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3. A EXPERIENCIA E A INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NO ENSINO

3.4. Praxis docente

3.4.3. Descrição da intervenção pedagógica

Na concretização da intervenção pedagógica houve em mente a citação de Souto González (1998, p. 376), «é preciso valor e coragem em aceitar o repto educacional, para que um ‘universo’ de alunos com as suas caraterísticas, com plurais perceções do mundo, desenraizados e marginalizados socialmente, e até mesmo em situações de abandono familiar, aprendam» (tradução própria, aspas no original). É essencial reconhecer que, ensinar com rigor científico, não significa, unicamente, transpor os conteúdos científicos para o ensino, mas sim efetuar uma adaptação dos conteúdos do currículo às necessidades e competências dos destinatários. Torna-se necessário, neste processo, reinventar métodos de trabalho e fazer experiências pedagógicas ricas e sustentadas, de forma a descobrir o nível desejado de adequação, para alcançar o êxito e precisão na aprendizagem da Geografia. Desta forma, justifica- se a intencionalidade da intervenção pedagógica. Um caminho baseado no trabalho colaborativo, na procura de estratégias que se mostrassem adequadas para este microcosmos. Apresenta-se de seguida uma descrição das aulas realizadas.

Aula n.º 1 Disciplina: Geografia A Data: 12/01/2015

Lição n.º 97 e 98 Presenças: 11 de 15 Hora: 14:25-16:15 (100’)

Sumário: Discussão sobre os padrões de consumo atuais e os padrões de consumo no início do século XX.

Linha conceptual: a primeira aula reveste-se de um caráter introdutório. Foi desenvolvida tendo como orientação testar o funcionamento dos grupos de trabalho, que tinham sido formados pelo candidato a Professor com base no conhecimento sobre os alunos que tinha apropriado através da recolha documental, do questionário e da observação de aulas, bem como de conversas informais com a professora.

Promoveu-se um cenário de educação formal que facilitasse a apropriação de conhecimentos. Procedeu-se à elaboração de uma discussão sobre os padrões de consumo atuais e os padrões de consumo no início do século XX. Justifica-se a escolha deste tema pelo facto de se considerarem os padrões de consumo um assunto aglutinador sobre as dinâmicas económicas. Estas estão intrinsecamente ligadas ao desenvolvimento das cidades.

Descrição da aula: num primeiro momento, o candidato a Professor acolheu a turma, posicionando-se junto à porta da sala de aula. Informou que seria o responsável pela aula e, seguidamente, pediu que procurassem os respetivos lugares (a sala tinha sido organizada previamente). Procedeu à distribuição de uma tabela (Anexo 4) por grupo e explicou o pretendido. Iriam registar, em conjunto, o que achavam ser os principais padrões de consumo na atualidade e aqueles que teriam existido no tempo dos seus avós. Após a explicação, determinou o tempo necessário para a elaboração desta atividade e rapidamente passou por perto de cada um dos grupos, para os fazer começar a trabalhar. Passados alguns minutos, dirigiu-se a cada grupo novamente e procurou saber o que já tinham registado. Constatou diferenças quanto às velocidades de trabalho e tentou, através de algumas recomendações genéricas, colmatá-las. Ao constatar que os grupos estariam aptos a iniciar uma discussão geral, em grande grupo (turma), deu como terminada esta primeira etapa da tarefa. Ao questionar cada um dos grupos, obteve-se o seguinte esquema:

Estes contributos foram discutidos pela turma, estabelecendo pontes entre os consumos e as cidades. No decorrer da discussão geral, os grupos são convidados a registar, nas suas tabelas, o que para eles é mais significativo, aproveitando assim os diversos discursos. No final, é projetada uma sugestão de preenchimento (Anexo 5) e questiona-se se há alguma palavra que a turma não conheça, para a clarificar. Foi identificada a expressão venda a granel. Depois de proceder à explicação, é sugerido que sejam completadas, mais uma vez, as respetivas tabelas. Desta forma termina o primeiro tempo de aula.

