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COMPARAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIAS ENTRE FATORES E ASPECTOS ESPACIAIS CONSTATADOS NAS UNIDADES AMOSTRAIS LOCALIZADAS NO

CAPÍTULO 3: A OBTENÇÃO DA CONFIGURAÇÃO DA ÁREA URBANA E DAS NATURAIS DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO (RMSP) ATRAVÉS

3.3 COMPARAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIAS ENTRE FATORES E ASPECTOS ESPACIAIS CONSTATADOS NAS UNIDADES AMOSTRAIS LOCALIZADAS NO

MUNICÍPIO DE SÃO PAULO

O procedimento técnico utilizado para se articular as unidades espaciais integradas em cada amostra e entre as mesmas permitirá chegar a um gradiente ambiental comum para todas elas. Tal gradiente é que evidenciará o parâmetro comum entre as amostras e que deve ser generalizado para toda a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), isso porque corresponderá à associação de valores específicos de ao menos dois componentes da paisagem em determinada unidade espacial. Ou seja, para todas as amostras, onde ocorre o valor de determinado componente ocorre o valor de outro componente.

Para que represente uma co-variação espacial que tenha significado geográfico na diferenciação de unidades espaciais para todas as amostras, tal

gradiente deve fazer parte de uma integração espacial que subsidie uma divisão regional. Para isso, deve consistir em uma inter-relação espacial a ser associada com outra inter-relação espacial. Esta corresponde à identificação de unidades espaciais homogêneas quanto a determinadas características ambientais obtidas. Tais unidades deverão ser associadas a determinado intervalo desse gradiente ambiental, para que se configurem em uma integração espacial, ou seja, fatores espaciais que serão analisados sob sua correspondência espacial com os tipos urbano, transição entre o urbano e o natural e natural, a fim de que se compare as correspondências comuns para todas as amostras e se obtenha assim, ao final, uma divisão regional.

Após se realizar a correspondência espacial entre as características ambientais e o intervalo do gradiente ambiental obtidos com os tipos diferenciados quanto o urbano e o natural em cada amostra, deverá ser demonstrado que tal gradiente é mais significativo no que se refere ao ponto em comum entre as amostras utilizadas que as características ambientais identificadas. Mais especificamente, se demonstrando que o ambiente urbano é o único que está associado somente a determinado intervalo de tal gradiente e também a nenhuma característica ambiental. Estas, como não se repetem na correspondência com o ambiente urbano para todas as amostras, o que não ocorre com determinado intervalo do gradiente ambiental identificado, não podem ter os valores dos componentes que as caracterizam generalizados para toda a RMSP. Dessa forma, só pode ser generalizado o intervalo do gradiente associado ao ambiente urbano para todas as amostras.

Veja-se a seguir a apresentação das unidades que constituirão a integração espacial de cada amostra e subsidiarão a identificação do conteúdo corográfico da área urbana e das naturais.

Hartshorne (1978) diz que nas integrações realizadas na Geografia Idiográfica é preciso considerar as correspondências espaciais entre fatores e aspectos, ou seja, só podem ser considerados fatores e aspectos que coincidem espacialmente. Hartshorne entendia fatores como fenômenos espaciais geomorfológicos, climáticos, biogeográficos, etc., e aspectos como características da paisagem observáveis na realidade, como trechos urbanos, campos, florestas, conjuntos de montanhas, etc.

Os fatores serão entendidos como os parâmetros ambientais significativos na constituição de cada classe. Estas são advindas da inter-relação de espécimes e das unidades espaciais que resultam de tal inter-relação. Os espécimes são constituídos de agrupamentos de Variáveis Ambientais Espacializadas (VAEs) escolhidas. As VAEs são “[...] Um elemento de uma estrutura vertical, representando um nível ou “layer”, correspondente a uma característica física do território, tal como: litologia, vegetação (natural e cultural) relevo e clima, entre outros.” (FERREIRA, 1997, p. 31, grifo do autor). Por exemplo, relevo é um componente da paisagem, sua representação na amostra através de colinas é uma VAE, assim ocorre com os elementos básicos da paisagem que serão tratados nesta pesquisa.

Segundo Hartshorne (1978) os espécimes, no estudo tópico, devem ser altamente similares. Devem representar casos idênticos de um conjunto maior, as espécies. Entende-se neste trabalho que esta similaridade se refere ao fato de que os espécimes devem ser similares para todo o território em que se aplica o estudo, a RMSP, ou seja, suas características nas amostras (espécimes) devem ser as mesmas que em qualquer parte do território da RMSP (espécie). Devem ser similares às ocorrentes em possíveis amostras existentes em outros municípios que poderiam ser utilizadas. Tal similaridade deve estar associada aos ambientes abordados.

