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foram entrevistados quinze beneficiários do Prouni, sendo nove mulheres e seis homens. Cinco eram casados. a maioria nasceu na década de 1980. Quanto à autodeclaração da cor, sete consideraram-se de cor “branca”, um de “cauca- siana”, cinco de “parda” e duas de “negra”. alguns tiveram dificuldade de res- ponder a questão, o que é comum entre brasileiros: “dizem que sou branca, mas, pra mim, sou parda” (Caso 12). somente o Caso 6 mora em “república”, uma vez que é do estado do Pará (município de Barcarena) e estava no rio de Janeiro para estudar. o Caso 15 mora na casa de parentes e estava na cidade pelo mesmo motivo (é natural de Carangola, Mg). Todos os outros moram com familiares.

Três são da cidade de são gonçalo (região metropolitana do rio de Janeiro), um de itapecerica da serra (são Paulo), um de recife (Pernambuco) e todos os outros do município do rio de Janeiro (Quadro 6.2).

Quadro 6.2 – Cor, sexo, ano de nascimento, estado civil e local de residência

Casos Cor Sexo Ano de nascimento

Estado civil

Local de residência Cidade Bairro

Caso 1 Parda feminino 1988 solteira rio de Janeiro-rJ ilha do governador Caso 2 Caucasiana Masculino 1969 Casado rio de Janeiro-rJ Campo grande Caso 3 Branca feminino 1986 Casada são gonçalo-rJ si

Caso 4 Branca Masculino 1989 solteiro rio de Janeiro-rJ freguesia (Jacarepaguá)

Caso 5 Parda Masculino 1986 solteiro itapecerica da

serra-sP si

Caso 6 Branca Masculino 1986 solteiro rio de Janeiro-rJ si Caso 7 negra Masculino 1991 solteiro rio de Janeiro-rJ Campinho Caso 8 Parda feminino 1969 solteira recife-Pe Jordão do recife Caso 9 Branca feminino 1988 solteira rio de Janeiro-rJ engenho de

dentro Caso 10 Branca feminino 1993 solteira rio de Janeiro-rJ inhaúma Caso 11 Branca feminino 1993 solteira rio de Janeiro-rJ água santa Caso 12 Parda feminino 1989 Casada rio de Janeiro-rJ Marechal Hermes Caso 13 negra feminino 1982 Casada são gonçalo-rJ si

Caso 14 Parda feminino 1986 Casada são gonçalo-rJ si

Caso 15 Branca Masculino 1988 solteiro rio de Janeiro-rJ Barra da Tijuca si = sem informação.

a média é de quatro pessoas por residência. somente a mãe do Caso 15 tem nível superior (é professora de Matemática da educação básica). Todos os outros familiares/parentes realizam atividades que não exigem diploma de ensino su- perior. não têm filhos em idade de trabalhar. Quase todos são os primeiros membros da família a chegar a esse nível de ensino (quadros 6.3 e 6.4). Com re- lação à trajetória na educação básica, na maioria dos casos, foram alunos de es- colas públicas (Quadro 6.5). um detalhe interessante é que os casos 7 e 12, no ensino médio, estudaram no Centro federal de educação Tecnológica Celso suckow da fonseca (Cefet/rJ); o Caso 4, no Centro federal de educação Tecno-

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lógica de Química (Cefetq/rJ), e, o Caso 3, numa das escolas da fundação de apoio à escola Técnica do rio de Janeiro (faetec/rJ). esses estabelecimentos de ensino estão no ranking das “melhores escolas” de ensino médio.14

Quadro 6.3 – Pessoas residentes no domicílio e membros da família com nível superior

