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4. Caraterização do Jardim-de-Infância das Lameirinhas

4.4. Organização do espaço educativo

No que concerne ao espaço da sala de atividades na educação pré-escolar, esta deve ser um cenário estimulante que permita o emergir de variadíssimas possibilidades de ação, possibilitando que as crianças aumentem as suas vivências e descobertas e construam as suas próprias aprendizagens/experiências, promovendo a aquisição de competências.

Deste modo, a sala de atividades deve ser um lugar de partilha, de conquista de autonomia. A sala encontra-se organizada por áreas situadas estrategicamente, para que as crianças circulem livremente de forma a terem acesso a todas elas, mas permitindo sempre à educadora visualizar e orientar todas as crianças.

A organização do espaço e dos materiais vai ao encontro da observação atenta do grupo e das necessidades do mesmo, com o objetivo de dar uma resposta eficaz a determinadas fases do projeto lúdico e a todas as propostas de atividades. Não é apenas importante a existência de uma diversidade de materiais, é também essencial ter em conta a sua utilidade e o modo como estes se encontram organizados, pois devem estar dispostos de uma forma facilmente visível e acessível. Em todas as salas de atividades podemos encontrar materiais específicos para cada grupo, tendo em consideração as idades e as atividades a desenvolver em cada sala. No entanto, há materiais comuns às duas salas, que se encontram arrumados em local próprio, mas que são utilizados sempre que o projeto de trabalho assim o exigir. Existe material didático em número suficiente, o que permite dar resposta às necessidades de cada criança. A instituição tem o especial cuidado de os renovar e enriquecer, com materiais duradouros e de qualidade.

De acordo com Hohmann & Weikart (2011), o ambiente educativo deve estar organizado de uma forma capaz de estimular as crianças, envolvendo-as nas atividades. Esta deve estar organizada por áreas de interesse bem definidas, sendo que podem ser adaptadas e alteradas tendo em conta os interesses e as necessidades das crianças.

Figura 6 – Lagartas Fonte - Própria

Figura 7 - Lagartas do Comportamento Fonte - Própria

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A

sala de atividades onde decorreu a PES I encontrava-se dividida em diferentes áreas, as quais ilustramos com fotos no anexo 2, tais como: a área da casinha, a área dos jogos de mesa, a área dos legos e das construções, a área da leitura, a área da plasticina e da pintura, área da caixa de areia, a área das tecnologias e a área do diálogo.

As paredes da sala de atividades estavam sempre decoradas com os trabalhos realizados pelas crianças, colocados em placards, conforme a temática abordada diariamente e/ou semanalmente.

Em cada área, as crianças são encorajadas a realizar diversas atividades embora sempre obedecendo a determinadas regras, como o número máximo de crianças permitido em cada uma das áreas. Esta regra é gerida mediante a utilização de um fio, denominado de “Cacau” (figura 8), exposto no local exato de cada área, de acordo com o número de crianças permitido em cada uma delas. Deste modo, antes de as crianças iniciarem uma atividade, em

qualquer área da sala, tinham de colocar ao pescoço o “cacau”, de modo a gerirem o número restrito de crianças que podem estar em cada área. Sempre que trocavam de área, trocavam também o “cacau” com outra criança, na área que pretendiam.

A organização do espaço da sala por áreas vai permitir à criança

uma vivência plural da realidade e a construção da experiência dessa pluralidade. (Oliveira-Formosinho, 2007, p. 66).

Na perspetiva de Silva (2002, p. 37),

os espaços de educação pré-escolar podem ser diversos, mas o tipo de equipamento, os materiais existentes e a forma como estão dispostos condicionam, em grande medida, o que as crianças podem fazer e aprender. A organização e a utilização do espaço são expressão das intenções educativas e da dinâmica do grupo, sendo indispensável que o educador se interrogue sobre a função e finalidades educativas dos materiais de modo a planear e fundamentar as razoes dessa organização.

