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Capítulo 3 A relação carros e cidades, no Brasil e no exterior

3.4 O caso de Madrid (Espanha)

3.4.1 Caracterização geral de Madrid

O município de Madrid tem 3,17 milhões de habitantes 20 e

figura como cidade capital da Comunidad Autónoma de Madrid

e do estado espanhol, bem como centro polarizador da Área Metropolitana de Madrid (AMM), a maior da España e terceira maior da Europa, com cerca de 4,5 milhões de habitantes.

A Figura 3.38 ilustra os limites da Comunidad Autónoma de Madrid, e suas coroas interiores, com sobreposição da estru- tura radio-concêntrica.

Figura 3.38 Estrutura territorial da Comunidad de Madrid. Fonte: (CÁCE- RES e SÁNCHEZ, 2009, p.60).

20 Ver: Padrón Municipal de Habitantes

Ciudad de Madrid. Disponível em: < http://www.madrid.es/UnidadesDes- centralizadas/UDCEstadistica/Nueva- web/Demograf%C3%ADa%20y%20 poblaci%C3%B3n/Cifras%20de%20 poblaci%C3%B3n/PMH/Informe/Infor- me_PMH%202016.pdf>. Acesso em: jun. 2016.

A formação da AMM foi marcada pela construção de autopistas, conformando uma rede radio-cêntrica com anéis de circunvalação (PLAN, 2014, p.38; VEGA BAEZ, 2006, p.186), pro- duzindo melhorias de acessibilidade nas periferias, favorecendo a expansão do território, a dispersão da população e a descentra- lização de emprego e das atividades econômicas (PALOMARES e PUEBLA, 2008; CÁCERES e SÁNCHEZ, 2009).

Palomares e Puebla (2008, p.21) sumarizam que (i) ape- sar dos processos de descentralização, a área metropolitana de Madrid conserva um centro forte e dinâmico enquanto lugar de prestígio para as empresas; (ii) o sistema de transporte público é eficiente nas relações internas do município de Madrid e nos movimentos radiais que o conectam com a coroa metropolitana; e (iii) o transporte público predomina nas coroas mais internas, mas o transporte privado predomina nas mais externas e, parti- cularmente, nos movimentos transversais.

O Distrito Centro é um dos 21 distritos do município de Madrid e sua localização pode ser visualizada na Figura 3.39, que também apresenta os limites do Município, em cinza escuro, e a localização da M-30 (Almendra). Ele é composto pelos bairros Palacio, Embajadores, Cortes, Justicia, Universidad e Sol e tem uma superfície de 523,73 hectares. A Figura 3.40 apresenta ima- gem aérea com o perímetro e mapa, no qual se nota a denomi- nação dos bairros.

A estrutura viária de Madrid, praticamente, preserva o Distrito Centro da presença de vias de grande capacidade em seu interior, fato que não acontece nas vias que o delimitam. No interior, destacam-se como vias de maior movimento a Gran Via e a Calle de Alcalá, figuras 3.41 e 3.42.

Figura 3.39 Localização do Distrito, em azul, dentro do anel da M-30. Fonte: (MADRID, 2016).

Figura 3.40 Imagem aérea (a) e mapa do Distrito (b). Fonte: Google Earth; (PLAN, 2016a).

(a) (b)

Figura 3.41 Rede arterial no Distrito Centro. Fonte: (MADRID, 2004, p.95, adaptado).

Gran Vía

Calle de Alcalá

Figura 3.42 Imagens de trechos da Gran Vía (a) e da Calle de Alcalá (b). Fonte: acervo pessoal.

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Moratilla (2005) auxilia na construção de uma imagem para o Distrito Centro:

A especialização do Distrito Centro vai na direção contrá- ria das sua características residenciais, com a expansão e especialização no setor terciário e sua localização prioritá- ria em eixos estratégicos do centro histórico de Madrid, o que reforça a centralidade do Distrito. A isso se soma sua monumentalidade por ser local das origens da cidade e por alí se recolherem sua história e seu patrimônio arqui- tetônico. Os fluxos de turístas invadem o Distrito, no resta da cidade a incidência deles é insignificante, em caráter temporal, o que pressupõe a concentração e saturação de serviços e atividades a eles destinados que afetam as estruturas sociais e urbanas pré-existentes. (MORATILLA, 2005, 50, tradução nossa 21)

López-Lamba e Ricci (2012, p.8) acrescentam que a área central de Madrid desempenha um papel relevante, tanto em termos de sua densidade populacional, quanto em termos de dinâmica de atividades. Voltando em Moratilla (2005, p.51):

O Distrito Centro do século XXI é um espaço profunda- mente consolidado de Madrid e nele coexistem alguns atributos, a primeira vista, tão distintos como: a monu- mentalidade, a degradação, a marginalidade, a quetifica- ção, a gentrificação e a terceirização. (MORATILLA, 2005, p.51, tradução nossa 22)

O Distrito Centro tem morfologia urbana muito diversa, que inclui desde zonas com ruas estreitas e tortuosas até zonas com estrutura em quadrícula, com ruas amplas e avenidas (PLAN, 2016, p.6). Com relação à estrutura viária, os eixos de penetração na Almendra se diluem transformando-se, na maioria das vezes, em vias urbanas no interior da M-30. É comum o entendimento de ser esse o distrito correspondente à parte pré-industrial de Madrid e que ao redor dele se realizaram todos os crescimentos posteriores.

O crescimento da população de Madrid fez com que o Dis- trito Centro perdesse sua relativa importância, com consequente deterioração da cena urbana, chegando a patamares críticos na segunda metade do século XX. O abandono dele como lugar de residência, a perda de população, o envelhecimento e pre- cariedade dos edifícios e a falta de equipamentos foram alguns dos fatores desse processo. A partir dai surgiram as primeiras intervenções do poder público, que criaram perspectivas para o setor imobiliário e incitaram sua atuação especulativa. Com isso também aumentaram as atividades do terciário e a diminuição do uso residencial. (MIRANDA, 2015, p.73-6). Moratilla (2005) mostrou o decréscimo da população do Distrito Centro em rela- ção a 1955, com ligeiro crescimento entre 1996 e 2001.

21La terciarización como especialización

funcional del Distrito Centro es opuesta a su funcionalidad residencial, la reciente expansión del terciario y su localización preferente en ejes privilegiados del Casco Antiguo de Madrid, lo que refuerza la centralidad de este espacio. A este hecho se une a su monumentalidad por ser la primigenia urbana, y que recoge la histo- ria y posee el patrimonio cultural urbano de la Villa. Los flujos de turistas invaden este espacio ––en el resto de la ciudad la incidencia es insignificante–– tienen el carácter de temporalidad, supone a su vez la concentración y saturación de servicios y actividades que afectan a las estructuras social y urbana.

22El Distrito Centro en el siglo XXI es un

espacio profundamente consolidado de Madrid y en él se conjugan unos atri- butos, en principio, tan dispares como: la monumentalidad, la degradación, la marginalidad, el gueto, la gentrificación y la terciarización.