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6.7 Microfones Goosenecks

No documento curso completo de sonorizacao ao vivo (páginas 56-61)

Apesar do nome estranho, se você já viu alguma reportagem na TV ou então fotos de políticos na Assembléia Legislativa ou no Congresso Nacional, você provavelmente já viu um microfone gooseneck. O nome vem do inglês goose = ganso, neck = pescoço. Microfone pescoço de ganso. Sua característica é possuir uma longa haste flexível (o gooseneck), com a pequena cápsula de captação na ponta. Essa haste pode ser manejada pela pessoa de forma a posicioná-la da melhor maneira possível em direção à sua boca.

Microfone gooseneck

É um tipo de microfone específico para serem colocados em cima de superfícies (mesas, púlpitos), com alguns modelos possuindo uma base e outros próprios para serem fixados na própria madeira do púlpito. Não veremos esse tipo de microfone sendo utilizado para cantores, corais ou instrumentos.

Existem vários modelos e fabricantes. TSI, LeSon, Yoga, SuperLux, todos eles tem pelo menos um na sua linha, isso sem falar nos grandes nomes (e preços caros). São microfones condensadores (cápsula pequena, precisa de energia - pilha), geralmente com padrão de captação cardióide, apesar de existirem alguns ominidirecionais. Também em geral a sensibilidade é alta, em geral maior que -42dB (-40dB, -38dB) e boa resposta de frequência, também com uma pequena preponderância nos graves, como o lapela (para compensar a maior distância da fonte sonora). Os preços variam de R$ 150,00 a alguns milhares de reais (os modelos dos grandes fabricantes).

Cuidado com goosenecks de baixa sensibilidade. Alguns têm sensibilidade de –46dB, - 50dB, -60dB, muito baixa, e isso acaba com a grande vantagem que o gooseneck proporciona, que é a liberdade, pois força o usuário a estar sempre próximo do microfone. Algumas igrejas que compraram goosenecks desse tipo tiveram que usar dois deles para que a captação fosse suficiente. Também vi um modelo de gooseneck com cápsula dinâmica, muito maior que as condensadoras, que atrapalham a visão do pregador.

Vantagens - Para uso no púlpito, a grande vantagem deste tipo de microfone, em relação ao lapela, é o seu padrão de captação, que agora é cardióide. Ele capta os sons vindos de uma única direção, e isso os torna muito menos propensos a microfonias que os lapelas. Acaba que é bem mais fácil trabalhar com um gooseneck cardióide do que um lapela ominidirecional. Apesar de existir toda a haste e a cápsula ser maior que o lapela, ainda assim possibilitam uma boa visão do pregador. Por terem alta sensibilidade, permite ser utilizado a vários centímetros da fonte sonora, dando ampla liberdade de movimentação ao pregador. Aliás, um único microfone deste (com boa sensibilidade), situado bem no meio de um púlpito, consegue-se captar o som do pregador mesmo quando ele vira o rosto para as laterais e se movimente um pouco. Atende bem um púlpito de 1 a 1,5 metro. Evidente que, se o pregador tem o costume de se movimentar por todo o altar (ou palco), o gooseneck não é indicado.

A construção desse tipo de microfone também é muito mais robusta. A base em geral é de um plástico resistente, e a haste é metálica. Como o manuseio é feito apenas pela haste, é difícil

haver problemas. Pode ser abaixado quando se está de joelhos, sem problema algum, inclusive a movimentação da haste não gera ruído algum no microfone.

O uso certo de qualquer microfone exige que o mesmo seja apontado em direção à fonte sonora (boca). Mas é comum a pessoa errar, não direcionando o microfone da forma correta, ou deixando mais alto ou mais baixo. No caso de um lapela, isso faz muita diferença. No caso do gooseneck, a diferença não é tão grande. Pequenos erros de posicionamento são facilmente acertados com ajuste no volume. Mesmo que a pessoa tenha se ajoelhado sem também abaixar a haste do gooseneck, ainda assim dá para captar a voz dela.