Para cada componente da paisagem, as VAEs serão agrupadas segundo sua associação aos ambientes urbano, transição entre o urbano e o natural e natural. Exemplo: para o componente da paisagem geologia, serão agrupadas as VAEs que caracterizam o ambiente urbano, transição entre urbano e natural e natural baseado nos dados de todas as amostras utilizadas. O ambiente urbano é aquele associado à mancha urbana, o natural ao cinturão verde e o de transição à transição entre ambos. Dessa forma se similariza as VAEs dos componentes da paisagem para as três amostras. Tal agrupamento de VAEs em determinado ambiente é denominado de espécimes.

As classes serão entendidas como agrupamentos de indivíduos similares entre si (CORRÊA, 2003). Neste trabalho são entendidas como classes espaciais e os indivíduos que as compõem como indivíduos espaciais. Inspirado na leitura de

Martinelli (2002), se entenderá esses indivíduos como unidades espaciais de síntese que são compostos por unidades espaciais de análise. Estas, adaptando o exposto por Martinelli (2002) quanto à representação analítica da cartografia temática, correspondem às unidades espaciais elementares, que serão analisadas no sentido de se verificar qual espécime predomina na parcela de terra em que ocorrem. Já as unidades espaciais de síntese correspondem aos “[...] agrupamentos de unidades espaciais elementares caracterizadas por agrupamentos dos seus atributos ou variáveis. [...]” (QUEIROZ FILHO; MARTINELLI, 2007, p. 18, 19).

As unidades espaciais de análise serão agrupadas em unidades espaciais de síntese a partir das qualidades dos espécimes, são agrupadas aquelas que possuem semelhança para a maioria dos espécimes utilizados. Neste estudo, os espécimes fazem o papel dos atributos ou variáveis que caracterizam seus agrupamentos em unidades espaciais de síntese.

As unidades espaciais de síntese serão agrupadas a partir da relação entre as características ambientais de cada uma com os espécimes correlacionados para toda área das amostras de forma perfeita, ou seja, os intervalos do gradiente ambiental identificado para as todas as amostras citado anteriormente. Por exemplo: certas unidades espaciais de síntese são caracterizadas ambientalmente como de relevo movimentado, entretanto, são distintas quanto os espécimes correlacionados de forma perfeita para toda extensão da amostra em que se encontram e para as demais amostras. Suponha-se que os componentes da paisagem temperatura aparente da superfície e porcentagem de áreas verdes representem tal correlação, onde se tem o espécime com baixa porcentagem de áreas verdes se tem alta temperatura da superfície, e vice-versa, sem exceções. As unidades de relevo movimentado diferenciam-se quanto essa correlação, umas possuem porcentagem de áreas verdes alta e temperatura da superfície baixa, as demais o contrário, devem assim ser entendidas como classes separadas, pois não houve coincidência entre as características ambientais e os espécimes correlacionados de forma perfeita para todas elas.

Desse modo, as classes representam unidades singulares, dadas por determinada característica(s) ambientai(s) e intervalo de gradiente ambiental responsável pela covariação espacial das mesmas. Tal característica ambiental

qualifica a unidade espacial do gradiente. As características ambientais e os espécimes, cuja correlação compõe a covariação espacial identificada, representarão os parâmetros ambientais significativos na constituição de cada classe, ou seja, os fatores ambientais.

Já o aspecto é entendido como tipo, unidades espaciais que se caracterizam por seus atributos específicos e não necessariamente exigem contigüidade espacial, por exemplo, regiões polares são tipos, pois não tem contigüidade espacial (pólo Sul e Norte), mas têm as mesmas características climáticas (CORRÊA, 2003). As amostras, não sendo contíguas, abrigam os tipos, estes, assim como os espécimes, também estão associados ao ambiente urbano, transição entre o urbano e o natural e natural, tem-se então o tipo urbano, transição entre o urbano e o natural e natural. O tipo urbano está associado ao predomínio da mancha urbana, o natural, ao predomínio do cinturão verde que a envolve e o transição entre o natural e o urbano a um misto entre a mancha urbana e o cinturão verde. Para cada amostra, tais tipos serão compostos pelas unidades espaciais de análise em que predominam, respectivamente, a mancha urbana, o cinturão verde e os fragmentos da mancha urbana e do cinturão verde juntos, sem predomínio de um ou de outro.

