Índice de figuras
2 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO
1.3. Organização da tese
corte realizados pretendem, por um lado fornecer dados para a análise computacional, por outro posssibilitam a validação do uso do programa de cálculo automático aquando da fase de projecto, permitindo ao projectista a sua utilização mediante a adopção de metodologias e a quantificação de parâmetros inerentes a um reforço de vigas de betão armado com compósitos de GFRP que neste trabalho se pretendem esclarecer. Este estudo surgiu na sequência da investigação realizada anteriormente [18] e da necessidade crescente em adquirir conhecimentos mais aprofundados e mais representativos da degradação duma ligação GFRP/betão. A modelação computacional efectuada em [18] contemplava apenas o recurso a modelos bidimensionais sendo que, havendo actualmente disponível uma versão tridimensional se tenha optado por esta solução a 3D. Esta abordagem levou a que a modelação da ligação GFRP/betão tivesse que ter uma abordagem completamente distinta de [18]. Se antes se tinha adoptado barras de secção circular equivalentes à área da secção de reforço para simular o reforço de GFRP associando‐lhes uma lei do tipo bond‐slip, agora utilizaram‐se elementos finitos de interface que permitem simular uma ligação entre dois elementos.
Todo o trabalho experimental foi levado a cabo nos Laboratórios do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Nova de Lisboa.
1.3. Organização da tese
Este documento está dividido em 7 capítulos incluindo a introdução e as conclusões. No Capítulo 2, faz‐se um estado da arte sobre comportamento e modelação numérica de interfaces coladas entre elementos estruturais de betão armado e compósitos de FRP, tendo em especial atenção a degradação da ligação entre um compósito e o betão quando sujeito a envelhecimento artificial acelerado. Faz‐se ainda referência a trabalhos que, de certa forma, revelam a possibilidade de extrapolar as condições de envelhecimento acelerado em laboratório para as condições naturais ou reais a que um reforço exterior por um compósito está sujeito.
No Capítulo 3, apresenta‐se a caracterização do comportamento mecânico dos materiais utilizados nos ensaios de flexão e de corte realizados. Os materiais testados foram o betão, o aço e o GFRP. Define‐se ainda todo o programa experimental a que se recorreu para se avaliar a evolução da degradação da ligação GFRP/betão.
No Capítulo 4, são apresentados os resultados experimentais obtidos dos ensaios de corte duplo realizados com o objectivo de caracterizar a ligação GFRP/betão com vista à fase posterior de modelação computacional. Aqui, foi também abordado uma análise, interpretação e comparação dos resultados obtidos dos ensaios de corte duplo em provetes submetidos a diversos tipos de envelhecimento acelerado.
No Capítulo 5 apresentam‐se e discutem‐se os resultados experimentais dos ensaios à flexão de três pontos das vigas de secção transversal rectangular. Faz‐se também uma comparação dos resultados das vigas às 0 horas (sem envelhecimento acelerado) com vigas sujeitas aos diferentes ciclos de envelhecimento acelerado. O comportamento e desempenho da ligação GFRP/betão nestas vigas de secção rectangular é também abordado e discutido.
No Capítulo 6, apresentam‐se, interpretam‐se e comparam‐se os diferentes resultados dos ensaios experimentais de vigas de betão armado de secção transversal em T. Neste capítulo, foram ensaiadas uma viga sob carregamento monotónico e outra
8 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
sob carregamento cíclico ficando a terceira como viga de referência e na qual não se colou na fibra mais traccionada o compósito de GFRP. Devido às dimensões destas vigas, não foi possível realizar ensaios em vigas sujeitas a ciclos de envelhecimento acelerado. Porém, com base nos resultados dos ensaios apresentados nos dois capítulos anteriores, tentou‐se apresentar algumas propostas para o dimensionamento ao nível da aderência de um reforço com compósitos de GFRP em estruturas de betão armado envelhecidas.
No Capítulo 7, descrevem‐se os modelos computacionais adoptados para os provetes ensaiados quer à flexão quer ao corte recorrendo ao programa de cálculo automático ATENA. É realizado um estudo comparativo do comportamento experimental da ligação GFRP/betão com o modelos tridimensionais tentando‐se ainda modelar convenientemente os ensaios realizados sujeitos a ciclos de envelhecimento através do programa de cálculo ATENA.
O presente estudo termina com o Capítulo 8 no qual se faz um resumo das principais conclusões alcançadas neste trabalho e indicam‐se alguns aspectos que poderão ser desenvolvidos e aprofundados em trabalhos futuros.
Capítulo 2
Revisão bibliográfica sobre o desempenho e a
modelação da ligação FRP/betão
2.1. Introdução
No exercício da engenharia, qualquer Engenheiro Civil é conduzido muitas vezes a analisar elementos estruturais constituídos por mais do que um material. A hipótese de que a interface de ligação entre eles é rígida é bastante confortável, embora do ponto de vista do dimensionamento seja bastante questionável. Se ao longo da vida útil de uma estrutura, o historial de carga que lhe está associado não proporciona o aparecimento de qualquer fenda na interface de ligação, então este problema não requer atenção especial. Contudo, este tema toma especial importância quando a dada altura da vida útil da estrutura, a interface da ligação desenvolve fendas devido a deslocamentos relativos entre os materiais envolvidos na ligação.
As barragens gravíticas de betão são um exemplo em que esta problemática pode ser um tema de extrema importância tal como a interface colada entre elementos estruturais de betão armado e compósito de FRP. De facto, o necessário conhecimento profundo e adequado do comportamento da ligação quer seja entre o betão e a rocha quer seja entre o betão e o compósito de FRP é fundamental para se garantir a segurança da barragem [37] ou da estrutura reforçada com FRP.
Para a análise dos deslocamentos relativos na interface da ligação é necessário quantificar e entender o desenvolvimento das tensões na ligação. Em geral, quando se admite que a ligação entre materiais é rígida, as tensões na ligação que se desenvolvem ao longo da interface são superiores às tensões de uma ligação em que se admite uma ligação não rígida. A hipótese de uma ligação rígida assume uma transferência de tensões que, na realidade, está sobreestimada. Esta situação pode levar, dependendo do tipo de estrutura, a um sobre ou sub dimensionamento estrutural. Assim, o estudo do comportamento estrutural apenas pode ser feito com recurso a técnicas de análise não linear que tomem em consideração os efeitos de descontinuidade da ligação.
Do ponto de vista matemático, a inclusão de expressões que possam traduzir correctamente o comportamento duma ligação entre dois materiais pode levar a uma resolução analítica mais complexa precisamente por se tratar de um problema não linear
10 CAPÍTULO 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SOBRE