Índice de figuras
10 CAPÍTULO 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SOBRE O DESEMPENHO E A MODELAÇÃO DA LIGAÇÃO FRP/BETÃO
2.6. MODELAÇÃO NUMÉRICA 65
onde tf é a espessura do compósito; Ef é o módulo de elasticidade do compósito; If é o momento de inércia do compósito; e Kn é definida como a rigidez normal do adesivo por unidade de comprimento obtida a partir da expressão: a a a n t b E K (2.78)
onde Ea é o módulo de elasticidade do adesivo; ba é a largura do adesivo; e ta é a espessura do adesivo.
Refira‐se ainda que, Chaallal et al. [130], admitem para o reforço ao corte que a tensão de aderência máxima é dupla da tensão de aderência média (τmed) pelo que esta possa ser determinada segundo a expressão: 33 tan 1 7 , 2 2 1 max k med (2.79)
No entanto, duas limitações importantes ao trabalho de Chaallal et al. [130] foram identificadas por Chen e Teng [76]: (i) poucos dados experimentais foram obtidos não permitindo estabelecer qualquer relação com o tipo de betão; e (ii) o comprimento de transferência da ligação não foi considerado.
A discussão sobre a definição de uma lei de ruptura que englobe os modos de ruptura esperados numa estrutura exteriormente reforçada está assim em aberto. Mais ainda, uma lei fundamental que possa englobar todas as classes resistentes de betão, tratamento de superfície, exposição a agentes ambientais agressivos, entre outros é pois, matéria de grande importância e actualidade. Concerteza que a modelação computacional desses efeitos sobre a ligação potenciará um conhecimento mais aprofundado do fenómeno de descolamento prematuro dos compósitos de FRP em estruturas de betão armado.
2.6.4. Diferenças finitas
O recurso ao Método das Diferenças Finitas (MDF) permite resolver o sistema de equações não lineares obtidos a partir da equação diferencial (2.34) nos casos em que são consideradas leis bond‐slip locais não lineares. O MDF foi utilizado em [82] tendo‐se por base a expressão de Popovics [106] (expressão (2.30)). Os resultados então obtidos revelaram uma excelente aproximação aos resultados experimentais. Refira‐se ainda que as condições de fronteira utilizadas na resolução do problema são as mesmas que as condições expressas em (2.37).
No Apêndice B detalha‐se mais em pormenor esta metodologia de cálculo recorrendo‐se à função de Popovics e analisando‐se para diferentes valores da constante
nP, as distribuições de tensões e deslizamentos ao longo do comprimento de colagem bem como as forças máximas transmitidas ao compósito de FRP e o comprimento de transferência (Lt).
66 CAPÍTULO 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SOBRE O DESEMPENHO E A MODELAÇÃO DA LIGAÇÃO FRP/BETÃO
2.7. Efeito do tratamento da superfície numa ligação
FRP/betão
Vários estudos experimentais ou/e numéricos concentram‐se sobre o comportamento da ligação e sobre a problemática do descolamento prematuro do compósito de FRP da superfície de betão. A longevidade da ligação acaba por estar também intimamente relacionada com o problema do descolamento prematuro do FRP e que é vulgarmente associado a vários factores como as condições de humidade da superfície antes da colagem, da geometria da superfície, da técnica empregue no tratamento de superfície, na rugosidade da superfície, entre outras. A influência destes dois últimos factores no desempenho da ligação, é amplamente discutida em diversos trabalhos encontrados na literatura [69, 83, 88, 91, 93, 132‐134]. No presente sub‐capítulo dá‐se total importância ao tratamento da superfície de betão numa ligação com compósito de FRP.
O tratamento prévio da superfície de betão tem como objectivo aumentar a superfície de colagem através do aumento, até certo ponto, da rugosidade da superfície. Como consequência, pretende‐se, com o tratamento da superfície, dotar a ligação FRP/betão de maior longevidade. Apesar de no trabalho de Perez et al. [134] se estudar a ligação entre betões de características distintas, atribui‐se à combinação das tensões perpendiculares à interface e de corte a responsabilidade para o arrancamento prematuro da ligação. Neste trabalho foram testadas 25 vigas de 200×210mm de secção transversal e com 1750mm de comprimento tendo‐se distribuído as vigas em quantidades iguais (incluindo as vigas sem qualquer tipo de tratamento de superfície) pelos seguintes tipos de tratamento de superfície: (i) por escarificação; (ii) por jacto de areia; (iii) através de martelo de geologia seguido de jacto de areia para remover partículas soltas de betão; e (iv) por jacto de água a alta pressão (125MPa com caudal a 27litros/h). Os resultados revelaram que o aumento da rugosidade até um dado patamar causava uma diminuição rápida no risco de descolamento prematuro da ligação ainda que, não se tenha verificado qualquer aumento na resistência à tracção da ligação. Bissonnette et al. [135], referem também que o recurso a técnicas de preparação de superfície através de metodologias que se baseiam no impacto de outras massas na superfície de betão, como o martelo (de agulhas, de geologia, pneumático, etc.), deixam significativas áreas degradas. Porém, atribui‐se a esta situação, uma maior preponderância quando comparada com os benefícios que se podem retirar do aumento da rugosidade da superfície [135].
As técnicas ou metodologias referidas anteriormente são, em regra, as mesmas adoptadas para a preparação da superfície de betão aquando da colagem de um FRP. Veja‐se o Anexo F do relatório do projecto europeu REHABCON (Strategy for maintenance and rehabilitation in concrete structures) [136]. Neste anexo, recomenda‐se que
a preparação da superfície possa ser conduzida mediante as seguintes técnicas: (i) lavagem da superfície com água; (ii) limpeza a vapor; (iii) com água a alta pressão; (iv) jacto de areia; (v) limpeza com chama; (vi) limpeza mecânica; e (vii) limpeza química. Estas técnicas são também associadas ao estado de limpeza do substrato, devendo as superfícies de colagem estar isentas de qualquer tipo de contaminação (por exemplo, óleos, pó, partículas soltas, humidades, restos de óleo descofrante, entre outros) e deverão os elementos apresentar ainda superfícies não demasiado rugosas para evitar vazios na interface da ligação FRP/betão. No caso de haver relevos exagerados na