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Experiência de ensino da leitura no 1.º ano de escolaridade

1. Enquadramento Teórico

1.7. Experiência de ensino da leitura no 1.º ano de escolaridade

Ao longo da nossa experiência de ensino, sentimos a responsabilidade adquirida na tarefa de ensinar uma criança a ler, visto que é uma competência básica e essencial para a formação da mesma.

Na opinião de Tardif (2002, p.84) a fase inicial de prática de ensino, de um futuro docente

é um período muito importante da história profissional do professor, determinando inclusive seu futuro e sua relação com o trabalho. De facto, ser professor exige uma extrema responsabilidade e obriga a que este profissional seja detentor de determinadas competências científicas, de orientação das aulas, de adaptação de estratégias, entre outras.

Assim, salientamos que, à semelhança deste período inicial na prática pedagógica de um docente, por constituir uma fase crucial na carreira, também o ensino e aprendizagem da leitura demonstra ser decisiva na vida escolar do aluno. Deste modo, percebemos que estes dois momentos fulcrais coincidem e são determinantes não só para o aluno que está aprender a ler, como para o professor que está a iniciar a sua carreira, não podendo, este fator, gerar consequências negativas para a alfabetização da criança. Este fator revela o caráter extremamente responsável que um professor deve ter, nomeadamente num 1.º ano de escolaridade.

São diversas as dificuldades sentidas por um docente iniciante, tal como Flores (1999, p.175) elenca, as principais dificuldades sentidas pelo professor em início de carreira se situam,

fundamentalmente, no plano didáctico, sendo as mais frequentes o controlo disciplinar, a gestão da aula, a motivação dos alunos, o tratamento das diferenças individuais, a avaliação e as dificuldades relativas à escassez ou inexistência de materiais didácticos.

Também Garcia (2010, p.27) partilha a mesma opinião, pois reitera que os professores iniciantes necessitam possuir um conjunto de ideias e habilidades críticas, assim como capacidade de refletir, avaliar e aprender sobre seu ensino de tal forma que melhorem continuamente como docentes. Isso é mais possível se o conhecimento essencial para os professores iniciantes puder ser organizar, representar e comunicar de forma que permita aos alunos uma compreensão mais profunda dos conteúdos que aprendem.

Naturalmente, ao longo da PES II, sentimos algumas dificuldades devido à pouca experiência inicial e à dificuldade de capacidade de gestão de tempo em cada aula.

De acordo com o que é preconizado no Observatoire Nationale de Lecture (2003), o 1.º ano de escolaridade representa, na vida de uma criança, um momento extremamente decisivo no seu percurso escolar, visto que este período determina o sucesso escolar e o destino pessoal da criança.

Por ser uma etapa crucial, a aprendizagem da leitura, deve, no 1.º ano de escolaridade, ser devidamente consolidada. Se este domínio não for corretamente alcançado, poderá acarretar

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grandes dificuldades na área da leitura e, por esse motivo, poderá agravar-se nos outros níveis de ensino e até comprometer o sucesso das outras disciplinas. A leitura é, indubitavelmente, a chave para todas as aprendizagens futuras.

Por se tratar de um 1.º ano de escolaridade, para se alcançar o sucesso na área da aprendizagem da leitura, é essencial que os alunos realizem o exercício de correspondência entre grafemas e fonemas, de forma clara, metódica e precisa. Nesse sentido, os recursos e estratégias utilizadas com o intuito de ensinarmos as crianças a ler, foram diversificadas, complementando as mesmas com o auxílio do manual escolar, de acordo com as orientações da professora cooperante.

De acordo com o que é reiterado no Decreto-Lei n.º47/2006, de 28 de agosto de 2006, o Manual Escolar é descrito como um

recurso didático pedagógico relevante, ainda que não exclusivo, do processo de ensino e aprendizagem, concebido por ano ou ciclo, de apoio ao trabalho autónomo do aluno que visa contribuir para o desenvolvimento das competências e das aprendizagens definidas no currículo nacional para o ensino básico e para o ensino secundário apresentando informação correspondente aos conteúdos nucleares dos programas em vigor, bem como propostas de atividades didáticas e de avaliação das aprendizagens, podendo incluir orientações de trabalho para o professor.

Atualmente, os manuais escolares têm um importante papel tanto na escola como na sociedade. Para Castro (1999), os manuais escolares assemelham-se ao currículo, na medida em que este último resulta numa seleção de conhecimentos, acrescentando que sendo os manuais

escolares um repositório dos conteúdos legitimados na escola e para a escola, são, em simultâneo, uma tecnologia para transmissão, integrando aspetos relativos à sequência e ao ritmo da sua transmissão, através, por exemplo, das atividades que propõem e dos modos de avaliar as aquisições realizadas, neste sentido, desempenham importantes funções pedagógicas.

O manual escolar, como já referido, é determinante na realização das tarefas desenvolvidas em sala de aula, influencia o processo de ensino e aprendizagem da leitura, visto que promove o exercício das habilidades implicadas nesta tarefa, assim como fomenta hábitos de leitura. Para Martins (1996, cit. por Costa 2012, p.51), o manual escolar de língua portuguesa, é

um promotor do ensino e do exercício das habilidades implicadas na leitura

deve criar uma atmosfera propícia à leitura, apresentando finalidades, objetivos a atingir e competências a desenvolver aquando da prática de leitura. Deve também disponibilizar aos alunos e ao professor todos os conteúdos do currículo e materiais de leitura diversificados que os permitam trabalhar, possibilitando a variação das experiências de leitura dos alunos, para os motivar para a mesma.

Como já salientámos no capítulo anterior, nomeadamente no ponto em que são descritos aspetos inerentes à área do português, no 1.º ano de escolaridade, ao longo da PES II, foram diversas as estratégias utilizadas por nós, visando a aprendizagem da leitura, pudemos verificar que as crianças, após a entrada para o ensino formal começaram por refletir acerca da estrutura

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fonológica da língua, sendo que, posteriormente, tomaram consciência de que, para além da aprendizagem das letras, existem também unidades fonológicas, ou seja, perceberam que cada letra, sílaba ou ditongo, representa um som diferente. Deste modo, as consciências fonológica e ortográfica são umas das primeiras realidades inerentes ao ensino do português no 1.º CEB, nomeadamente no 1.º ano de escolaridade.

No que concerne aos recursos auxiliares promotores da leitura, pudemos verificar a existência de uma seleção de obras e textos literários para leitura anual, obrigatória a nível nacional, designada de Plano Nacional de Leitura (PNL), tendo em conta o ano de escolaridade, permitindo a escolha individual do aluno, sob orientação do professor.

Como referimos, para a aprendizagem de qualquer grafema/ditongo, recorríamos sempre a estratégias diversificadas, tendo como ponto de partida o manual escolar, como a audição de uma história, recorrendo a livros específicos de apoio à leitura e à escrita, ou fazíamo-lo através de uma música, muitas delas estavam presentes no CD do manual de português, mas também através de uma adivinha, de um trava-línguas, entre outros. Posteriormente, em grupo, recorríamos à escrita de uma lista de palavras aleatórias que contivessem a vogal, a consoante, ou o ditongo aprendido no dia.

Para consolidar as aprendizagens obtidas, os alunos realizavam, diariamente, fichas de atividades, tanto as presentes no manual de português, como as realizadas por nós, embora sempre orientadas e corrigidas pela professora cooperante, treinando, dessa forma, a leitura e a escrita de um novo grafema. Próximo do término da nossa PES II, a maioria dos alunos, já conseguiam ler e interpretar pequenos textos.