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5.3 Simulação dos Cenários com Exclusão da Carga Tributária

5.3.3 Cenário financeiro com proposta de redução do custo de financiamento

A pesquisa observou que alguns bancos nacionais oferecem linhas de crédito especiais para correntistas pessoa física que se interessar por adquirir equipamentos para geração de energia renovável, como forma de incentivar o desenvolvimento sustentável na modalidade de energia fotovoltaica.

A Caixa Econômica Federal disponibiliza financiamentos por meio de sua modalidade de crédito denominada “CONSTRUCARD”, onde o cliente pode ter acesso a taxas de juros que variam de 1,96% a 3,35% ao mês. O Banco do Brasil também oferece esta linha de

financiamento através do crédito denominado “BB Crédito Material Construção” e aplica taxas de juros variando de 1,53% a 4,02% ao mês.

Os dados simulados nesta pesquisa tiveram como premissa uma taxa de juros de 5,0% ao mês, que foi obtida através de uma média considerada pelo mercado na grande maioria dos mecanismos financeiros de empréstimos para esta linha de negócio, encontradas nos sites dos próprios agentes financeiros. Alguns foram: Banco BANIF (Crédito Pessoal Mais Ambiente), Banco Crédito Agrícola (Crédito EcoSolução), Banco Santander (Leasing Fotovoltaico).

Para efeito de se verificar o impacto da taxa de juros nas condições financeiras de um consumidor residencial, as simulações a seguir consideram uma taxa de 3,00%, como uma média encontrada dentre àquelas pesquisadas. A fim de manter a equidade dos dados, os cenários partem das premissas estabelecidas nos itens 5.1, Tabela 12 (Geração de energia para compensação total da energia injetada com pagamento mínimo regulamentar) e 5.2, Tabela 16 (Geração de energia para zerar sua conta no horário compreendido entre 08:00hs e 15:00 horas – “horário de sol”). Ambos cenários citados estão mensurados com a carga tributária sem descontos, tal qual se praticaria em um ambiente normal de mercado.

O resultado para o Cenário 1 pode ser analisado na Tabela 29 abaixo, onde o fluxo de caixa ainda não demonstra viabilidade financeira, uma vez que a Taxa Interna de Retorno não superou a Taxa Mínima de Atratividade que foi aplicada na simulação de 1,50%, gerando um fluxo de caixa negativo, conforme Tabela 29.

Tabela 29: Condições financeiras de financiamento - Cenário 1 – Redução do custo de financiamento Financiamento Integral Financiamento com Entrada

Valor Financiado R$ 39.205,06 Valor Financiado 31.364,05

Entrada 0% Entrada 20%

Prazo 78 meses Prazo 78 meses

Prestação do Financiamento 1.306,40 Prestação do Financiamento 1.045,12

VPL (R$ 39.169,26) VPL (R$ 35.044,95)

TIR 0,07% TIR 0,19%

PAYBACK (Anos) - PAYBACK (Anos) - Fonte: Elaborado pelo Autor

Os resultados demonstrados no Cenário 2 foram mais otimistas para o consumidor. Percebe-se que o investimento se paga em um prazo bem menor do que as simulações anteriores ficando em 5,83 anos sem entrada e em 3,75 anos considerando a entrada de 20%, conforme pode ser constatado na tabela 30.

Tabela 30: Condições financeiras de financiamento - Cenário 2 – Redução do custo de financiamento Financiamento Integral Financiamento com Entrada

Valor Financiado R$ 11.410,39 Valor Financiado R$ 9.128,31

Entrada 0% Entrada 0%

Prazo 78 meses Prazo 78 meses

Prestação do Financiamento R$ 398,82 Prestação do Financiamento R$ 304,18

VPL R$ 12.128,95 VPL R$ 13.329,31

TIR 4,40% TIR 3,81%

PAYBACK (Anos) 5,83 PAYBACK (Anos) 3,75 Fonte: Elaborado pelo Autor

Pode-se considerar, portando, que o custo do financiamento é um fator preponderante para a decisão de investimento em geração de energia renovável, sob a ótica de um consumidor residencial. As linhas de financiamento existentes poderiam garantir melhores condições para a aquisição de equipamentos e serviços visando à maior disseminação da tecnologia, no entanto, o setor financeiro não pode deixar de repassar os custos, que em grande maioria são impostos, embutidos no preço final, que é repassado ao consumidor.

SEÇÃO VI

6.1 Considerações Finais

A sustentabilidade e o uso racional dos recursos naturais tem sido pauta constante das organizações na busca pela mitigação das mudanças climáticas. No contexto do setor elétrico, a inserção de fontes renováveis na matriz elétrica é fator principal para o desenvolvimento sustentável da planta de geração de energia elétrica e na busca por contribuir para a mitigação das mudanças climáticas, especialmente nos países com altos índices de emissão de gases de efeito estufa na atmosfera.

Países como Alemanha, França, Itália, Espanha e Estados Unidos perceberam a necessidade de diversificação de suas matrizes com a escassez e, por conseqüência, preços elevados do carvão, do petróleo e do gás natural, até então as principais fontes primárias de energia, para movimentação de usinas geradoras de energia.

No Brasil, reconhecido por ter uma matriz considerada renovável, uma vez que 75% de sua estrutura de geração provêm de usinas hidrelétricas, a geração distribuída era utilizada, inicialmente em comunidades isoladas ou por empresas de telecomunicações, por exemplo, para uso de energia elétrica local. Embora iniciativas governamentais tenham fomentado a inserção de fontes alternativas na matriz elétrica, tais como a biomassa e a eólica, através do PROINFA – Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia, a ANEEL – Agencia Nacional de Energia Elétrica, buscou incentivar com a emissão da Resolução Normativa 482/2012 que trata da inserção de fontes alternativas na matriz brasileira, para mini e microgeradores com potencia instalada de até 1 MW de potencia, ligadas à rede elétrica das concessionárias.

Para tanto, esta pesquisa estudou a viabilidade financeira de implementação da geração distribuída, sob a ótica de consumidores residenciais, no estado do Ceará e partiu de algumas premissas como objetivos específicos: (i) Avaliar a viabilidade financeira dos investimentos em empreendimentos de fonte solar fotovoltaica por consumidores, (ii) Identificar experiências bem sucedidas em outros países para fomento da geração distribuída que possam ser implementadas no Brasil e (iii) Avaliar os ganhos indiretos para a concessionária com a implementação da geração distribuída de energia.

Verificou-se que a metodologia de geração distribuída pode trazer benefícios à rede das distribuidoras uma vez que a carga descentralizada possibilita postergação de

investimento, redução no índice de perdas elétricas, baixo impacto ambiental, redução no carregamento das redes o que traz melhor aproveitamento dos ativos elétricos e oferece segurança energética por se tornar mais uma opção de geração de energia, em complemento às usinas hidrelétricas e termelétricas, minimizando o risco de black out no setor elétrico.

Para os consumidores residenciais, investir em micro geração proporciona redução na tarifa de energia elétrica o que traz certa independência em relação à energia fornecida pela concessionária local, produz uma energia limpa e gera créditos de energia que são compensados em faturas de energia vindouras. Porém, melhorias podem ser fomentadas pelo Poder Concedente para uma maior disseminação desta tecnologia no mercado consumidor do Brasil tais como linhas especiais de financiamento dos equipamentos, incentivos financeiros aos consumidores que aderirem à instalação de energias renováveis e, no âmbito mais amplo, fomentar estudos, incentivos às novas usinas de geração com o intuito de tornar o preço das energias renováveis no Ambiente de Contratação Regulada mais competitivas.