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OS COMPONENTES DA PAISAGEM E SUA RELAÇÃO COM A DIFERENCIAÇÃO DE AMBIENTES URBANOS A NATURAIS

CAPÍTULO 3: A OBTENÇÃO DA CONFIGURAÇÃO DA ÁREA URBANA E DAS NATURAIS DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO (RMSP) ATRAVÉS

3.5 OS COMPONENTES DA PAISAGEM E SUA RELAÇÃO COM A DIFERENCIAÇÃO DE AMBIENTES URBANOS A NATURAIS

Hartshorne (1978) diz que na relação de elementos humanos com físicos e biológicos, deve-se partir dos humanos para se fazer a escolha dos físicos e biológicos que podem ter alguma relação com os humanos. Neste estudo os ambientes urbano, transição entre o urbano e o natural e natural correspondem aos elementos humanos, dessa forma, os elementos físicos e biológicos devem corresponder a componentes da paisagem que permitam a diferenciação de tais ambientes para cada amostra.

A paisagem é uma categoria da Geografia que, segundo Bertrand (1971), remete à integração de componentes ambientais, desse modo, seus componentes devem corresponder tanto às esferas física, biológica e antrópica. Para Delpoux

(1974) tais esferas se resumem em dois constituintes fundamentais da paisagem, o suporte e a cobertura. Segundo este autor, o suporte seria a estrutura, a forma, como geologia, tipos erosivos e grandes construções, a cobertura seria a influencia de parâmetros climáticos, pedológicos, biológicos e antrópicos (flora e fauna, urbanização, etc.). Delpoux (1974) associa o tipo geomorfológico como o melhor representante do suporte e o gradiente floresta / aglomeração e zona industrial passando por culturas, como o melhor representante da cobertura, ambos englobariam os demais componentes do suporte e cobertura, respectivamente.

Analisando os mapas produzidos por São Paulo (1985b, 2002, 2008) e Rodriguez (1998), constata-se que os componentes da paisagem associados, em conjunto, a essas três esferas e dois constituintes da paisagem e que permitem a diferenciação de ambientes urbanos, de transição entre o urbano e o natural e natural para as amostras do Município de São Paulo (MSP) são: solos, geologia, declividade, relevo, altitude, temperatura do ar, pluviosidade, temperatura da superfície e vegetação. O Quadro 1 explicita tais mapas, que constituem o instrumento de trabalho desta pesquisa:

Componentes da paisagem Mapas fonte

Solos (físico/litosfera e suporte) Maciços de Solo e Rocha (SÃO PAULO, 2008)

Geologia (físico/litosfera e suporte) Potencialidades Relativas à Ocorrência de Escorregamento (RODRIGUEZ, 1998)

Declividade (físico/litosfera e suporte) Qualidade Ambiental: Erosão do Solo (SÃO

PAULO, 1985b)

Relevo (físico/litosfera e suporte) Unidades Climáticas Naturais (SÃO PAULO, 2002)

Altitude (físico/litosfera e suporte) Unidades Climáticas Naturais (SÃO PAULO, 2002)

Pluviosidade (físico/clima e suporte) Unidades Climáticas Naturais (SÃO PAULO, 2002)

Temperatura do ar (físico/clima e suporte)

Unidades Climáticas Naturais (SÃO PAULO, 2002)

Temperatura da superfície (físico/clima, biológico, antrópico e suporte e

cobertura)

Unidades Climáticas Urbanas (SÃO PAULO, 2002)

Vegetação (biológico, antrópico e cobertura)

Unidades Climáticas Urbanas (SÃO PAULO, 2002)

Quadro 1 – Componentes da paisagem abordados e seus mapas fonte

Segundo São Paulo (1994a), as chuvas tendem a ser mais intensas nos trechos densamente urbanizados. Da leitura de São Paulo (2002), constata-se que este fato parece se demonstrar mais local, sendo mais significativo para a

diferenciação dos próprios trechos urbanizados. Em escala mais ampla, para toda a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), o fato relevante associado à pluviosidade parece ser a influência da topografia (serras e escarpas mais elevadas que geram chuvas orográficas) e a proximidade do mar, fonte de umidade que alimenta as chuvas. Desse modo, o componente pluviosidade, em escala regional, é considerado somente na esfera física e constituinte de suporte.

Em relação aos componentes que incluem mais de uma esfera ou constituintes da paisagem, vale ressaltar:

Segundo São Paulo (2002), a temperatura da superfície é influenciada pela fisiografia, quantidade de vegetação e ocupação urbana, já a vegetação é influenciada pelo adensamento da ocupação urbana.

Dessa forma, todos os componentes incluem um ou mais de todas as esferas e constituintes da paisagem, podendo ser denominados como tal.

É importante esclarecer que nos componentes influenciados por atividades antrópicas, seja em escala local ou regional, como pluviosidade (influencia local), temperatura da superfície e vegetação (influencia regional), a mancha urbana possui influencia ao longo do tempo na variação espacial das Variáveis Ambientais Espacializadas (VAEs) dos mesmos. Os mapas que representam tais componentes foram produzidos por São Paulo (2002), entretanto, julga-se não estarem desatualizados e servirem perfeitamente aos objetivos deste trabalho porque do ano de 2002 até os dias atuais a mancha urbana, em escala regional, para toda a RMSP, incluindo o trecho das amostras do MSP, não cresceu de forma significativa, de modo a sugerir que grandes porções de terra antes não ocupadas atualmente foram ocupadas, alterando radicalmente sua configuração espacial.

Tal constatação pôde ser realizada ao se analisar o mapa Expansão da Mancha Urbana na RM de São Paulo 1986-2008 de GALVÃO (2011) (Figura 5) e o dos municípios da RMSP também de Galvão (2011) (Figura 1), que demonstram que a expansão da mancha urbana neste período se deu englobando pequenos trechos circunjacentes a toda ela. Se até o ano de 2008 ocorreu tal padrão de expansão, é difícil imaginar que mudou de forma significativa desse ano até os dias atuais, pois a literatura geral não sugere que nestes últimos cinco anos tal processo de expansão tenha sido significativamente mais intenso que o ocorrido desde a década de 1980,

até porque, como explicita comumente, desses anos até os atuais (últimos 30 anos aproximadamente), tal expansão vem ocorrendo de forma menos intensa que nas décadas anteriores dos meados do século XX.

Dessa forma, em escala regional, a configuração da mancha urbana em 2002, não se difere de forma significativa da atual, seja para a RMSP, seja para o MSP.

Identificados os componentes da paisagem a serem utilizados, resta saber em que medida cada um deles representa gradientes ambientais gerais da RMSP dentro das amostras para o MSP, que possam embasar o agrupamento de suas VAEs em espécimes associadas aos ambientes urbano, transição entre o urbano e o natural e natural em etapas futuras.

Figura 5 – Expansão da mancha urbana da RMSP, 1986-2008. Fonte: mapa Expansão da Mancha Urbana na RM São Paulo 1986-2008 (GALVÃO, 2011), bases cartográficas digitais utilizadas no Plano de Manejo dos Parques Naturais localizados ao longo do trecho Sul do Rodoanel Metropolitano de São Paulo Mário Covas e Software Google Earth. Montagem: Eduardo Silva Bueno – 2013

3.6 OS COMPONENTES DA PAISAGEM IMPORTANTES PARA A

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