Sobre o intervalo, sublinha-se a tentativa de negociar a sua supressão, negociando, em alternativa, terminar a aula mais cedo. Esta medida justifica-se por se constatar que há quebra na dinâmica da aula e que o intervalo acontece quando os

alunos estão francamente empenhados. Contudo, a inexperiência do candidato a Professor levou a que a negociação não fosse conduzida de forma suficientemente assertiva, da sua parte. Assim, a maioria dos alunos exprimiu vontade de realizar o intervalo. No regresso, registaram-se atrasos significativos e duas ausências, algo indesejável e que se recomenda evitar.

Para o segundo tempo foi solicitado que organizassem a informação registada. Deveriam, por isso, agrupar conteúdos conceptuais que estivessem relacionados entre si. Foi sugerido que utilizassem cores para cada um dos conjuntos criados. Percecionou-se que a tarefa, a partir deste ponto, não se mostrou de fácil compreensão, condicionando as seguintes etapas. Porém, acredita-se que a aula cumpriu o seu propósito, salientando-se os aspetos positivos que este primeiro contacto com os novos grupos de trabalho demonstrou. Como momento final solicitou-se que fosse sugerido um sumário, à turma.

Aula n.º 2 Disciplina: Geografia A Data: 16/01/2015

Lição n.º 102 e 103 Presenças: 11 de 15 Hora: 10:30-12:20 (100’)

Sumário: A formação das áreas metropolitanas. A área metropolitana de Lisboa e a área metropolitana do Porto.

Linha conceptual: após o caracter introdutório sobre as dinâmicas que ocorrem nas cidades, pretende-se iniciar a clarificação dos processos de expansão dos centros urbanos e a formação das áreas metropolitanas. Segundo as recomendações do programa, é sugerido que se relacione o dinamismo demográfico e funcional das áreas centrais da cidade com o crescimento espacial das áreas periféricas. Destaque para os impactes territoriais resultantes da progressiva alteração da paisagem.

Descrição da aula: procedeu-se de maneira semelhante no que respeita ao acolhimento da turma. De forma a clarificar as intenções da aula, algo que não foi feito adequadamente no início da aula introdutória, procedeu-se à explicação do que seria realizado. Através de um breve enquadramento, recuperou-se a distinção entre as fases centrífugas e centrípetas, recorrendo ao quadro negro. Desta forma, estabeleceu-se a correspondência entre as fases e os respetivos fenómenos espaciais associados (suburbanização e periurbanização). Após o enquadramento, procedeu-se à distribuição de uma ficha de trabalho (Anexo 6). Com este recurso pretendia-se relacionar a fase centrífuga com a formação das áreas metropolitanas, através da

interpretação textual. Preferiu-se recorrer a tarefas de interpretação textual pois, em conselho de turma, foram identificadas dificuldades gerais quanto à sua realização. Dedicaram-se alguns minutos para a explicação da ficha e informaram-se os grupos de que poderiam realizá-la com a ajuda dos colegas. Esta atividade ocupou todo o primeiro tempo de aula.

Observou-se, novamente, que os tempos de aula não estavam a ser cumpridos pela maioria dos alunos. O regresso às atividades ficou marcado por demoras significativas, sugerindo, também, dificuldade na implementação da dinâmica que anteriormente foi criada. Contudo, de modo a criar rapidamente o ambiente de trabalho, procedeu-se à projeção de uma sugestão de preenchimento da ficha concluída (Anexo 7) e explicou-se qual tinha sido o seu propósito.

