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2. Experiências de ensino e aprendizagem

2.1. Experiências de ensino e aprendizagem na educação pré-escolar

2.1.3. Expressão e Comunicação

2.1.3.3. Domínio das Expressões

2.1.3.3.3. Expressão Dramática

Nas OCEPE (Ministério da Educação, 1997, p. 59) a expressão dramática é um meio de

descoberta de si e do outro, de afirmação de si próprio na relação com os outros que corresponde a uma forma de se apropriar de situações sociais. Assim, a expressão dramática responde à necessidade da expressão da criança e à comunicação com o outro.

Para Sousa (2003, p.22),

quando uma criança embala a sua boneca fingindo ser a mãe, quando diz que é um avião e «voa» de braços abertos e fazendo com a boca os ruídos do «motor» (…) esta criança não está a fingir, representando para um público. Ela está a jogar, a efectuar uma acção lúdica apenas pelo prazer que isso lhe dá, pela satisfação em expressar por este modo as suas emoções, pelos sentimentos de alegria e de felicidade que sente na realização deste acto em si.

Desta forma, a expressão dramática é caraterizada por ser uma área ligada à educação pela arte, e é considerada por Herbert Read (1943, cit. por Sousa 2003) como um dos melhores métodos educativos.

De acordo com o que pudemos vivenciar, ao longo da PES I, podemos afirmar que a expressão dramática possui um papel essencial para as crianças em idade pré-escolar, pois é uma forma através da qual a criança pode livremente pôr em prática as suas ideias, com criatividade. Nesta linha de pensamento, Guimarães & Costa (1986, cit. por Guerreiro 2013, p.7) referem que

exprimir-se é explorar o ser que se é o mais possível, o melhor possível e de acordo consigo próprio. Comunicar é exprimir-se ao outro que se exprime a nós, é encontrar o lugar comum entre a expressão de si e a dos outros.

Após a observação das criações dramáticas e improvisações, realizadas pelo grupo, é essencial destacar que as crianças inventam para descobrir, segundo Billing (s/d, cit. por Guimarães & Costa, 1986, p.18), e é através das improvisações dramáticas que elas

experimentam a vida. Apreendem. Educam-se. Descobrem o mundo em que vivem. Crescem! É no jogo simbólico que as crianças se consciencializam do poder que têm sobre a realidade e sobre as suas ações, criando situações de comunicação verbal e não-verbal (individualmente ou interagindo com outras crianças), ao expressarem-se e comunicarem de diferentes maneiras, através do corpo, de gestos, de movimentos, representando situações imaginárias do quotidiano, atribuindo vários significados aos objetos que vão manipulando ao longo do jogo simbólico.

Na opinião de Guerreiro (2013), através do “faz-de-conta”, a criança exterioriza o seu “mundo interior”, desenvolve a capacidade de memorização, de linguagem e maturidade intelectual e afetiva. Assim, a expressão dramática tem a capacidade de desenvolver, nas crianças, a sua personalidade, ao mesmo tempo que satisfaz essencialmente a sua necessidade de expressão

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Figura 50 - Dramatização "O bombeiro padeiro" Fonte - Própria

de sentimentos, tem a capacidade de estimular a criatividade e o lúdico, promove o desempenho de papéis e fomenta a socialização.

Em anexo (anexo 13), está presente uma planificação exemplificativa de uma atividade onde a expressão dramática foi intensivamente explorada. Para a realização da mesma levámos para a sala de atividades adereços necessários para a construção do cenário de uma padaria. Na atividade, realizámos uma dramatização, com base num poema, que foi escrito por nós (anexo 14), com o intuito de ser interiorizado pelo grupo.

Na dramatização existiam duas personagens, o padeiro Zé e a padeira Joaquina, que mostraram às crianças como faziam o pão, que ingredientes utilizavam e como o coziam. Ao longo da dramatização, as crianças foram incentivadas a tocar e a amassar a massa do pão, sentindo, desta forma, a sua textura, como mostra a figura 50.

De seguida, a padeira Joaquina e o padeiro Zé, como tinham outra profissão, eram bombeiros, vestiram rapidamente a sua farda, assim que ouviram a sirene, e foram apagar o fogo na floresta (figura 51). Assim que apagaram o fogo, os bombeiros, que também eram padeiros, ficaram com fome, comeram um pão porque eram comilões. Foi esta ideia transmitida às crianças, de modo a que interiorizassem o poema. Ao longo da dramatização, todas as crianças se mostraram interessadas e motivadas, recebendo com entusiasmo o(a) padeiro(a) e bombeiro(a) Zé e Joaquina na sala. O poema foi bem interiorizado, naturalmente com ajuda, pois foi repetido várias vezes, com vista à memorização da letra e o ritmo do poema

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Figura 51 - Dramatização "O bombeiro padeiro" Fonte - Própria

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Posteriormente, e finalizada a dramatização realizada por nós, cada criança teve a oportunidade de recriar a mesma, representando os diferentes papéis (trocando apenas o chapéu de padeiro para chapéu de bombeiro- figura 52), consoante o que era referido no poema.

No período da tarde, foi realizado um jogo com as crianças, dando continuidade à temática abordada no período da manhã, tendo como base a área da expressão dramática. Neste, cada criança tinha uma mangueira e, num canto da sala, tinham também de imaginar o fogo a arder na floresta. As mangueiras eram escondidas pela sala, por cada uma das crianças, e assim que ouvissem o som da sirene, teriam de correr e ir buscá-las para apagar de imediato o fogo (figura 53).

As crianças adoraram esta atividade, pois vivenciaram diretamente a adrenalina e a responsabilidade que é ser bombeiro. O mesmo jogo foi realizado de outra forma e, desta vez, as crianças tiveram de representar que dormiam nas camaratas, e assim que ouvissem o som da sirene, tinham de levantar-se rapidamente, vestir-se, procurar a mangueira e apagar o fogo.

Figura 52 - Dramatização "O bombeiro padeiro" Fonte - Própria

Figura 53 - Dramatização com o grupo Fonte - Própria

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Finalizando, e como é reiterado pelas OCEPE (Ministério da Educação, 1997), é importante salientar que o jogo simbólico que corresponde à expressão e comunicação com o próprio corpo, deve ser estimulado e incentivado precocemente, no jardim-de-infância, e em interação com o grupo, utilizando os recursos existentes. O educador tem o papel fundamental de oferecer às crianças momentos propícios para a exploração de atividades de expressão dramática, pois é através desta que a criança se eleva, satisfaz, cria potencialidades, e desenvolve, naturalmente, a sua personalidade.