Para se obter os tipos espaciais será utilizado o mapa Isotermas Sobre Imagem de Satélite de São Paulo (2002), que representa as temperaturas da superfície para o Município de São Paulo (MSP) e entorno próximo.

São Paulo (2002) afirma que as temperaturas da superfície mais baixas têm forte relação com a ocorrência de áreas verdes, sejam elas localizadas em setores não ocupados no entorno da mancha urbana, como em serras e morros florestados, seja em setores localizados dentro daquela, como em unidades de conservação e bairros jardins. Dessa forma, no que se refere ao gradiente de transição entre parte do grande corpo central da mancha urbana a parte do cinturão verde que a envolve para cada amostra abordada, diferenciam muito bem ambientes urbanos de naturais, ou seja, onde predomina a mancha urbana, onde ocorre lado a lado a mancha urbana e o cinturão verde que a envolve e onde predomina o cinturão verde.

No MSP, em relação à temperatura da superfície, os valores de temperatura não devem ser tomados como valores médios absolutos, pois se referem a uma situação específica, a determinado instante de determinado dia. Mais importantes que tais valores absolutos são as variações térmicas relativas ao espaço, impostas pela estrutura urbana (SÃO PAULO, 1985b).

O relatório de Vegetação de São Paulo (2002, p. 98, 99) diz que o mapa de Temperatura Aparente da Superfície produzido por tal referência

[...] mostra em vermelho as áreas de maior temperatura aparente da superfície, em contraponto às áreas representadas em azul, nas quais a temperatura é mais amena.

O intervalo compreendido pelas duas foi dividido em 16 faixas através do processamento aplicado à imagem, sendo utilizada para sua representação, a escala cromática de pseudocor [...].

Dessa forma, entende-se que o mapa Isotermas Sobre Imagem de Satélite de São Paulo (2002) demonstra as variações térmicas relativas à diferenciação de ambientes densamente urbanizados a predominantemente naturais, para a transição entre a mancha urbana e o cinturão verde que a envolve na RMSP.

As classes sintetizam a integração, tais classes serão analisadas sob a correspondência espacial dos fatores que a constituem com os tipos urbano, transição entre o urbano e o natural e natural. Primeiramente, tal correspondência será constatada em cada amostra, para depois ser comparada entre as mesmas.

Hartshorne (1978) diz que as correspondências entre fatores e aspectos espaciais se dão em segmentos e subsegmentos de relações.

Neste trabalho os subsegmentos são todas as correspondências entre fatores de classes e aspectos obtidas para cada amostra. Os segmentos são essas correspondências sintetizadas no que possuem em comum, em suas semelhanças, permitindo que se compare as correspondências obtidas em todas as amostras. Dessa comparação deve-se reconhecer segmento específico, o fator de classe que se corresponde de forma clara com o tipo urbano para as três amostras. Aí se demonstrará que tal fator corresponde somente a determinado (s) intervalo (s) do gradiente ambiental anteriormente identificado. Na obtenção dos segmentos e subsegmentos, tal (is) intervalo (s) é o único fator, dentre as características ambientais e demais intervalos, que possui correspondência com determinado tipo,

o tipo urbano. Tal fator deverá estar associado a um parâmetro que represente o limite da área de caráter urbano, que abrange a maior parte da mancha urbana e por conseqüência permita identificar a configuração das demais áreas, as de caráter natural, em que predomina o cinturão verde, sintetizando assim uma diferenciação de áreas para toda a RMSP.

Para cada amostra, a correspondência entre fator e aspecto é levada em conta ao se reconhecer que um fator possui configuração semelhante em todo ou na maior parte do tipo. Quando se observa mais de um fator em certo tipo, se considera então o fator que claramente possui correspondência espacial com o tipo. Quando tal reconhecimento não é possível de ser realizado, se considera todos os fatores que predominam no tipo.

Segundo Hartshorne (1978), nessa relação entre fatores e aspectos em estudo tópico, deve-se lidar com poucas variáveis independentes encontradas em inter-relação. Essas variáveis serão entendidas como o aspecto urbano e o(s) fator (s) a ele associado (s) encontrados para todas as amostras, sendo generalizados para toda a RMSP. Tentar-se-á demonstrar exemplos dessa relação generalizada em trabalho de campo.

3.4 CARTOGRAFIA DE SÍNTESE: PONTO DE PARTIDA PARA A OBTENÇÃO DE

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