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4. A Agricultura Urbana na cidade de Lisboa

4.1. Caracterização da área de estudo

no último período intercensitário registou-se um decréscimo populacional na maioria das freguesias do concelho de Lisboa, destacando-se as freguesias do centro histórico como aquelas que registaram as maiores perdas, nomeadamente Misericórdia (-25,9%), Santa Maria Maior (-21,6) e São Vicente (-9%).

Contrariamente, a freguesias das Avenidas Novas e do Parque das Nações registaram um crescimento populacional de 7,6% e 6,5%, respetivamente.

Figura 6. População residente e Taxa de variação no concelho de Lisboa Fonte: INE, Recenseamento da População e Habitação, 2021

No que concerne à densidade populacional (todo o concelho de Lisboa possui característica urbanas que se traduzem em numa elevada densidade populacional (5.093 hab./ km² em média). A freguesia Arroios (15.653 hab./ km²), Campo de Ourique (13.411 hab./ km²), Areeiro (12.314 hab./ km²) e Penha de França (10.508 hab./ km²) são as freguesias que apresentam uma maior densidade populacional. Em sentido inverso, destacam-se as freguesias de Belém (1.587 hab./ km²), Alcântara (2.730 hab./ km²), Santa Maria Maior (3.338 hab./ km²) e Olivais (3.979 hab./ km²) como as freguesias que apresentam uma menor concentração de população no seu território.

Figura 7. Densidade populacional, em 2021 Fonte: INE, Recenseamento geral da população e habitação, 2021

Analisando o perfil etário da população residente no concelho de Lisboa, segundo os Censos de 2021, 13,1% da população tinha idade igual ou inferior a 14 anos e 23,4% tinha 65 ou mais anos, o que se traduz num índice de envelhecimento de 179,4, inferior o registado a nível nacional (182,1).

65 e mais anos 25 - 64 anos 15 - 24 anos 0 - 14 anos

291 881

0 50 000 100 000 150 000 200 000 250 000 300 000 350 000 Figura 8. Estrutura etária da população residente no concelho de Lisboa, em

2021 Fonte: INE, Recenseamento geral da população e habitação, 2011 e 2021 À escala da freguesia, o território concelhio apresenta uma grande dicotomia no que se refere ao envelhecimento da população, com as freguesias de Benfica (255,4), Misericórdia e (232,6) Beato (232,6) destacarem-se expressivamente como as freguesias mais envelhecidas do concelho, tendo assim uma maior tendência de maiores debilidades do ponto de vista social devido às fragilidades associadas a este grupo populacional. Por outro lado, as freguesias do Parque das Nações (85,8) e Santa Clara (85,8) apresentam um menor envelhecimento populacional.

127 795

55 002

71 245

Figura 9. Índice de envelhecimento, em 2021 Fonte: INE, Recenseamento geral da população e habitação, 2021

A nível educacional, e apesar das melhorias registadas ao nível da alfabetização e de escolaridade da população portuguesa nas últimas décadas, segundo os dados provisórios dos Censos de 2021, ainda se registavam níveis de escolaridade relativamente baixos no concelho de Lisboa, sendo que 13% da população não tinha qualquer nível de escolaridade completo e apenas 55,1% da população tinha completado o Ensino Secundário, correspondente à data à escolaridade obrigatória.

Contudo, é possível verificar através da Figura 10. Nível de ensino da população residente, 2021 que, comparativamente às escalas de âmbito superior, a população residente de Lisboa tende a ter níveis de escolaridade mais elevados, registando-se 36,8% da população concelhia com o ensino superior completado, significativamente superior ao verificado a nível nacional (17,4%) e regional (23%).

Portugal Área Metropolitana de Lisboa

Lisboa

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Nenhum 1º ciclo 2º ciclo 3º ciclo Ensino secundário e pós secundário Ensino superior

Figura 10. Nível de ensino da população residente, 2021 Fonte: Recenseamento da população e habitação, 2021 A freguesia de Santa Clara é a que apresenta níveis de escolaridade significativamente mais baixos, com 18,3% da sua população sem nenhum grau de ensino completo, seguida pelas freguesias de Santa Maria Maior (16%), Marvila (15,6%) e Arroios (14,5%).

Figura 11. População sem grau de ensino completo (%), 2021 Fonte: Recenseamento da população e habitação, 2021

Dos principais fatores geradores de pobreza e exclusão social, a situação perante o trabalho é, sem dúvida, a mais decisiva, visto que o acesso ao emprego se relaciona com o acesso a rendimentos para suprir as necessidades básicas da família (ISS, 2008). Assim, na esfera da empregabilidade, e tendo em conta que o desemprego é uma das principais causas de pobreza, no primeiro trimestre de 2022, a taxa de desemprego era de 6,8% na Área Metropolitana de Lisboa e de 5,9% à escala nacional.

