• Nenhum resultado encontrado

4.3 Premissas para realização do cálculo dos cenários de investimento

4.3.2 Investimentos mensurados nas instalações e propostas de financiamento

Referente à viabilidade financeira do estudo será importante coletar informações de consumo desses clientes para o mesmo período citado anteriormente, com a mesma projeção de mais 2 anos, conforme demonstrado no Gráfico 11:

Gráfico 11: Consumo faturado de clientes acima de 220 kWh – Dados em MWh

Fonte: Elaborado pelo Autor, adaptado de relatórios da Concessionária.

Para a construção dos cenários de decisões de investimento por parte dos potenciais consumidores, é preciso analisar a taxa de adesão à implementação de geração distribuída. Esta taxa de adesão, considera fatores que são preponderantes na implementação das fontes alternativas pelos clientes residenciais (i) custo dos equipamentos fotovoltaicos e nível de rendimento dos equipamentos ao longo da vida útil, (ii) preço dos leilões de energia de fonte solar, (iii) linhas de financiamento específicas para este empreendimento e payback (iv) condições tarifárias subsidiadas pelo governo.

Esta pesquisa de análise de investimento em sistemas fotovoltaicos vai utilizar o método de valoração pelo Valor Presente Líquido que, conforme Casarotto Filho e Kopittke (2007), traduz a melhor relação entre os custos envolvidos e as receitas esperadas, em relação à Taxa Mínima de Atratividade – TMA.

Em decorrência, o método do Valor Presente Liquido prevê o calculo do fluxo de caixa sujeito a reajustes e significa que os valores deverão ser corrigidos monetariamente, por uma taxa determinada quando da época de pagamento ou recebimento do retorno do capital investido. Por conseguinte, as simulações levam em consideração que o valor total do investimento a ser financiado pode ser executado em um aporte único ou com previsão de um aporte de entrada, conforme regras do sistema de financiamento bancário.

Os estudos referenciados consideraram estas duas condições, ambas com prazos de 78 meses a um custo de financiamento efetivo de 5,00% e, para o caso de aporte adicional como

entrada, um percentual de 20% do valor total financiado. Observe-se que a escolha do prazo e da taxa de financiamento foi realizada tendo por base consulta específica em bancos comerciais brasileiros, que dispõem da linha de financiamento de energias renováveis para pessoa física.

Optou-se, para tanto, por um prazo de 78 meses, de modo que o custo do financiamento selecionado pudesse refletir a condição de payback de até 25 anos. Este prazo escolhido de payback foi adotado por Leonelli et al (2009) no estudo contido no Relatório do Grupo de Trabalho de Geração Distribuída com Sistemas Fotovoltaicos – GT-GDSF, apresentado ao Ministério de Minas e Energia, supondo-se que um retorno maior do que este horizonte poderá inviabilizar o aporte de recursos em geração fotovoltaica, a menos, que haja incentivos governamentais.

Em relação à Taxa Interna de Retorno, salienta-se que atende ao critério de ser melhor que a Taxa Mínima de Atratividade tolerada para estes investimentos, que foi estabelecido nesta pesquisa em 1,50% ao mês e que considera um ganho mínimo para um investidor pessoa física que, caso pudesse optar por outra alternativa de investimento tradicional, tal como a poupança, obtivesse um ganho mensal superior, de forma a justificar a aplicabilidade e o retorno financeiros mensurados no fluxo financeiro para o tipo de investimento em painéis e equipamentos fotovoltaicos. Este percentual mensurado foi conservador considerando a condição econômica de clientes residenciais e uma aversão ao risco financeiro baixa. Cabe salientar que o estudo é voltado para o investidor-proprietário, pessoa física e cliente residencial, que se propõe a investir uma parte de seus recursos, oriundos de fundos de investimentos ou poupança, em equipamentos com fins de geração de energia alternativa e não do acionista de uma empresa concessionário de energia. Esta explanação é importante porque, no caso do acionista de uma empresa distribuidora de energia elétrica, a taxa que remunera o capital investido na distribuição da energia é de 7,50%, mas leva em consideração condições próprias do setor regulado. Conforme afirmam Casarotto Filho e Kopittke (2007), a TMA corresponde à taxa a partir da qual o investimento remunera o empreendedor, ou seja, o investidor aufere ganhos financeiros sob o valor empregado no empreendimento. Desta forma, enquanto a TIR for maior que a TMA o investimento é válido.

