• Nenhum resultado encontrado

8.48 Casos reais envolvendo mesas de som

No documento curso completo de sonorizacao ao vivo (páginas 112-115)

A princípio, não há “casos” a se contar. O que há são erros de operação, gente que não conhece os recursos disponíveis. A maioria dos problemas já relatei no próprio texto. Mas vou acrescentar situações reais, que vivi, e algumas dicas também.

Prefiro trabalhar com duas mesas AMBW de 12 canais que uma única CMBW 24. Em princípio, os recursos são os mesmos. Mas posso fazer o seguinte com duas mesas: uma mesa fica só para vozes. Deixo canais de 01 a 06 para mulheres, com PAN totalmente em Left. Deixo canais de 07 a 12 para homens, com PAN totalmente em Right. Ligo então a mesa em dois canais da outra mesa. Esses dois canais serão meus “subgrupos”, um com vozes femininas e outro com vozes masculinas. Será muito mais fácil de trabalhar (agora com “subgrupos”) do que em uma única mesa, que não tem esse recurso.

Já fiz reuniões muito grandes (quase 5.000 pessoas) utilizando esse esquema:

- uma mesa para vozes. Metade dos canais para mulheres, PAN em Left. Metade dos canais para Homens, PAN em Right.

- uma mesa para instrumentos. Metade dos canais para cordas, PAN em Left. Metade dos canais para Metais, PAN em Right

- uma mesa para bateria, PAN no meio.

- uma mesa central, que receberá os seguintes sinais nos seus canais: - os microfones sem fio dos pregadores

- os instrumentos que fazem a base, ou seja, violão, teclado, baixo, guitarra - um canal recebe as vozes femininas (será o subgrupo das mulheres) - um canal recebe as vozes masculinas (será o subgrupo dos homens) - um canal recebe as cordas (será o subgrupo das cordas)

- um canal recebe os metais (será o subgrupo dos metais) - um canal recebe a bateria (será o subgrupo da bateria) -

Esse esquema funciona, e muito bem, desde que você tenha excelentes pessoas para operar cada uma das mesas de som. Foi feito aproveitando-se a existência das mesas das igrejas;

umas de 16 canais, outras de 12, e assim por diante. Dá muito mais trabalho que uma mesa só grande com subgrupos, mas na falta, foi o que deu para fazer, pois não queriam alugar nada. E funcionou perfeito. Claro que as mesas devem ter a qualidade parecida. A melhor mesa deve ser a central.

No casamento de um dos rapazes da equipe de som, foram usadas duas mesas MXS de 6 canais, “emendadas” uma à outra. O culto foi perfeito. Não faltou equipamento, tinha muita coisa à disposição, mas a igreja onde casou era bem pequena, tinha caixas simples, não precisava de um monte de coisas.

Em outro casamento, foi montado um super-esquema: mesa grande, telão, caixas do lado de fora da igreja, equalizadores, efeitos, etc. Só que o coral atrasou, não houve passagem de som e não adiantou nada ter super-equipamentos: tudo foi em vão, perdido entre as várias microfonias e outros problemas.

Monto a mesa de som sempre assim: o canal 1, é do microfone mais importante, o do púlpito. Canal 2, o segundo microfone mais importante (cantor solista). Canal 3, o terceiro microfone mais importante, e por aí vai. O último canal é do instrumento mais importante, o teclado. O penúltimo canal, é do segundo instrumento mais importante. Até encher a mesa toda. Os canais dos extremos são mais fáceis de identificar, não deixando chance de perdermos tempo procurando onde estão os canais mais importantes.

Mais um exemplo de como o circuito de pré de microfone é importante em uma mesa. Em uma igreja, há duas caixas em formato de retorno logo ao lado do altar, sendo controladas pelo Master L. Também há mais 2 caixas de som no alto, há uns 5 metros de distância do púlpito, controladas em Master R. Todas viradas para a igreja, e todas recebendo o som do pastor. Em uma situação como esta, recomendo expressamente o uso de microfone cardióide (pode ser um gooseneck) no púlpito, pois a existência de duas caixas logo ao lado do púlpito (e ainda mais em formato de retorno, no chão) aumenta muito o risco de microfonia. Recomendo também nunca utilizar microfone ominidirecional, de lapela, nesse caso.

