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Caraterização socioeconómica e psicopedagógica do grupo

Ao longo dos pontos seguintes iremos referir algumas informações alusivas à caracterização do grupo onde a nossa PES I foi realizada. As informações foram recolhidas através de conversas informais com a educadora, ao final de cada dia e da observação direta com o grupo.

Para que o sucesso educativo seja alcançado é necessário conhecer cada criança, pois cada uma delas é diferente e, por esse motivo, apresenta um ritmo de aprendizagem e desenvolvimento diferente. É essencial que valorizemos cada criança como um ser ativo, capaz de construir o seu próprio conhecimento.

Figura 8 - Área do diálogo/tapete Fonte - Própria

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3 anos

4 anos

IDADE DAS CRIANÇAS

Gráfico 1 - Idade das crianças Fonte- Própria

5.1.

Caracterização do grupo

Nas OCEPE (Ministério da Educação, 1997) é preconizado que o funcionamento do grupo de crianças, no Pré-Escolar, seja influenciado pelas caraterísticas individuais de cada uma delas, como o sexo, a idade, e o número existente em cada sala de atividades.

Neste seguimento, reiteramos que a nossa PES I foi realizada no Jardim-de-Infância das Lameirinhas, na sala das crianças com 3 e 4 anos. Cinco das crianças tinham 3 anos de idade, as restantes três crianças, tinham 4 anos de idade, como se pode verificar no gráfico 1.

O grupo era assim constituído por oito crianças, quatro do sexo masculino e quatro do sexo feminino, sendo, por isso, um grupo equilibrado, como se pode verificar no gráfico 2.

Feminino

Masculino

SEXO DAS CRIANÇAS

Gráfico 2 - Sexo das crianças Fonte- Própria

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O desenvolvimento cognitivo está relacionado com a idade cronológica de cada criança, que, por sua vez, vai influenciar e interferir na execução das atividades e adaptação ao jardim-de- infância.

De uma forma geral, não verificámos grandes dificuldades apresentadas pelas crianças, sendo que cada uma delas apresentava um desenvolvimento enquadrado e adequado à sua idade. Porém, uma destas crianças aparentava ter algumas dificuldades, ao nível motor, da linguagem e de aquisição de aprendizagens, sendo que este caso foi referenciado e analisado pela equipa de intervenção precoce.

Nesta sequência, tendo em conta a idade das crianças, podemos referir, de acordo com a caracterização dos estádios de desenvolvimento citados por Piaget (1990), que estas se situam no estádio pré-operatório, pois apresentam características egocêntricas

.

Na perspetiva de Ribeiro (2011, p.6) este estádio, além de outras características, também

é caraterizado pela fantasia, o que permite às crianças dar asas à sua imaginação e explorar o mundo envolvente. Por este motivo, nesta etapa, a comunicação com as crianças é de extrema importância

.

Na nossa sala, a comunicação com o grupo foi muito trabalhada, em diversos e oportunos momentos durante os diferentes dias de atividades, com o objetivo de as crianças terem a oportunidade de expressar livremente os seus sentimentos, gerir e organizar pensamentos e, assim, proporcionar o progresso na aquisição das capacidades sociais, aprendendo, deste modo, a conviver e a trabalhar em grupo, explorando as diferentes áreas presentes na sala de atividades.

Ao longo da PES I, observámos, durante o período em que as crianças exploravam livremente as diversas áreas da sala de atividades, que de um modo geral, preferiam a área da caixa de areia, os jogos no computador e a área da casinha das bonecas, mas também, pontualmente, algumas escolhiam a área da pintura

.

Deste modo é necessário referenciar que para as crianças desta faixa etária, brincar é muitíssimo importante, pois segundo Vygotsky (1988) o ato de brincar é um meio que proporciona a criação de situações simbólicas predominantes na primeira infância e que promovem o desenvolvimento dos processos psicológicos, na interação social e cultural da criança.

Neste sentido, o brincar demonstra ser um aspeto fundamental no desenvolvimento do comportamento infantil pela criação de situações imaginárias, pois o que passa despercebido na vida real da criança torna-se real no mundo da brincadeira, no momento em que está a representar, expressando-se.

Ao longo dos dias, o grupo demonstrou que as atividades que os mais cativavam eram as que tinham ritmo, que envolvessem dramatizações e várias técnicas de pintura. O grupo, de um

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modo geral, demonstrou ser curioso, ativo, interessado e participativo, pois manifestavam gosto em aprender e em fazerem as suas próprias descobertas.

Por vezes, as crianças em algumas atividades que envolvessem a distribuição de objetos manifestavam uma atitude de egocentrismo, mas em termos gerais de comportamento sempre se mostraram cumpridoras de regras e de já terem interiorizado as normas dentro da sala e nos restantes espaços do jardim-de-infância.

