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Esta dissertação analisou os impactos da implementação da Resolução ANEEL 482/2012 no ambiente do setor elétrico através de uma vasta e rica revisão bibliográfica dos temas que envolvem o setor elétrico brasileiro e em energias renováveis, por meio de simulações financeiras que sinalizaram a viabilidade do investimento e, conseqüentemente, da possibilidade de implementação da referida resolução.

Os resultados destas simulações financeiras mostraram que os investimentos ainda têm um custo alto para os consumidores e um prazo de Payback, em média, variando de 3 a 20 anos. O diagnóstico financeiro mostrou que as condições de financiamento e a questão tarifária são fatores que podem influenciam na decisão de investimento por parte dos consumidores.

Em relação ao Cenário 1, identificou-se que, pelas premissas de simulação estabelecidas, a economia auferida na fatura de energia não seria suficiente para garantir o retorno esperado pela valor investido, uma vez que a TIR de 0,40% foi inferior ao mínimo admitido de ganho do empreendimento que foi estabelecido em 1,50% ao uma taxa de financiamento de 5,00%. Uma possível solução para um retorno financeiro saudável neste cenário seria um custo de financiamento menor, uma vez que se trata de pessoa física. Com

linhas de financiamento especiais, por exemplo, com taxas praticadas de 1%, o investimento traria o retorno sobre o valor principal em 19,25 anos, o que ainda é considerado alto.

Acerca do Cenário 2, obteve-se um retorno sobre o investimento de 2,76% admitindo- se uma Taxa de retorno de 1,50%, considerando uma entrada sobre o valor financiado. As parcelas do financiamento do empreendimento calculadas em R$ 466,80 puderam ser amortizadas em 8,42 anos a um mesmo custo de financiamento do Cenário 1, que foi de 5,00%. Sem considerar a entrada sobre o valor principal, o payback ainda torna-se atrativo, uma vez que a TIR foi calculada em 2,49%, amortizada a um período de 9,92 anos.

Ressalta-se que também foram realizadas simulações com exclusão da carga tributária para análise dos cenários citados anteriormente. Verificou-se que existe benefício para o consumidor, uma vez que sua conta reduz e o tempo de retorno do investimento também, embora, no caso do cenário 1, que apresentou uma viabilidade financeira, o payback ainda seja bastante elevado (19,25 anos), o que remete a discussão sobre melhores estratégias de financiamento e condições diferenciadas para o incentivo ao investimento em células, painéis fotovoltaicos e demais equipamentos para implementação da geração distribuída por fonte fotovoltaica.

Outra condição de teste nos cenários foi realizada em relação à redução da taxa de financiamento. Verificou-se que, substituindo a taxa utilizada de 5% por 3%, mantendo a carga tributária vigente e praticada atualmente, o tempo de retorno do investimento foi mensurado entre 3 e 5 anos, o que torna o investimento mais atrativo e competitivo em geração distribuída, o que reforça a tese de que melhores condições de financiamento e subsídios governamentais podem ser importantes para alavancar a metodologia proposta pela Resolução ANEEL 482/2012.

Estas simulações refletem a condição econômica do Estado do Ceará, não do Brasil e considera as condições econômicas (taxas de desconto, linhas de financiamento, inflação e tarifas) disponíveis à época da simulação financeira. Porém, a pesquisa demonstrou que vários países adotaram algum tipo de incentivo para tornar acessível o uso e disseminação da fonte de energia alternativa por parte dos consumidores tais como Alemanha e Itália, com a adoção das tarifas-prêmio, e França e Estados Unidos, com descontos no imposto de renda para aqueles consumidores que decidirem por investir em geração de energia alternativa.

No entanto, pelos resultados da pesquisa, pode-se concluir que não só a questão tarifária representa um impacto significativo na conta do cliente que pretende investir na

tecnologia de geração distribuída, mas também o aspecto tributário, que reflete de forma significativa no fluxo de caixa projetado nas simulações o que reforça a necessidade de uma política governamental mais incisiva em relação ao custo dos equipamentos fotovoltaicos para torná-los mais atrativos ao investimento.

Em relação ao impacto nas atividades da distribuidora, a dissertação examinou fatores positivos da micro e minigeração conectada à rede de energia e pôde identificar:

(i) Postergação de investimentos em construção de redes de Transmissão e Distribuição;

(ii) Inovação e implementação de novas tecnologias agregadas;

(iii) Incentivo a melhoria de processos de engenharia na rede da distribuidora; (iv) Redução de Perdas Elétricas (Perdas Técnicas e Comerciais), por melhor

estabilidade da rede elétrica;

(v) Aumento da Vida útil de equipamentos por otimização do índice de Aproveitamento;

(vi) A Inserção de Energias Renováveis na Rede contribui para diversificação da Matriz Elétrica, oferece confiabilidade na Geração e Reduz risco de "apagões; (vii) A energia excedente injetada contribui para reduzir a energia requerida comprada nos mecanismos de leilões, o que ocasiona menos energia demandada para geração, dirimindo riscos de racionamento;

Por outro lado existem aspectos que necessitam atenção da distribuidora que a pesquisa identificou, tais como:

(i) Readequação da estrutura tarifária da distribuidora para Faturamento dos clientes;

(ii) Rígida regulamentação e regras pré-existentes; (iii) Elevação do nível de curto-circuito da rede (iv) Controle de tensão – sobre-tensão em carga leve;

(v) Elevação das perdas em alimentadores onde a geração supera a carga; (vi) Aumento das distorções harmônicas, flutuação e desequilíbrio de tensão; (vii) Não há sistema de supervisão robusto para redes de baixa e média tensão; (viii) Dificuldade de Gestão de muitos sistemas operando em paralelo com a rede

A conclusão desta pesquisa indica que, além do que foi exposto anteriormente, no momento atual, a plena aplicabilidade da Resolução ANEEL 482/2012, com adesão de um número maior de consumidores, necessita de uma adaptação do arcabouço legal e da própria regulação para uma nova realidade que se apresenta com a inserção da geração distribuída na matriz elétrica brasileira. A simulação financeira demonstrou que, sob a ótica do consumidor, os investimentos em equipamentos e instalações para uma geração alternativa independente ainda é custoso, com taxas de financiamento altas para pessoa física e um payback que deixa a atratividade do empreendimento aquém em relação ao retorno que poderia obter com um custo de oportunidade de outras modalidades financeiras.

Conclui-se, ainda, que o amadurecimento da metodologia da geração distribuída trará benefícios, à medida que o Poder Concedente passe a efetuar estudos para aumentar as linhas de financiamento, ofereça subsídios para tornar a tecnologia da geração distribuída mais acessível e que possibilite leilões de fontes solar fotovoltaica mais competitivas, uma vez que, referidas tecnologias necessitam de propostas e regras que fomentem o seu desenvolvimento e sua implementação, sendo danoso à economia e à sociedade obstáculos que entravem a aplicabilidade da Resolução ANEEL 482/2012.