O fluxo de caixa do investimento deve prever também o rendimento anual da placa solar fotovoltaica. Segundo Casarotto Filho e Kopittke (2007), existem situações em que um equipamento, contabilmente considerado como um ativo, pode perder rendimento ou se deteriorar ao longo do tempo. Fatores como obsolescência, custos operacionais excessivos,

manutenção crescente e perdas podem ser elencadas, comprometendo a capacidade do equipamento em operar eficientemente.

Para o caso de placas solares o custo de manutenção é baixo, ainda assim, o rendimento da placa é um fator que deve ser considerado no horizonte de “vida econômica” deste ativo. Portanto, este rendimento reduz a possível economia mensal do consumidor ao longo da vida útil do equipamento uma vez que sua potencia é diferente no ano 1 de implementação da geração solar fotovoltaica e, por exemplo, no ano 15, onde o desgaste do equipamento é maior, assim como a depreciação por sua utilização.

Para melhor dimensionar os investimentos que devem ser realizados em equipamentos de fonte solar, o conhecimento da potencia do microgerador é uma etapa importante. Para tanto, Rüther (2014) indica o simulador solar do Instituto Ideal, divulgado no site da ANEEL e demonstrado em seminário realizado em Brasília, que pode ser executado de forma prática e rápida, bastando que o consumidor insira informações de localização geográfica da Unidade Consumidora com o Estado, A concessionária de energia, o Consumo em kWh e o valor da conta mensal para projetar como se daria a carga da energia injetada por geração distribuída.

Desta forma, os dados inseridos no simulador America do Sol, para dimensionar o fluxo de carga gerada pelos painéis fotovoltaicos foram os dados listados na Tabela 10, que seriam similares a um consumo típico de uma residência mensal, com as potencias instaladas seguintes.

Tabela 10: Dados para simulação no simulador America do Sol Eletrodomésticos Quantidade Potencia Horas Consumo

Wh/dia Consumo kWh/Dia Consumo kWh/Mês Iluminação Interna 10 18 2 360 0,36 10,80 Iluminação Externa 8 15 4 480 0,48 14,40 TV 3 400 3 3.600 3,60 108,00 Video 1 300 1 300 0,30 9,00 Computador 3 200 3 1.800 1,80 54,00 Geladeira 2 130 8 2.080 2,08 62,40 Lavadora 1 800 1 800 0,80 24,00 Ferro Elétrico 2 1000 2 4.000 4,00 120,00 Aparelho de Som 2 182 2 727 0,73 21,80 Liquidificador 1 220 2 440 0,44 13,20 Ventilador 4 360 2 2.880 2,88 86,40 Grill 1 1200 1 1.200 1,20 36,00 Freezer 2 2000 2 8.000 8,00 240,00 Total 24 26.667 26,67 800,00 Consumo Mensal 800 kWh Concessionária COELCE Fatura (Com Impostos) R$ 420,45

Tomando como premissa os dados de consumo informados e a radiação do local selecionado, o simulador dimensiona um sistema fotovoltaico (gerador de eletricidade solar) de cerca de 5,4 kWp de potência instalada. O sistema proposto pelo simulador geraria em média 7,30 MWh por ano, quantidade que, em tese, essa eletricidade não precisará ser paga à distribuidora. A análise anual mostra que o consumo total de energia seria de 9,60 MWh/ano, sendo a energia consumida da rede elétrica da distribuidora de 2,30 MWh/ano e a energia proveniente do sistema de microgeração solar de 7,30 MWh/ano.