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Índice de figuras 

10  CAPÍTULO 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SOBRE O DESEMPENHO E A MODELAÇÃO DA LIGAÇÃO FRP/BETÃO 

2.5.  CARACTERIZAÇÃO E COMPORTAMENTO DA LIGAÇÃO FRP/BETÃO 43 

isso,  o  perfil  metálico  permite  colocar  uma  peça  ajustável  de  maneira  a  originar  um  desnível  inicial  entre  o  bloco  de  betão  e  o  perfil,  permitindo  realizar  um  estudo  mais  abrangente e mais real  do processo de descolamento do compósito de FRP já  que, ao  induzir‐se à ligação FRP/betão não só apenas as forças de corte que estão associadas ao  Modo  I  de  fractura  está‐se  também  a  introduzir  forças  de  arrancamento  que  estão  associadas ao Modo II de fractura, conseguindo‐se assim, reproduzir com mais rigor a  abertura de uma fenda por corte/flexão. 

  Esta última vantagem está bem traduzida no trabalho de Pan e Leung [101] em  que  o  estudo  se  baseia  na  modelação  numérica  da  ligação  CFRP/betão  quando  submetida  a  uma  combinação  de  forças  de  corte  e  de  arrancamento.  Os  autores  compararam ainda o Modo I de fractura com o Modo Misto (I+II) impondo inicialmente  três diferentes desníveis de 0, 4 e 8mm entre a ligação no bloco de betão e a ligação no  perfil  metálico.  O  efeito  do  comprimento  de  colagem  e  o  número  de  camadas  de  compósito de CFRP foram também outros factores estudados. Esta metodologia revelou,  como seria de prever pela presença forçada de tensões normais de tracção à superfície  de colagem, que a força de ancoragem máxima para um modo misto é menor quando  comparada  com  a  força  de  ancoragem  máxima  conseguida  aquando  da  mobilização  isolada do Modo I de fractura. O aumento do desnível entre as ligações produziu ainda  uma maior diminuição nas forças máximas ancoradas de CFRP. Saliente‐se neste estudo  que, no caso dos provetes cujo comprimento de colagem foi de 150mm e formados por  duas  camadas  de  CFRP,  o  desnível  inicial  de  8mm  entre  as  ligações  (CFRP/betão  e  CFRP/perfil metálico) levou a que a força máxima transmitida ao compósito de CFRP  decrescesse cerca de 42,6% da força máxima obtida para os provetes sem desníveis entre  as interfaces. Mais concretamente, passou‐se de uma situação em que a força máxima no  compósito de CFRP foi 11,9kN (com desnível inicial de 0mm ‐ em Modo I) para uma  força máxima no CFRP de apenas 6,8kN (com desnível inicial de 8mm ‐ em Modo I+II).    Refira‐se  por  fim,  que  para  se  efectivar  a  ruptura  no  lado  do  bloco  de  betão  devem  ser  adoptadas  medidas  preventivas  no  sentido  de  eliminar,  pela  raiz,  outros  possíveis  modos  de  ruptura  que  possam  perturbar  o  objectivo  inicial  de  estudo.  As  rupturas associadas do lado do perfil metálico devem ser por conseguinte evitadas pelo  que,  se  devem  adoptar  ancoragens  mecânicas  de  maneira  a  que  complementem  ou  dispensem a ancoragem de aderência. O facto de se prever unicamente uma ancoragem  mecânica no perfil metálico poderá vir a facilitar o reaproveitamento e reutilização de  um único perfil durante a campanha experimental de ensaios. 

 

2.5. Caracterização e comportamento da ligação FRP/betão 

Uma ligação entre um elemento estrutural de betão e um reforço exterior caracteriza‐se  essencialmente pela capacidade de aderência (tensões de corte ou de aderência) que se  consegue  mobilizar  ao  longo  desse  reforço.  No  caso  de  ficar  comprometida  a  mobilização  de  qualquer  aderência  entre  os  materiais  colados,  também  não  se  deverá  insistir  no  reforço  estrutural  por  compósitos  de  FRP.  Esta  dependência  no  desenvolvimento das tensões de aderência na ligação FRP/betão depende da classe de  resistência do betão e traduz‐se no aumento das tensões de aderência quando a classe de  resistência do betão também aumenta. Os deslocamentos relativos entre os elementos da  ligação tendem a diminuir quando aumenta a tensão de compressão do betão [18]. 

