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Uma das liberdades fundamentais consagradas no direito comunitário é a livre circulação de pessoas na UE. O artigo 39º do Tratado da Comunidade Europeia (CE) prevê a livre circulação de trabalhadores e é aprofundada no Regulamento (CE) n.º 1612/68 que prevê o direito de os cidadãos da UE trabalharem noutro Estado-Membro como empregados ou funcionários públicos. O direito de trabalhar como trabalhador por conta própria noutro Estado-Membro é consagrado no artigo 43°, que prevê o direito de estabelecimento. No caso dos profissionais de saúde que prestam serviços,

este direito à livre prestação de serviços é consagrado pelo artigo 49º do referido Regulamento (Comunidade Europeia, 2002).

Quanto a números, o emprego na Europa cresceu 1,6% em 2007, o que representa o mesmo ritmo de crescimento em 2006. Este incremento implica um aumento de 3,5 milhões de pessoas a trabalhar no espaço europeu. Apesar de se esperar uma queda da actividade económica no espaço europeu a curto prazo, espera-se que continue a progredir a médio prazo devido às reformas estruturais e políticas macroeconómicas orientadas para o crescimento sustentável. No entanto devido aos preços das matérias primas, o preço da energia e a volatilidade do mercado financeiro, as perspectivas a curto prazo serão susceptíveis a riscos. No plano geral, em 2007, a taxa de emprego rondou os 64,5%. Apesar do crescimento em relação ao ano anterior, ainda se encontra 4,6% abaixo dos objectivos da Estratégia de Lisboa53. A empregabilidade do sexo feminino, em 2007 ficou pelos 58,3% e dos empregados na faixa etária dos 54 aos 65 anos de idade, em 44,7%. Estes números ficaram a 1,7% e 5,3% respectivamente dos objectivos da Estratégia de Lisboa para 2010. Prevê-se a possibilidade de cumprir o objectivo para o sexo feminino no entanto não para os empregados com mais idade. O crescimento da taxa de emprego foi positivo em todos Estados Membros, com a excepção da Hungria, que sofreu um ligeiro decréscimo. O país que viu a taxa de emprego crescer com mais notoriedade foi a Polónia, enquanto que a Estónia sofreu a maior desaceleração da taxa de crescimento. Entre os Estados Membros maiores, o maior crescimento deu-se na França e na Alemanha, tendo diminuído em maior proporção na Itália e Espanha (European Comission, 2008; Eurostat, 2008).

Resumindo, em 2007, a taxa de emprego manteve-se acima dos 70% em 7 Estados Membros, enquanto outros 6 estão a 3% do objectivo. Porém, na Roménia, Itália, Hungria, Polónia e Malta, a taxa de emprego geral ficou a 10% do objectivo de 70%. Por outro lado, o objectivo de 60% da empregabilidade do sexo feminino foi alcançado em 15 Estados Membros. O objectivo da empregabilidade para os empregados na faixa etária dos 54 aos 65 anos foi conseguido em 12 Estados Membros, no entanto, para outros 10, incluindo os grandes Estados Membros como a

53 A Estratégia de Lisboa foi adoptada pela Comissão Europeia em 200 com o objectivo de transformara a Europa ―na economia do conhecimento mais competitiva e dinâmica do mundo, capaz de um crescimento económico sustentável, acompanhado da melhoria quantitativa e qualitativa do emprego e de maior coesão social‖.

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França, Itália e Polónia, ficaram a mais de 10%. A taxa de desemprego manteve-se abaixo dos 10% com a e excepção da Eslováquia que atingiu os 11,1%. O registo da taxa mais baixa pertenceu à Holanda, que se fixou nos 3,2% (European Comission, 2008; Eurostat, 2008; Comissão Europeia, 2007).

Como figura no Gráfico 8, Portugal apresenta a maior quebra na taxa de emprego desde 2000. A Bulgária apresenta-se como o país que apresentou o maior crescimento desde 2000 (European Comission, 2008).

Gráfico 8 – Taxas de emprego gerais dos Estados Membros para 2000 e 2007.

Fonte: Eurostat, EU Labour Force Survey, médias anuais. (in European Comission, 2008)

A mobilidade dos europeus dentro da UE tem como maior motivação a procura de um rendimento familiar maior (46%). Registe-se a continuidade de aumentos a nível salarial que ainda não sofreram cortes. Esta mobilidade também não afectou os empregos dos trabalhadores dos países que recebem imigrantes, não se tendo verificado aumentos da taxa de desemprego, pois tem ocupado áreas de actividades económicas com grandes carências de mão-de-obra, melhorando a economia (European Comission, 2008; Comissão Europeia, 2007).

Dentro dos europeus que trabalham fora do seu país de origem, a esmagadora maioria são jovens com idades entre os 15 e 34 anos (80% na Europa dos 10 e 62% na Europa dos 1554). Dentro dos países que contribuem para a imigração dentro do espaço europeu salientam-se a Roménia, a Bulgária, Lituânia, Chipre, Polónia,

54 Ver Gráficos 10 e 11.

Letónia, Eslováquia e Estónia. Portanto Portugal não se encontra entre os países que contribuem para a imigração dentro do espaço europeu (European Comission, 2008).

