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Face ao exposto, para realizar esta investigação, e em conformidade com o objecto de estudo e objectivos da investigação atrás definidos, optámos pela investigação de natureza qualitativa e por um estudo de caso de observação, tendo em consideração que nos propusemos investigar um fenómeno no seu contexto natural – a experiência do projecto ERMAV a funcionar em regime nocturno na Escola Secundária A, incidindo sobre os professores pertencentes ao projecto e às suas dinâmicas e práticas pedagógicas individuais/colaborativas. Pretendemos também investigar se essas dinâmicas propiciaram a criação de uma comunidade de prática.

Estávamos conscientes das dificuldades com que a investigadora se podia deparar. Paradoxalmente, por estar em território conhecido – já que, se por um lado não necessitaria de conquistar a confiança dos sujeitos de investigação nem de estabelecer as relações empáticas imprescindíveis num território alheio, pelo outro deveria optar por uma postura de afastamento e neutralidade face ao objectivo do seu estudo, mantendo o distanciamento necessário entre a docente e a investigadora. Tentámos manter a racionalidade possível e necessária à realização do empreendimento a que nos propusemos.

Assim, estas opções metodológicas permitir-nos-iam captar vários aspectos comportamentais, investigar atitudes, práticas, o envolvimento e as dinâmicas dos professores, tentando perceber o que valeu a pena e eventualmente o que falhou, podendo levantar propostas de alterações, sem contudo limitar a espontaneidade e diversidade de opiniões.

4.1. O CONTEXTO

A escola onde se realizou o estudo situa-se na área de Lisboa oriental em que se desenvolvia um projecto com estas características e destinado ao público-alvo discente nocturno do Ensino Secundário Recorrente. Outro critério que foi preponderante prendeu-se com o conhecimento prévio que a investigadora tinha da escola, já que esta é o seu local de trabalho, onde lecciona. Assim, optámos pela vantagem da familiaridade, tal como é compreendida por Carmo e Ferreira, “Um primeiro critério, que podemos identificar como critério da familiaridade do objecto de estudo, mostra-nos que é vantajoso que o trabalho a empreender se enraíze na experiência anterior do investigador.” (Carmo e Ferreira, 1998, p. 45).

Acresce ainda explicitar que a investigadora pertencia também ao projecto em estudo. Embora conscientes e tendo presentes as recomendações de Bogdan e Biklen, que aconselham a “não escolher um assunto em que esteja pessoalmente envolvido” (Bogdan e Biklen, 1994, p. 86), decidimos arriscar empreender esta investigação. Se, por um lado, este foi um projecto pioneiro no seu ano de lançamento, não arriscámos imaturamente que “os outros protagonistas, (…), se o conhecem bem, dificilmente o poderão considerar um observador imparcial” (idem, p. 86)

Tendo sempre presentes estes perigos, pudemos, no entanto, constatar que os mesmos não se evidenciaram no presente estudo. De facto e como demonstraremos posteriormente, aquando da análise dos resultados do questionário e das entrevistas, os sujeitos da investigação agiram e manifestaram-se, ignorando que a investigadora poderia apresentar-se para eles como uma “ameaça”, demonstrando uma postura de conversa informal e entre pares.

Tendo assim em conta os pressupostos anteriormente referidos, contactámos o Conselho Executivo da Escola, na pessoa da Presidente, solicitando permissão para o desenvolvimento da investigação bem como para a aplicação do questionário e entrevista (ver Anexo A). O pedido recebeu deferimento e verificou-se uma predisposição de todos os sujeitos, sempre que solicitados, facto que deve ser realçado com apreço e agrado.

4.2. A ESCOLA

O estudo foi realizado numa Escola Secundária com 3º Ciclo. Esta escola encontra-se situada na zona oriental de Lisboa, num bairro residencial, do qual a maioria dos habitantes pertence à classe média/alta, mas numa freguesia que abrange um bairro de habitação social e que faz fronteira com uma das zonas mais problemáticas de Lisboa. Dado que o estudo se reportava ao ano lectivo 2006/2007, a caracterização apresentada em detalhe no Anexo B, refere os dados desse ano lectivo.

Destaquemos, no entanto, alguns dados relevantes para a nossa investigação. De facto, no ano lectivo em que decorreu o primeiro ano do projecto, encontravam-se matriculados no Ensino Secundário Recorrente 443 alunos, dos quais 40% frequentavam o Ensino Secundário por Módulos Capitalizáveis. Serão assim estes 40% o universo de alunos que potencialmente poderiam usufruir do projecto implementado. Por outro lado, acresce determo-nos na composição do corpo docente da escola em que decorreu o nosso estudo: num total de 175 docentes, 73% pertenciam ao Quadro de Escola; 19% ao Quadro de Zona Pedagógica e apenas 6% eram contratados. Deste total, 37% tinham horário exclusivamente nocturno, enquanto 12% dos docentes leccionavam cumulativamente nos turnos diurno e nocturno. Poderemos aquando da análise dos dados dos questionários determo-nos mais pormenorizadamente sobre a composição do grupo de docentes que integrou o projecto ERMAV.

4.3. OS PROFESSORES DO PROJECTO

De um total de 24 professores a desenvolver o projecto, e considerando que um dos professores era a investigadora, a amostra em análise foi constituída pelos restantes 23 professores do projecto de e-learning para os alunos do ensino secundário recorrente nocturno da Escola Secundária A, em Lisboa.

Foram ainda informantes:

- Um membro do Conselho Executivo - Coordenador TIC

De acordo com Aires, (s/d), em investigação qualitativa, a perspectiva de amostragem é por conveniência, sempre que os sujeitos que a compõem não foram escolhidos ao acaso. No caso específico da presente investigação, tanto a escola como os professores foram seleccionadas de forma intencional, de acordo com o nosso objecto de estudo.

5. TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DE RECOLHA DE DADOS