s3culo ZQ, e são por %=+es c"amadas tipos, por %=+es caricaturas! $a sua forma mais pura, são construídas em tKrno de uma nica id3ia ou 1ualidade2 1uando "- mais de um fator n=les, temos o com=ço de uma cur%a em direção I esfera! A personagem realmente plana pode ser epressa numa frase, como# L$unca "ei de deiar .r! .ica]berW! Aí est- .rs! .ica]ber! Ela di+ 1ue não deiar- .r! .ica]ber2 de fato não deia, nisso est- ela! 0ais personagens são fIdilmente recon"ecí%eis sempre 1ue surgem2 são, em seguida, fIdilmente lembradas pelo leitor! Permanecem inalteradas no espírito por1ue não mudam com as circunstMnciasO!
As personagens esf3ricas não são claramente definidas por Forster, mas concluímos 1ue as suas características se redu+em essencialmente ao fato de terem tr=s, e não duas dimensJes2 de serem, portanto, organi+adas com maior compleidade e, em conse1=ncia, capa+es de nos surpreender! A pro%a de uma personagem esf3rica 3 a sua capacidade de nos surpreender de maneira con%incente! Se nunca surpreende, 3 plana! Se não con%ence, 3 plana com pretensão a esf3rica! Ela tra+ em si a impre%isibilidade da %ida, tra+ a %ida dentro das p-ginas de um li%ro
(Ob Cit+
.6/)
. Decorre 1ue as personagensplanas não constituem, em si, reali+açJes tão altas 1uanto as esf3ricas, e 1ue rendem mais 1uando cKmicas! >ma personagem plana s3ria ou
tr-gica arrisca tornarNse aborrecida
(Ob cit+
. 7.8 mesmo Forster, no seu li%rin"o despretensioso e agudo, estabelece uma distinção pitoresca entre a personagem de ficção e a pessoa %i%a, de um modo epressi%o e f-cil, 1ue tradu+ rMpidamente a discussão inicial d=ste estudo! V a comparação entre o
@omo <ictus
e o@omo
sa!iens
.8
@omo <ictus
3 e não 3 e1ui%alente ao@omo sa!iens
, pois %i%esegundo as mesmas lin"as de ação e sensibilidade, mas numa proporção diferente e conforme a%aliação tamb3m diferente! Come e dorme pouco, por eemplo2 mas %i%e muito mais intensamente certas relaçJes "umanas, sobretudo as amorosas! Do ponto de %ista do leitor, a importMncia est- na possibilidade de ser ele con"ecido muito mais
cabalmente, pois en1uanto sH con"ecemos o nosso prHimo do eterior, o romancista nos le%a para dentro da personagem, por1ue o
3! E! .! Forster,As!ects o< the 8ovel+ Ed]ard Arnold, )ondon, 4?<?, "".
@@N@X!
seu criador e narrador são a mesma pessoa
(Ob cit+
.//)
$este ponto tocamos numa das funçJes capitais da ficção, 1ue 3 a de nos dar um con"ecimento mais completo, mais coerente do 1ue o con"ecimento decepcionante e fragment-rio 1ue temos dos s=res! .ais ainda# de poder comunicarNnos =ste con"ecimento! De fato, dada a circunstMncia de ser o criador da realidade 1ue apresenta, o romancista, como o artista em geral, dominaNa, delimitaNa, mostraNa de modo coerente, e nos comunica esta realidade como um tipo de con"ecimento 1ue, em conse1=ncia, 3 muito mais coeso e completo 5portanto mais satisfatHrio7 do 1ue o con"ecimento fragment-rio ou a falta de con"ecimento real 1ue nos atormenta nas relaçJes com as pessoas! Poderíamos di+er 1ue um "omem sH nos 3 con"ecido 1uando morre! A morte 3 um limite definiti%o dos seus atos e pensamentos, e depois dela 3 possí%el elaborar uma
inter!reta-.o
completa, pro%ida de mais lHgica, mediante a 1ual a pessoa nos aparece numa unidade satisfatHria, embora as mais das %=+es arbitr-ria! V como se c"eg-ssemos ao fim de um li%ro e apreend=ssemos, no conBunto, todos os elementos 1ue integram um ser! Por isso, em certos casos etremos, os artistas atribuem apenas I arte a possibilidade de certe+a, certe+a interior, bem entendido! V notadamente o ponto de %ista de Proust, para 1uem as relaçJes "umanas, os mais íntimos contatos de ser, nada mostram do semel"ante, en1uanto a arte nos fa+ entrar num domínio de con"ecimentos absolutos!Estabelecidas as características da personagem fictícia, surge um problema 1ue Forster recon"ece e aborda de maneira difusa, sem formulação clara, e 3 o seguinte# a personagem de%e dar a impressão de
%i%o, isto 3, manter certas relaçJes com a realidade do mundo, participando de um uni%erso dc ação e de sensibilidade 1ue se possa e1uiparar ao 1ue con"ecemos na %ida! Poderia então a personagem ser transplantada da realidade, para 1ue o autor atingisse =ste al%o Por outras pala%ras, podeNse copiar no romance um ser %i%o e, assim,
a!roveitar
integralmente a sua realidade $ão, em sentido absoluto! Primeiro, por1ue 3 impossí%el, como %imos, captar a totalidade do modo de ser duma pessoa, ou se1uer con"ec=Nla2 segundo, por1ue neste caso se dispensaria a criação artística2 terceiro, por1ue, mesmo se fKsse possí%el, uma cHpia dessas não permitiria a1u=le con"ecimento específico, diferente e mais completo, 1ue 3 a ra+ão de ser, aBustificati%a e o encanto da ficção!
