Na literatura, de modo geral, indica entre 2 a 3 horas após o crepúsculo. Por conta disso, muitos estudos realizados com base nessa premissa, definem um horário a priori em que ocorrerá a intensidade máxima. Isso para nós é um equívoco, pois cada cidade tem suas particularidades.

Quanto à rotina dos registros, o percurso foi realizado entre 6 a 9 vezes (Tabela 16) durante à noite e madrugada. Este número é mais do que o recomendado por Lomas et. al. (apud PERSSON, 1997) que seriam de 5 a 14 transetos para determinar mais fielmente as diferenças de temperatura16.

Tabela 16. Data, local e horários das mensurações noturnas em Viçosa-MG. Número Data Estação do

ano Pôr–do–sol Número de transetos Tempo de referência 1 6–7/5/2008 Outono 17:27 7 20:00 – 3:26 2 7–8/5/2008 Outono 17:27 7 19:49 – 3:10 3 9–10/5/2008 Outono 17:26 9 18:33 – 4:14 4 12–13/5/2008 Outono 17:24 9 20:19 – 4:02 5 27-28/8/2008 Inverno 17:43 6 19:30 – 2:30 6 4-5/3/2009 Verão 19:18 8 19:30 –3:50 7 15-16/5/2009 Outono 17:22 8 20:37 – 3:20

Fonte: Organizado por Edson Soares Fialho (2008).

16

Apesar do autor demonstra que o transeto para ganhar uma maior consistência deva ser repetido pelo menos 5 vezes, o mesmo não se atém a questão da escala de análise, criando uma dúvida. Por exemplo, se durante o dia, a temperatura é registra em três momentos, mas como a análise procura analisar a variação da temperatura em três momentos, as medidas devem se repetir por mais 4 dias, totalizando, 15 transetos. Apesar do autor sugerir que o transeto deva ser repetido cinco vezes, o mesmo não se atém à questão da escala de análise, criando uma dúvida."