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4.1 Apresentação das Dimensões e suas Categorias

4.1.1 Primeira Subdimensão: Ética no Ambiente Laboral

4.2.3.5 Categoria ‘Apoio de Fachada’

‘Apoio de fachada’ apareceu em dois fragmentos, de M01 e F03, sendo que M01 é o mais representativo, conforme quadro a seguir.

Quadro 22. Categoria ‘Apoio de Fachada’

Categorial Inicial Resultado da

Categoria Inicial

“Muito pouco [...] o valor anual destinado à formação do servidor [...] fachada que tem por objetivo mascarar a realidade”. (M01)

“Muito pouco [...] o valor anual destinado à formação do servidor [...] fachada que tem por objetivo mascarar a realidade”. (M01)

“[...] apoio de fachada [...]”. (F03)

Fonte: elaborado pela autora, a partir dos dados da pesquisa em 2015

M01 e F03 afirmam que o apoio dado é de “fachada”, ao passo que M01 acrescenta a informação de que é “muito pouco [...] o valor anual destinado à formação do servidor [...]”. Ao pesquisar sobre a informação no Plano Anual de Capacitação (2015), promovido pela Diretoria de Capacitação, Desenvolvimento e Educação do Decanato de Gestão de Pessoas, verificou-se que “no ano de 2015, a projeção para investimento na capacitação e desenvolvimento dos servidores da UnB é de R$1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais), sendo R$ 1.000.000,00 (Um milhão de reais) oriundos dos recursos do Tesouro Nacional, gerenciados pela FUB e R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), relativos aos recursos próprios da FUB” (UNB, 2015(a):5).

Desse contexto, extrai-se a seguinte informação: o número de docentes do quadro e o número de técnico-administrativos, segundo a página eletrônica do Decanato de Planejamento e Orçamento/UnB (UNB, 2014) era de 2.695 docentes em seu quadro

(incluindo substitutos e visitantes), e 2.623 técnico-administrativos. O documento ‘Plano Anual de Capacitação 2015’ da Universidade de Brasília indica que há previsão do processo de capacitação para os “servidores públicos federais, docentes e técnico-administrativos, pertencentes ao quadro da FUB e em exercício na Instituição; Servidores Públicos Federais em exercício na FUB; Profissionais que estão em regime de contratação temporária regidos pela lei 8.745/93”.

Diante dos dados disponíveis em tais documentos, realizou-se o seguinte cálculo: o valor de projeção para o ano de 2015 para capacitação e desenvolvimento dos servidores da UnB, dividido pelo número informado, 2.695 docentes, mais 2.623 técnico-administrativos. Verifica-se, com isso, a quantidade total de servidores, que é de 5.318. Assim, ao dividir R$1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais) pelo número total de servidores, o valor encontrado é de R$282,06 (duzentos e oitenta e dois reais e seis centavos) por ano, para cada servidor, sem considerar os profissionais que estão em regime de contratação temporária regidos pela Lei 8.745/93. Registra-se que esse valor não é exato, haja vista a UnB também realizar treinamentos informais, como por exemplo, nos próprios setores de trabalho, de modo a capacitar os novos servidores para a realização do ofício, além de outros treinamentos pagos pela UnB, como os programas de pós-graduação para os servidores da FUB e treinamentos não ofertados pela PROCAP/DGP.

Assim, verifica-se que “o maior desafio da administração universitária é garantir os meios e os recursos necessários para investir no seu quadro de pessoal de forma contínua, quer na capacitação, quer nas condições de trabalho e na avaliação” (BERNARDES, 2003:3).

Foram excluídas as palavras–chave e expressões compostas ‘pouco dinheiro para a educação do servidor’, ‘mais divulgação de programas educativos’ e ‘resistência das chefias’, haja vista não ter tido repetição ou por terem apresentado apenas uma ocorrência, no

sentido estrito dessas palavras nas respostas dos entrevistados. Por esse motivo, foram eliminados do quadro da segunda triagem resultado das categorias iniciais.

Quadro 23. Quadro Geral da Segunda Subdimensão – Questão 2

Subdimensão de Estudo

Categorias Iniciais Trechos E Expressões Compostas Em Negrito

Categorias

Intermediárias Categorias Finais

Práticas educativas e instrumentos de educação ética institucional (ANÍSIO TEIXEIRA (1936); PASSOS (2010); PAULO FREIRE (2007); ZYLBERSTZTAJN (2002); KNOWLES (1980); VOGT (2007)

“Muito pouco [...] o valor anual destinado à formação do servidor [...] fachada que tem por objetivo mascarar a realidade”. (M01)

Fachada

O entendimento em relação ao apoio da UnB aos programas educativos é desconhecido. No entanto, observa-se que não há consenso acerca da oferta, haja vista que o apoio seja de fachada.

“[...] apoia, por meio [...] de cursos de capacitação, outros eventos, como palestras e seminários”. (F11)

Apoia

“Desconheço”. (M14) Desconheço

“Concordo parcialmente

[...] seria importante que a

UnB investisse em

programas educativos para a área ética e disciplinar, tendo em vista que são áreas muito

importante para o

desempenho organizacional e que atualmente não

recebem a devida importância da Administração Superior”. (M15) Concordo parcialmente “[...] a universidade deveria ampliar os programas educativos [...] assunto não

é priorizado”. (M16)

Ampliar os programas educativos

Fonte: elaborado pela autora, a partir dos dados da pesquisa em 2015

Após analisar e interpretar os fragmentos de fala de todos os entrevistados, por meio da interpretação por palavras-chaves ou expressões compostas que comportam as categorias iniciais, foram criadas as categorias intermediárias. A interpretação realizou-se

com base no referencial teórico exposto na pesquisa. A categoria final foi resultado das categorias anteriores, constituindo uma síntese das ideias apresentadas pelos entrevistados, e assim escrita de forma coerente e coesa para o entendimento geral. É importante salientar que a análise destas categorias permite compreender a subdimensão aqui tratada.