Neste contexto, o principal intuito da divisão da sala em áreas é o de fomentar a ação das crianças através da exploração e manipulação dos objetos desenvolvendo, naturalmente, a autonomia e a socialização. Como reitera Horn, 2004 (cit. por Ribeiro, 2011, p.11) é fundamental

a criança ter um espaço povoado de objectos com os quais possa criar, imaginar, construir e, em especial, um espaço para brincar.

Durante a realização da PES I, pudemos observar que a área preferida pelas crianças era a casinha do “faz-de-conta” (anexo 2). Quando uma criança escolhe a área da casinha para brincar, esta está a representar, através do faz-de-conta, a estrutura de uma casa refletindo, quase sempre, o meio familiar da sua própria vivência.

Nesta área existem diversos brinquedos de plástico e de madeira, pertencentes às várias zonas da casa, onde a criança é capaz de criar e recriar diversas situações e acontecimentos,

Figura 4 - "Cacau" Fonte - Própria

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fomentando o desenvolvimento pessoal. É através da brincadeira, do jogo de faz-de-conta que as crianças conseguem ultrapassar a realidade, moldando-a e transformando-a através da imaginação, permitindo que expressem, mais facilmente, aquilo que teriam mais dificuldade em realizar através do uso de palavras (Gomes, 2010).

Relativamente à área dos jogos (figura 9), esta permite que a criança fomente noções essenciais nas diferentes áreas de conteúdos, como por exemplo a construção de puzzles, dominós, manipulação do ábaco, jogos de memória, de figuras geométricas, entre outos. Esta área possui duas mesas e oito cadeiras, um jogo de parede, um móvel com várias divisões, onde são guardados os diversos jogos, o qual possui uma altura adequada às crianças, de modo a facilitar o acesso aos jogos e materiais.

Na educação pré-escolar o jogo não deve ser encarado apenas como uma brincadeira, mas sim como uma ferramenta que visa o desenvolvimento global da criança. Na opinião de Ortiz (2005, cit. por Rodrigues, 2015, p.31), é através do jogo que as crianças,

se expressam de forma natural, pois escolhem uma solução adequada às suas

necessidades e possibilidades, uma solução saudável. O jogo promove habilidades sociais, ajuda a canalizar, reduzir ou processar condutas agressivas, aumenta a autoestima, fomenta as relações sociais frutíferas, promove a participação e a atividade, gera valores humanos positivos para a vida e, por fim, melhora a saúde física e emocional.

Outra área da sala do pré-escolar que costumava ser muito solicitada é a área dos jogos de construção/ encaixe, dos legos e dos carrinhos (anexo 2), sobretudo pelas crianças do sexo masculino. Este cantinho é bastante acolhedor, contém um tapete com um padrão alusivo a uma cidade, com várias estradas, casinhas, jardins, entre outros e, por esse motivo, é bastante utilizado nas brincadeiras das crianças, promovendo a aquisição de normas de orientação.

Na perspetiva de Kishimoto (2002) os jogos de construção, como é o caso dos legos, são descritos como detentores de grande importância, pois visam enriquecer a experiência sensorial, fomentam a criatividade e as habilidades das crianças.

A área da leitura (anexo 2), localiza-se entre a área dos jogos de mesa e dos jogos de lego/carrinhos. Este cantinho possui um sofá apropriado à altura das crianças, um colchão e duas

Figura 5 - Área dos jogos de mesa Fonte - Própria

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almofadas, contém uma pequena estante com diversos livros, de géneros e formas variadas aos quais as crianças acediam sempre que pretendessem.

Com o contacto precoce com os livros, as crianças iniciam-se na leitura e na escrita, mesmo sem saberem ler, desenvolvem a imaginação e a criatividade, apenas com o observar das imagens e dos títulos e, por este motivo, era habitual observarmos crianças a contarem histórias inventadas, umas às outras, apenas por observarem as imagens que o livro continha. Na opinião de Hohmann & Weikart (1995, p. 202) é nesta área que as crianças observam, e lêem livros,

simulam a leitura com base na memória e em pistas visuais contidas nas imagens, ouvem histórias e inventam as suas próprias histórias.