Casos moram na sua casaQuantas pessoas Com quem mora

Número de membros da família extensa com nível

superior

Caso 1 6 Mãe e parentes 0

Caso 2 3 esposa e 1 filha (de 15 anos) 1

Caso 3 2 Marido 2

Caso 4 5 Pai, madrasta e 2 irmãs 4

Caso 5 5 Pais e 2 irmãos 0

Caso 6 3 outros bolsistas do Prouni 4

Caso 7 6 Pais e 3 irmãos 0

Caso 8 4 Marido, 2 filhos e mãe 1

Caso 9 2 Mãe 0

Caso 10 3 Pais 2

Caso 11 6 Mãe, tio e primos 0

Caso 12 2 Marido 2

Caso 13 5 Marido e 3 filhos 0

Caso 14 4 Marido e 2 filhos Pelo menos 2

Caso 15 5 Tia, tio e 2 primos 1

14. são todas escolas técnicas e públicas da cidade do rio de Janeiro. Podem ser classificadas como “melhores” quando se leva em consideração o Índice de desenvolvimento da educação Básica (ideb) delas e o número de aprovados nos processos de seleção para universidades públicas do rio de Janeiro mais concorridas.

Quadro 6.4 – ocupação principal dos pais e esposo(a)

Casos Ocupação principal dos pais Ocupação principal do(a) esposo(a)

Caso 1 Mãe, do lar; não sabe sobre o pai não tem

Caso 2 Mãe, do lar; pai, operário vendedora em empresa privada de telecomunicações Caso 3 Mãe, servidora pública; pai, taxista Técnico em telecomunicações Caso 4 Mãe, desempregada; madrasta, do lar; pai, recepcionista da agência nacional

de aviação Civil (anac)

não tem Caso 5 Mãe, costureira; pai, aposentado não tem

Caso 6 não informou não tem

Caso 7 Mãe, não informou; pai, porteiro não tem Caso 8 Mãe, pensionista; pai, não informou não tem Caso 9 Mãe, pensionista; pai, bombeiro hidráulico não tem Caso 10 Mãe, do lar; pai, prestador de serviços não tem

Caso 11 não informou não tem

Caso 12 Mãe, não informou; pai, autônomo autônomo

Caso 13 Mãe, empregada doméstica; pai, ferroviário Técnico em contabilidade Caso 14 Mãe, recepcionista de clínica de podologia; pai, taxista Taxista

Caso 15

Mãe, professora; pai, assalariado agrícola/professor do serviço nacional

de aprendizagem rural (senar) não tem

o fato de alguns dos entrevistados terem realizado o ensino médio em insti- tuições de ensino de excelência pode indicar que o Prouni esteja selecionando muitos dos melhores alunos da rede pública, isto é, aqueles que já foram superse- lecionados no processo de ingresso em suas escolas de ensino médio. infeliz- mente, os Microdados do Censo do ensino superior não informam a escola de origem desses alunos, o que poderia ser um exercício interessante de ser reali- zado. seus depoimentos, em geral, apontaram que a escolha das escolas de edu- cação básica – quase sempre feita pelas mães – baseou-se no critério “qualidade”. “Qualidade” foi definida pelos informantes como o reconhecimento de que a escola era “boa” por vizinhos, parentes e amigos, na localidade ou região de resi-

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dência. o segundo critério para essa escolha, quando não se podia acessar uma escola “boa” foi a “proximidade” do local de moradia.

Por outro lado, com exceção dos casos 3, 4, 7 e 12, no ensino médio, regis- trou-se uma representação generalizada de que a escola pública é “ruim”, “pre- cária” ou “deficiente” e que esse fato os teria levado a se encontrar em desvantagem: para competir nos processos seletivos ou de acesso às univer- sidades públicas, vistos como mais difíceis ou competitivos; por apresentarem uma trajetória acidentada até o ensino superior; ou, ainda, por terem dificul- dades de acompanhar as aulas atualmente. Cabe a observação de que seis deles não frequentaram “curso pré-vestibular” e, entre os outros, seis frequentaram os chamados “comunitários”, isto é, organizados de forma voluntária, sem co- brança de mensalidades (Quadro 6.6). os casos 1, 3, 5, 6, 7 e 11 consideraram-se “bons” alunos; os outros tiveram atrasos e reprovações e o Caso 9 declarou ter parado de estudar no ensino médio para trabalhar.