Realizou-se um novo enquadramento, sintetizando as relações que estão na origem dos processos de formação de uma área metropolitana. Deste modo, foi dito que os conteúdos pressupõem, além do conhecimento dos processos que estão na origem das grandes aglomerações urbanas, a análise das duas áreas metropolitanas do país. Foi apresentada uma nova ficha de trabalho (Anexo 8), que seguiu, também, uma estratégia de interpretação e análise textual. A par desta, pretendia-se traçar a importância, à escala regional e nacional, das áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, refletindo sobre as diferenças entre ambas e equacionando os respetivos pontos fortes e fracos. Constatou-se que o tempo disponível não seria suficiente para concluir as tarefas propostas. Assim, apenas foi possível proceder à leitura do texto e à esquematização da informação. Como momento final solicitou-se a elaboração do sumário, à turma.

Aula n.º 3 Disciplina: Geografia A Data: 19/01/2015

Lição n.º 104 e 105 Presenças: 11 de 15 Hora: 15:25-16:15 (100’)

Sumário: Conclusão do trabalho realizado na aula anterior sobre a AML e a AMP. As tipologias e a distribuição da indústria em Portugal.

Linha conceptual: sobre o papel da indústria no dinamismo das áreas geográficas, o programa recomenda que se faça a identificação das áreas geográficas de maior implantação industrial a nível nacional e a sistematização das diferenças entre as tipologias industriais, nomeadamente, nos eixos suburbanos, nas áreas metropolitanas e no centro da cidade. É também importante refletir sobre as consequências da forte desigualdade na localização industrial, no território português,

e discutir estratégias que permitam o aumento da liberdade locativa, facilitando a descentralização.

Descrição da aula: procedeu-se de maneira semelhante no que respeita ao acolhimento da turma. Utilizou-se todo o primeiro tempo da aula para a explicitação das intenções e recuperação das atividades da última aula, determinando um tempo para a sua conclusão. Num contexto de continuidade (aula sem intervalo), foi apresentada uma nova atividade e, à semelhança do quadro anterior, apenas se forneceu um único enunciado ao grupo (Anexo 9). Esta ficha desenvolve-se à semelhança das anteriores, recorrendo, por isso, à interpretação e análise de texto. Estava previsto na planificação, que após esta última ficha, fosse realizada a atividade de localização. Contudo, não houve disponibilidade de tempo. Como momento final solicitou-se a elaboração do sumário à turma.

Aula n.º 4 Disciplina: Geografia A Data: 20/01/2015

Lição n.º 106 e 107 Presenças: 11 de 15 Hora: 16:25-18:10 (100’)

Sumário: A localização das indústrias, atividade prática. Ficha de consolidação sobre a expansão urbana e as caraterísticas da indústria.

Linha conceptual: reporta-se à anterior.

Descrição da aula: acolhimento da turma semelhante. Explicou-se que a aula consistiria na realização de um pequena atividade de planeamento territorial, a par da consolidação dos conteúdos trabalhados, terminando desta forma o estudo sobre a expansão urbana. O candidato a Professor questionou a turma se conhecia o programa televisivo Shark Tank. A resposta foi afirmativa. Através desta motivação, foram dadas as instruções sobre como proceder. Assim, à semelhança do que acontece naquele programa, seriam feitas propostas de investimento, de modo a que alcancem o desejado financiamento. Os grupos deveriam discutir uma proposta sobre a localização da sua empresa e justificar as suas opções.

Na concretização desta atividade foi projetada uma figura (Anexo 10) e foi distribuída aleatoriamente por cada grupo uma indústria (alimentar; farmacêutica; metalúrgica e têxtil). Foi determinado um tempo para a elaboração e discussão de propostas. O candidato a Professor, como nas aulas anteriores, supervisionou os grupos e mostrou-se disponível a esclarecer as dúvidas que fossem surgindo. Percecionando

que a turma estaria preparada para proceder à apresentação do trabalho realizado e discussão geral, solicitou que um representante de cada grupo viesse apontar na figura que localização tinham escolhido e fundamentasse as escolhas do grupo. As diversas propostas e respetivas argumentações foram amplamente discutidas. Os grupos mostravam grande curiosidade quanto à ou às proposta(s) vencedora(s), algo que só seria revelado no final da aula.