Neste seguimento, referimos que a área da expressão plástica, como a pintura, a modelagem em plasticina, entre outras variadíssimas técnicas inerentes à mesma, é essencial para o desenvolvimento da criatividade, imaginação e motricidade da criança, sendo uma importante ferramenta de expressão.

Nas OCEPE (Ministério da Educação, 1997, p.61) é descrito que as actividades de

expressão plástica são de iniciativa da criança que exterioriza espontaneamente imagens que interiormente construiu. Tornam-se situações educativas quando implicam um forte envolvimento da criança que se traduz pelo prazer e desejo de explorar e de realizar um trabalho que considera acabado.

Para Correia (2012) é possível percebermos o estado de espírito das crianças, através dos desenhos e das cores utilizadas no mesmo, uma vez que estes aspetos traduzem o que ela está a sentir, a pensar, a desejar, o que a deixa inquieta, o que a alegra ou entristece.

Esta área localiza-se em frente à porta de entrada da sala de atividades, ao lado dos computadores, um da educadora, outro para uso das crianças (anexo 2). Nesta área as crianças têm a oportunidade de desenhar, de realizar outras atividades de expressão plástica, ou até executar fichas de atividades. Possui duas mesas e oito cadeiras, um cavalete com diversos materiais de pintura e um móvel pequeno, apropriado à altura das crianças, com varias divisões repletas de materiais de pintura, como canetas de feltro, lápis de cor, de cera, borrachas, afias, folhas de papel, plasticina, entre outros.

A área da caixa de areia (figura 10) permite que as crianças fomentem a sua destreza manual, imaginem, criem e recriem brincadeiras e vivências. Esta área não só é benéfica para o desenvolvimento motor da criança, como também permite o seu relaxamento, ao manipularem e tocarem na areia da praia.

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Outra área presente na nossa sala de atividades é a área das tecnologias (figura 11), que contém um computador apropriado à utilização por parte das crianças e no qual as crianças podem jogar diversos jogos, adequados à faixa etária das mesmas, iniciando-se de forma lúdica em aprendizagens futuras. Com a realização destes jogos as crianças desenvolvem a destreza manual, ao manusear o “rato” do computador, fomentam o raciocínio, a autonomia, a memorização, ao mesmo tempo que se vão familiarizando às novas tecnologias, construindo o seu próprio saber.

Para Faria (2008, cit. por Brito, s/d, p.4) o computador serve como um aliado no

desenvolvimento da autonomia e na construção do seu conhecimento, cujas crianças, verdadeiros nativos digitais, interagem com os diversos suportes e linguagens reflectindo-se nas dimensões cognitiva e sócio-afectiva da aprendizagem e na sua relação com o saber.

Esta área situa-se junto à área de expressão plástica, sendo a mesma bastante procurada por todas as crianças. Por ser uma área bastante requerida, apenas é permitido a permanência de uma criança de cada vez no computador, contudo, por vezes, a educadora permitia que no mesmo local permanecessem duas crianças, uma a jogar, outra a ver o colega com o qual podia partilhar opiniões, acabando por trocarem de funções, ao fim de algum tempo.

Figura 6 - Área da Caixa de Areia Fonte - Própria

Figura 7- Área das Tecnologias Fonte - Própria

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Por fim, é importante referir e descrever uma importante área na sala de aula, a área do diálogo/tapete (figura 12). Esta situa-se no centro da sala, e contém um tapete colorido, onde as crianças podem sentar-se, formando uma roda, permitindo que todos se reúnam para cantar a canção do “Bom dia” (anexo 1) e dialogar.

É neste local que as crianças, em conjunto com a educadora, gerem e discutem as atividades a realizar ao longo do dia, de acordo com o centro de interesse do dia definido, é ainda o local onde cada criança marca a sua presença, de acordo com o dia da semana. Nesta área, as crianças podem exprimir-se e interagir livremente com todas os colegas e educadora, fomentando valores como a socialização, o respeito, a autonomia, a responsabilidade, entre outros.