Forma de utilização - É colocar um no meio do púlpito, ensinar aos pregadores a abaixar e levantar o microfone pela haste quando estiverem de joelhos, a ligá-lo e desligá-lo e pronto. Quando de joelhos, as pessoas devem orar de cabeça levantada, apontada para o microfone. Quando em pé, as pessoas devem apontá-lo para a boca, acertando a posição da cápsula para a altura correspondente de cada um. Existem diversos modelos com tamanhos de haste diferentes, adequados para qualquer tipo de pessoa.

Apesar de sua alta sensibilidade permitir captar o som a uma distância maior, até 80 centímetros para trás e para cada lado, quanto mais perto da fonte sonora melhor, pois teremos que usar menos volume, com um risco menor de microfonias. De 10 a 20 centímetros é uma boa distância.

Na base dos goosenecks, há o compartimento para pilhas AA, que alimentam a cápsula, mas a maioria também funciona com Phantom Power (alguns tem uma chave de seleção). Se a pilha do lapela durava meses, no gooseneck costuma durar não mais que um mês. É necessário estar atento para não esquecer ele ligado de um dia para o outro.

Alguns modelos vêm com uma luz vermelha junto da cápsula que acende quando o microfone está ligado. No começo se acha um pouco estranho e feio, mas alguns dias depois ninguém se lembra que ela existe (e até sentem falta). Na prática, essa luz serve para indicar tanto para o pregador quanto ao operador de som que o microfone está ligado e operando, e ajuda a evitar que se esqueça o microfone ligado após o culto. O operador pode ver quando o pregador esqueceu de ligar o microfone e pode tomar uma atitude.

Por ser cardióide, permite uso de caixas de retorno para o pregador, mas a caixa deve estar a 180º do microfone (exatamente de costas do microfone).

Desvantagens Quase nenhuma. Mais robusto (quebra menos), mais fácil de regular (cardióide) e ainda permite ampla liberdade do pregador. Desde, é claro, que o pregador não fique se movendo muito.

6.8 - Microfones de mão

É o tipo mais comum de microfones. São aqueles formados por um cone metálico, onde em uma ponta fica o conector XLR e na outra a cápsula de captação, e esta é protegida por um globo, em um formato que imita perfeitamente um sorvete.

É o tipo de microfones que conta com a maior variedade de modelos e fabricantes. Existem milhares de modelos, com centenas de fabricantes, com preços indo de poucos reais a R$ 500,00. São encontrados em qualquer lugar: até lojas de departamento e camelôs. Assim, fica difícil recomendar uma marca e/ou modelo específico. As marcas variam desde os famosíssimos Shure até os desconhecidos Carol, JWL e Aistar. Mas não quer dizer que por ser de marca desconhecida seja ruim. É raro, mas há boas surpresas nessas marcas desconhecidas, com um preço muito menor que os similares famosos.

A maioria absoluta usa cápsulas dinâmicas, grandes. Existem alguns pouquíssimos modelos condensadores, normalmente bem mais caros. As cápsulas dinâmicas têm o mesmo princípio de construção de um alto-falante, e não precisam de energia para funcionar. A maioria absoluta tem padrão de captação cardióide ou supercardióide.

A sensibilidade dos microfones dinâmicos é muito mais baixa que as cápsulas condensadoras: varia de –50dB (os melhores) a –80dB (os piores). A maioria tem ampla resposta de frequência, podendo ser usados em amplas aplicações, como vozes ou instrumentos musicais. Evidente que o resultado de um microfone específico para um determinado instrumento é muito melhor, mas os mics de mão alcançam resultados satisfatórios tanto com vozes e microfones.

Em algumas denominações, os pregadores os usam na mão, como os cantores fazem. Nesse caso, o pregador tem liberdade total de movimentos (pastores que andam muito no altar ou palco, por exemplo), limitados apenas pelo cabo. Também são úteis para dar um "efeito dramático" na pregação, utilizando o microfone como elemento na gesticulação.

Existem denominações em que esse microfone é usado em pedestais de púlpito. Estes pequenos pedestais têm uma base de ferro (para servir de contrapeso) e uma haste metálica flexível. Essa haste permite ajustar o microfone, como a haste dos goosenecks.

