• Nenhum resultado encontrado

3. A EXPERIENCIA E A INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NO ENSINO

3.2. Caraterização da turma

As informações para a caraterização de turma foram obtidas através de um questionário respondido pelos alunos. Previamente foi solicitada, aos próprios e aos respetivos encarregados de educação, concordância ou autorização, consoante o tipo de participante – aluno; EE – para a participação no estudo. Garantiu-se anonimato, pelo que se utilizou uma codificação para designar cada aluno. Havendo quatro grupos, atribuíram-se letras A, B, C, e D para cada grupo. Dentro deles, havia o aluno A1, A2, e assim sucessivamente.

Os resultados reportam-se a uma turma do 11.º ano de um curso Científico- Humanístico do ensino regular. Responderam ao questionário doze alunos de um conjunto inicialmente constituído por dezassete inscrições. Registaram-se três anulações de matrícula e três exclusões por faltas. No entanto, dois alunos externos também responderam, pelo que o total de questionários respondidos é, como já referido, doze. É possível falar num equilíbrio entre géneros: elementos femininos (50%) e masculinos (50%). Em termos etários (ver Figura 4), a média de idades ronda os 18.2 anos, sendo a média dos elementos masculinos 18.3 e a dos femininos 16.1. Como tal, o género masculino foi muito mais afetado por retenções do que o feminino.

A heterogeneidade, patente nas idades, é também visível quanto à naturalidade (ver Figura 5). Nesta turma, 58% têm naturalidade portuguesa e os restantes 42% naturalidade guineense, havendo, entre estes, dois alunos com residência inferior a dois anos em Portugal. Contudo, a maioria tem nacionalidade portuguesa (92%) (ver Figura 6). Sobre a residência, importa sublinhar que a maioria habita na localidade

33%

50% 17%

G R U P O E T Á R I O

Até 17 >17-19 >19

onde a escola se encontra (75%). Ainda assim, um quarto dos que responderam ao questionário não identifica o local de residência (25%) (ver Figura 7).

42%

42% 16%

N A T U R A L I D A D E

Guiné-Bissau Barreiro Lisboa

92% 8% N A C I O N A L I D A D E Portuguesa Estrangeira 75% 25% R E S I D Ê N C I A

Vale da Amoreira N/I

Figura 5 Identificação dos locais de nascimento (%)

Figura 6 Nacionalidade da turma (%)

No que respeita à dimensão familiar é possível analisar algumas variáveis, como o nível de habilitações literárias, a profissão e a relação com os familiares com quem vivem (diretos ou outros). De notar que alguns, por terem idade igual ou superior a 18 anos, assumem as funções de EE (33%) (ver Figura 8). Nos restantes 67%, representados por outro parentesco, a escolha recai sobretudo nas mães. A média de idades dos EE que não são o próprio é de 46 anos.

Quanto às habilitações literárias (ver Figura 9), 33% referem-se ao ensino básico e 9% ao ensino secundário. De salientar que a maioria (58%) não refere a escolaridade dos EEs, o que sugere desconhecimento desta informação.

Não foram registadas respostas que apontassem habilitações literárias ao nível do ensino superior. Relativamente à situação profissional (ver Figura 10), os valores para detentores de contrato e em situação de desemprego são iguais: 33% para cada um destes grupos. A reforma apresenta o valor mais baixo (9%). A nacionalidade (Figura 11) regista alguma diversidade embora o peso recaia, essencialmente, sobre a nacionalidade portuguesa (67%).

33%

67%

E N C A R R E G A D O S D E E D U C A Ç Ã O

Próprio Outro parentesco

9% 33% 58% H A B I L I T A Ç Õ E S E E E. Secundário E. Básico N/I

Figura 8 Escolha dos encarregados de educação (%)

O núcleo familiar com que vivem é variável (ver Figura 12), constata-se que grande parte (51%) vive com a mãe e outros familiares (irmãos, avós e sobrinhos), seguindo-se o valor que corresponde ao viver com a mãe e o pai (33%). Na categoria de mãe, pai e outros; e outros familiares, os resultados foram idênticos: 9% para cada um deles. Não houve registo de alunos a viver apenas com a mãe, apenas com o pai ou com o pai e outros familiares. A maioria não refere o estado civil dos pais (67%). Os dados apurados têm pouca expressividade, mas mencionam que têm irmãos o que, em média, significa fraterias compostas por 2.9 elementos.

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% M Ã E E P A I

M Ã E E O U T R O S M Ã E P A I E O U T R O S O U T R O S F A M I L I A R E S

COM QUEM VIVES?

67% 8%

25%

N A C I O N A L I D A D E E E

Portuguesa Angolana Guineense

33%

9% 33%

25%

S I T U A Ç Ã O P R O F I S S I O N A L E E

Contrato Reforma Desemprego N/I

Figura 10 Situação profissional dos EE (%)

Figura 11 Nacionalidade dos EE (%)

No geral, as habilitações (ver Figura 13) de todos os que foram descritos como membros do agregado familiar situam-se, sobretudo, no ensinos básico ou secundário (36%). O ensino superior é o valor mais baixo (6%). No que foi possível apurar, ao nível do ensino básico (ver Figura 14), a maior percentagem recai sobre o 1.º ciclo (46%). Assim, trata-se de uma população desfavorecida, no que se refere às habilitações literárias.