Por isso, 1uando toma um mod=lo na realidade, o autor sempre acrescenta a =le, no plano psicolHgico, a sua incHgnita pessoal, graças I 1ual procura re%elar a incHgnita da pessoa copiada! $outras pala%ras, o autor 3 obrigado a construir uma eplicação 1ue não corresponde ao mist3rio da pessoa %i%a, mas 1ue 3 uma interpretação d=ste mist3rio2 interpretação 1ue elabora com a sua capacidade de clari%id=ncia e com a onisci=ncia do criador, soberanamente eercida! Qoltando a Forster, registremos uma obser%ação Busta# Se a personagem de um romance 3, eatamente, como a rain"a QitHria, 5não parecida, mas eatamente igual7, então ela 3 realmente a rain"a QitHria, e o romance, ou tKdas as suas partes 1ue se referem a esta personagem, se torna uma monografia! 8ra, uma monografia 3 "istHri-, baseada em pro%as! >m romance 3 baseado em pro%as, mais ou menos 2 a 1uantidade descon"ecida 3 o temperamento do romancista, e ela modifica o efeito das pro%as, transformandoNo, por %=+es, inteiramente
(Ob cit+
. 44.Em conse1=ncia, no romance o sentimento da realidade 3 de%ido a fatKres diferentes da mera adesão ao real, embora =ste possa ser, e efeti%amente 3, um dos seus elementos! Para fa+er um ltimo ap=lo a Forster, digamos 1ue uma personagem nos parece real 1uando o romancista sabe tudo a seu respeito, ou d- esta impressão, mesmo
1ue não o diga! V como se a personagem fKsse inteiramente eplic-%el2 e isto l"e d- uma originalidade maior 1ue a da %ida, onde todo con"ecimento do outro 3, como %imos, fragment-rio e relati%o! Daí o confKrto, a sensação de poder 1ue nos d- o romance, proporcionando a eperi=ncia de uma raça "umana mais maneB-%el, e a ilusão de perspic-cia e poder
(Ob cit+
. 62! $a %erdade, en1uanto na eist=ncia 1uotidiana nHs 1uase nunca sabemos as causas, os moti%os profundos da ação, dos s=res, no romance =stes nos são des%endados pelo romancista, cuBa função b-sica 3, Bustamente, estabelecer e ilustrar o BKgo das causas, descendo a profundidades re%eladoras do espírito!Estas consideraçJes 5baseadas em Forster, ou d=le prHprio7 nos le%am a retomar o problema de modo mais preciso, indagando# $o processo de in%entar a personagem, de 1ue maneira, o autor manipula a realidade para construir a ficção A resposta daria uma id3ia da medida em 1ue a
personagem 3 um ente
re!rodu5ido
ou um enteinventado
. 8s casos%ariam muito, e as duas alternati%as nunca eistem em estado de pure+a! 0al%e+ con%iesse principiar pelo depoimento de um romancista de t3cnica tradicional, 1ue %= o problema de maneira mais ou menos simples, e mesmo es1uem-tica! E o caso de François .auriac, cuBa obra sKbre =ste problema passo agora a epor em resumo ! Para =le, o grande arsenal do romancista 3 a memHria, de onde etrai os elementos da in%enção, e isto confere acentuada ambigidade Is
personagens, pois elas não
corres!ondem
a pessoas %i%as, masnascem
delas! Cada escritor possui suas fiaçJes da memHria 1ue preponderam nos elementos transpostos da %ida! Di+ .auriac 1ue, n=le, a%ulta a fiação do espaço2 as casas dos seus li%ros são prIticamente copiadas das 1ue l"e são familiares! $o 1ue toca Is personagens, toda%ia, reprodu+ apenas os elementos circunstanciais 5maneira,profissão etc!72 o essencial 3 sempre in%entado!