Para cantores, é usado em geral na mão mesmo ou em pedestais. Para instrumentos, sempre com pedestais de microfones.

Pelas características desse microfone, vamos inverter a ordem: primeiro apresentar as desvantagens e depois as vantagens:

Desvantagens - A baixa sensibilidade desses microfones obriga a pessoa a utilizá-lo bem próximo à boca. Quanto mais afastado da fonte sonora, menor a captação. Os melhores (sensibilidade próxima a -50dB) podem ser usados até 10cm da fonte sonora, no máximo 15cm, mas os piores (qualquer coisa acima de –65dB) praticamente obrigam ao usuário “grudar” a boca no microfone. Para o pregador, isso é péssimo, pois tira toda a liberdade do pregador. Ele vira “refém” do microfone, não podendo se distanciar muito dele, sob pena da captação diminuir muito.

Esse tipo de microfone é o que mais sofre com o chamado “efeito de proximidade”. Quanto maior a distância entre a boca e o microfone, menos graves o microfone conseguirá captar. Por outro lado, quanto mais próximo, mais graves haverá. Todos os microfones direcionais (cardióides, supercardióides) sofrem com isso, mas nos dinâmicos de mão é onde o problema é mais aparente.

O efeito de proximidade é ruim para o técnico de áudio, que precisa estar bem atento. Momentos em que o pregador lê a Bíblia ou faz alguma oração, abaixa a cabeça e se aproxima do microfone, fazem o grave ficar mais forte, o que precisa ser compensado na mesa de som. Não é muita coisa a se compensar, mas exige atenção.

Para cantores, principalmente as vozes masculinas, se o microfone estiver muito afastado, a voz perderá o grave característico.

Para o púlpito, esse microfone é muito grande e pesado quando comparado com os outros tipos. E como a haste do pedestal também é bastante larga, acaba atrapalhando a visão do pregador. É como você conversar com alguém que está chupando sorvete: a boca e queixo desaparecem atrás do mesmo. Isso sem contar o fato de que às vezes acontecem acidentes: o microfone “escorrega” do cachimbo (peça que prende o microfone à haste do pedestal) e vai parar no púlpito ou mesmo no chão. Isso não é raro de acontecer.

Se usado com pedestal, é um microfone trabalhoso na hora de ajoelhar. É necessário tirar o microfone do pedestal, utilizá-lo e depois colocar novamente no púlpito. O movimento gera vibrações que costumam serem captadas pelo microfone e o operador precisa estar sempre atento. Se usado na mão, não há problema algum.

Também é um tipo de microfone que sofre muito com o posicionamento errado do mic em relação à fonte sonora. O microfone precisa estar bem posicionado, o globo do microfone apontado diretamente para a fonte sonora. Ensine sempre, pois é muito comum o usuário utilizar o microfone "de lado", como um sorvete, posição esta que perde muito em captação. Vantagens - É o "Bombril" dos microfones, e funciona razoavelmente bem em qualquer lugar, qualquer acústica, qualquer tipo de voz ou instrumento (1001 utilidades). É em geral o tipo de microfones mais comum a ser encontrado em qualquer igreja.

Se por um lado a baixa sensibilidade “prende” o pregador, cantor e músico junto ao microfone, ela também dificulta a ocorrência de microfonias. Como o microfone não consegue captar sons a distâncias grandes, a chance de captar o som de uma caixa de som ou de uma reflexão na parede é mínima. Não quer dizer que não aconteça, mas dá muito menos microfonia que qualquer lapela e menos que qualquer gooseneck. Se a acústica do lugar é ruim, este é o tipo de microfone a ser utilizado, principalmente se for supercardióide. Mas para ter essas vantagens, lembre-se de usá-lo sempre perto da fonte sonora.

Também permite a utilização de caixa de retorno. A caixa deve estar sempre “nas costas” do microfone, caso cardióide, ou até mesmo de lado, caso supercardióide.

A durabilidade deste tipo de microfone é enorme. Os “sorvetões” são extremamente robustos, duram anos, década até. Aguentam até quedas, mas não é por isso que vamos descuidar deles.

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