• Nenhum resultado encontrado

A Nova Zelândia é o país mais pequeno incluído no estudo, e também, o único representante do continente da Oceânia. Em 2007 possuía uma população estimada de 4 179 000 de habitantes. Destes 4 milhões, 12,46% tinham idades superiores a 65 anos, o que faz da Nova Zelândia o segundo país com população menos idosa, a seguir à África do Sul90. Por outro lado, a Nova Zelândia é o país com o segundo maior ritmo de envelhecimento, estimando-se que em 2030, a taxa de população acima dos 65 anos de idade seja de 21,1%. A esperança de vida média de 81 anos para ambos os sexos, está entre as mais altas do estudo. Para o sexo masculino é de 78 anos e para o sexo feminino de 83 anos. A esperança de vida saudável é igualmente considerável, sendo de 73 anos para ambos os sexos. Os serviços de saúde são essencialmente prestados pelo Estado, sendo responsável por 77,8% da despesa total em saúde. Este montante representou 9,3% do PIB em 2006. Como despesa geral do governo neozelandês, a saúde repartiu 18,4% da despesa pública. Em soma, os gastos com fundos privados e públicos são traduzidos por um custo de 2421 ($US) dólares americanos per capita. Este valor está entre os mais baixos, sendo suplantado apenas por África do Sul e Portugal91 (OECD 2009; WHO, 2009).

90 Note-se que a esperança de vida média na África do Sul é de 54 anos. 91 África do sul despende 425 ($US) e Portugal 1864 ($US) per capita.

Os rácios dos prestadores de saúde são ligeiramente diferentes para os médicos e enfermeiros. Existiam em 2007, 21 médicos para cada 10 000 habitantes, o que representa dos rácios mais baixos entre os países seleccionados para integrar este estudo. Já quanto aos enfermeiros encontram-se sensivelmente ao meio da tabela, contando com 89 enfermeiros para cada 10 000 habitantes da Nova Zelândia.

3.2.1. A Fisioterapia na Nova Zelândia

O ensino da fisioterapia teve o seu início em 1913 na Nova Zelândia. O primeiro curso foi ministrado na Dunedin School of Massage, pertencente à University

of Otago (actualmente conhecida apenas pelo nome da universidade). O segundo

curso apenas surgiu em 1973 pela Auckland Technology Institute, agora conhecida por

Auckland University of Technology. As duas escolas oferecem todos níveis de ensino

superior. No entanto a primeira, a University of Otago, oferece um bacharelato em fisioterapia enquanto que a segunda, a Auckland University of Technology oferece um bacharelato de ciências da saúde em fisioterapia. Os critérios de selecção dos alunos não são estabelecidos pelo governo. Cada universidade estabelece os seus critérios, aceitando aproximadamente 120 alunos por ano. A School of Physiotherapy (escola de fisioterapia), da University of Otago, encontra-se no departamento de ciências de saúde, juntamente com a faculdade de medicina, a faculdade de medicina dentária, a faculdade de farmácia e a faculdade de ciências médicas. Na Auckland University of

Technology, a escola de fisioterapia faz parte do Division of de Rehabilitation and Occupational Health Studies (departamento de estudos de saúde ocupacional e

reabilitação), onde também se encontra a escola de podologia e de terapia ocupacional (Skinner, 2007).

Apesar da autonomia concedida às universidades, estas devem garantir que o modelo académico de ensino reúna as condições estabelecidas pelo ministério da educação. Para assegurar a qualidade do ensino ambas as escolas participam em programas de avaliação interna ciclicamente cada 5 anos e avaliação externa (Skinner, 2007).

Após conclusão do curso, os graduados devem registar-se no Physiotherapy

Board of New Zealand92 (PBNZ), de forma a garantirem o seu título profissional e

assim, poderem exercer. Este organismo tem o poder de creditar a formação dada pelas universidades. Devido à discrepância entre os currículos de fisioterapia oferecidos na década de 80, este organismo desenvolveu o seu primeiro documento de competências exigidas aos recém-graduados de modo a permitir o seu registo e exercício profissional em território nacional. A segunda edição do documento, datada de 1999, estabelece uma lista de competências exigidas a quem se queira registar e exercer em território nacional, mas também serve de base para delinear os objectivos de aprendizagem e as competências exigidas aos alunos nos programas oferecido pelas duas universidades. O PBNZ faz numa base anual, auditorias a cada ano de cada curso, para garantir que se atinjam os objectivos de aprendizagem estabelecidos e que os alunos adquiram as competências exigidas em cada ano de formação. Apesar do documento datar de 2003, o PBNZ trabalha conjuntamente com The New

Zealand Society of Physiotherapists e com o New Zealand College of Physiotherapy Inc. de forma a acompanhar o desenvolvimento da profissão, e assim garantir que os

requisitos do registo se adequam à prática actual da fisioterapia. O PBNZ também é responsável pela autorização do exercício profissional a fisioterapeutas que fizeram a sua formação fora do país (Skinner, 2007; PBNZ, 2003).