Quadro 6.5 – Trajetória na educação básica

Casos Ensino

Fundamental Médio

Caso 1 particular (sem bolsa) pública

Caso 2 pública pública

Caso 3 pública pública

Caso 4 particular (sem bolsa) pública

Caso 5 pública pública

Caso 6 pública particular (com bolsa)

Caso 7 si pública

Caso 8 si pública

Caso 9 pública pública

Caso 10 particular pública

Caso 11 pública pública

Caso 12 particular pública

Caso 13 pública pública

Caso 14 particular pública

Caso 15 pública pública

Quadro 6.6 – frequência a “pré-vestibular”

Casos Frequência a “pré-vestibular”

Caso 1 sim (comunitário)

Caso 2 sim (comunitário)

Caso 3 sim (comunitário)

Caso 4 não frequentou

Caso 5 não frequentou

Caso 6 não frequentou

Caso 7 sim (comunitário)

Caso 8 não frequentou

Caso 9 sim (comunitário)

Caso 10 sim (comunitário)

Caso 11 não frequentou

Caso 12 si

Caso 13 não frequentou

Caso 14 sim (particular)

Caso 15 sim

si = sem informação.

somente os casos 10, 12 e 13 não trabalhavam (Quadro 6.7). os casos 2 e 13 pararam de trabalhar para estudar. o Caso 12 afirmou ter realizado estágios. somen te o Caso 10 parece estar vivendo a condição de estudante em tempo in- tegral, também fazendo um curso de inglês. o Caso 15, que já concluiu o curso superior pelo Prouni, trabalhou durante todo ele e, atualmente, em sua segunda graduação na universidade federal do rio de Janeiro (ufrJ), só faz estágios. no momento das entrevistas (realizadas ao longo de 2012), quatro entrevistados já haviam concluído o curso superior; dois haviam evadido do Prouni; três es- tavam no primeiro período; e os outros, cursando do terceiro período em diante (Quadro 6.8). o Caso 13 evadiu porque preferiu a vaga no curso de Pedagogia da ufrJ, onde teria possibilidade de receber Bolsa auxílio, isto é, um benefício em dinheiro, e o Caso 14 afirmou não ter se “motivado” para continuar estudando.

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Quadro 6.7 – situação de trabalho

Casos Trabalha? Atividade

Caso 1 sim atendente dos Correios

Caso 2 sim (até o 3o período) Técnico em informática

Caso 3 sim si

Caso 4 si si

Caso 5 sim auxiliar de informática

Caso 6 sim supervisor de vendas

Caso 7 sim estágio

Caso 8 não (está procurando emprego) na

Caso 9 sim operadora de telemarketing

Caso 10 não na

Caso 11 sim Caixa de loja

Caso 12 não na

Caso 13 não na

Caso 14 sim autônoma (trabalha com organização de

festas)

Caso 15 sim estágio

si = sem informação; na = não aplicável.

Quadro 6.8 – Status do curso superior

Casos Andamento do curso no momento da entrevista Curso

Caso 1 Cursando Jornalismo

Caso 2 Cursando direito

Caso 3 Concluído Comunicação social

Caso 4 Cursando engenharia Química

Caso 5 Concluído administração

Caso 6 Cursando engenharia Civil

Caso 7 Cursando economia

Caso 8 Cursando administração

Caso 9 Cursando (1o período) direito

Caso 10 Cursando (1o período) direito

Caso 11 Cursando (1o período) enfermagem

Caso 12 Concluído Publicidade

Casos Andamento do curso no momento da entrevista Curso

Caso 13 evadiu serviço social

(atualmente faz Pedagogia/ufrJ)

Caso 14 evadiu Ciências Biológicas

(atualmente faz Pedagogia/ufrJ) Caso 15

Concluído

farmácia (atualmente faz a 2a graduação, em educação

física/ufrJ)