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2.8 Instrumentos de Gestão da Ética como Proposta de Práticas Educativas

2.8.2 Comissão de ética

Nesta sessão, transcrevessem-se os itens de 1 a 4, expostos pelo Presidente da Comissão de Ética, Marcel Bursztyn, em entrevista à UNBAGENCIA, em que explica o papel da Comissão e seus fundamentos legais, afirmando que

1. A Comissão de Ética foi criada em 23.7.2008, pelo reitor pro tempore, Roberto Armando Ramos de Aguiar, em ato da Reitoria n. 1.377/2008. O fundamento legal é o Decreto 1.171/1994, que aprovou o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal e deu prazo de 60 dias para que os órgãos da administração direta e indireta constituíssem as suas Comissões de Ética. A UnB demorou 14 anos para dar cumprimento a essa determinação (BURSZTYN, In: UNBAGÊNCIA, 2011)

O item 1 mostra o que já havia sido dito em momento precedente no presente trabalho, acrescentado pela fala do então Presidente da Comissão o prazo dado para que os órgãos instituíssem as Comissões em 60 dias, o mesmo cabendo a Universidade de Brasília, um órgão público da administração indireta, por meio da Fundação, a FUB, mas que não realizou no tempo hábil determinado a concretização da norma legal para instituição de sua Comissão de Ética, cumprindo a determinação, somente 14 anos depois. Isso revela que por

muito tempo permaneceu esse eco, ou lacuna, na personalidade da Universidade de Brasília. A norma, porém, foi efetivada em vinte e três de setembro de dois mil e oito, conforme texto abaixo:

2. a Comissão de Ética tem como missão divulgar e zelar pelo cumprimento do Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil e, complementarmente, do Código de Conduta próprio da instituição, além de atuar como órgão consultivo interno às instituições. O país já conta com mais de 100 comissões de ética cadastradas no Sistema de Gestão da Ética. O Sistema de Gestão da Ética foi instituído pelo Decreto 6029/2007, cujo detalhamento de rito processual foi estabelecido pela Resolução 10/2008, da Comissão de Ética Pública da Presidência da República (BURSZTYN, In: UNBAGÊNCIA, 2011).

Isso evidencia que a Universidade de Brasília, ainda que considerada em atraso, conforme visto anteriormente, fez parte em 2008 de uma corrente de integração ao Sistema de Gestão de Ética ocorrida no país, quando então já se contava com mais de 100 comissões de ética cadastradas no referido sistema. Quanto à finalidade da Comissão de Ética, Bilhin e Gonçalves (2012:4) afirmam que

a Comissão de Ética tem como finalidade promover valores e princípios prevalentes na sociedade brasileira que reflitam a conduta ética do servidor público federal. A instituição da Secretaria-Executiva formaliza, assim, o processo de institucionalização da ética no serviço público que passa a ser representado na estrutura organizacional do órgão com recursos definidos para a execução das atividades.

De modo a acrescentar, pode-se dizer que os ‘valores e princípios que a Comissão tem como finalidade promover’ está positivado no código 1.171/94, que corrobora com a citação acima, ‘valores e princípios prevalentes na sociedade brasileira’.

A institucionalização da Secretaria-Executiva se faz necessária, por ser a secretária a única que não possui mandato temporário, como nos casos dos membros, o que faz perdurar no tempo uma memória maior dos trabalhos e deliberações das comissões, facilitando, assim, os trabalhos futuros que serão desenvolvidos por novos membros, além de ‘formalizar o processo de institucionalização’.

A UnB não tem ainda um Código de Ética próprio, mas utiliza a dos servidores públicos (Decreto no 1.171/94). A divulgação do Código de Ética tem ocorrido através do site da Comissão no portal da UnB e por meio de palestras.

3. A Comissão de Ética atua quando provocada pela comunidade institucional ou pelos usuários dos serviços da UnB. As denúncias podem ser apresentadas por qualquer pessoa física ou jurídica. A fase inicial de recepção das denúncias é chamada de “Procedimento Preliminar, etapa em que se analisa a admissibilidade e, em caso positivo, inicia-se o “Processo de Apuração Ética” (PAE). O resultado de um PAE pode ser: a) arquivamento, comprovada a inocência; b) proposição ao investigado de “Acordo de Conduta Pessoal e Profissional” (ACPP); c) aplicação de censura ética, respeitado o direito à ampla defesa e contraditório (BURSZTYN, In: UNBAGÊNCIA, 2011).

Do exposto, verifica-se o cumprimento do disposto no rito processual da Comissão de Ética, presente na Resolução no 10/ 2008. O rito é seguido pelas Comissões de Ética locais (antiga denominação era: Comissões de Ética Setoriais) em atendimento a essa Resolução, assim como pela Comissão de Ética da UnB, posto que esta também é uma Comissão de Ética local.

4. A Comissão de Ética é constituída por 3 membros titulares e respectivos membros suplentes, com mandatos não coincidentes de 3 anos, escolhidos entre servidores do quadro permanente e designados pelo dirigente máximo da instituição. A Comissão de Ética não é um órgão político ou tribunal judicial. Há uma diferença entre lei e ética que cabe à Comissão de Ética, com independência, zelar e promover institucionalmente. A Comissão de Ética da Universidade de Brasília conta com 5 professores e 1 servidora técnica administrativa como membros. Nenhum de seus membros é remunerado pelo exercício das funções e devem realizar o ofício com discrição e confidencialidade. Os membros da Comissão de Ética – UnB dedicam os seus melhores esforços no sentido do fiel cumprimento dos mandatos a eles confiados e estarão sempre empenhados em levar adiante sua missão em favor da ética e pelo aprimoramento das relações humanas dentro desta grande comunidade que convive diariamente nos quatro Campi da Universidade (BURSZTYN, In: UNBAGÊNCIA, 2011; UNB, 2014).

A configuração apresentada pelo entrevistado continua sendo a mesma, em relação ao número de membros professores e uma técnica administrativa. Quanto à diferença de lei e ética referenciada, isso se dá porque cabe à comissão analisar e deliberar apenas em sua matéria, ou seja, fazer o recorte ético no processo, e caso a matéria extrapole a sua competência, ela deve encaminhar o caso para o dirigente máximo da instituição, que, por sua vez, fará os devidos encaminhamentos.