Índice de figuras
2 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO
1.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS 3 pela reparação através de uma protecção catódica retirando previamente o betão
danificado e levando a cabo um tratamento químico para remoção de cloretos; (vii) protecção superficial e impregnação (inibidores de corrosão): têm como objectivo reduzir ou eliminar o processo corrosivo e podem ser aplicados na pasta de betão ou directamente nas armaduras. De entre estas técnicas, o recurso a materiais compósitos de matriz polimérica reforçada com fibras (FRP) tem vindo a suscitar bastante interesse na engenharia civil uma vez que em outras áreas como a aeronáutica ou a mecânica, já tinham demonstrado a sua grande versatilidade e viabilidade de utilização.
Com a necessidade crescente de reforçar e reparar estruturas de betão armado devido ao crescente número de edifícios degradados nas grandes cidades por envelhecimento físico ou/e mecânico natural, pela acção poluente crescente imposta por emissão de gases, chuvas ácidas e ambientes altamente salinos, é natural que diversos investigadores se dediquem ao estudo aprofundado deste tipo de materiais e essencialmente ao benefício da sua aplicação às estruturas de betão armado.
Dada a grande versatilidade deste tipo de materiais compósitos de matriz polimérica na construção civil e à pouca experiência ainda adquirida, surge a necessidade de ter um melhor conhecimento do comportamento e desempenho de estrututas de betão armado reforçadas com materiais compósitos face às solicitações que lhes são exigidas. Por isso, apesar de já existir um grande número de publicações e investigações dedicadas a aspectos específicos das suas utilizações, muitos aspectos surgem ainda sem resposta carecendo de mais investigação nesses domínios. Um desses domínios é a durabilidade dos reforços de estruturas com materiais compósitos, já que a viabilidade técnica e económica de usar compósitos de FRP como material estrutural depende da sua vida útil comparativamente à das soluções clássicas.
A durabilidade destes materiais e principalmente da ligação destes materiais ao betão são pouco conhecidas por serem de recente utilização em engenharia civil e o conhecimento sobre o seu desempenho face ao seu processo de envelhecimento a longo prazo é ainda muito reduzido. O estudo do envelhecimento de estruturas de betão armado reforçadas com compósitos de FRP pode ser realizado em ambiente laboratorial controlado, induzindo um envelhecimento acelerado aos materiais.
No reforço estrutural, a importância de mobilizar a resistência do compósito de FRP é essencial. No caso de reforço por adição de uma armadura exterior, a ligação entre o material de reforço e o betão é decisiva para a mobilização do reforço até à sua ruptura por tracção ou até mesmo até à ruptura por esmagamento do betão. Este desempenho da ligação pode ser condicionado por alguns factores identificados por Ueda e Dai [4] como os que influenciam a ligação entre um FRP e o betão (veja‐se a Tabela 1.1).
Muita investigação nesta área tem ainda que ser feita para colmatar as diversas lacunas ainda existentes no conhecimento do desempenho das ligações FRP/betão. No reforço de vigas de betão armado, alguma investigação nesta área tem vindo a ser realizada em Portugal por alguns grupos de investigação. Porém, muito do trabalho inicialmente realizado começou por incidir na ligação aço/betão destacando‐se os estudos em vigas de betão armado submetidas à flexão de Alfaiate (1986) [5] e de Viegas (1997) [6]. Mais tarde, Rodrigues (1993) [7], realizou estudos experimentais de corte duplo com recurso a cubos de betão fazendo variar a geometria da ligação, o tipo de
4 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
betão, o tipo de resina, o tipo de ligação (com ou sem buchas metálicas) e o tipo de acção (acções monotónicas ou cíclicas). A ligação FRP/betão foi estudada por Nsambu (1998) [8] que para o efeito ensaiou quatro vigas de betão armado com 4,0m e 5,0m de vão reforçadas exteriormente com CFRP avaliando, em modelos de aderência, a curva tensão de aderência vs. deslizamento da ligação CFRP/betão.
Na FEUP, Juvandes (1999) [9] ensaiou à flexão de quatro pontos diversas vigas de betão armado de secção rectangular com 1,4m e 1,5m de vão e faixas de laje exteriormente reforcadas com compósitos de CFRP tendo avaliado, entre outros aspectos, a influência do comprimento de colagem, o tipo de preparação de superfície de betão e do adesivo utilizado na colagem dos materiais (CFRP e betão) e a distribuição das extensões no compósito de CFRP bem como das tensões de aderência. Tabela 1.1: Factores que influenciam a ligação FRP/betão [4]. Factores influenciadores
Betão Módulo de elasticidade; espessura; tratamento da superfície; resistência; retracção durante a cura; quantidade de água.
Fibra Módulo de elasticidade; resistência; espessura; rigidez; relação comprimento/largura do laminado; orientação da fibra. Adesivo Primário Ponto de vista mecânico Laminado de FRP Putty Módulo de elasticidade; resistência; temperatura de transição vítrea; forma de aplicação. Ponto de vista ambiental Condições de carga (flexão, corte, punçoamento, ou cíclico), acções ambientais (temperatura ambiente, humidade, raios UV, etc.) Barros (1995) e Sena‐Cruz et al. (2004) [10‐12] desenvolveram trabalho na área do reforço de vigas de betão armado com inserção, no recobrimento, de laminados de CFRP sob acções monotónicas e cíclicas. Mais recentemente, alguns estudos em sistemas de CFRP pré‐esforçados foram feitos no IST por Domingues (2006) [13] que modelou, por intermédio de elementos finitos, estes sistemas aplicados a vigas de betão armado considerando as propriedades não lineares dos materiais. França (2007) [14], realizou uma campanha de ensaios experimentais em vigas de betão armado em T com diferentes características tais como: diferentes percentagens de armaduras longitudinais; com e sem dano inicial e ancoragens antes e após os apoios.
No IST, Travassos (2004) [15] realizou trabalho na caracterização do comportamento da ligação CFRP/betão e, mais recentemente, Neto (2006) [16] debruçou‐se sobre a modelação numérica destas ligações com compósitos de CFRP. Na FCT/UNL, têm sido feitos trabalhos nesta área procurando‐se também ter a preocupação de avaliar o desempenho da ligação FRP/betão quando submetida a diferentes tipos de envelhecimentos artificiais acelerados. Os primeiros estudos de durabilidade em vigas de betão armado foram realizados por Marreiros (2005) [17] e por