Abaixo, seguem as considerações dos teóricos sobre esta subdimensão de estudo, os quais estiveram também presentes na fundamentação teórica deste trabalho.

De acordo com Passos (2010), esta subdimensão de ‘Práticas Educativas e Instrumentos de educação ética institucional’ revela que programas educativos devem ser priorizados nas organizações, principalmente em se tratando de um tema que envolve relacionamentos. Teixeira (1936), (Freire apud CAMPOS, 2007), (Zilberstztajn, 2002, apud GOMES 1999); (Knowles 1978 e 1980, apud VOGT 2007) ratificam tal entendimento.

O ambiente laboral deve estar composto por membros educados e que possuam iniciativa individual e de adaptabilidade (TEIXEIRA, 1936) para o bom andamento das organizações. TEIXEIRA apud CAMPOS (2007:39) acrescenta que, caso os integrantes não possuam as habilidades anteriormente citadas, “serão esmagados pelas mudanças em que se virem envolvidos e cujas as associações ou significados eles não percebem”. A importância da educação para que os princípios éticos institucionais sejam difundidos perpassa também pela noção de que

faz-se necessário investir em atividades pedagógicas capazes de promover o esclarecimento e imprimir uma nova mentalidade, novos valores e, consequentemente nova relação da população com o serviço público. As normas codificadas e as punições podem ajudar, porem são incapazes de fazer a passagem necessária (PASSOS, 2010:163).

Esta citação sintetiza a importância da promoção da educação ética em uma organização, haja vista o marco regulatório ser insuficiente para a manutenção de comportamentos desejáveis à vida em sociedade.

Outro aspecto, sobre este mesmo assunto, é o que revela Zylberstztajn (2002), quando diz que o comportamento ético representa um valor da sociedade atual e que existem falhas no comportamento ético dos indivíduos e como estas pessoas constituem as organizações. As organizações estão cheias de todos os desvios possíveis e conhecidos do comportamento humano. Por isto, a necessidade em lutar contra o individualismo e o egoísmo em deixar de reconhecer a existência do outro e passar por cima de qualidades como tolerância, cooperação social e equidade (PASSOS, 2010).

A introdução da ética nas organizações, por meio da educação que é necessária, possibilita aos indivíduos, como revela Passos (2010:166),

“que tenham alegria com o que fazem, além de fortalecer o compromisso com a organização, renovando e colocando em prática o poder criativo e produtivo que possuam, além de solidariedade, estimulando enfim, as condições necessárias à manutenção da organização”.

Esta educação pode abrolhar por meio da Andragogia, haja vista ser a arte e a ciência de ajudar os adultos a aprenderem, conforme explica Knowles (1980), que a Andragogia é outro modelo de princípios, os quais foram abordados na fundamentação teórica desse estudo sobre a aprendizagem, e que pode ser usado como um paralelo aos princípios utilizados pela pedagogia para ensinar as crianças. Para Knowles (1978 apud VOGT, 2007:43) a dinâmica metodológica, no ensino de adultos, tende a se mover nos métodos tradicionais a favor dos métodos que exploram, principalmente a experiência do aprendiz, em cenários educativos como grupo de discussão, jogo de papéis, workshops e várias combinações de métodos interativos.

Paulo Freire (apud CAMPOS, 2007:39) também afirma que “precisamos hoje, no Brasil, talvez mais do que ontem, de uma prática educativa exemplarmente democrática [...].

Semanas em que se apresentasse a história da democracia, em que se debatessem a relação entre democracia e ética”. Portanto, as citações dos teóricos aqui apresentadas, bem como todo o contexto da fundamentação teórica do presente estudo, desvelam a importância da educação ética de modo a coibir os desvios éticos que aniquilam os relacionamentos.

 Terceira parte dos resultados

A terceira parte dos resultados apresenta a mesma subdimensão descrita anteriormente, ‘Práticas Educativas e Instrumentos de Educação Ética Institucional’. Esta subdimensão foi também caracterizada pela terceira e quarta perguntas da entrevista estruturada, que buscou obter dos entrevistados sugestões para a difusão da educação ética na UnB. Essas perguntas estão associadas ao objetivo específico de ‘enunciar as possibilidades de implantação de instrumentos de Gestão da Ética’, e, dessa forma, contribuir para a educação ética na instituição, uma vez que, a partir das sugestões dos respondentes sobre os instrumentos que poderão ser utilizados, podem-se verificar quais são os mais citados e quais funcionam, na visão da maioria, como uma melhor prática a ser adotada.

A análise da subdimensão ‘Práticas Educativas e Instrumentos de Educação Ética Institucional’ retratou a resposta à questão ‘Partindo-se da premissa de que a educação ética, de uma forma geral, propicia uma vida melhor para as pessoas, o que você acha que a Comissão de Ética pode fazer para transformar essa expectativa em realidade?’. Foram identificadas quatro categorias: divulgar o trabalho da Comissão de Ética; investimentos da Administração Superior; palestras; e seminários; as quais são explicadas conforme descrições dispostas nos quatro quadros que se seguem.