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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO CAMPO DE PESQUISA

4.1.1. Cenário político administrativo

O Estado de Santa Catarina situa-se na região sul do Brasil e conta com uma extensão territorial de 95.346,181 km2. Possui uma população de 6.248.436 habitantes que ocupa 293 municípios. Sua capital e sede do governo é a cidade de Florianópolis, localizada na Ilha de Santa Catarina (ver figura 3).

Figura 3 – Mapa de Santa Catarina.

Fonte: Disponível em: <http://www.guianet.com.br/sc/index.html>. Acesso em: 17 maio 2011.

O marco inicial do planejamento governamental no Estado data de 1955, com o Plano de Obras e Equipamentos – POE, substituído pelo I Plano de Metas do Governo – I PLAMEG (1961-1966), criado pelo governo de Celso Ramos. No governo de Ivo Silveira foi instituído o II Plano de Metas do Governo – II PLAMEG (1966-1970). Esses planos tiveram um grande impacto no desenvolvimento do Estado pelo expressivo aumento dos gastos públicos que

elevaram as taxas de investimento governamental e provocaram um crescimento significativo do PIB catarinense.

Após o II PLAMEG não surgem novos planos estaduais com tamanha relevância e impacto no desenvolvimento econômico do Estado. Durante as décadas de 70 e 80 a conjuntura econômica de aumento das taxas de juros internacionais provoca a elevação da inflação e a queda nas taxas de crescimento no país, com um decorrente impacto negativo nos investimentos estaduais.

A partir da promulgação da nova constituição federal de 88, multiplicaram-se na década de 90 experiências voltadas à promoção do desenvolvimento regional. Tais experiências têm sido marcadas pela descentralização governamental e pela ênfase na relação entre Estado e sociedade civil, o que indica um avanço nos processos de redemocratização do país.

Dentro desse contexto, em Santa Catarina, foram instituídos, a partir de 1996, os chamados Fóruns de Desenvolvimento Regional Integrado – FDRI´s. A criação desses fóruns buscou sanar a necessidade de instituir espaços de discussão e formulação de políticas que integrassem governos municipais, governo estadual e os mais variados setores da sociedade civil.

O primeiro Fórum de Desenvolvimento Regional Integrado foi criado na cidade de Chapecó, experiência que partiu da iniciativa da Associação de Municípios do Oeste de Santa Catarina, filiada à Federação Catarinense de Municípios – FECAM. Esse fórum instituiu a primeira Agência de Desenvolvimento Regional – ADR, com objetivo de operacionalizar atividades de sensibilização, capacitação, articulação, mobilização e integração dos agentes sociais e políticos regionais.

Essas organizações representaram um movimento de descentralização política, sinalizando uma tendência de mobilização das comunidades regionais em resposta às próprias dificuldades do governo estadual na busca de alternativas aos problemas decorrentes principalmente da globalização da economia.

Posteriormente, foi instituído o Fórum Catarinense de Desenvolvimento Regional – FORUMCAT, que passou a fomentar a criação dos fóruns regionais, sendo composto originalmente por cerca de sessenta integrantes, dentre organizações governamentais e não- governamentais.

Na reunião de criação do FORUMCAT foi analisado um diagnóstico realizado por um instituto de pesquisa acerca do desenvolvimento regional no Estado que apontou para os seguintes problemas: o individualismo de pessoas e instituições; o insulamento dos

municípios; a falta de hábito do trabalho conjunto; a cultura do imediatismo; preferência pela tradicional relação vertical; descrença em investimentos integrados; a transferência de responsabilidades aos governos centrais: estado e união.

Em síntese, pode-se concluir que o problema central decorrente dos problemas acima elencados no FORUMCAT resume-se na ausência de ação conjunta entre poder público, sociedade civil e empresariado.

O FORUMCAT desempenhou o papel de articulador na formação das redes locais de cooperação em cada região, e foi o responsável pela formação e coordenação de vinte FDRI´s, constituídos até 2001.

A sucessão ao governo do Estado, ocorrida em 2002, provocou a alternância na coalizão de poder com a eleição do governador Luiz Henrique da Silveira e seu programa de governo intitulado Plano 15. Tendo como fundamento esse programa, a equipe de governo adotou uma nova política de desenvolvimento regional. Foi realizada uma reforma administrativa com objetivo de implementar a descentralização político-administrativa do Estado que retirou do FORUMCAT, dos FRDI´s e suas ADR´s o papel de protagonistas do desenvolvimento regional.

A reforma administrativa do Estado de Santa Catarina dividiu a estrutura da administração direta em dois níveis de governo: a) o nível setorial – que compreende as secretarias de estado da administração central que têm o papel de normatizar, formular e controlar as políticas públicas, e b) o nível regional – no qual atuam as secretarias de desenvolvimento regional – SDR´s que têm como objetivo coordenar e executar as políticas públicas.

A partir da promulgação da lei complementar nº 243, de 30 de janeiro de 2003, e suas respectivas sucessoras de lei complementar nº 284 de 28 de fevereiro de 2005 e a vigente lei complementar nº 381 de 07 de maio de 2007, o governo do Estado cria, no período de 5 anos, 36 SDR´s com o objetivo de descentralizar e desconcentrar o Estado e regionalizar o desenvolvimento (ver tabela 3).

Data Lei Objetivo Quantidade

de SDR´s 30/01/2003 LC 243 Estabelecer nova estrutura administrativa

do Poder Executivo, com a criação das SDR´s para descentralizar e desconcentrar a execução das atividades da administração estadual.

28/02/2005 LC 284 Dispor sobre os fundamentos da estrutura organizacional, do modelo de gestão e da cultura organizacional da administração pública estadual.

30

07/05/2007 LC 381 Dispor sobre os fundamentos da estrutura organizacional, do modelo de gestão e da cultura organizacional da administração pública estadual.

36

Tabela 3 – Ordenamento legal da reforma administrativa do Estado de SC Fonte: Diário Oficial do Estado de SC.

As ações dessas agências de desenvolvimento regional são coordenadas por um secretário regional e têm o papel de implementar as políticas públicas do Estado em suas respectivas regiões administrativas de abrangência de maneira articulada com as secretarias setoriais da administração direta e as estruturas descentralizadas da administração indireta.