O acesso aos cursos também é determinado pelas universidades. A demografia estudantil tem-se mantido estável nos últimos anos. No ano 2005/06 os alunos dos distintos anos do curso de fisioterapia das duas universidades eram maioritariamente do sexo feminino. Para demonstrar a variedade étnica deste país, os alunos inscritos na Auckland University of Technology são compostos por 65% europeus, 12% asiáticos, 12% maori (nativos), 8% das ilhas do pacífico, 3% de outras etnias. A University of Otago é composta por 76% europeus, 17% asiáticos, 6% maori (nativos), 2% das ilhas do pacífico e 8% de outras etnias.

A componente da prática clínica supervisionada ou estágio clínico curricular é altamente valorizada no currículo neozelandês. Os supervisores e educadores clínicos trabalham em conjunto, de forma a garantir a aquisição de competências exigidas para o registo como profissionais. Os alunos são integrados em diferentes locais com prestação de cuidados de saúde diversificados. No entanto, cada instituição possui a sua clínica de serviços ambulatórios que oferece diversas vantagens. Para além de ser uma fonte de financiamento para as instituições, é enriquecedor para os alunos, pois são integrados num serviço que exerce a sua actividade em padrões de prática elevados. Também facilita o acesso a equipamentos utilizados em investigação que são por sua vez utilizados em benefício dos próprios utentes. No total os alunos cumprem acima de 1000 horas de prática clínica supervisionada em cada uma das instituições, conforme o exigido pelo PBNZ. No fim deste estágio, os alunos são

submetidos a um exame de avaliação final (Clinical Practical Examination) para validar a aquisição das competências exigidas. Em suma, a experiência clínica tem que considerar a existência de um sistema de saúde único que mistura a população dos meios rurais com os urbanos; o facto de metade dos fisioterapeutas trabalharem na prática privada, e finalmente a necessidade de o fisioterapeuta ser autónomo para aceder ao exercício profissional (Skinner, 2007).

As exigências neozelandesas não esgota no ensino. Existe um processo de recertificação regular dos fisioterapeutas obrigatório pelo PBNZ. Este organismo recruta um grupo de fisioterapeutas experientes que faz auditoria a 5% dos profissionais activos por ano. A listagem de requisitos descrita no site93, apresenta um elevado grau de rigor. Caso os profissionais não atinjam os requisitos mínimos, estes são submetidos a um Competence Programme94 (PBNZ, 2008). A aprendizagem ao longo da vida era apenas uma obrigação ética, neste momento existe obrigatoriedade em demonstrá-la. Foi um dos principais feitos do Health Practitioners´Competence

Assurance Act 200395 (Ministry of Health, 2003).

Quanto à autonomia profissional na nova Zelândia, os fisioterapeutas podem estabelecer acordos para prestação de serviços, no entanto, estão obrigados a seguir as guidelines reconhecidas na abordagem ao tratamento de condições específicas. Tem autorização para pedir radiografias porém não podem prescrever medicamentos. A nível hospitalar o fisioterapeuta é integrado numa equipa multidisciplinar. Em alguns serviços ambulatórios o serviço de fisioterapia trabalha com indicação médica porém, os fisioterapeutas mantêm a autonomia na avaliação e gestão de todos os cuidados prestados. Até ao momento não existe especialização na área da fisioterapia, havendo apenas lugar a registo de prática generalista (Skinner, 2007).

Um dos principais desafios das escolas de fisioterapia é o financiamento. Comparativamente com cursos como osteopatia, podologia e educação física, o curso de fisioterapia recebe 20% menos. Apesar do custo destes cursos ser semelhante, não existe perspectiva de aumento, limitando a possibilidade de garantia de qualidade dos cursos de fisioterapia. Outro desafio associado à perda de capacidade financeira é a de garantir qualidade na prática clínica supervisionada. O modelo de 2:1 de estágio (2 alunos para 1 supervisor), tende a ser difícil de suportar pois existe lugar a remuneração dos supervisores. Um dos principais objectivos do ensino na Nova Zelândia é o de aumentar o financiamento dos seus cursos apostando também no

93 http://www.physioboard.org.nz/recertification.asp 94 Programa de competências.

financiamento até ao doutoramento. Isto permitirá que a população beneficie de serviços prestados com os mais altos standards, tal como promove o crescimento da profissão. Esta aspiração já é uma realidade nos Estados Unidos da América, tal como em algumas universidades na vizinha Austrália. Na base do seu fundamento estão individualidades de reconhecimento internacional que dão visibilidade ao país, e que contribuem para a profissão a nível internacional, são exemplos, Prof. Joan Walker, Dr. Stanley Paris, Robin McKensie e Brian Mulligan.

Não existem políticas de imigração rígidas para trabalhar na Nova Zelândia. Após o reconhecimento da qualificação do profissional de saúde, é fácil trabalhar no país. Devido à acessibilidade, os recursos humanos têm uma representatividade de trabalhadores estrangeiros substancial. A Nova Zelândia é o país da OCDE com maior taxa de emigrantes entre os médicos, e está entre os que tem maior taxa de emigrantes entre os enfermeiros (Zurn e Dumont, 2008)