Índice de figuras
10 CAPÍTULO 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SOBRE O DESEMPENHO E A MODELAÇÃO DA LIGAÇÃO FRP/BETÃO
2.4. Ensaios de aderência
realizado em 2006 [18], o valor calculado para a energia de fractura do Modo II, em provetes de betão armado exteriormente reforçados com compósitos de GFRP recorrendo a curvas do tipo bond‐slip foi de 1,107N/mm. Recorrendo à expressão (2.17) e assumindo o comprimento da fenda a igual ao comprimento de transferência da ligação, a energia de fractura do Modo II toma o valor de 1,076N/mm cometendo‐se um erro relativo de apenas 2,8%. Refira‐se ainda que no caso de se adoptar a expressão (2.21) a energia de fractura do Modo II valeria apenas 0,972N/mm cometendo‐se um erro relativo de 12,2%.
2.4. Ensaios de aderência
O estudo da aderência entre um compósito de FRP e o betão tem levado diversos investigadores a procurarem soluções que, por não haver nem consenso nem regulamentação que defina o(s) ensaio(s) mais adequado(s), se distinguem precisamente pelo tipo de ensaio experimental praticado. É pois muito comum encontrar uma diversidade de ensaios na literatura e que se esquematizam sucintamente na Figura 2.11 [4, 66, 67].
Refira‐se ainda que, os atributos que um dado ensaio ou/e provete deve apresentar para vir a configurar nas normas ou códigos devem, segundo Davalos et al. [68], basear‐se nos seguintes aspectos:
i. permitir que os ensaios mecânicos incidam primeiramente sob a interface da ligação em detrimento do adesivo. Dada a existência no mercado de diferentes marcas comerciais de adesivos, este aspecto libertaria assim o ensaio de uma variável importante no estudo da caracterização e desempenho da ligação;
ii. os provetes deverão ser compactos e versáteis permitindo a realização de ensaios estáticos, de fadiga e de durabilidade (efeitos ambientais), proporcionando ainda, para os mesmos instantes de ensaio, uma correlação com elementos estruturas reais, e portanto, de maiores dimensões;
iii. permitir a obtenção de informação sobre as propriedades dos materiais directamente relacionados com o desempenho da interface, baseado em princípios mecânicos e sendo adequado para o estudo paramétrico dos efeitos ambientais;
iv. permitir a redução no tratamento de dados e na simplificação das técnicas de interpretação dos ensaios de modo a conseguir‐se idealizar modelos de degradação envolvidos na interface levando assim, à identificação e quantificação de factores de dimensionamento que podem ser extremamente úteis na prática.
A seguir, faz‐se uma síntese bibliográfica dos principais aspectos de cada um dos ensaios esquematizados na Figura 2.11.
2.4.1. Ensaio de Pull‐off
O ensaio representado na Figura 2.11a é vulgarmente chamado por Pull‐off test e tem como principal objectivo determinar as características mínimas do suporte e verificar as interfaces adesivas (adesivo/betão e adesivo/FRP) [68]. Este ensaio tem ainda uma
26 CAPÍTULO 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SOBRE O DESEMPENHO E A MODELAÇÃO DA LIGAÇÃO FRP/BETÃO grande popularidade por ser de muito fácil utilização em obra e consiste na colagem de uma pastilha metálica, bronze ou alumínio, ao compósito de FRP já polimerizado. A pastilha metálica tem um pino enroscado que, por sua vez, faz a ligação ao equipamento de ensaio. A imposição da força é então feita gradualmente por reacção dos “pés” (geralmente três) do equipamento no bloco de betão a ensaiar e a leitura da força é feita através de um dinamómetro do tipo analógico ou digital [69]. A Figura 2.12 mostra um equipamento de ensaio Pull‐off. Figura 2.11: Recolha bibliográfica de diferentes esquemas de ensaios para o estudo da aderência entre um compósito de FRP e o betão.
2.4. ENSAIOS DE ADERÊNCIA 27 A preparação do ensaio consiste, após a preparação e limpeza da superfície de betão a colar, colagem e polimerização do compósito de FRP, no corte do FRP com uma broca de ponta diamantada de diâmetro interno igual à pastilha. Este procedimento implica que a broca de corte não danifique o compósito de FRP e, ao mesmo tempo, perfure o betão com um comprimento de 15 ± 5mm [69].
Este ensaio é extremamente simples de realizar e fornece apenas o valor da tensão de aderência ao arrancamento da pastilha metálica no caso de se obter um modo de ruptura pela interface FRP/betão. Outros modos de ruptura são também descritos por alguns autores [69‐72]. Os modos de ruptura são distinguidos por: (i) ruptura coesiva pelo betão; (ii) ruptura pela interface entre o adesivo e o betão; (iii) ruptura pela interface entre o adesivo e o compósito de FRP; e (iv) ruptura coesiva pelo compósito de FRP. A ruptura dá‐se, geralmente, pelo betão evidenciando‐se como o elemento mais débil do suporte e estando as rupturas pelas interfaces adesivas associadas a deficiente preparação da superfície de colagem. Em alternativa, e em conformidade com alguns ensaios realizados anteriormente [18], se os provetes estiveram sujeitos a ciclos acelerados de envelhecimento, essas rupturas podem evidenciar perdas na capacidade resistente do adesivo (vide Figura 2.13). Figura 2.12: Equipamento para o ensaio Pull‐off (à esquerda) e preparação dos cortes num betão colado com GFRP para colagem das pastilhas metálicas (à direita) [18]. Apesar das vantagens, já aqui expostas, os resultados provenientes do ensaio de Pull‐off podem, segundo Everaldo Bonaldo et al. [69] ser afectados por alguns factores tais como a profundidade de corte diametral produzida no betão, a espessura da peça de betão e a resistência (ou classe) do betão. Uma grande dispersão dos resultados foi ainda verificada por Hamid Rahimi [72] cujos ensaios realizados na avaliação de uma ligação entre uma resina epoxídica e um betão com alto teor de humidade revelaram uma tensão de arrancamento compreendida entre os 1,65MPa e os 2,91MPa. Os resultados finais podem ainda ser afectados pela humidade aquando do procedimento de colagem do FRP. De acordo com o trabalho de Kesteloot et al. [71], um betão com alto teor de humidade reduz a tensão de arrancamento em cerca de 65%, alterando também o modo de ruptura de coesiva (pelo betão) para adesiva (pela interface adesivo/betão).
O diâmetro da pastilha a usar é também um factor decisivo neste ensaio. Uma vez que pastilhas com diâmetros pequenos requerem brocas com diâmetros também mais pequenos, aumentando‐se a probabilidade de danificar a região de betão que fica