Esta situação reflete-se, como seria de esperar, na estrutura profissional (ver Figura 15). Predominam os grandes Grupos Profissionais 5 e 9, ou seja, trabalhadores não qualificados e pessoal dos serviços e vendedores. Apenas uma pequena percentagem (3%) exerce cargos ligados às áreas científicas (Grupo 2), designadamente, enfermeiros. 6% 36% 36% 22% H A B I L I T A Ç Õ E S A G R E G A D O

Ensino Superior Ensino Secundário Ensino Básico N/I

46%

27% 27%

H A B I L I T A Ç Õ E S A G R E G A D O

Ensino Básico (1ºciclo) Ensino Básico (2ºciclo) Ensino Básico (3ºciclo)

Figura 13 Habilitações literárias dos agregados familiares (%)

Relativamente ao percurso escolar (ver Quadro 3) em média, a frequência dos que responderam terem frequentado o ensino pré-escolar (67% dos alunos) ronda os dois anos. Os anos de escolaridade com maior incidência de retenção foram os 7.º e o 10.º anos de escolaridade, o que realça as dificuldades sentidas na transição para os dois últimos ciclos de estudos, ou seja, quando o nível de exigência começa a ser maior. O local mencionado dedicado ao estudo é em casa (no quarto ou na sala), os familiares indicados como os que ajudam no estudo são a mãe e os irmãos, o que indica uma nítida diferença quanto aos papéis assumidos pelo género feminino (Mãe) e masculino (Pai). As disciplinas referidas como aquelas em que obtêm classificações negativas foram a História, a Geografia, o Português e a Matemática aplicada às Ciências Sociais. As faltas disciplinares mencionadas não ultrapassam, em número, as duas faltas por aluno. Sobre o interesse que têm sobre a escola, as opiniões dividem- se: 50% afirma que se interessa e 40% que não havendo ainda 5% que não respondem. São utilizados como argumentos positivos a proximidade à residência e o facto de existir um laço afetivo com as pessoas que estão na escola. Como argumentos negativos a falta de infraestruturas adequadas.

3% 3% 14% 3% 19% 22% 36%

Grupo 2 - Especialistas das profissões intelectuais e científicas

Grupo 3 - Técnicos e profissões de nível intermédio Grupo 5 - Pessoal dos serviços e vendedores Grupo 7 - Operários, artífices e trabalhadores similares Grupo 9 - Trabalhadores não qualificados

N/I Estudantes

Figura 15 Grupos profissionais do agregado familiar (%)

A maioria utiliza regularmente a internet e acede-lhe através de computador próprio. Questionados sobre o gosto em estudar, a maioria refere que por vezes gosta (58%) mas, quando questionados diretamente se gostam, ou não, da escola, a maioria concorda que sim (67%). As disciplinas favoritas indicadas foram a Educação Física, o Inglês e a Matemática aplicada às Ciências Sociais. As disciplinas de que menos gostam foram a História, a Geografia e a Filosofia. A maioria não menciona em que clube da escola gostaria de participar e muitos afirmam mesmo que não gostariam de participar em nenhum, situação semelhante nas atividades extracurriculares.

Relativamente às atividades que gostariam de ver dinamizadas em espaço pedagógico, referem o trabalho em grupo (24%), as aulas práticas (20%), aulas com material áudio/vídeo e debates (17%). Referem que os fatores que contribuem para o insucesso escolar são a falta de atenção/concentração (15%), a falta de hábitos de estudo e o desinteresse pela disciplina (14%) e o esquecimento rápido sobre os conteúdos programáticos (11%).

Quanto aos gostos pessoais, preferiu-se representar a informação sob a forma de uma nuvem de palavras (ver Figuras 16, 17 e 18). Embora existam interesses comuns aos dois géneros, feminino e masculino, nota-se que a intensidade dos mesmos, em cada um destes dois grupos, é diferente (ver Figuras 17 e 18).

Figura 16 Nuvem de palavras da turma sobre os tempos livres (através de Wordle)

As informações sobre os hábitos de sono (ver Figura 19) e de alimentação (ver Figura 20) revelam a necessidade de alguma supervisão, nomeadamente porque um terço (33%) se deita depois da meia-noite, o que indica que não dormem as horas que seria desejável. Além disso, 8% afirmam que não tomam pequeno-almoço, o que também não é saudável.

67% 25%

8%

O N D E T O M A S O P E Q U E N O - A L M O Ç O

Em casa Na escola Não tomo

8% 42% 33% 17% A Q U E H O R A S V A I S D U R M I R [20:00-22:00] [22:00-00:00] >00:00 N/I

Figura 18 Nuvem de palavras sobre os tempos livres das raparigas (através de Wordle)

Figura 19 Horas de sono (%)

À luz do Decreto-Lei n.º3/2008 de 7 de janeiro (ME, 2008), as dificuldades mencionadas (ver Figura 21) pela turma não estão abrangidas por nenhuma medida de diferenciação pedagógica ao nível dos apoios educativos especializados, excetuando- se um caso, sinalizado como esclerose lateral amiotrófica.

17% 6% 22% 6% 6% 6% 11% 28% D I F I C U L D A D E S

Leitura Escrita Visuais Auditivas Oralidade Mobilidade Outra N/I