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CARTOGRAFIA DE SÍNTESE: PONTO DE PARTIDA PARA A OBTENÇÃO DE CLASSES ESPACIAIS

CAPÍTULO 3: A OBTENÇÃO DA CONFIGURAÇÃO DA ÁREA URBANA E DAS NATURAIS DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO (RMSP) ATRAVÉS

3.4 CARTOGRAFIA DE SÍNTESE: PONTO DE PARTIDA PARA A OBTENÇÃO DE CLASSES ESPACIAIS

Para se realizar a integração espacial em cada amostra é preciso primeiro realizar uma inter-relação espacial nas mesmas que subsidiem tal integração, conforme o dito anteriormente. Para isso, será utilizada uma técnica de cartografia síntese que permite agrupar as unidades espaciais de análise em unidades espaciais de síntese. Tal técnica se fundamenta no método matricial proposto por Bertin em 1977 (MARTINELLI, 2002). Essa técnica pode ser associada a um procedimento técnico-operacional muito comum em Geografia quando se pretende estudar organizações espaciais, que segundo Christofoletti (1976) é a sobreposição de mapas objetivada através de matrizes de informação espacial.

O conjunto de espécimes que caracterizam uma unidade espacial de análise será entendido como as propriedades da mesma. Aquelas podem ser permutadas, formando agrupamentos conforme as semelhanças de suas propriedades.

Conforme adaptação do exposto por Queiroz Filho e Martinelli (2007), tal técnica corresponderá a uma matriz geográfica de dupla entrada em que as colunas indicam as unidades espaciais de análise definidas, as linhas os componentes da paisagem, e as células os espécimes – agrupamentos de Variáveis Ambientais Espacializadas, segundo suas associações aos ambientes urbano, transição entre o urbano e o natural e natural para toda a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), ou seja, o valor relativo ou absoluto dos espécimes de cada componente da paisagem para cada unidade espacial de análise. “[...] Esta tabela é transcrita para uma forma gráfica, como um quadriculado, com células, as quais serão preenchidas de preto ou branco [...] por tamanhos proporcionais [...]” (QUEIROZ FILHO; MARTINELLI, 2007, p. 21) conforme o valor do espécime.

Por exemplo, quanto ao componente da paisagem temperatura aparente da superfície, ocorrem três espécimes, os de alta, média e baixa temperatura, representam, respectivamente, os ambientes urbano, transição entre o urbano e o natural e natural, cada um, respectivamente, na forma gráfica, será representado por um algarismo que varia de 1 a 3. As células de valor 1 ao 3 serão preenchidas de forma gradativa, em que a de valor 3 será preenchida totalmente pela cor preta, de valor 2 em dois terços da célula e de valor 1 em um terço da mesma. Tal forma gráfica se torna então uma matriz ordenável, dessa forma, suas linhas e colunas serão permutadas através de aproximações reiteradas entre linhas e colunas, se avizinhando as que mais se assemelham, obtendo assim uma matriz ordenada (QUEIROZ FILHO; MARTINELLI, 2007).

Desse modo, cada célula corresponde a um valor de determinado espécime em uma unidade espacial de análise, esta é composta por um conjunto de valores de espécimes de diferentes componentes da paisagem dados em uma coluna, colunas semelhantes permutadas permitem a identificação e individualização na matriz de agrupamentos de unidades que resultarão em unidades espaciais de síntese.

Ainda, segundo esta técnica, a permutação de colunas juntamente com a permutação das linhas permite observar as características ambientais que predominam sobre as unidades espaciais de síntese. Onde se tem aglomeração de células preenchidas, se observa em que intensidade essa característica ocorre pelo nível de preenchimento das células aglomeradas. O número de aglomerações, bem como sua intensidade presentes em cada unidade espacial de síntese é o responsável pela caracterização ambiental das mesmas na legenda da matriz ordenada.

As Figuras 3 e 4 ilustram tal técnica.

É importante lembrar que neste trabalho a legenda não representará as características ambientais das unidades espaciais de síntese, mas sua relação com as correlações perfeitas entre espécimes encontradas para cada amostra (intervalos do gradiente ambiental identificado), como o citado em item anterior. Isso porque na matriz ordenada é possível constatar de forma clara, após a permutação de linhas e colunas, quais espécimes estão perfeitamente correlacionados para cada amostra e em todas as amostras, sendo responsável por um gradiente de covariação espacial ocorrente em todas elas.

Tal constatação será feita de forma primária em fase anterior à da elaboração das matrizes, de reconhecimento dos espécimes que predominam nas unidades espaciais de análise. Identifica-se tal covariação observando o grau de coincidência direta ou indireta entre as células que compõem os componentes da paisagem.

Por exemplo: se para o componente porcentagem de áreas verdes todas as células totalmente preenchidas, medianamente preenchidas e não preenchidas coincidirem de forma indireta respectivamente com todas as não preenchidas, medianamente preenchidas e totalmente preenchidas do componente temperatura aparente da superfície para todas as amostras, há uma correlação perfeita entre os espécimes dos componentes que deve ser considerada na obtenção das classes para cada amostra. O mesmo vale para uma correlação direta, caso seja identificada.

Figura 3 – Permutação em matriz geográfica. Fonte: Gimeno17 (1980, p. 174 apud QUEIROZ

FILHO; MARTINELLI, 2007, p. 22)

A fase 1 representa as unidades espaciais de análise definidas a priori. A fase 2 representa a matriz geográfica com dupla entrada. Os números que a compõe representam os valores relativos ou absolutos dos espécimes. As fases 3 e 4 representam a forma gráfica da matriz (matriz ordenável) com cada célula representada por um nível de preenchimento em preto e branco, conforme os valores dos espécimes. A fase 5 representa a matriz ordenada depois de realizadas as permutações entre linhas e colunas, onde defini-se o agrupamento das colunas, ou seja, as unidades espaciais de síntese representadas por uma simbologia da legenda do mapa. A permutação das linhas permite observar as características ambientais que predominam sobre as unidades espaciais de síntese, conforme o exemplo da fase 5 são mau tempo, frio e úmido e inverno

rigoroso. A fase 6 representa as unidades espaciais de síntese obtidas na forma

cartográfica. Nesta pesquisa, as unidades espaciais de síntese serão primeiro associadas aos intervalos do gradiente ambiental identificado, para depois serem espacializadas cartograficamente em unidades homogêneas quanto às suas características ambientais e o gradiente ambiental ali presente.

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Figura 4 – Permutação de linhas e colunas. Fonte: Martinelli (1990, p. 57)

A imagem apresenta um exemplo de permutação entre linhas e colunas, nesse caso, foram permutadas primeiro as linhas que as colunas, pois estas estão em maior número. Exemplo: olhando de cima para baixo, observa-se que na segunda forma gráfica foram permutadas as linhas 1 e 4 que são iguais (duas formas quadriláteras pretas situadas na primeira e terceira coluna da primeira forma gráfica). Esse procedimento é realizado entre todas as linhas na segunda forma gráfica e entre todas as colunas na terceira forma gráfica. Dessa permutação resulta a identificação de três tipos de aglomeração constituídos por células preenchidas, na terceira forma gráfica.

3.5 OS COMPONENTES DA PAISAGEM E SUA RELAÇÃO COM A

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