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Define-se a oferta como o número de fisioterapeutas disponíveis no mercado de trabalho. A evolução futura da oferta, apenas depende do saldo natural entre as entradas e saídas de profissionais, podendo por isso ser expressa de forma determinística. A oferta é a variável que pode ser regulada (variável de controlo, em linguagem de investigação operacional) de forma a obter-se uma co-evolução harmoniosa de oferta e a procura. A regulação da oferta pode ser obtida por diversos

meios, que variam entre a fixação administrativa do número de vagas e a simples informação do público-alvo133.

Assim sendo, a oferta (SFt+1) num determinado ano é entendida como o número de fisioterapeutas que existem actualmente (SFt), somando-se os que entraram (Et) subtraindo-se os que se reformaram (Rt).

Fig.5. Entradas (Et) e saídas (Rt) de fisioterapeutas no sistema.

Onde:

Et: Entradas no curso de fisioterapia.

SF: Oferta de fisioterapeutas.

Rt: Reformas.

SFt: Oferta de fisioterapeutas no ano t.

SFt+1: Oferta de fisioterapeutas no ano seguinte.

Assim, admite-se que a série temporal da oferta é dada pela fórmula seguinte: (1) SFt+1 = SFt + Et - Rt

Como (

R

t) não é manipulável, pretende-se calcular a série (

E

t) que permite estabelecer o equilíbrio entre a oferta e a procura.

Portanto, a oferta (SFt) depende do número de entradas (Et) nos cursos de fisioterapia.

133 Com origem em estudos de empregabilidade, por exemplo. Et

Rt

A procura de fisioterapia depende de um conjunto diverso de factores dificilmente determináveis, pelo que a sua evolução só pode ser descrita segundo uma estimativa definida por uma relação estatística. A procura depende da evolução demográfica, da emergência de novas áreas de intervenção no campo da fisioterapia, de tendências de consumo, da evolução tecnológica, dos saberes da própria fisioterapia, etc. O consumo deste tipo de serviço tem características específicas, pois a sua procura é relativamente independente do seu preço. Por um lado, tratando-se de necessidades efectivas, primárias, estas devem ser rapidamente satisfeitas. Por outro, este serviço é largamente prestado a um custo simbólico ou mesmo gratuitamente, pois é habitualmente financiado por entidades como a Administração Regional de Saúde (ARS) local, ou outras entidades públicas e privadas. Assim, a procura pode ser considerada essencialmente inelástica134. A Figura 6, apresenta três gráficos com curvas de procura. A Figura 6a) apresenta uma curva de procura elástica, demonstrando uma variação significativa do consumo consoante a variação inversa do preço. A Figura 6b) contém uma recta que demonstra uma procura perfeitamente rígida, portanto, indiferente à variação do preço. A Figura 6c) apresenta uma curva mista, que poderá representar a procura dos serviços de fisioterapia. A curva pode ser considerada, dividindo-a em três partes. A parte de cima da curva pressupõe uma oferta de serviços de fisioterapia, que não são financiados pelo Estado ou por outras entidades pagadoras, pois podem ser considerados bens de luxo.

134 Segundo Samuelson e Nordhaus (1993), a lei da procura decrescente, diz que a quantidade procurada tende a variar inversamente ao preço. A elasticidade preço da procura, reflecte esta sensibilidade da procura ao preço. A inelasticidade, reflecte a indiferença da variação da procura, com a variação do preço.

Figura 6 - Curvas de procura. a) Curva de procura elástica. b) Curva de procura vertical (procura perfeitamente rígida). c) Curva de procura mista.

Q P D Q P D b) P D2 D1 D3 c) Q Legenda:

D: Procura perfeitamente rígida P: Preço Q: Quantidade Legenda: D: Procura elástica P: Preço Q: Quantidade Legenda: D1: Procura elástica

D2: Procura perfeitamente rígida

D3: Procura elástica

P: Preço Q: Quantidade a)

Note-se que, a variabilidade do campo de intervenção da fisioterapia, nomeadamente no âmbito da prevenção, na promoção da saúde, ou até na estética, abre a possibilidade do consumidor ser mais susceptível à apreciação do seu preço antes de consumir o serviço. A parte central da curva abrange a situação em que os serviços de fisioterapia são financiados por terceiros, portanto, o consumidor não é afectado pelo preço do serviço. Ainda, este segmento da curva rígida ou inelástica, pode ser interpretada pelo facto de o recurso à fisioterapia ser habitualmente desencadeado para restabelecimento ou melhoria do estado de saúde, remetendo o preço do serviço para um segundo plano, daí a indiferença ao preço. A parte mais inferior da curva admite que os serviços sejam extremamente baratos. Se o preço for exageradamente baixo, começa a haver um uso indiscriminado de fisioterapia. Com esta curva, permite- se um certo grau de elasticidade na procura de serviços de fisioterapia.