A segunda parte da aula destinou-se à realização da ficha de consolidação de conteúdos. Foi estipulado um tempo para a sua realização e a correção foi feita oralmente. Preferiu-se recorrer à estratégia de pergunta dirigida, o que deu oportunidade à participação de todos os alunos. Como momento final solicitou-se a elaboração do sumário à turma.

Aula n.º 5 Disciplina: Geografia A Data: 21/01/2015

Lição n.º 108 Presenças: 11 de 15 Hora: 11:30-12:20 (50’)

Sumário: Visionamento do videoclipe “Casa no Campo”. Discussão do conceito de rurbanização. Apresentação dos trabalhos realizados pela turma (início da discussão).

Linha conceptual: após a unidade didática da Expansão Urbana surge a dos Problemas Urbanos. Estes problemas estão associados, sobretudo, às áreas urbanas de grande dimensão ou às que conheceram períodos de expansão muito rápidos, em que é difícil assegurar um adequado ordenamento do território. Estes problemas acabam por se traduzir, na perspetiva dos habitantes, na quebra da qualidade de vida.

Descrição da aula: por se tratar de uma aula de apenas um tempo, e atendendo a que a maioria dos alunos desta turma não cumpria geralmente o horário, o candidato a Professor decidiu fazer o acolhimento junto à porta do bloco, para que a sua presença fosse notada. Já dentro da sala de aula, procedeu à distribuição de uma folha com a letra de uma música (Anexo 11), enquanto explicava no que iria consistir a aula. Num primeiro momento, iriam analisar o conceito de rurbanização através da música e, num momento posterior, procederiam à apresentação dos trabalhos efetuados no âmbito dos problemas urbanos que a turma recolheu através da visita e das fotos que realizaram. Constatou-se que, durante a correção da ficha de consolidação, o conceito de rurbanização não estava claro para a maioria dos alunos. Recorreu-se à música Casa no Campo, da Capicua, como mediador que facilitasse a apropriação do conceito. Foi projetado o videoclipe, acompanhado da letra, e, depois, seguiu-se um momento de

discussão geral. De tudo o que foi referido sublinha-se a expressão «estar longe da selva de cimento». Através desta metáfora foi feita a ponte com alguns dos motivos de fundo que estão na origem do êxodo urbano.

A última parte da aula foi reservada para o início da apresentação dos trabalhos realizados (Anexo 12). A apresentação organizou-se segundo uma ordem temática. Assim, surgem documentados os problemas associados às infraestruturas (habitação e edifícios degradados); à ausência de infraestruturas infantis; os transportes (fraca cobertura e acessibilidade); e a poluição (atmosférica e solos). Como momento final solicitou-se a elaboração do sumário à turma.

Aula n.º 6 Disciplina: Geografia A Data: 23/01/2015

Lição n.º 109 e 110 Presenças: 11 de 15 Hora: 10:30-12:20 (100’)

Sumário: Conclusão da apresentação dos trabalhos realizados pela turma. Elaboração de atividade sobre os problemas urbanos no Vale da Amoreira.

Linha conceptual: reporta-se à anterior.

Descrição da aula: procedeu-se à conexão com a aula anterior através de uma síntese do que já fora explorado. A discussão geral retomou o tema da ausência das infraestruturas infantis, seguindo-se os transportes e, por último, a poluição. Relacionado com este último assunto, surgiu a referência a um problema que ninguém referiu, e ao qual o manual escolar também não faz referência, apesar de ser algo a que os alunos estão muito ligados: o lixo eletrónico. No que respeita a esta questão, o candidato a Professor recomendou que se refletisse sobre as quantidades absurdas de lixo eletrónico que são produzidas diariamente, um claro reflexo dos padrões de consumo atuais. No final da discussão, reservou-se um momento de aplicação de conhecimentos a novas situações, que consistia em estabelecer, em grupo, relações entre os principais problemas identificados no Vale da Amoreira (Anexos 13, 14, 15 e 16). Como momento final solicitou-se a elaboração do sumário à turma.