.as 3 Bustamente aí 1ue surge o problema# de onde parte a in%enção Tual a substMncia de 1ue são feitas as personagens Seriam, por eemplo, proBeção das limitaçJes, aspiraçJes, frustraçJes do
romancista $ão, por1ue o princípio 1ue rege o apro%eitamento do real 3 o da
modi<ica-.o
, seBa por acr3scimo, seBa por deformação depe1uenas sementes sugesti%as! 8 romancista 3 incapa+ de reprodu+ir a %ida, seBa na singularidade dos indi%íduos, seBa na coleti%idade dos grupos! Ele começa por isolar o indi%íduo no grupo e, depois, a paião no indi%íduo! $a medida em 1ue 1uiser ser igual I realidade, o romance ser- um fracasso2 a necessidade de selecionar afasta dela e le%a o romancista a criar um mundo prHprio, acima e al3m da ilusão de fidelidade!
$este mundo fictício, diferente, as personagens obedecem a uma lei prHpria! São mais nítidas, mais conscientes, t=m contKrno definido, ao contr-rio do caos da %ida pois "- nelas uma lHgica pr3N estabelecida pelo autor, 1ue as torna paradigmas e efica+es! 0oda%ia, segundo .auriac, "- uma relação estreita entre a personagem e o autor! Este a tira de si 5seBa da sua +ona m-, da sua +ona boa7 como reali+ação de %irtualidades, 1ue não são proBeção de traços, mas sempre modificação, pois o romance transfigura a %ida!
4. François .auriac, La 4omancier et ses Personnages , Vditions Corr=a,
Paris, 4?6:!
O %ínculo entre o autor e a sua personagem estabelece um limite I possibilidade de criar, I imaginação de cada romancista, 1ue não 3 absoluta, nem absolutamente li%re, mas depende dos limites do criador! A partir de tais id3ias de .auriac, poderNseNia falar numa lei de constMncia na criação no%elística, pois as personagens saem necessIriamente de um uni%erso inicial 5as possibilidades do romancista, a sua nature+a "umana e artística7, 1ue não apenas as limita, mas d- certas características comuns a tKdas elas! 8 romancista 5di+ .auriac7 de%e con"ecer os seus limites e criar dentro d=les2 e isso 3 uma condição de angstia, impedindo certos %Kos son"ados da imaginação, 1ue nunca 3 li%re como se supJe, como ele prHprio supJe! 0al%e+ cada escritor procure, atra%3s das suas di%ersas obras, criar um tipo ideal, de 1ue apenas se aproima e de 1ue as suas personagens
não passam de esboços!
(aseado nestas consideraçJes, .auriac propJe urna classificação de personagens, le%ando em conta o grau de afastamento em relação ao ponto de partida na realidade#
4! Disfarce le%e do romancista, como ocorre ao adolescente 1ue 1uer eprimirNse! SH 1uando começamos a nos desprender 5en1uanto escritores7 da nossa prHpria alma, 3 1ue tamb3m o romancista se configurar em nHs
(Ob cit+
. 7. 0ais personagens ocorrem nos romancistas memorialistas!:! CHpia fiel de pessoas reais, 1ue não constituem prJpriamente criaçJes, mas reproduçJes! 8correm estas nos romancistas retratistas! O!
nventadas
, a partir de um trabal"o de tipo especial sKbre arealidade! V o caso d=le, .auriac, segundo declara, pois n=le a realidade 3 apenas um dado inicial, ser%indo para concreti+ar %irtualidades imaginadas! $a sua obra 5di+ =le7 "- uma relação in%ersamente proporconal entre a fidelidade ao real e o grau de elaboração! As personagens secund-rias, estas são, na sua obra,
co!iadas
de s=res eistentes!V curioso obser%ar 1ue .auriac admite a eist=ncia de personagens reprodu+idas fielmente da realidade, seBa mediante proBeção do mundo íntimo do escritor, seBa por transposição de modelos eternos! $o entanto, declara 1ue a sua maneira 3 outra, baseada na in%enção! 8ra, não se estaria ele iludindo, ao admitir nos outros o 1ue não recon"ece na sua obra E não seria a terceira a nica %erdadeira modalidade de criar personagens %-lidas $este caso, de%eríamos recon"ecer 1ue, de maneira geral, sH "- um tipo efica+ de personagem, a
inventada
; mas1ue esta in%enção mant3m %ínculos necess-rios com uma realidade matri+, seBa a realidade indi%idual do romancista, seBa a do mundo 1ue o cerca2 e 1ue a realidade b-sica pode aparecer mais ou menos elaborada, transformada, modificada, segundo a concepção do escritor, a sua tend=ncia est3tica, as suas possibilidades criadoras! Al3m disso, con%3m notar 1ue por %=+es 3 ilusHria a declaração de um criador a respeito da sua prHpria criação! le pode pensar 1ue copiou 1uando
in%entou2 1ue eprimiu a si mesmo, 1uando se deformou2 ou 1ue se deformou, 1uando se confessou! >ma das grandes fontes para o estudo da g=nese das personagens são as declaraçJes do romancista2 no entanto, 3 preciso consider-Nlas com precauçJes de%idas a essas circunstMncias!