44  CAPÍTULO 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SOBRE  O DESEMPENHO E A MODELAÇÃO DA LIGAÇÃO FRP/BETÃO    As tensões de aderência que se desenvolvem ao longo do reforço dependem do  deslocamento  relativo  (ou  simplesmente  deslizamento)  entre  os  materiais  havendo  diferentes modelos que aproximam o comportamento da ligação FRP/betão através das  chamadas leis bond‐slip (ver Figura 2.21). Estas leis são definidas por diversas e distintas  funções  geralmente  encontradas  na  literatura  [34,  66, 102‐105]  e  todas  elas  pretendem  descrever,  com  maior  ou  menor  aproximação  à  realidade,  o  comportamento  local  das  tensões  de  aderência.  Os  investigadores  têm  escolhido  uma  ou  outra  lei  por  forma,  sobretudo, quanto à conveniência da sua utilização, isto é, quanto à sua facilidade em  poder  descrever  o  problema  físico  de  forma  matematicamente  mais  simples.  Nesta  perspectiva,  destaca‐se  a  lei  bond‐slip  linear  representada  na  Figura  2.21a  que  assume  um comportamento exclusivamente elástico e linear da ligação entre os dois elementos  da  ligação.  A  lei  linear  pode  descrever  muito  bem  a  distribuição  das  tensões  de  aderência  na  ligação  durante  a  fase  elástica  e  linear  dos  materiais,  isto  é,  antes  de  se  atingir  a  tensão  de  aderência  máxima  mas  não  consegue  prever  a  distribuição  das  tensões de aderência durante o regime não linear do betão. Com o surgimento de teorias  não lineares que traduzem o comportamento do betão e a introdução dos mecanismos  de fractura não lineares (NLFM), o comportamento pós‐pico tornou‐se mais relevante.  Como já se referiu anteriormente, a ideia principal destas teorias reside na consideração  que  uma  vez  atingida  a  tensão  de  aderência  máxima,  é  ainda  possível  ocorrer  a  transferência de forças através da ligação entre os agregados, quando o modo de ruína é  governado pela coesão entre os agregados. 

  Ainda na Figura 2.21, a hipótese b) descreve, aquando da obtenção da tensão de  aderência máxima, uma queda da tensão de aderência para um valor residual da tensão  de  aderência  (R)  mantendo‐se  constante  até  atingir‐se  o  deslizamento  último.  Esta  hipótese  é  mais  apropriada  para  descrever  o  comportamento  de  um  betão  reforçado  com fibras de aço mas pouco apropriada para usar em ligações coladas. Por outro lado,  a hipótese c) apresenta uma relação bond‐slip elasto‐plástica perfeita pouco apropriada  para descrever o comportamento frágil dos materiais. A hipótese d), é a hipótese mais  comum na literatura. A tensão de aderência aumenta linearmente até atingir o seu valor  máximo  decrescendo  também  de  forma  linear  até  atingir‐se  o  valor  de  deslizamento  último.  A  hipótese  quadrática  e)  pode  ser  combinada  com  outras  funções  para  traduzir‐se o ramo ascendente. De notar que quando =1 obtém‐se uma relação linear.  Por fim, a hipótese f) consiste na adopção de uma função exponencial que descreve o  comportamento  nas  fases  de  pré  e  pós‐pico  pelo  que,  apenas  é  necessário  conhecer  apenas  dois  parâmetros:  (i)  tensão  de  aderência  máxima;  e  (ii)  deslizamento  máximo  (deslizamento correspondente à tensão de aderência máxima). Noutras leis, para além  dos  parâmetros  já  enumerados,  há  a  necessidade  de  se  definir  ainda  o  deslizamento  último da lei bond‐slip para se descrever o comportamento não linear da ligação [102].  Uma alternativa à hipótese exponencial f) mantendo os mesmos parâmetros a conhecer  foi utilizada em 2001 por Nakaba [66] através da proposta de Popovics [106] baseada  numa aproximação à relação tensão‐extensão do betão e que é adaptada ao problema da  aderência entre dois materiais de acordo com a expressão:   

P

nP P s s n n s s           max max max 1     (2.30)