Figura 12. Taxa de desemprego, 2011 Fonte: Recenseamento da população e habitação, Censos 2011

Uma vez que não existem dados da taxa de desemprego desagregados à escala da freguesia, a análise foca-se nos dados relativos aos Censos de 2011, importando, no entanto, alertar que estes dados podem não transparecer a atual realidade, especialmente se tivermos em consideração a situação de crise financeira vivida no país aquando da realização do evento censitário. A Figura 12 mostra que as freguesias Santa Clara (17,6%), Marvila (16,7%) e Beato (16,6%) eram as que apresentavam as maiores taxas de desemprego do concelho de Lisboa. Em sentido inverso, Lumiar e o Parque das Nações eram as freguesias que apresentavam uma menor taxa de desemprego, 8% e 8,3%, respetivamente.

Não obstante, os fenómenos não se limitam somente à questão económica, manifestando-se também no acesso aos serviços básicos ou na habitação. Considerando a forte pressão exercida sobre o mercado imobiliário em Lisboa, impulsionando o crescimento dos preços de habitação, importa ter em consideração as principais dinâmicas de crescimento do parque habitacional concelhio, assim como o seu estado de conservação, sabendo que, em última análise, estas condições podem conferir situações de carência habitacional. Os dados do último Recenseamento da População e Habitação (2021) do INE revelam existir 49 223 edifícios no concelho de Lisboa, distribuídos de forma relativamente semelhante por todas as freguesias do concelho. No que se refere à época de construção dos edifícios, o período compreendido entre 2011 e 2021 representa apenas 1,7% do total de edifícios existente no concelho de Lisboa.

Figura 13. Proporção de edifícios com necessidades de grandes reparações ou muito degradados (%) Fonte: INE, Recenseamento da população e habitação, Censos 2021

Embora ainda não existam dados mais recentes sobre as características dos edifícios, os dados referentes aos Censos de 2011 revelam que 42,9% dos edifícios do concelho apresentavam necessidade de reparação, dos quais 10,2% tratava-se de grandes reparações. Os edifícios muito degradados representavam 4,4% do total dos edifícios existentes no concelho. Através da Figura 13 é

possível observar um maior peso dos edifícios a necessitar de grandes reparações ou muito degradados nas freguesias do centro histórico, destacando-se a freguesia de Santa Maria Maior (18%

dos edifícios), sendo possível deduzir que a idade do parque edificado ser um dos principais elementos indutores do estado de conservação do parque edificado de Lisboa.

Relativamente aos alojamentos, e de acordo com os dados preliminares do Recenseamento da População e Habitação de 2021 (INE), existiam 320 143 alojamentos no concelho de Lisboa, o que face a 2011 corresponde a um decréscimo de 2% do número de alojamentos, contrariando a tendência de crescimento verificada na AML (0,8%) e a nível nacional (1,7%), situação com implicações no crescimento da pressão sobre o parque habitacional e consequentemente no preço das habitações. As freguesias correspondentes ao centro histórico de Lisboa, e alvo de maior procura turística, notam os maiores decréscimos, destacando-se a freguesia de Santa Maria Maior, com uma perda de 28,4% dos alojamentos durante o último período intercensitário, seguida pela freguesia da Misericórdia, com um decréscimo de 17,9% do número de alojamentos. As freguesias mais periféricas relativamente ao centro histórico tendem a concentrar a maioria dos alojamentos, sendo possível destacar a partir da Figura 14 as freguesias do Lumiar, Arroios e Benfica.

Figura 14. Alojamentos por localização geográfica (2021) e Taxa de variação (2011- 2021) no concelho de Lisboa Fonte: INE, Recenseamento da população e habitação, Censos 2021

Uma vez que ainda não se encontram disponíveis os dados dos Censos 2021 referentes às características dos alojamentos familiares de residência habitual, apresenta-se uma breve análise a partir dos dados de Censos de 2011, sendo necessário ter presente que poderão ter ocorrido alterações durante o período intercensitário. Nesta medida, em 2011, os alojamentos familiares de residência

habitual em Lisboa eram, em média, menores (91,5 m2) do que verificado na AML (96,3 m2) e a nível nacional (109,1 m2). Contudo, verificou-se a existência de uma percentagem de alojamentos sobrelotados no concelho (12,1%) relativamente semelhante à verificada na AML (13%) e a nível nacional (11,4%). Pese embora a significativa melhoria das condições de habitabilidade a que se tem assistido, com uma cobertura quase total das infraestruturas básicas, em 2011, no concelho de Lisboa, 1% dos alojamentos familiares clássicos não tinham, pelo menos, uma infraestrutura básica (eletricidade, instalações sanitárias, água canalizada, instalações de banho ou duche).