Gráfico 9 – Distribuição por grupos etários da população activa e dos trabalhadores móveis em 2007.

Fonte: Eurostat, EU LFS, dados anuais.

Nota: Os ―Mobile citizens‖ são defindos aqui como os trabalhadores em idade active estrangeiros que trabalham até quatro anos noutro Esatdo Membro. (in European Comission, 2008)

Gráfico 10 – Percentagem da população com idades entre os 15 e 34 anos que trabalham fora do seu país de origem dentro da União Europeia 2004-20.

Fonte: Eurostat, projecções da população 2004, sem variante de migração (in European Comission, 2008)

A actividade económica relacionada com a saúde e trabalho social, está representada por 10,7% da população que integra a Europa dos 15. Dentro desta população, 2,5% revela-se móvel no espaço europeu, encontrando-se entre as áreas

com menor mobilidade no espaço europeu como se poderá constatar no Quadro 25 (European Comission, 2008).

Quadro 25 – Percentagem dos trabalhadores móveis dentre da Europa do 15, empregos por actividade económica (por cada 1000 empregados por actividade).

Fonte: EU LFS, dados anuais (in European Comission, 2008).

Nota: Os dados omissos representam números de reduzida dimensão e os que se encontram entre parênteses tem fiabilidade reduzida. Os números representados nas áreas de agricultura e hotelaria poderão encontrar-se sub- representados pois tratam-se de actividade sazonais.

O Quadro 26 apresenta a percentagem de indivíduos com idades entre 18 e 24, inscritos no ensino superior, nos vários ciclos de estudos existente por Estado Membro. Na Europa dos 10, o número de inscritos no ES sofreu um grande aumento desde 2000 até 200555, representado pelos valores de 22,3% a 29,8%. Destacam-se a a Roménia com o maior aumento (8,7%) e a Bulgária com o menor aumento (0,2%) (European Comission, 2008).

Para concluir, numa perspectiva futura, aparentemente não se espera um aumento continuado da emigração. Os dados demonstram que o pico de emigração para o Reino Unido e Irlanda foi atingido em 2006, verificando-se uma quebra em 2007 e no primeiro trimestre de 2008. Existem indicadores que demonstram o regresso dos emigrantes residentes no Reino Unido. Um dos motivos baseia-se no aumento significativo dos ordenados, tal como do emprego dos países que contribuem para a emigração, o que reduz os incentivos dos cidadãos ao saírem do seu país. Por outro lado, a percentagem da população jovem continua a decrescer o que reduz também o

número de interessados em emigrar. Para os países com alta mobilidade de emigração, esta mobilidade pode ser apreciada por dois pontos de vista. Pelo lado positivo, o alívio da taxa de desemprego, onde são maioritariamente os desempregados que emigram; pelo lado negativo, a preocupação de perda de mão de obra altamente qualificada, sendo na sua maioria os jovens e ao fenómeno de ―brain

drain‖ que caracteriza a perda de indivíduos com elevadas capacidades intelectuais

(European Comission, 2008; European Centre for the Development of Vocational Trainning - CEDEFOP, 2008).

Quadro 26 – Estudantes inscritos no ensino superior com idades entre 18 e 24 anos.

Fonte: Cálculos do DG EMPL baseados nas estatísticas de educação e demografia do Eurostat. Nota: ―:‖ dados não disponíveis.

Um dos principais objectivos do Tratado da União Europeia56 é a liberdade de mobilidade entre os Estados Membros (Comunidade Europeia, 2002). Segundo a ―Estratégia Europeia de Emprego‖ (EEE) iniciada pelo Conselho Europeu na Cimeira do Emprego em Luxemburgo em Novembro de 1997, também conhecida pelo ―Processo de Luxemburgo‖ defende que esta mobilidade contribui positivamente para um melhor funcionamento dos mercados de trabalho em toda Europa. Esta estratégia já com mais de dez anos de evolução, é das mais bem sucedidas da União Europeia. Através da cooperação e troca de experiências entre os Estados Membros e a Comissão, facilitam o cumprimento das metas e objectivos para ―criar mais e melhores

empregos na Europa‖ (Comissão Europeia, 2007:3). No entanto persistem barreiras

que dificultam esta liberdade idealizada (Comissão Europeia, 2007). Um dos passos mais importantes para facilitar esta mobilidade no espaço europeu, caso específico que enquadra os fisioterapeutas e profissões na área da saúde é a Declaração de Bolonha, mais conhecida por Processo de Bolonha.

Quanto a previsões da empregabilidade para o futuro, a CCE (2008b) prevê que em 2020 o emprego a nível do sector dos serviços atinja quase 75% do número total de empregos no espaço europeu. Como se pode verificar no Gráfico 11 abaixo, as melhores perspectivas de criação de empregos situam-se na distribuição/transportes, nos serviços às empresas e nos cuidados de saúde e de acção social. Apesar da tendência de crescimento, é visível uma tendência de estabilização do crescimento para alguns países da EU-25 (CEDEFOP, 2008).

Gráfico 11- Tendências nos níveis de emprego no sector dos serviços até 2015, EU-25.

Fonte: CEDEFOP, 2008.