De acordo com estes pressupostos, admitindo que o segmento relevante da curva da procura corresponde à secção inelástica, a evolução da série temporal da procura pode ser analisada através da série temporal da capitação de fisioterapeutas. A análise foi dividida em duas fases: uma que integra dados internacionais (a) para a extrapolação para o futuro da equação de regressão, que traduz a série temporal da procura. A outra (b) relaciona o envelhecimento da população com a evolução da procura, calculada na primeira fase.

a) A evolução da procura é aqui definida por uma função logística. A criação e expansão de serviços seguem em geral curvas logísticas. Admite-se que quando uma actividade tem o seu início, a sua difusão tem uma evolução gradual, pois à medida que esta se difunde na comunidade, vai despertando a necessidade, aumentando a sua procura. A fisioterapia era até há pouco tempo desconhecida, tendo-se registado um aumento do consumo na generalidade dos serviços. Este aumento gradual deve estabilizar assim que seja atingido o limite de interesse da fisioterapia, ou seja, tende a estabilizar quando a população não tiver mais necessidade de fisioterapia. Assim haverá um valor de tendência, que é um limite em que todas as pessoas devem ter as suas necessidades satisfeitas.

O ―limite de interesse da fisioterapia‖ tem uma perspectiva económica que é interpretada pela lei da utilidade marginal decrescente. Segundo Samuelson e Nordhaus (1993) a utilidade marginal135 é o incremento da utilidade obtida ao consumir um bem. Quando se repete o consumo desse mesmo bem, a utilidade crescerá a uma

135 Por ―marginal‖ entende-se ―adicional‖.

taxa cada vez menor (lei da utilidade marginal decrescente). Este conceito pode ser ilustrado em casos de reabilitação. Num processo de reabilitação, é frequente que os progressos sejam maiores na fase inicial, tendo tendência a desacelerar quando se atinge a capacidade de recuperação da função.

Portanto, admite-se que a procura no ano (t), e o número de fisioterapeutas empregados, seguem uma curva logística que tende para um determinado valor de saturação. O número previsível de fisioterapeutas/habitante vai representar a procura.

A calibração da curva logística foi efectuada com os dados estatísticos dos países incluídos no estudo. Os dados de origem, foram reunidos num painel que permitiu a observação da evolução do número de fisioterapeutas/habitante em vários países do mundo e em diversos anos (Apêndice 2). Adaptou-se esse painel, a uma função logística que permite prever a evolução do número de fisioterapeutas/habitante para Portugal nos próximos anos, ou seja, efectuou-se uma regressão136 conjunta dos países incluídos no estudo.

b) A procura a nível nacional vai ser contemplada recorrendo a dados de consumo de fisioterapia, associando os padrões de consumo a grupos etários definidos. Calculando a proporção de consumo por grupo etário, pretende-se chegar ao número relativo de fisioterapeutas necessários, que garantam os cuidados a cada grupo etário. Admitindo que estes padrões de utilização dos serviços de fisioterapia se mantém preservados no tempo, pretende-se conhecer a evolução da procura específica em território nacional, resultante das alterações demográficas regionais.

3. Portanto, o modelo de decisão para estabelecer o equilíbrio entre o número de fisioterapeutas que é necessário formar é formulado através da oferta (SFt) e da procura (DFt). Pretende-se estabelecer séries temporais de oferta e procura para comparação, pois entende-se que deve haver ajustamento entre o número de fisioterapeutas empregados e as necessidades da população.

Pretende-se assim procurar um equilíbrio entre a oferta (SFt)137 e procura (DFt), portanto, o valor que torna (SFt) = (DFt) em todos os anos.

136 Segundo Fortin (2009), a regressão logística é um teste estatístico inferencial que permite a previsão do comportamento (valor) de um sujeito para uma variável partindo de valores obtidos para uma ou várias variáveis independentes.