8 nosso ponto de partida foi o conceito de 1ue a personagem 3 um
ser
fictício2 logo, 1uando se fala emc"!ia
do real, não se de%e ter em mente uma personagem 1ue fKsse igual a um ser %i%o, o 1ue seria a negação do romance! Da1ui a pouco, %eremos como se resol%e o problema aparentemente paradoal da personagemNserNfictício, mesmo 1uando copiada do real! $o momento, assinalemos 1ue, tomando o deseBo de ser fiel ao real como um dos elementos b-sicos na criação da personagem, podemos admitir 1ue esta oscila entre dois pHlos ideais# ou 3 uma transposição fiel de modelos, ou 3 uma in%enção totalmente imagin-ria! São =stes os dois limites da criação no%elística, e a sua combinação %ari-%el 3 1ue define cada romancista, assim como, na obra de cada romancista, cada uma das personagens! - personagens 1ue eprimem modos de ser, e mesmo a apar=ncia física de uma pessoa eistente 5o romancista ou 1ual1uer outra, dada pela obser%ação, a memHria7! SH poderemos decidir a respeito 1uando "ou%er indicação fora do prHprio romance, seBa por informação do autor, seBa por e%id=ncia document-ria! Tuando elas não eistem, o problema se torna de solução difícil, e o m-imo a 1ue podemos aspirar 3 o estudo da tend=ncia geral do escritor a =ste respeito! Assim, diremos 1ue a obra de Vmile /ola, por eemplo, parece baseada em obser%açJes da %ida real, mesmo por1ue isto 3 preconi+ado pela est3tica naturalista 1ue ele adota%a2 ou 1ue os romances indianistas de os3 de Alencar parecem baseados no trabal"o li%re da fantasia, a partir de dados gen3ricos, o 1ue se coaduna com a sua orientação romMntica! Al3m daí, pouco a%ançaremos sem o material informati%o mencionado acima! E 3 Bustamente esta circunstMncia 1ue nos le%a a constatar 1ue o problema 51ue estamos debatendo7 da origem das personagens 3 interessante para o estudo da t3cnica de caracteri+ação, e para o estudo da relaçãoentre criação e realidade, isto 3, para a prHpria nature+a da ficção2 mas 3 secund-rio para a solução do problema fundamental da crítica, ou seBa, a interpretação e a an-lise %alorati%a de cada romance concreto! Feitas essas ressal%as, tomemos alguns casos de romancistas 1ue deiaram elementos para se a%aliar o mecanismo de criação de personagens, pois a partir d=les podemos supor como se d- o fenKmeno em geral!
Qeremos uma gama bastante etensa de in%enção, sempre bali+ada pelos dois tipos polares acima referidos, 1ue podemos
es1uemati+ar, entre outros, do seguinte modo#
4! Personagens transpostas com relati%a fldelidade de modelos dados ao romancista por eperi=ncia direta, seBa interior, seBa eterior! 8 caso da eperi=ncia interior 3 o da personagem
!roetada
, em 1ue o escritorincorpora a sua %i%=ncia, os seus sentimentos, como ocorre no
Adol<o
,de (enBamin Constant, ou do
9enino de Engenho
, de os3 )ins doR=go, para citar dois eemplos de nature+a tão di%ersa 1uanto possí%el! 8 caso da eperi=ncia eterior 3 o da transposição de pessoas com as 1uais o romancista te%e contato direto, como 0olstoi, em
uerra e Pa5
,retratando seu pai e sua mãe, 1uando moços, respecti%amente em $icolau Rostof e .aria (ol&ons&i!