Pois bem: nessa igreja, havia uma mesa Mackie CR1604VLZ-Pro, a melhor mesa padrão rack 19” que já vi, e o microfone do púlpito era um lapela, e a equalização ficava toda flat, e o som do pregador era igualmente endereçado para as caixas ao lado do altar e de cima, sem a menor microfonia, e com o som bem alto. Incrível. Certa vez, a mesa foi “requisitada” para um culto importante em outra igreja e fiquei encarregado de operar uma AMBW no lugar. Por mais que eu tentasse equalizar, foi impossível deixar o som no esquema que estava. Havia muita microfonia de grave no lapela. A solução foi deixar o PAN todo para o Master R, ou seja, para as caixas do alto, situadas mais longes do púlpito. Note que não era a equalização da Mackie que fazia isso, pois estava em flat. E a AMBW, mesmo com atenuação quase total de graves e médios, dava microfonia.

Alguém pode dizer que a comparação foi injusta, pois foi feita comparando-se uma mesa de R$ 4.500,00 com uma de R$ 900,00. Mas o mesmo resultado que a Mackie foi obtido ao usar uma Behringer SL2442FX de R$ 2.300,00, e uma Ciclotron CSM de R$ 1.800,00 também permitiu o uso do microfone nas caixas frontais da mesma forma que a Mackie e a Behringer, mas precisou de equalização. Todas as mesas testadas foram de 16 canais, só variando os mixers, o restante dos equipamentos sendo mantido os mesmos e inclusive nos mesmos lugares. Veja como a qualidade do equipamento influencia na qualidade do som obtido. Havendo a disponibilidade de recursos, não hesite em comprar um equipamento melhor!

A minha mesa, uma Mackie CFX 20, tem uma chave chamada Break Switch que, quando acionado, corta o som de todos os canais e só libera o som para as entradas RCA. É uma chave usada pelos músicos para dar uma pausa em um show, quando então deixam som eletrônico (CD, MP3) tocando. Devo ter esbarrado sem querer no botão, e lá fui eu de volta com a mesa nas mãos para a loja para reclamar que a mesma não funcionava. Chegando lá, o vendedor só desapertou o botão, tudo voltou ao normal. Passei a maior vergonha.

Aliás, essa mesma chave desta mesma mesa quase arruinou um casamento importante, e logo da filha do pastor chefe dos operadores de som do Anfiteatro em que trabalho.Montamos e testamos tudo e voltamos para casa, para tomar banho. Infelizmente alguém apertou esse botão e o não sabia dele, e se desesperou. Voltei para a igreja tarde, faltando poucos minutos, e foi só liberar a chave para tudo voltar a funcionar.

Vergonha também passou o rapaz com uma Behringer SL2442FX. No meio do culto, não prestando atenção na pregação e sim na mesa de som novinha em folha, viu uns “furinhos” na mesa e logo embaixo escrito MIC, e ao lado uma chave escrita TalkBack. O Talkback é um recurso que permite acionar um microfone (conectado na entrada correspondente ou até embutido na própria mesa, como no caso) para o operador do mixer falar com os músicos, através dos auxiliares de retornos. Esse recurso é útil somente em estúdios, onde os músicos ficam isolados acusticamente do operador. Pois bem, nosso rapaz, curioso, apertou o botão e pensou alto: “Que será isso?”. Saiu tudo nos retornos dos instrumentistas, e a igreja toda olhou para ele. O pastor até dispensou a repreensão, de tão vermelho de vergonha que o rapaz ficou.

No documento curso completo de sonorizacao ao vivo (páginas 112-115)