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Inicialmente são apresentados dados de caracterização dos sujeitos extraídos dos formulários que constituem o roteiro de entrevista estruturada, haja vista o que revela Lakatos e Marconi (2003:223) sobre “a delimitação do universo que consiste em explicar que pessoas ou coisas, fenômenos etc. serão pesquisados, enumerando suas características comuns, como, por exemplo, sexo, faixa etária, organização a que pertencem, comunidade onde vivem, etc.”

Os departamentos dos servidores públicos envolvidos com a questão disciplinar na UnB foram relatados, e estão sendo reafirmados aqui para facilitar a leitura, são eles: Coordenação de Processo Administrativo Disciplinar – CPAD; Gabinete do Reitor – GRE, Ouvidoria da Universidade de Brasília, também ligada ao GRE; Coordenadoria de Capacitação e Educação – PROCAP, ligada ao Decanato de Gestão de Pessoas – DGP; Serviço de Informação ao Cidadão (SIC), ligada ao GRE e membros da Comissão de Ética da UnB, em que a sua secretaria está localizada no GRE.

No total participaram da entrevista 23 servidores. Os dados referentes às quatro perguntas iniciais do questionário: gênero, idade, tempo de serviço e departamentos da UnB em que estão lotados, foram tratados como caracterização dos sujeitos, e realizou-se aqui o estudo bibliométrico.

Quanto à análise e interpretação dos dados, buscaram-se as orientações de Bardin (1977:37), em relação aos procedimentos para uma análise de conteúdo, que, para a autora, significa, “um conjunto de técnicas de análise das comunicações que visa obter, por

procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção dessas mensagens.” Em sequência aos passos descritos pela autora, realiza-se a análise categorial ou por categorização:

O critério da categorização pode ser semântico (categorias temáticas: por exemplo, todos os termos que significam a ansiedade, ficam agrupados na categoria "ansiedade", enquanto que os que significam a descontracção, ficam agrupados sob o título conceptual "descontracção", sintático (os verbos, os adjetivos), léxico (classificação de suas palavras segundo o seu sentido, com emparelhamento dos sinônimos e dos sentidos próximos. [...] A categorização é um processo de tipo estruturalista e comporta duas etapas: – O inventário: isolar os elementos; e, – A classificação: repartir os elementos, e portanto, procurar ou impor uma certa organização às mensagens (BARDIN, 1977:117, 118).

Camargo contribui para o entendimento da metodologia aplicada ao explicar que os passos a serem seguidos para a categorização proposta por Bardin, são assim apresentados:

(1) descrição: enumeração das características do texto, resumida após tratamento analítico; (2) inferência: operação lógica, pela qual se admite uma proposição em virtude da sua ligação com outras proposições já aceitas como verdadeiras (3) interpretação: a significação concedida a estas características; a etapa (2) ‘inferência’ permite a passagem, explícita e controlada, da etapa ‘descrição’ para a etapa ‘interpretação’. Dessa forma, as iniciativas que a partir de um conjunto de técnicas consistam na explicitação e sistematização do conteúdo das mensagens e da expressão deste conteúdo, pertencem ao domínio da análise de conteúdo. A referida abordagem objetiva efetuar deduções lógicas e justificadas, referentes à origem das mensagens consideradas (BARDIN, 1977 apud CAMARGO, 2015).

Para o cumprimento dos três passos, propostas por Bardin (op.cit.) no primeiro passo referente à ‘descrição’ foram feitas exclusões mútuas para alcançar a objetividade da informação, nos dados que apresentaram repetição da informação, em relação às respostas dos entrevistados. Portanto, a categoria inicial obedece a duas triagens que são demonstradas por meio dos quadros elaborados pela autora.

O segundo passo, referente à ‘inferência’ em que o autor apresenta como sendo a ligação das proposições apresentas com outras reconhecidas como de igual valor, diz respeito ao que é realizado neste trabalho em relação à escolha dos nomes das categorias que irão constituir a segunda triagem da categoria inicial, bem como da categoria intermediária, em

que a partir dos vocábulos e expressões compostas de um mesmo campo semântico pode-se retirar a unidade de contexto, explica Bardin.

Na hipótese de existir ambiguidades na referenciação do sentido dos elementos codificados, Bardin (1977, p. 37) afirma que para a realização da análise, as unidades de codificação podem ser agrupadas em função de unidades superiores e mais abrangentes, denominadas unidades de contexto, unidades estas que ‘permitem compreender a significação dos itens obtidos, repondo-os no seu contexto’ (BARDIN, 1977 apud CAMARGO, 2015).

No terceiro e último passo foram escritas as categorias finais de acordo com a fala dos entrevistados, a partir das categorias iniciais e intermediárias, bem como as interpretações que serão feitas das categorias iniciais (primeira e segunda triagem, e das palavras-chaves e expressões compostas das categorias intermediárias) abaixo dos quadros, os quais permitiram uma melhor visualização; a categoria final será uma síntese das respostas das categorias que a precedem.

Desse processo metodológico orientado por Bardin (1977) resultaram duas macro dimensões: legislação e Gestão da Ética, sendo que esta última foi subdividida por três subdimensões assim classificadas: 1) Ética no ambiente laboral; 2) Práticas Educativas e Instrumentos de Gestão Ética Institucional; 3) Gestão da Ética em relações de trabalho. A dimensão legislação é explicada pelas normas descritas nesse estudo e que prescrevem a função educativa da Comissão de Ética. Sendo assim, foi considerada uma macro dimensão, haja vista a obrigatoriedade em atender ao que está prescrito na legislação da Comissão de Ética.

A primeira subdimensão teve por fundamento a primeira questão – 1. O que entende por ética nas relações interpessoais no ambiente laboral? –, e resultou em dez categorias: respeito, boa comunicação, comportamento adequado, compromisso com a instituição, responsabilidade, parâmetros de boa convivência, moral, tolerância, justiça, probidade.

A segunda subdimensão teve por fundamento a segunda, a terceira e a quarta questões. Questão – 2. Você acha que a universidade apoia programas educativos para os servidores? Em caso positivo, como é dado esse apoio? –, resultando em cinco categorias: desconheço, apoia, concordo parcialmente, ampliação dos programas, apoio de fachada. Questão – 3. Partindo-se da premissa de que a educação ética, de uma forma geral, propicia uma vida melhor para as pessoas, o que você acha que a Comissão de Ética pode fazer para transformar essa expectativa em realidade? Questão 4. Em caso negativo, em que, na sua opinião, seria impossível o desenvolvimento de um trabalho de conscientização da ética na UnB, e quais os motivos que impediriam essa implementação? Para a terceira questão identificaram-se quatro categorias: divulgar o trabalho da Comissão de Ética, investimento da Administração Superior, palestras, seminários. Para a quarta questão, obteve-se três categorias: resistência das pessoas, falta de apoio da Administração Superior, obstáculos a serem vencidos.

A terceira subdimensão tem por fundamento a questão 5 – 5. Em quais aspectos você considera facilitadores e dificultadores do trabalho da Comissão de Ética na UnB? –, obtendo-se daí duas vertentes de categorias: uma sob os aspectos facilitadores com oito categorias: equipe, canais de comunicação, divulgação, ambiente acadêmico, legislação, mediação, reconhecimento, implementação; e uma segunda vertente, sob os aspectos dificultadores, com cinco categorias: falta de apoio da Administração Superior, espaço físico, servidores da UnB, marco regulatório frágil, problemas que dificultam o trabalho em equipe.