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Índice de figuras 

10  CAPÍTULO 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SOBRE O DESEMPENHO E A MODELAÇÃO DA LIGAÇÃO FRP/BETÃO 

2.3. Leis constitutivas de materiais frágeis

Um  grande  desafio  que  os  engenheiros  frequentemente  se  deparam  reside  na  capacidade  de  prever  a  ruptura  de  um  dado  material  com  comportamento  frágil  ou  quase frágil quando submetido a um dado estado de tensão. Ao longo dos anos, muitos  critérios  de  ruptura  foram  sendo  propostos  não  se  tendo  chegado  porém,  a  uma  uniformização uma vez que o processo de ruptura de uma rocha ou de um betão é um  processo complexo. Diversos parâmetros são considerados em todos os critérios mas o  uso ou não de todos eles ou até mesmo a combinação entre eles com o intuito de prever  a  ruptura  com  grande  fiabilidade,  continua  a  ser  ainda  um  tema  algo  incerto.  A  representação de materiais com comportamento frágil ou praticamente frágil tem sido,  por isso, objecto de vários estudos tendo em vista a aproximação do seu comportamento  por  intermédio  de  leis  constitutivas.  No  domínio  da  Mecânica  das  Rochas  tais  leis  baseiam‐se essencialmente em resultados dos ensaios triaxiais e que, por sua vez, têm 

12  CAPÍTULO 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SOBRE  O DESEMPENHO E A MODELAÇÃO DA LIGAÇÃO FRP/BETÃO  sido  utilizados  para  o  desenvolvimento  directo  de  descrições  empíricas  da  resistência  última destes materiais [42] permitindo a caracterização de diversas rochas. 

  Da  análise  dos  resultados  dos  ensaios  triaxiais  destes  materiais  sob  diversas  tensões de confinamento, tem levado ao desenvolvimento de diversas teorias de ruptura  empíricas  que tentam descrever  uma linha que  envolve os  círculos correspondentes a  diversos  estados  de  ruptura  no  critério  de  Mohr.  O  critério  de  ruptura  de  Mohr‐Coulomb  assume  que,  para  uma  dada  tensão  principal  tal  que 1>2>3,  a 

componente  da  tensão  principal  intermédia  2  não  tem  influência  na  ruptura  do 

material. 

  Porém,  no  caso  das  tensões  principais  serem  todas  de  tracção,  o  critério  de  Mohr‐Coulomb fornece valores diferentes daqueles que se obtêm por via experimental.  Esta constatação deve‐se a que as linhas rectas, tanto do semi plano superior tanto do  semi‐plano inferior formarem um vértice, o qual não existe na realidade. Nestes casos,  deve utilizar‐se o critério da tensão normal máxima, ou seja, deve verificar‐se a condição  

t definida pela linha a tracejado da Figura 2.2.      Figura 2.2: Critério de ruptura de Mohr‐Coulomb.   

Segundo  o  critério  de  Mohr,  o  material  não  rompe  enquanto  se  verificar  a  condição  expressa pela equação: 

 

1 1sin  3 1sin 2ccos   (2.1) 

 

onde  é o ângulo de atrito do material e c a coesão que indica a resistência às tensões  tangenciais quando a tensão normal é nula. 

  No  seguimento  deste  tipo  de  situação,  diversas  propostas  têm  sido  analisadas  sendo o trabalho de Hoek e Brown [44] um dos que é mais consensual. Segundo estes  autores, a linha de ruptura linear adoptada inicialmente no critério de Mohr não seria  representativa da ruptura pelo que, a adopção de uma linha de ruptura parabólica do  tipo  y2=x,  tornaria  a  envolvente  de  ruptura  mais  restritiva  e  mais  representativa  do 

comportamento dos materiais frágeis à tracção. 

  Ainda segundo Hoek e Brown [44], a superfície de ruptura é definida de acordo  com a expressão: 

2.3. LEIS CONSTITUTIVAS DE MATERIAIS FRÁGEIS  13    B C C T A                 (2.2)  

onde A e B  são constantes que definem a forma da linha de ruptura  de Mohr; C é a  tensão de ruptura à compressão do material; T é dado pela expressão:   

m m s

T 4 2 1 2    (2.3)   em que m e s são constantes adimensionais que dependem intrinsecamente do tipo de  material.    Na Tabela IV do trabalho de Hoek e Brown [44], pode‐se encontrar os valores  recomendados  para  as  constantes  A,  B,  m  e  s  para  diversos  materiais  com  comportamento frágil. 

 

2.3.1. Comportamento frágil do betão 

Apesar do betão ser um material muito antigo, o seu comportamento frágil permanece  ainda longe de estar bem conhecido. A capacidade resistente de um betão depende das  microfendilhações  que  precedem  a  sua  capacidade  resistente  máxima  pelo  que,  num  ensaio uniaxial em prismas de betão com controlo da deformação, pode observar‐se um  abaixamento  acentuado  dessa  capacidade  resistente  após  se  ter  atingido  a  tensão  de  tracção  máxima,  conforme  se  mostra  pela  Figura  2.3  [45].  A  razão  deste  abaixamento  reside  na  heterogeneidade  que  o  betão  apresenta  proporcionando‐lhe  um  comportamento  não  linear.  O  comportamento  não  linear  do  betão  armado  fica  a  dever‐se  essencialmente  a:  (i)  fendilhação  do  betão  sob  tensões  de  tracção;  e  (ii)  a  cedência das armaduras ou esmagamento do betão em compressão. As não linearidades  surgem também da interacção dos constituintes do betão armado como as leis bond‐slip  que  se  estabelecem  entre  as  armaduras  e  o  betão  envolvente,  da  interligação  entre  os  agregados bem como da resposta das armaduras perante o aparecimento de uma fenda.  Outros  factores  que  dependem  da  variável  tempo  como  a  fendilhação,  retracção  e  variações  de  temperatura  também  contribuem  para  o  comportamento  não  linear  do  betão. Analogamente, a relação tensão‐extensão do betão não é apenas não linear, mas é  também  diferente  quando  submetida  a  tensões  de  tracção  ou  de  compressão  e  as  propriedades  mecânicas  dependem  da  idade  do  betão  aquando  da  solicitação  e  das  condições ambientais, tais como a humidade e a temperatura [46]. 

  O  comportamento  não  linear  do  betão  é  também  identificável  para  níveis  de  tensão baixos. Esta característica é justificável pelas microfendas que se desenvolvem na  interface entre os agregados e a restante mistura de cimento que surgem por segregação,  retracção, expansão térmica ou até mesmo pela diferença de rigidez entre os agregados e  a mistura de cimento. Como esta interface apresenta uma resistência consideravelmente  inferior  à  tensão  resistente  da  mistura  de  cimento,  esta  interface  é  por  conseguinte  o  elemento mais frágil do sistema conferindo ao betão um comportamento também não  linear para níveis de tensão muito baixos.