No que diz respeito à linguagem, detetámos que, para a sua idade, de um modo geral, não apresentavam grandes dificuldades, à exceção de algumas palavras mais difíceis de pronunciar, conseguindo, desta forma, construir pequenas frases minimamente corretas. Todavia, é natural que em determinadas crianças ainda verificássemos algumas dificuldades ao nível do léxico vocabular, que se considera advirem de estímulos de meios familiares distintos. Na construção de frases e na articulação de palavras, algumas crianças ainda falavam com uma entoação “abebezada”, e outras ainda apresentavam alguma dificuldade em se expressar.

Durante o jogo simbólico, as crianças desta faixa etária ainda falam sozinhas, sendo este pouco organizado, ou seja, não existe uma correta associação entre os conhecimentos e a linguagem na sua ação, pois o pensamento do grupo ainda não estava bem organizado. Nas atividades direcionadas para a expressão oral também se verificaram estes monólogos, uma vez que utilizavam uma linguagem centrada em si próprios (egocêntrica).

No que concerne ao domínio da matemática, de um modo geral, as crianças já diferenciavam tamanhos, associavam expressões como “dentro” e “fora”, e identificavam figuras geométricas básicas. No domínio da expressão plástica davam pouca importância às suas produções de riscos e rabiscos, apenas lhes atribuíam alguma importância após as realizarem ou quando eram questionadas sobre as mesmas, pois ainda não existe, nesta fase, uma projeção de vivências e sentimentos. Na construção da figura humana a maioria ainda a representava em forma de girino, visto que este grupo, devido à sua faixa etária, ainda não tinham uma noção corporal muito consolidada.

O conhecimento do esquema corporal é essencial para que a criança tenha consciência do próprio corpo, das partes que o compõem, das suas possibilidades de movimentos, de posturas e atitudes, como refere Nicola (2004). Na opinião de Pfeifer & Anhão (2009) é indispensável para a formação da personalidade de qualquer criança, a noção do esquema corporal, sendo um elemento básico e essencial. Trata-se da representação global, científica e diferenciada que a criança tem do próprio corpo e dos outros.

Relativamente à execução de atividades com dança, ritmo e música, verificámos que todas as crianças adoravam cantar e dançar, permitindo-lhes uma maior facilidade para a memorização de canções, lengalengas ou pequenos poemas. No que diz respeito às atividades de expressão motora a maioria das crianças conseguiam executar os exercícios propostos, todavia,

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nem todas tinham a mesma agilidade dos movimentos, realizando os mesmos exercícios com mais dificuldade.

Na interação com o grupo constatámos que na generalidade das atividades realizadas, as crianças demostraram já ter alguma autonomia adequada à idade, também por já se encontrarem próximas do fim do ano letivo. Todavia, na higiene pessoal, a maioria das crianças ainda precisava de alguma ajuda.

É de extrema importância ainda referir que três das crianças inseridas no grupo eram de etnia cigana, sendo que uma delas apresenta algumas dificuldades, e por isso está referenciada como tendo NEE, tendo por isso necessitado da nossa maior atenção na realização das diversas atividades que propusemos ao longo da PES I.

Esta criança tinha quatro anos de idade, feitos no mês de maio, e a nível cognitivo apresentava algumas dificuldades em aspetos que já deveriam estar adquiridos nesta faixa etária. Relativamente à oralidade, a criança ainda não dizia corretamente as palavras e, por isso, também não elaborava corretamente pequenas frases, não distinguia nem sabia as cores, não segurava corretamente num lápis, caneta ou pincel, bem como, no início da nossa PES, ainda não subia nem descia corretamente as escadas, alternando os pés. Aquando do fim da nossa PES I, as dificuldades a nível motor já tinham sido um pouco colmatadas com a ajuda da Educadora, da auxiliar de ação educativa, de nós estagiárias e da Educadora de Educação Especial.

Deste modo, a maioria das atividades que fomos propondo e desenvolvendo com as restantes crianças, para esta, com NEE, foram na sua maioria sempre adaptadas às suas capacidades e trabalhadas de uma forma individualizada, com o apoio das Educadoras (titular do grupo e de Educação Especial).

Naturalmente, ao longo da nossa PES I, verificámos, paulatinamente a evolução das crianças, tanto a nível comportamental como na aquisição de conhecimentos. Por se encontrarem no início das aprendizagens das condutas corretas adequadas ao contexto, é essencial atuar precocemente. De acordo com o que observámos, todas as crianças estiveram empenhadas e mostraram-se motivadas em todas as atividades que realizámos com elas. Demonstraram interesse em participar e cooperavam com os colegas e adultos.

Para terminar, é importante salientar que as crianças, por se encontrarem no início da sua formação, são extremamente recetoras de todos os estímulos que lhe possamos oferecer, deste modo, torna-se essencial que sejam precocemente motivadas para a aquisição de valores e princípios, como o respeito, a solidariedade, o companheirismo, a interajuda, a amizade, a autonomia, a autoestima e a capacidade de resolução de problemas. Por esse motivo, ao longo da PES I, com a realização de inúmeras atividades e com a partilha de vivências, procurámos transmitir estes e outros valores tão essenciais para a formação da personalidade das crianças, futuros adultos.

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