:! Personagens transpostas de modelos anteriores, 1ue o escritor reconstitui indiretamente, por documentação ou testemun"o, sKbre os 1uais a imaginação trabal"a! Para ficar no romance citado de 0olstoi, 3 o caso de $apoleão , 1ue estudou nos li%ros de "istHria2 ou de seus a%Hs, 1ue reconstruiu a partir da tradição familiar, e são no li%ro o %el"o Conde Rostof e o %el"o Príncipe (ol&ons&i! A coisa pode ir muito longe, como se %= na etensa gama da ficção "istHrica, na 1ual Yalter Scott pKde, por eemplo, le%antar uma %isão arbitr-ria e epressi%a de Ricardo Coração de )eão!
O! Personagens construídas a partir de um mod=lo real, con"ecido pelo escritor, 1ue ser%e de eio, ou ponto de partida! 8 trabal"o criador
desfigura o mod=lo, 1ue toda%ia se pode identificar, como 3 o caso de 0om-s de Alencar
n'Os 9aias
, de Eça de TueirHs, baseado no poeta(ul"ão Pato, bem distante d=le como compleo de personalidade, mas recon"ecí%el ao ponto de ter dado lugar a uma %iolenta pol=mica entre o mod=lo, ofendido pela caricatura, e o romancista, negando tIticamente 1ual1uer ligação entre ambos!
<! Personagens construídas em tKrno de um mod=lo, direta ou indiretamente con"ecido, mas 1ue apenas 3 um preteto b-sico, um estimulante para o trabal"o de caracteri+ação, 1ue eplora ao m-imo as suas %irtualidades por meio da fantasia, 1uando não as in%enta de maneira 1ue os traços da personagem resultante não poderiam, l[gicamente, con%ir ao modelo! $o caso da eploração imagin-ria de %irtualidades, teríamos o c3lebre .r! .ica]ber, do
David Co!!er<ield
,de Dic&ens, relacionado ao pai do romancista, como =ste prHprio declarou, mas afastado d=le a ponto de serem inassimil-%eis um ao outro! $o entanto, sabemos 1ue o %el"o Dic&ens, pomposo, %erboso, prHdigo, estHico nas suas desditas de inepto, bem poderia ter %i%ido as %icissitudes da personagem, com a 1ual partil"a, inclusi%e, o fato "umil"ante da prisão por dí%idas, 1ue marcou para todo sempre a sensibilidade do romancista! .as noutros casos, o ponto de partida 3 realmente apenas estímulo inicial, e a personagem 1ue decorre nada tem a %er l[gicamente com =le! V o 1ue ocorre com o 1ue "- do seminarista (ert"et no ulien Sorel, de Stend"al, em
O Vermelho e o
8egro
; ou, naCartu=a de Parma+
do mesmo escritor, com as sementesde Aleandre Farn3sio 1ue, etraídas de crKnicas do s3culo ZQ, compJem o temperamento de Fabri+io del Dongo!
#. Personagens construídas em tKrno de um mod=lo real dominante,
1ue ser%e de eio, ao 1ual %=m BuntarNse outros modelos secund-rios, tudo refeito e construído pela imaginação! V um dos processos normais de Proust, como se %erifica no (arão de C"arlus, inspirado sobretudo em Robert de .ontes1uiou, mas tcebendo elementos de um tal (arão Doa+an, de 8scar Yilde, do Conde Aimer' de )a Roc"efoucauld, do prHprio romancista!
@! Personagens elaboradas com fragmentos de %-rios modelos %i%os, sem predominMncia sensí%el de uns sKbre outros, resultando uma personalidade no%a, como ocorre tamb3m em Proust! V o caso de Robert de SaintN)oup, inspirado num grupo de amigos seus, mas diferente de cada um, embora a maioria de seus traços e gestos possam ser referidos a um d=les e a combinação resulte original 5modelos identificados# Gaston de Cailla%et, (ertrand de F3nelon, .ar1u=s de Albufera, Georges de )auris, .anuel (ibesco e outros7! X! Ao lado de tais tipos de personagens, cuBa origem pode ser traçada mais ou menos na realidade, 3 preciso assinalar a1uelas cuBas raí+es desaparecem de tal modo na personalidade fictícia resultante, 1ue, ou não t=m 1ual1uer mod=lo consciente, ou os elementos e%entualmente tomados I realidade não podem ser traçados pelo prHprio autor! Em tais casos, as personagens obedecem a uma certa concepção de "omem, a um intuito simbHlico, a um impulso indefiní%el, ou 1uais1uer outros estímulos de base, 1ue o autor corporifica, de maneira a supormos uma esp3cie de ar1u3tipo 1ue, embora nutrido da eperi=ncia de %ida e da obser%ação, 3 mais interior do 1ue eterior! Seria o caso das personagens de .ac"ado de Assis 5sal%o, tal%e+ as